Fanfic: História de um Grande Amor - adaptada. (vondy) | Tema: Rebelde

— Logo mais tirarei mais uma assadeira do forno, milorde. — A Sra. Graves inflou de satisfação pelo elogio.

Dulce esperou o fim do diálogo para responder a Javier:

— Os dias têm sido muito agradáveis. É uma pena que não possa ficar aqui para desfrutar os eventos conosco.

Javier voltou-se para ela com um sorriso indolente des­tinado a tocar seu coração, mas que não surtiu efeito.

— Eu também acho. Porém ficarei aqui por algum tempo no verão.

— Sei que não terá muito tempo para a Srta. Savinón. — Ucker interveio. — Minhas férias de verão eram passadas em brin­cadeiras com os amigos. Nós nos divertíamos demais. Tenho certeza de que não o agradará perder isso.

Dulce fitou-o com estranheza; desconhecia aquele com­portamento tão jovial.

— Tenho certeza de que se divertia muito — Javier respondeu. — Mas eu gostaria de também comparecer a al­guns eventos sociais.

— Uma ótima idéia — Anahí concordou. — Assim também poderia adquirir um pouco mais de refinamento citadino.

— Tenho requinte em dose considerável, minha querida.

— Não duvido, mas nunca é demais uma experiência ver­dadeira para aprimorar o que já existe.

— Pois saiba que tenho experiência — Javier argumen­tou com o rosto corado.

Dulce arregalou os olhos.

Ucker levantou-se devagar.

— Estou desconfiado de que essa conversa vai se deteriorar e chegará a um nível não adequado para ouvidos sensíveis.

    Javier preparou-se para dizer mais alguma coisa, mas a paz familiar foi salva pela interferência de Anahí, que ba­teu palmas com euforia.

— Muito bem dito! Dulce adorava a amiga, porém sabia que não podia confiar quando o assunto era arranjar casamentos. E o sor­riso malicioso da outra foi mais uma prova disso.

— Dulce? — Anahí a chamou com graça.

— Sim?

— Lembra-se de ter me dito que gostaria de levar Javier àquela loja de luvas que vimos na semana passada? — E dirigindo-se para Javier, continuou: — Eles têm peças ma­ravilhosas tanto para mulheres como para homens, e nós chegamos à conclusão de que precisará de um par novo. Não sabemos se as compradas em Oxford são muito boas.

    O discurso óbvio de Anahí não enganou ninguém. Dulce fitou Ucker de soslaio e ele parecia divertir-se com o im­passe. Ou estaria aborrecido? Às vezes era difícil distinguir o que se passava com ele.

— O que me diz, meu querido irmão? — Anahí esmerou-se na expressão encantadora. — Vamos?

— Nada me agradaria mais — Javier concordou, ani­mado.

      Dulce abriu a boca para falar, mas desistiu diante da inutilidade prevista. Torceria o pescoço de Anahí na primei­ra oportunidade. No momento, a única alternativa seria acei­tar. Não desejava fazer nada que pudesse levar Javier a crer que ela alimentava sentimentos românticos a seu res­peito. Contudo seria uma grande falta de sensibilidade pro­curar livrar-se do passeio na frente do rapaz.

Quando percebeu três pares de olhos que a fitavam com expectativa, nada mais lhe ocorreu dizer:

— Podemos ir agora. Para mim, será um prazer.

— Eu os acompanharei — Ucker anunciou, erguendo-se, decidido.

Diante do anúncio inesperado, os outros três ficaram sur­presos. Ucker nunca mostrara interesse em escoltá-los em nenhum passeio quando se encontravam em Ambleside.

— Estou precisando de um par de luvas também — Ucker afirmou com fisionomia tranqüila de quem dizia a verdade. Por que outra razão ofereceria sua companhia?

— Entendi, claro. — Javier piscou sem atinar com os motivos do irmão mais velho.

— Sua sugestão foi ótima, Anahí. — Ucker animou-se. — Obrigado, minha querida.

Anahí não se mostrou nem um pouco satisfeita.

— Será ótimo contar com a sua presença — Dulce de­clarou, aparentando um entusiasmo maior do que pretendia demonstrar. — Javier não se incomodará, não é mesmo?

— De maneira nenhuma. — O rapaz pretendia ser since­ro, porém sua expressão o contradizia.

— Já terminou de comer os amanteigados, Javier? — Ucker indagou. — Será melhor sairmos logo, pois poderá chover mais tarde.

— Poderíamos ir numa carruagem fechada. — Javier pegou o maior biscoito da travessa.

— Vou buscar o meu casaco —Dulce avisou e ficou em pé. — Decidam em qual veículo iremos. Vamos nos encontrar no salão rosa em vinte minutos?

— Subiremos juntos — Javier se ofereceu. — Preciso pegar alguma coisa na minha mala.

Dulce e Javier saíram da cozinha.

— O que está acontecendo, Ucker? — Anahí perguntou.

— Do que está falando?

— Estou empenhando todos os meus esforços para unir aqueles dois e meu querido irmão mais velho arruinou tudo!

— Não seja tão dramática. Estou apenas pensando em comprar luvas. Jamais me ocorreria impedir um casamento, ainda mais um tão festejado.

— Se eu não o conhecesse, diria que está com ciúme. — Anahí franziu a testa, estreitando o olhar.

— Então, como me conhece, eu agradeceria se não fizesse acusações infundadas — respondeu ele, depois de alguns mi­nutos de silêncio.

— Convenhamos que vem agindo com estranheza. Ciúme de Dulce! Deus misericordioso, só me faltava essa.