Fanfic: Spring of Love - AyA [Adp] [Finalizada] | Tema: Anahí e Alfonso

Autoritário por natureza, Henrique Portilla fora piorando com o tempo, e tornara-se cruel quando suas ambições chegaram a galgar patamares mais elevados. A mãe de Anahí morrera nas mãos do marido. Ela o amava tanto que não se dava conta das suas maldades ignorava sua brutalidade, seu vício, sua crueldade. Anahí sentiu um arrepio e abraçou a si mesma. Jamais se casaria, porque não conseguiria sobreviver a nenhum relacionamento neurótico. Achava que tudo o que uma mulher precisava fazer para aniquilar-se era apaixonar-se, perder o controle e entregar-se aos desejos de um homem. Até mesmo o melhor deles se tornava cruel ao menor sinal de vulnerabilidade numa mulher. Arrepiou-se. Jamais ficaria à mercê das vontades de um homem como sua mãe fizera, mas Alfonso a fazia sentir-se vulnerável. Era por isso que não se deixava levar pelas emoções que ele lhe despertava, não queria tornar-se vítima dos sentimentos. A solidão em que vivia podia ser um mal, mas com certeza um mal menos devastador do que o amor. 

O telefone tocou e a trouxe de volta à realidade.

- Dra. Portilla?

Era Dulce, a enfermeira da clínica de Herrera. Os dois se revezavam atendendo o hospital e a clínica.

- Ela mesma.

- Desculpe incomodá-la em casa - continuou Dulce - Mas houve um acidente no norte da cidade e estão enviando as vítimas para cá. O Dr. Herrera está numa cirurgia no hospital, e pede à senhora que venha até aqui.

-Claro. Não demoro - prometeu ela ao desligar.

A clínica agora se encontrava deserta. Lá fora a noite estava clara e estranhamente quente para o começo de dezembro.

— Não sei como o Dr. Herrera suporta esta vida. - disse Dulce ,com um suspiro, após atender o último paciente e fechar a clínica. – Nunca chega em casa antes da meia-noite.

— Ainda bem que não é casado - comentou Anahí. Dulce sorriu.

— É verdade, mas creio que devia pensar no assunto. Afinal, já completou trinta anos, e o tempo não para de correr – Passou o cadeado na porta antes de continuar – Pena que as coisas não tenham dado certo entre ele e a Srta.Parker.

— Pareciam Ter nascido um para o outro, mas quem os conhecia de perto sabia que, dos dois,ele era o único apaixonado.

— Nem sempre as coisas acontecem como esperamos - comentou Anahí, pensando enquanto daria para ver o Dr. Herrera tão desamparado e indefeso quanto ela se sentia naquele momento, mas era apenas uma fantasia.

— Não achou surpreendente o caso de Ted Regan e Coreen Tarleton? Casaram-se inesperadamente sem que ninguém sequer suspeitasse que estavam apaixonados! – Dulce deu uma risadinha.

— Muito surpreendente - concordou Anahí, sorriu ao lembrar-se de ter cuidado do Ted.

— Eu os vejo ao menos uma vez por semana, a caminho do obstetra.

— Ela deve dar à luz brevemente - observou a enfermeira. - Coreen será uma boa mãe, o Ted um bom pai. Essa criança será feliz.

Dulce percebeu que havia mágoa na voz de Anahí, mas, antes que pudesse dizer qualquer coisa, viu a despedir-se e partir. 

Nem imaginava que ela passaria o final de semana lendo pesquisas recentes sobre uma bactéria, originada de mutação genéticas, que causara muitas mortes na virada do século XX.