Fanfic: História de um Grande Amor - adaptada. (vondy) | Tema: Rebelde

     No fim da tarde, Ucker retornou do Hyde Park, onde fora cavalgar com Lorde Ruiz, seu amigo. Encontrou Anahí no saguão principal, perto da escada que levava à cozinha.

— Shhi... — ela o advertiu.

Ucker interessou-se de imediato e aproximou-se.

— Por que temos de ficar quietos? Anahí fitou-o com raiva.

— Estou tentando escutar.

Ele não imaginou o motivo até ouvir uma sucessão de risos melodiosos.

— É a Dulce? Anahí anuiu.

— Javier acabou de chegar e eles desceram.

— Por quê?

Anahí espiou os cantos e voltou-se para Ucker.

— Javier estava com fome.

— E ele precisa de Dulce para servi-lo? Ele tem mãos e pernas para isso. — indagou, tirando as luvas.

— Não, ela foi procurar os amanteigados da cozinheira. Eu ia acompanhá-los, pois detesto ficar sozinha. Mas agora que você chegou, permitirei que me faça companhia.

     Ucker passou por Anahí e espiou a escada, mesmo sa­bendo que não poderia ver Javier nem Dulce.

— Acho que também estou com fome — ele murmurou, pensativo.

— Pois trate de abster-se por enquanto. Os dois precisam de um tempo.

— Para comer?

— Para se apaixonar — informou Anahí, revirando os olhos, impaciente.

     De certa forma era exasperador receber um olhar tão desdenhoso da irmã mais nova, por isso Ucker a fitou com desnecessária seriedade.

— E será possível que isso aconteça em apenas uma tarde tomando chá com biscoitos?

— Oras, é apenas um começo. — Anahí fitou-o como se ele tivesse uma inteligência bem inferior à média. — Tam­bém não o vi incentivando nem um pouco o namoro.

        Ucker disse a si mesmo que até um idiota seria capaz de enxergar que aquele seria um casamento desaconselhável. Amava Javier profundamente e o tinha na mais alta con­sideração para um jovem de vinte anos. Mas era evidente que não era homem para Dulce.

       Na verdade, ele mesmo tivera maior contato com ela ape­nas nas últimas semanas, porém não havia sido difícil com­provar que era uma jovem amadurecida para a idade. Ela precisava de alguém mais velho, que soubesse dar valor às suas melhores qualidades. Um homem que soubesse domi­ná-la com firmeza, quando ela se deixasse levar pelo tempe­ramento belicoso que, na verdade, raramente aflorava.

    Talvez Javier pudesse ser a pessoa indicada... dali a dez anos.

    Ucker fitou a irmã e franziu o cenho.

— Preciso comer!

— Ucker, não faça isso!

Anahí não pôde impedi-lo. Quando tentou, ele já estava no meio da escada.

     A formalidade dos Uckermann não era levada a extremos, exceto quando dizia respeito a convidados. Por isso nenhum dos criados se surpreendeu ao ver Javier entrar na cozi­nha, fitar a Sra. Graves com o mais doce dos olhares, sen­tar-se à mesa com Dulce e esperar que a boa mulher os servisse com os famosos amanteigados. Assim que a travessa com os biscoitos ainda quentes foi deixada sobre a toalha,       Dulce ouviu um barulho às suas costas. Virou-se, piscou duas vezes e viu Ucker no último degrau da escada.

    Folgazão e ao mesmo tempo tímido, e pior, mais atraente do que nunca. Dulce não pôde evitar um suspiro.

— Desci os degraus de dois em dois. — Ucker explicou, sem nem mesmo saber o motivo.

— Ucker... — Javier resmungou uma saudação pouco eloqüente, ocupado em mastigar o terceiro biscoito.

— Anahí me disse que eu os encontraria aqui. Ainda bem, estou com fome.

— Por que não come amanteigados? — Dulce pergun­tou, apontando a travessa sobre a mesa.

Ucker sentou-se ao lado dela.

— Foram feitos pela Sra. Graves?

Javier anuiu. Ucker pegou três e virou-se para a Sra. Graves com o mesmo olhar que Javier adotara antes. Ela adorou ser adulada e inspirou fundo.

— Está bem, farei mais uma fornada.

Nesse instante, Anahí apareceu à porta e fitou Ucker com os lábios estreitados.

— Ucker! — murmurou, sem esconder a irritação —, eu queria lhe mostrar o... livro que comprei.

Dulce disfarçou um gemido; já tinha avisado que não gostaria que ninguém impusesse um compromisso em sua vida.

— Ucker — Anahí repetiu.

Dulce ergueu a cabeça com expressão de meiguice.

— Qual livro, Anahí? — ela perguntou, como se nem pen­sasse em provocar a outra.

A amiga dardejou chispas com o olhar.

— Sabe muito bem qual é.

— Seria aquele sobre o Império Otomano, sobre os caça­dores de peles do Canadá ou sobre a filosofia de Adam Smith?

— O último — Anahí resmungou.

— Verdade? — Javier olhou para a irmã com renovado interesse. — Não imaginei que apreciasse esse gênero de leitura. Neste ano estivemos lendo A Riqueza das Nações, uma interessante mescla de economia e filosofia.

Anahí sorriu com constrangimento.

— Tenho certeza disso. Poderei dar minha opinião quando terminar de ler.

— E a leitura está adiantada? — Ucker perguntou.

— Comecei agora e li apenas algumas páginas.

Pelo menos foi o que Dulce pensou ter ouvido. Anahí falara com a boca quase fechada e as palavras não soaram muito nítidas.

— Quer um amanteigado, Anahí? — Ucker perguntou e sorriu para Dulce como se a avisasse que estavam juntos na brincadeira.

Ele parecia mais jovem e feliz. E o coração de Dulce amoleceu.

Anahí atravessou o recinto e sentou-se perto de Javier, não sem antes sussurrar no ouvido de Dulce:

— Eu estava tentando ajudá-la.

No entanto Dulce ainda procurava recuperar-se do sorriso de Ucker. Sentia tontura, as pernas fracas e o co­ração tocando uma sinfonia. Ou estava apaixonada ou con­traíra gripe. Olhou de relance o perfil esculpido de Ucker e suspirou.

Todos os indícios apontavam para o amor.

— Dulce!

Ela fitou Anahí, que a chamava com impaciência.

— Javier quer saber a minha opinião a respeito de A Riqueza das Nações quando eu terminar de ler o livro. Disse a ele que leríamos juntas a obra. Com certeza poderemos comprar outro exemplar.

— O quê? Ah, sim, adoro ler. — Dulce entendeu com o que acabara de concordar ao ver o sorriso irônico da amiga.

— Agora — Javier inclinou-se sobre a mesa, tocando a mão de Dulce —, eu gostaria que me contasse como tem aproveitado a temporada.

— Estes biscoitos são deliciosos — Ucker falou em alto e bom som e fez menção de pegar um, em evidente tentativa de atrapalhar o irmão. — Javier, poderia fazer o favor de tirar o braço?

Javier recolheu a mão. Ucker pegou um amanteigado e levou-o à boca, sorrindo em seguida.

— Maravilhosos como sempre, Sra. Graves!

Meninas quantos coments *----*

Ain, vocês me dão orgulho, sério mesmo.

Gracias.

COMENTEM, mais. Quem sabe meu coraçãozinho se rende e eu posto mais. OS AMO <3