Fanfic: História de um Grande Amor - adaptada. (vondy) | Tema: Rebelde

— Javier ! ─ anunciou Dulce sorrindo de leve.

─ Javier? Onde? ─ perguntou Ucker receoso como se seus instintos não gostassem da presença do irmão.

─ Está vindo para cá. Creio que será a nossa valsa agora. ─ assegurou comfirmando novamente seu cartão.

─ Você já o cumprimentou? ─ perguntou a encarando com um olhar diferente.

─ Não. Estou o vendo agora. ─ respondeu sem ousar trocar olhares com ele.

─ Bom, então procurarei Anahí. ─ deu de ombros.

─ Certo. ─ respondeu desapontada, por um momento achou ter percebido o ciúmes no olhar de Ucker.

─ Onde poderemos encontrar Anahí? — Ele esticou o pes­coço. — Para dançar com minha irmã terei de afastar um dos admiradores.

— Não deveria falar como se isso fosse o fim do mundo. Não somos tão terríveis.

Ucker surpreendeu-se.

— Não me referi a seu respeito. Não me importo nem um pouco em dançar com a senhorita.

     Dulce guardou no coração aquele cumprimento tão pouco entusiasmado. O que foi a prova que estava mais en­cantada do que imaginava.

     Estava descobrindo que o amor não correspondido piorava muito quando se estava na presença do ser amado. Passara quase dez anos, sonhando dia e noite, com o momento em que dançaria pelo salão, conduzida por Ucker. Quantas ho­ras havia perdido, esperando pacientemente, por notícias trazidas pelos Uckermann na hora do chá! Ou mesmo ten­tando esconder o júbilo quando ele visitava a família uma ou duas vezes ao ano... Isso sem contar com o terror de ter suas emoções descobertas.

     Dulce fitou-o de relance, mas ele sequer olhava em sua direção. Não havia nada pior do que a indiferença do amado. O mais doloroso porém, era a consciência de que não chegava nem a perturbá-lo.

— Ali está minha irmã.

Como de hábito, Anahí estava rodeada por um número excessivo e ridículo de cavalheiros.

— Não me parece que algum deles esteja se comportando de maneira inconveniente, não é? — ele comentou, estrei­tando os olhos. — Foi um longo dia, e eu preferia não ter de bancar o irmão feroz esta noite.

    A pista estava muito cheia, por isso Dulce precisou le­vantar-se na ponta dos pés para uma inspeção adequada.

— Creio que não há nenhum problema.

— Ótimo. — Com a cabeça virada de lado, Ucker fitou a irmã sem interesse para só então notar que Dulce continuava a observá-lo com os olhos grandes castanhos e curiosos. Ela viu que Javier havia parado de se direcionar ao encontro dela para conversar com algum cavalheiro que estava no ambiente e resolveu se pronunciar mais uma vez a Christopher.

— Ucker?

— Sim?

— O senhor está estranho.

     Ao vê-la preocupada, ele sorriu e pensou em quanto gos­tava daquela moça e no tamanho do erro que cometera na noite do funeral de Alice, quando forçara um beijo entre eles. O que o fez ficar com vontade de ser gentil, recompensando-a. Observou Anahí pela última vez e virou-se.

— Se eu fosse mais novo, o que infelizmente não sou...

— Mas ainda não fez trinta anos.

Dulce demonstrou certa impaciência, o que não deixou de agradá-lo.

— Bem, eu me sinto mais velho. — Ele deu de ombros. — Para dizer a verdade, atualmente parece que sou um ancião. — Notou a expectativa naqueles olhos castanhos. — Quis dizer apenas que se eu fosse um rapaz atrás das novas de-butantes, Anahí não atrairia a minha atenção.

Ela ergueu as sobrancelhas.

— Bem, mas trata-se de sua irmã. Fora a ilegalidade da questão...

— Eu estava tentando fazer um elogio — Ucker inter­rompeu-a.

— Ah. — Ela engasgou, tossiu e corou ligeiramente. — Bem, nesse caso pode prosseguir.

— Anahí é muito bonita — ele continuou. — Mesmo eu, que sou da família, enxergo isso. Mas há uma lacuna por trás daquele olhar.

— Isso é uma coisa terrível de se dizer. Sabe tão bem como eu o quanto ela é inteligente, muito mais do que a maioria dos homens que a cercam.

     Ele fitou-a com admiração pela lealdade àquela amizade. Não havia dúvida de que, se necessário fosse, ela pegaria em armas para defender a amiga.

     Sem contar que Dulce era uma ótima influência para Anahí, e do enorme débito de gratidão que os Uckermann tinham para com ela, era ótimo tê-la a seu lado. Ela era, com certeza, a única pessoa que tornaria suportável sua estada em Londres. Nem queria pensar em mulheres à procura de posição social, tentando preencher o lugar de Alice. Com Dulce, pelo menos poderia ter uma conversa decente, sem receio de cobranças.

— Não discordo, Anahí é inteligente. Permita-me explicar melhor. Pessoalmente, eu não a acharia intrigante.

Dulce torceu os lábios, e sua fisionomia de perceptora estava de volta.

— Bem, essa é uma opinião sua.

— Pois eu lhe digo, Dulce, que me atrairia mais para o seu lado.

— Não diga tolices.

— É verdade — Ucker assegurou. — Sou mais velho que a maioria daqueles idiotas que rodeiam Anahí. Talvez meu gosto tenha amadurecido. Porém esse ponto é discutível, pois não sou nenhum rapazinho e não estou à procura de debutantes.

— Nem de uma esposa. — Era uma afirmativa, não uma indagação.

— Oh, não! Para que eu haveria de desejar uma esposa?