Fanfic: História de um Grande Amor - adaptada. (vondy) | Tema: Rebelde

— Acha que meu irmão se casará de novo? — Anahí per­guntou.

— Não sei. — Dulce sentiu um nó na garganta. — Mas creio que acabará escolhendo outra esposa.

— Bem, ainda poderemos contar com Javier para brin­dar a família com um herdeiro, e isso poderá ser logo breve se você ajudar. ─ ergueu uma das sobrancelhas encarando Dulce que lhe deu uma cotovelada no mesmo instante.

Ucker aproximou-se e fez uma mesura.

— Fico feliz em vê-lo, meu irmão — Anahí saudou-o com um largo sorriso. — Eu já havia desistido de esperá-lo.

— Imagine se eu não viria. Mamãe teria me emparedado. — Ele estreitou os olhos de maneira imperceptível. — Por que Dulce lhe deu uma cotovelada agora há pouco?

— Não fiz isso! — ela protestou, mas mudou de tom ao ver a dúvida na expressão de Ucker. — Foi apenas uma brincadeira entre amigas.

— Não importa. Pelo gesto brusco em demasia, qualquer um, até o mais idiota de todos, de longe poderia perceber que a senhorita não estava de acordo com minha irmã.

— Ora, pare com isso! — Anahí protestou. Ele fez um gesto de pouco caso.

— Srta. Savinón, acha que ela protestou contra a minha linguagem ou porque julgo todos os rapazes presentes uns idiotas?

— Creio que foi pela sua linguagem. Anahí acabou de dizer que a maioria era idiota.

— Não foi bem isso. Eu falei que eles me chateiam.

— Ovelhas — Dulce completou.

— Bodes. — Anahí deu de ombros. Ucker espantou-se.

— Sobre o que as duas estavam falando?

— Nada de importante — Dulce apressou-se a res­ponder.

— Não é verdade — Anahí a contradisse.

— Então, por que a cotovelada? — Ucker olhou de uma para a outra, divertido.

— Era sobre Javier — Anahí respondeu, impaciente.

— Ah, Javier. — Ele olhou ao redor e tirou o cartão das mãos de Dulce. — Ele está aqui, não está? Por que não escreveu o nome na lista para solicitar uma ou duas danças? Os dois não estão planejando casamento?

   Dulce cerrou os lábios, sem responder. O que foi uma decisão sensata, pois a amiga não perderia a oportunidade de falar por ela.

— Ainda não é nada oficial — Anahí declarou —, mas todos concordam que seria um enlace esplêndido, inclusive eu.

— Todos? — Ucker fitou Dulce.

—E quem não aprovaria?—Anahí mostrou-se ainda mais impaciente.

     Quando Ucker iria responder ainda encarando Dulce, os músicos da orquestra afinaram os instrumentos, e os primeiros acordes de uma valsa não tardaram a flutuar no ambiente.

— Creio que esta é a minha vez. — Ucker fixou o olhar em Dulce, fazendo-a tremer. — Vamos? — murmurou, estendendo o braço.

      Dulce assentiu, sem conseguir falar. A proximidade com ele causava-lhe reações estranhas, eram tremores que a dei­xavam arfante. Se a olhava, não da maneira habitual, mas com intensidade que escurecia os olhos castanhos mel, que ela se sentia despida e com a alma exposta.

     E, certamente, Ucker nada via, a não ser aqueles olhos castanhos puxados tão expressivos! A garota continuava sendo a me­lhor amiga de sua irmã. E, ao que tudo indicava, assim seria para sempre.

— Vai me deixar aqui? — Anahí, sem petulância, deu um suspiro discreto.

— Não se preocupe — Dulce declarou —, não ficará sozinha por muito tempo. Vejo que o rebanho está voltando com a limonada.

— Já percebeu, Ucker? Que Dulce tem, indiscutivel­mente, um grande senso de humor? — Anahí perguntou, fazendo uma careta.

— Não sei por quê, mas o comentário não me parece exa­tamente um elogio — Dulce retrucou.

— Vão logo. Andem, podem ir embora, Aproveite a valsa, querida.

Ucker segurou-a pelo braço, conduzindo-a até a pista.

— A senhorita é bastante espirituosa — ele murmurou.

— Não diga.

— É o que mais aprecio a seu respeito. Por favor, não mude esse seu senso de humor.

     De repente, ela sentiu o corpo inteiro vibrar com o simples elogio.

— Procurarei não fazer isso, milorde. Ucker estremeceu ao abraçá-la para dançar.

— Milorde? Por que isso agora? Desde quando se tornou tão formal?

— Foi durante esse período em Londres. Sua mãe tem insistido nas regras de etiqueta. — Dulce sorriu com can­dura, sem deixar de provocá-lo: — Christopher, então.

Ele franziu a testa.

— Creio que prefiro milorde.

— E eu, Ucker.

   Ele apertou a cintura fina.

— Ótimo. Continuemos assim.

         Dulce suspirou e ambos ficaram em silêncio enquanto rodopiavam pelo salão. Não houve giros excessivos que a deixassem tonta ou sem ar. E assim, ela teve oportunidade de saborear o momento, além de sentir o toque daquelas mãos grandes em sua cintura. Acima de tudo, estava em­briagada pelo perfume almiscarado, que misturado ao calor do corpo másculo faziam-na sentir como se estivesse levitando. E mesmo dentro de sua pouca experiência, tinha certeza de que nada poderia ser mais agradável do que ser conduzida por braços fortes.

      Tudo era perfeito, ou melhor, perfeitamente correto. Ousava inclusive imaginar que seria praticamente impossível aceitar que Ucker não experimentasse o mesmo.

Entretanto, não lhe proporcionaria o gosto de ouvir co­mentário semelhante, pois sabia que poderia refletir uma insegurança sua, que ele não deixaria passar sem alguma ironia. Por outro lado, se não houvesse resposta, poderia sair magoada pela indiferença.

       Então, só restava observar como ele apenas perscrutava a aglomeração com o semblante sério, como se procurasse um conhecido. Não era o olhar de um homem interessado na parceira de dança, mas o de um com problemas. E foi com expressão bondosa e fraterna que ele se dirigiu a ela após algumas voltas pelo salão.

— Está dançando muito bem a valsa. Não sei por que estava tão preocupada a respeito.