Fanfic: História de um Grande Amor - adaptada. (vondy) | Tema: Rebelde
Tamborilou com o dedo enluvado no livro que fingia ler. Não lhe ocorreu nenhuma maneira de voltar atrás sem Ucker perceber. O que também não importava. De qualquer maneira, não conseguiria enxergar nenhuma palavra, enquanto ele continuasse a observá-la com os olhos semicerrados. Estremeceu, apesar do calor que a invadia.
— Esse é um talento fora do comum.
— O que foi agora? — mordeu o lábio, encarando-o.
— Ler sem movimentar os olhos.
Dulce contou até três antes de responder:
— Muitas pessoas não têm de soletrar as palavras para ler.
— Na mosca!. Eu sabia que ainda lhe restavam algumas setas para disparar.
Ela enterrou as unhas no assento estofado e recomeçou a contar. Se continuasse naquele ritmo teria de contar até cem para não explodir.
Ucker ficou curioso com o leve movimento ritmado com que Dulce mexia a cabeça.
— O que está fazendo?
Dezoito, dezenove...
— O quê?
— O que está fazendo? — repetiu.
Vinte.
— O senhor está se tornando muito aborrecido.
— Sou persistente. — Ucker sorriu. — Achei que gostasse da brincadeira. Agora me diga por que está balançando a cabeça.
— Se quer mesmo saber, estava contando para ver se consigo me acalmar.
— Pois eu gostaria muito de saber o que teria dito se não tivesse começado a contar.
— Estou perdendo a paciência.
— Não acredito!
Dulce tornou a pegar o livro e procurou ignorar Ucker.
— Pare de torturar o pobre livro. Nós dois sabemos que não o está lendo.
— Deixe-me em paz! — ela explodiu.
— Em que número parou?
— O quê?
— Qual o número? Não estava contando para não precisar ofender a minha sensibilidade?
— Não sei. Vinte, trinta. Nem sei. Parei de contar há quatro insultos.
— E chegou até trinta? Está mentindo. Não creio que tenha perdido a paciência comigo.
— Pois pode ter certeza.
— Não sei, não.
— Ah! — Ela atirou o livro, acertando-o na cabeça.
— Ai!
— Por favor, chega!
— Está bem — ele concordou com petulância, esfregando o lado atingido da cabeça. — Mas eu não teria feito isso se não estivesse sendo solenemente ignorado.
— Perdoe-me, mas pensei que estivesse satisfazendo a sua vontade.
— De onde tirou essa idéia?
— Ora, pois não tem feito outra coisa a não ser me evitar como se eu fosse uma praga, nesses últimos quinze dias! Nem mesmo tem se encontrado com sua mãe só para não me ver.
— Isso não é verdade.
— Diga isso à sua mãe.
— Gostaria muito que voltássemos a ser amigos.
— Não é possível — retorquiu, meneando a cabeça negativamente. Existiriam palavras mais cruéis do que aquelas?
— Por que não?
— As duas coisas são irreconciliáveis, — Dulce congregou cada grama de sua energia para evitar que a voz soasse trêmula.—Você não pode me beijar e pretender que sejamos amigos como se nada tivesse acontecido. Não pode me humilhar como fez em Padilhas e depois dizer que tem afeição por mim.
— Precisamos esquecer o que aconteceu. Se não for pela nossa amizade, então pelo menos pela minha família.
— Será que poderá esquecer? De verdade? Pois eu não tenho essa capacidade.
— Mas é evidente que pode — ele afirmou, casualmente demais.
— Não tenho a sua sofisticação. Ou talvez me falte a sua superficialidade — concluiu com amargura.
— Eu não sou superficial, apenas sensato. Deus é testemunha de que um de nós precisa ter juízo.
Ah, como gostaria de ter algo para dizer que o deixasse de joelhos, sem fala e tremendo como uma massa amorfa de matéria putrefeita, gelatinosa e patética!
Em vez disso, continuava parada, com lágrimas que lhe queimavam os olhos. Desviou o olhar, contando as residências que passavam diante da janela.
Desejou estar em outro lugar e ser outra pessoa. E isso era o pior. Em toda sua vida, mesmo tendo como melhor amiga uma moça muito mais bonita, rica e bem-relacionada, Dulce nunca desejou ser diferente do que era.
Ucker havia feito coisas em sua vida das quais não se orgulhava. Bebera demais e vomitara num tapete antigo, que era uma relíquia. Apostara no jogo um dinheiro que não tinha. Uma vez cavalgara em velocidade excessiva e sem cuidado, deixando o cavalo extenuado por uma semana.
Mas nunca havia se sentido tão inferior como ao observar o perfil de Dulce, que não tirava os olhos da janela, determinada e distante.
Nada disse por um bom tempo. Saíram de Londres, passaram pelas cercanias da cidade, onde as construções rareavam cada vez mais, até chegar ao campo aberto.
Dulce não o olhou nem uma única vez, e ele chegara à conclusão de que não poderia tolerar mais uma hora daquele silêncio sem significado evidente.
— Não pretendi insultá-la — finalmente falou —, mas tenho capacidade para admitir uma má idéia. Nada poderia ter sido pior do que me divertir à sua custa.
— Por quê? — ela perguntou sem se voltar.
— Por acaso não se preocupa com a sua reputação? Ficará arruinada se alguém ficar sabendo do que houve entre nós.
— Ou então teria de se casar comigo, milorde — ela disse em tom baixo e zombeteiro.
— O que não tenho a menor intenção de fazer, sabe muito bem disso. — pensou numa imprecação. — Não pretendo me casar com ninguém — corrigiu-se —, o que também não ignora.
— O que eu sei... — Dulce virou-se, furiosa. Mas, interrompeu-se e cruzou os braços.
— O quê?
— Você não entenderia, nem ao menos escutaria. — E voltou-se de novo para a janela.
O tom desdenhoso o atingiu como uma ponta de lança afiada.
— Por favor. Petulância não combina com o seu estilo.
— E como eu deveria agir? Diga-me, o que deveria sentir? — perguntou, arqueando uma das sobrancelhas.
— Gratidão.
— O quê?
Ucker recostou-se com fisionomia insolente.
— Sabe muito bem que eu poderia tê-la seduzido facilmente, mas não o fiz.
Dulce sentiu um nó na garganta e recuou. Quando conseguiu falar, a voz baixa não poderia ser mais letal:
— Você é um homem odioso, apesar de todos os seus títulos.
— Estou apenas lhe dizendo a verdade. E sabe por que eu me contive? Por que não arranquei sua camisola e não a possuí ali mesmo, no sofá?
Ela arregalou os olhos e sua respiração tornou-se mais forte. Mas a grosseria não terminou ali. Ucker queria fazê-la entender quem ele era na realidade e do que era capaz ou não de fazer.
Era preciso deixar claro que ele até se prejudicara para não desonrá-la, e seu esforço nem ao menos fora reconhecido.
— Eu lhe direi, Srta. Savinón. Eu me contive por respeito à senhorita. E tem mais uma coisa... — Parou e praguejou.
Dulce fitou-o, desafiadora, como se insinuasse que ele nem ao menos tinha noção do que pretendia dizer.
O maior problema era que Ucker sabia exatamente o que teria de confessar. Quanto a desejara e que, se não estivessem na casa de seus pais, certamente não teria parado.
No entanto, ela não precisava saber daquilo tudo, muito menos do poder que exercia sobre ele.
— Pode acreditar — murmurou mais para si mesmo do que para ela. — Eu não quis arruinar o seu futuro.
— Deixe o meu futuro aos meus cuidados — Dulce falou com raiva. — Sei muito bem o que estou fazendo.
— Com vinte anos acha que sabe tudo. Eu também era assim nessa idade.
Ucker procurou ignorar o remorso que lhe remoía as entranhas. Se bem que, na verdade, nem deveria sentir-se culpado, pois não conspurcara a inocência de Dulce.
— Algum dia ainda haverá de me agradecer por isso.
— Você está parecendo lady Casillas.
— E você está se tornando cada vez mais mal-humorada.
— Pretende atribuir-me também esse adjetivo? Está me tratando como se eu fosse uma criança, quando sabe perfeitamente que sou uma mulher adulta. Pois tenha ciência do que sei tomar minhas decisões — ela continuou a desafiá-lo.
— De maneira nenhuma. — Ucker inclinou-se para a frente com um brilho perigoso no olhar. — Ou não teria permitido que eu abaixasse a sua camisola e beijasse seus seios...
— Não tente dizer que o delito foi meu. — Ela sentiu-se escarlate de tanta vergonha.
Ucker fechou os olhos e passou as mãos nos cabelos, convicto de que acabara de dizer uma grande estupidez.
— Claro que não foi. Por favor, esqueça o que eu disse.
— Assim como sugeriu que eu esquecesse que me beijou?
— Sim. — Jamais a tinha visto com uma fisionomia tão indiferente. — Por Deus, não me olhe desse jeito.
— Não faça isso, faça aquilo. Esqueça isso, não esqueça aquilo. Decida-se. Não sei o que pretende. E creio que essa dúvida também é sua, milorde.
— Não fale assim comigo. Sou nove anos mais velho.
Depois de tão contida e amarga, Dulce de repente explodiu em emoções.
— Pare de me dizer o que devo fazer! Não lhe ocorreu que talvez eu queria que me beijasse? Ou que me desejasse? Sei muito bem que isso aconteceu. Não sou tão ingênua a ponto de convencer-me de que o orgulhoso lorde Ucker nada sentiu.
— Você não sabe o que está dizendo.
— Realmente não sei... Tenho certeza! — Seus olhos chamejavam e fechou as mãos em punhos.
Ucker teve uma premonição de que tudo dependia daquele momento e que, independentemente do que diriam, nada acabaria bem.
— Sei exatamente o que digo. Eu te desejo.
Ucker sentiu o corpo enrijecer-se e o coração estourar no peito. Teria de impedir a continuação daquele trajeto perigoso.
— É imaginação sua achar que me deseja. Por nunca ter beijado ninguém...
— Não me trate com tamanha condescendência. — Fitou-o com um olhar abrasador. — Estou consciente do que eu quero e desejo.
A respiração de Ucker ficou ainda mais ofegante. Ele mereceria ser santificado pelo que pretendia dizer.
Essa conversa está esquentando cada vez mais. O clima está realmente tenso.
Cadê meus leitores e leitoras ?? COMENTEM! *-*
Autor(a): LorenaLemos
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— Não é nada disso. Trata-se apenas de uma imprudência ou talvez presunção. — Droga! — Dulce gritou. — Será que é cego, surdo e mudo? Não se trata de nenhuma enfatuação, seu tolo! Eu te amo! — E abaixando um pouco o tom de voz continuou: — Eu sempre te amei! Desde que o ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 4110
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stellabarcelos Postado em 18/04/2016 - 02:24:20
Apaixonada por essa história! Amor lindo e puro! Amei
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alwaysvondy Postado em 15/07/2013 - 14:36:10
omG q web perfeita...amei demais o final<3
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anevondy Postado em 27/06/2012 - 00:13:27
2ª vez que estou lendo essa web, ela é tão linda, tão encantadora.... que no final não sei se choro que emoção pela história ou por ela ter terminado. Ela é PERFEITA!!
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anevondy Postado em 27/06/2012 - 00:13:27
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anevondy Postado em 27/06/2012 - 00:13:27
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anevondy Postado em 27/06/2012 - 00:13:27
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anevondy Postado em 27/06/2012 - 00:13:26
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anevondy Postado em 27/06/2012 - 00:13:26
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anevondy Postado em 27/06/2012 - 00:13:26
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