Fanfic: Spring of Love - AyA [Adp] [Finalizada] | Tema: Anahí e Alfonso

Pouco depois de ter feito os devidos encaminhamentos, deixava a sala de emergência. Usando jeans e camiseta, mais parecia uma adolescente do que uma médica. Prendera o cabelo na nuca e não usava maquiagem para realçar a boca adorável e os enormes olhos azuis.

Mas porque maquiar-se quando não havia a quem impressionar? O homem a quem amava não a notaria nem se surgisse a seu lado usando plumas e paetês.

Alfonso “Rodriguez” Herrera não demonstrava o menor interesse por ela, exceto como uma assistente eficiente. Não que algum dia a tivesse elogiado; muito ao contrário parecia gostar de criticá-la a seu comportamento, fazendo-a perguntar-se por que motivo ainda a mantinha por perto. Ah, sim: Annie também se perguntava por que insistia em permanecer onde não era desejada.

O amor que sentia por Alfonso Herrera era sua única desculpa. Mas algum dia isso não seria suficiente.

O dr Christian Chavez ,pediatra, o único amigo que tinha na equipe, foi a seu encontro. Também terminara uma cirurgia.

— Você por aqui? Mas hoje não é o plantão do Poncho?

Apenas alguns privilegiados tinham a permissão de tratar o Dr. Alfonso Herrera pelo apelido, e ela não era um deles.

Anahí sorriu. Christian era uma figura simpática e sorridente, que possuía olhos e cabelos escuros. Fora ele quem ligara para o hospital na Cidade do México, onde ela trabalhava, para avisá-la que Alfonso estava à procura de uma assistente. 

Na ocasião, Anahí ansiava pela chance de um recomeço. E para seu espanto, após dez minutos de entrevista, o famoso médico a convidara para juntar-se a ele.

— Houve um acidente com um garotinho bem em frente à lanchonete onde eu estava almoçando. Fui até lá porque em casa nada havia que eu pudesse comer. Preciso fazer compras, mas detesto ir ao supermercado - acrescentou com uma careta.

— E quem não detesta? – Ele sorriu. - Como está indo com Herrera?

Ela deu de ombros.

— Do jeito de sempre.

Christian balançou a cabeça.

— E pensar que sou o culpado... Julguei que fosse para seu bem, mas parece que me enganei.

— Por favor, não se responsabilize.

Ela tremeu. Não conseguiu desviar os olhos a tempo de esconder a mágoa.

— Julguei que uma mudança fosse fazer-lhe bem após... Tudo o que passou - prosseguiu Christian - Trabalhar em Jacobsville me pareceu uma oportunidade caída do céu. Poncho é um dos melhores cirurgiões que conheço e você é uma das médicas mais eficientes. – Ele suspirou - Como pude me enganar tanto?

— Não se preocupe. Meu contrato é de um ano e está quase no fim.

— O que pretende fazer depois que sair daqui?

— Retornar a Cidade do México.

— Por que não fica trabalhando na emergência do hospital? – brincou ele.

O trabalho na emergência era tão estressante que  às duas da madrugada e no meio de um exame desnecessariamente exigido por um famoso hipocondríaco, um dos residentes abandonou seu posto e nunca mais pisou no hospital.

Anahí sorriu ao lembrar-se do episódio.

— Não obrigada. Eu gostaria de Ter meu próprio consultório, mas ainda não posso me dar ao luxo. Enquanto isso não acontece, voltarei para Cidade do México. Em algum hospital de lá deve existir trabalho para mim.

— Lamento muito. Julguei-a perfeita para Alfonso.

— Diga isso à ele. – Anahí deu um longo suspiro. - De qualquer forma, cansei desta rotina e preciso fazer algo para mudar. 

— Você deve estar precisando de alguma distração. Deixe comigo. Pensarei em alguma coisa.

Anahí observou-o afastar-se, apreensiva. Christian era gentil, um viúvo que por muito haver amado a esposa ,após cinco anos de solidão ainda se mantinha fiel a ela. Embora o apreciasse, nada queria do médico além da amizade.

Ao caminhar pelo corredor, em direção á saída e ao estacionamento, avistou Alfonso e mesmo reduzindo o passo, não conseguiu evitá-lo.

Recebeu dele um olhar gelado e respirou fundo, procurando acalmar-se.

— Pelo menos vista-se como uma médica, se pretende andar por aí com nossas ambulâncias – disse ele rudemente.

— Eu não estava andando por aí, doutor, e muito menos numa de suas ambulâncias. Quanto às roupas que uso fora do hospital, não são da.... - Precisou controlar-se para não soltar um palavrão. – Não são da sua conta!

Inesperadamente, ele a agarrou pelo pulso. Anahí prendeu o fôlego, chocada. A violência do gesto despertou-lhe instintos protetores, que julgara esquecidos.

Mas não se moveu. Esperou, com os olhos arregalados, que ele a soltasse. Ao contrário do pai dela, Alfonso Herrera jamais perdia o controle.

O médico soltou-a bruscamente, o olhar desconfiado.

— Fria como gelo! - disse em tom de troça. - Congelaria qualquer pobre mortal que se aproximasse de você.

Fora a coisa mais pessoal que ele já lhe dissera. E a mais insultante.

— Pense o que quiser. Para mim não faz diferença.

— Você ficaria surpresa se soubesse o que penso. - respondeu ele. Olhou para a mão que a tocara e riu. – Congelada. Vai ver que é por isso que Christian Chavez ainda não se animou a conquistá-la!

Anahí dirigiu-lhe um olhar fuzilante, ao mesmo tempo que se afastava, apressada. Alcançou o estacionamento e passou pelo carro dele sem sequer olhar. O comentário a magoara, mas felizmente não o deixara perceber quanto.

Anahí insistia em dizer que aquilo que ele pensava não a afetava, mas a verdade é que afetava, e muito. Alfonso a julgava uma mulher fria, o que não era verdade. Ele mexia com seus nervos sempre que estava por perto ou a tocava. Nestas ocasiões, não conseguia pensar com clareza ou fazer com que suas pernas parassem e tremer. A solução era manter-se distante daquele homem. Tinha motivos de sobra para evitar qualquer envolvimento com pessoas temperamentais, mas, apesar de seus esforços, a convivência com Herrera estava se tornando uma provação.

Bem vinda meninas *--*