Fanfic: História de um Grande Amor - adaptada. (vondy) | Tema: Rebelde

— Anahí, sei que é amiga de Dulce por ela ser sua vizinha e por estudarem juntas. Mas admita que ela não é bonita. Minha mãe diz que Dulce jamais arranjará um marido.

Os olhos azuis de Anahí, única filha do conde de Casillas, cintilaram de raiva. Era uma menina leal ao extremo, e Dulce, sua melhor amiga.

— Pois tenho certeza de que ela conseguirá um marido muito melhor do que poderá ser o seu, Belinda Bennet! O pai dela é um baronete, e o seu, um simples comerciante.

— Ser a filha de um baronete faz pouca diferença, a não ser que tenha beleza ou dinheiro — Belinda repetiu o que cer­tamente ouvira em casa. — E Dulce não tem nada disso.

— Cale-se, sua gralha imbecil! — Anahí bateu o pé no chão. — Esta é a minha festa de aniversário, e se as compa­nhias não lhe agradam, pode retirar-se!

Belinda engasgou. Estava ciente de que não deveria desen­tender-se com a aniversariante, cujos pais ocupavam a mais alta posição social da região.

— Perdão, Anahí.

— Não se desculpe comigo, mas sim com ela.

— Perdão, Dulce.

A garota ficou em silêncio até Anahí cutucá-la de maneira disfarçada.

— Aceito suas desculpas — Dulce resmungou. Anahí suspirou ao ver Belinda sair correndo da sala.

— Mamãe sempre diz que não tenho nem um pouco de comedimento ou bom senso.

— Isso é verdade.

— Dulce!

— Mas eu te amo assim mesmo.

— E eu também te amo, querida. Não se preocupe com o que Belinda diz. Quando crescer, você poderá se casar com o Javier, e seremos irmãs de verdade.

Dulce, desconfiada, fitou Javier, que puxava os ca­belos de uma menina pequena do outro lado da sala.

— Não sei se eu gostaria de me casar com ele.

— Bobagem, seria um matrimônio perfeito. Veja, ele aca­bou de derrubar ponche no vestido de Belinda.

Dulce sorriu e Anahí segurou-lhe a mão.

— Venha comigo, quero abrir os presentes. Prometo dar um grito quando chegar ao seu.

Seguidas por Javier, as duas foram ao quarto de Anahí, onde os gêmeos abriram os presentes. Felizmente, na opinião de lady Casillas, terminaram precisamente às quatro, ho­rário em que as crianças deveriam retornar às suas casas. Nenhuma delas viera acompanhada por criados. O convite para uma festa em Haverbreaks era considerado uma honra, e os pais não perdiam a oportunidade de trocar algumas palavras com o conde e a condessa. Exceto os de Dulce. Às cinco horas, ela ainda se encontrava na sala de estar, aproveitando os últimos momentos do aniversário.

— Não posso imaginar o que houve com os seus pais — lady Casillas comentou.

— Ah, eu explico — Dulce respondeu, alegre. — Mamãe foi para a Escócia visitar minha avó, e na certa papai se esqueceu de mim. Isso acontece com freqüência, quando ele está trabalhando em algum manuscrito. Papai traduz grego.

— Eu sei. — Lady Casillas sorriu.

— Grego antigo.

— Eu sei — lady Casillas repetiu com um suspiro. Não era a primeira vez que o Sr. Luiz Espiñoza não se lembrava da filha. — Bem, teremos de levá-la para casa de qualquer forma.

— Irei com ela — Anahí sugeriu.

— Minha filha, é preciso guardar os novos brinquedos e, junto com seu irmão, escrever as mensagens de agradeci­mento. Se não fizerem isso esta noite, esquecerão de quem ganharam os presentes.

— Dulce não pode ir embora com um criado. Ela não terá com quem conversar.

— Eu sempre converso com os meus em casa.

— Não com os nossos — Anahí sussurrou. — Eles são empertigados, mudos e sempre me olham com desaprovação.

— Na maioria das vezes eles têm motivo para reprová-la — lady Casillas comentou e acariciou a cabeça da filha. — Tenho uma sugestão, Dulce. Por que não pedimos a Christopher para levá-la até a sua casa?

— Christopher? — Anahí deu um grito. — Dulce tem mesmo muita sorte!

Dulce ergueu as sobrancelhas. Nunca encontrara o ir­mão mais velho de Anahí.

— Está bem, assim terei o prazer de conhecê-lo.

Lady Casillas pediu a uma criada para chamá-lo, voltando-se para a menina:

— Ainda não conhece meu filho? Que estranho. Talvez seja por sua família estar sempre na Escócia no Natal, ocasião em que ele vem para casa. Ameacei deserdá-lo se não prestigiasse o aniversário dos gêmeos. Mesmo assim, não compareceu à festa com receio de que uma das mães tentasse casá-lo com uma menina de dez anos.

— Christopher tem dezenove anos, é solteiro e é visconde — Anahí afirmou casualmente. — É muito bonito e se parece comigo.

— Anahí! — lady Casillas chamou a atenção da filha.

— É verdade, mamãe. Eu seria muito atraente se fosse menino.

— Any, eu a considero muito bonita. — Dulce olhou os cachos loiros com uma ponta de inveja.

—Essa é também a minha opinião a seu respeito, Dulce. Fique com uma das fitas que Belinda trouxe. Não vou precisar de todas mesmo.

  Dulce sorriu pela mentira de Anahí, uma boa amiga. Escolheu a fita violeta, sem esquecer o agravo.

— Obrigada, Any. Prometo que a usarei nas aulas de segunda-feira.

— A senhora me chamou, mamãe?

Dulce virou-se ao escutar a voz rouca profunda e sufocou um grito. Jamais vira um homem tão esplêndido. Embora com apenas dezenove anos, tinha ombros largos e corpo de atleta. Os cabelos eram mais escuros do que os de Anahí, mas com reflexos dourados pela exposição ao sol. O que mais chamava a atenção eram os olhos castanhos cor de mel e brilhantes diferentes do da irmã e que não escondiam um toque de malícia.

Dulce sorriu. Sua mãe costumava dizer que se podia conhecer uma pessoa pelos olhos, e os de Christopher eram bon­dosos.