Fanfic: Spring of Love - AyA [Adp] [Finalizada] | Tema: Anahí e Alfonso
Naquele momento, o que mais desejava era ter alguém com quem conversar, contar seus problemas.
No entanto, tomava café sozinha no pequeno restaurante da esquina. Não era de fazer amizades facilmente, e na verdade preferia ficar só. Quando não estava trabalhando, não permitia que estranhos se aproximassem. Mas nem se dava conta disso. Olhou fixamente para a xícara e lembrou de cada palavra que Alfonso dissera. O médico deixara claro que a desprezava. Bem, talvez fosse de fato desprezível. Seu pai quando vivo, parecia achar o mesmo, pois queixava-se constantemente dela, dizendo que seria uma eterna perdedora.
— Com licença....
Ela ergueu os olhos e deu com a garçonete.
— Pois não?
— Deseja mais alguma coisa?
Anahí tentou esboçar um sorriso, sem muito sucesso.
— Não, obrigada. Na verdade, hoje não estou com muita fome.
A garçonete entregou-lhe a conta que Anahí pagou.
— Se precisar de alguma coisa, é só chamar- disse a moça. Sorriu e afastou-se.
Anahí tomava o último gole de café quando Alfonso entrou apressado no local. Tinha uma expressão zangada e olhava em torno como se procurasse alguém. Em seguida avistou-a. “Deve haver alguma emergência”, pensou ela enquanto o médico se aproximava e depositava o envelope aberto sobre a mesa.
— Pode me dizer o que significa isso? – indagou num tom perigosamente calmo.
Anahí ergueu os frios olhos azuis.
— Meu pedido de demissão.
— Isso eu já sei. Quero saber porque resolveu demitir-se.
Ela olhou ao redor e percebeu que o restaurante estava quase vazio. Apenas um rapaz e a garçonete prestavam atenção a eles. Ergueu o queixo com altivez antes de responder:
— Se não se importa, prefiro não discutir assuntos particulares em público.
Ele cerrou os dentes zangado.
— Muito bem. Se terminou de almoçar eu gostaria que me acompanhasse! -disse, e recuou, permitindo que ela se levantasse.
O coração de Anahí disparou quando ele guardou o envelope no bolso e pegou-a pelo braço para gentilmente conduzi-la à saída. Ela já havia tirado as chaves do carro de dentro da bolsa, mas Alfonso a impeliu na direção contrária ao estacionamento até uma praça que ficava perto dali. Era dezembro, o ar estava frio, e as árvores pareciam tristonhas sem as folhas. No entanto, o nervosismo a fazia transpirar. Ele as obrigou a sentar-se num dos bancos e permaneceu em pé com uma das pernas apoiadas num tronco de árvore.
— Porque essa decisão súbita?
— Não é tão súbita assim. Há tempos venho planejando voltar para Cidade do México. De qualquer forma o contrato que assinei é de um ano e está para terminar.
— Por que voltar para Cidade do México? Não há ninguém à sua espera naquela cidade.
— Há sim: meus amigos. E estou certa de que a mudança me fará bem.
— Pelo que sei, o único amigo que possui é Christian Chávez.
Anahí brincava com as chaves e olhava para a própria mão sem demonstrar suas emoções. Os olhos de Alfonso seguiram os dela e algo novo surgiu em sua expressão. O médico pegou-lhe a mão rígida, abriu-a e franziu a testa ao notar os vincos vermelhos que as chaves haviam produzido. Anahí podia ouvir as batidas frenéticas do próprio coração e detestou aquela falta de controle. Puxou a mão. Alfonso recuou um pouco e já não havia o menor traço de rancor nele.
— Nenhuma parceria se torna bem sucedida do dia para a noite - disse ele - Você deu menos de um ano à nossa.
— Exato.
A ênfase colocada na palavra chamou a atenção dele. Fitou-a com os olhos verdes estreitados.
— Parece até que não colaborei para que desse certo.
Ela manteve os olhos fixos no do médico.
— Para que desse certo precisaríamos manter um relacionamento no mínimo razoável e tolerar um ao outro. Você não gosta de mim, disso eu suspeitava, mas esta manhã, após o que disse a Christian...
— Você ouviu a nossa conversa? - indagou ele, com a voz rouca - Ouviu ...toda a conversa?
— Quase toda.
Alfonso tentava se lembrar daquilo que dissera a Christian num momento de explosão. Costumava falar sem pensar quando se esquentava, mas depois se arrependia. Dessa vez, porém, lamentava-se ainda mais. Nunca lhe ocorrera que Anahí com aquela aparência fria e distante pudesse ter um coração. No entanto, nos últimos cinco minutos descobrira coisas incríveis sobre ela e sem que uma só palavra fosse dita. Magoara-a sem querer, mas havia uma explicação para isso. Estava desnorteado porque acabara de diagnosticar leucemia num garotinho de quatro anos, e aquilo o deprimira. Descontara em Christian Chávez, agredindo Anahí. Mas não podia imaginar que estivesse sendo ouvido. Agora ela queria ir embora e com razão.Estava sinceramente arrependido e temia que Anahí jamais fosse acreditar em seu arrependimento.
— Você me contratou apenas para fazer um favor a Christian. Bem, agora está livre para contratar quem bem desejar.
— Espere um pouco...
— Prefiro não continuar discutindo. Estou cansada de brigar com você. Se sou um estorvo, como disse, deve alegrar-se por se ver livre de mim. Mas não pretendo deixá-lo na mão. Ficarei até que encontre alguém que me substitua! - disse ela, e levantou-se.
Herrera desesperou-se. Detestava explicar o motivo de seus maus humores.
— Você precisa entender. Às vezes digo coisas que não estou sentindo. Fiquei arrasado com a notícia da leucemia do garoto.
— Ambos sabemos que você foi absolutamente sincero quando disse aquilo. Sempre me detestou e na verdade às vezes mal conseguia ser civilizado comigo. Como eu poderia adivinhar que guardava tanto rancor contra mim?
Anahí percebeu uma sutil mudança na expressão dele. Era como se suas palavras despertassem lembranças antigas.
— Então você também ouviu essa parte da conversa?
— Infelizmente. Mas, afinal o que houve? Meu pai causou a morte de alguém?
Alfonso manteve silêncio por um momento. Anahí trazia à tona recordações muito antigas que continuavam dolorosas e que ele preferia guardar no coração. Mas talvez fosse melhor falar. Há um ano vivia fingindo.
— Seu pai engravidou a mulher com que eu iria me casar e depois a convenceu a fazer um aborto. Assim eu me casaria com ela e jamais descobriria o que haviam feito. Só que ele não contou com as complicações que quase a mataram após a cirurgia, que ele mesmo fez. O conselho médico do hospital convidou-o a demitir-se.
— Oh, não!
Anahí empalideceu. Sua mãe chegara saber disso? E o que acontecera à moça?
— Poucas pessoas souberam e duvido que a história tenha chegado aos ouvidos de sua mãe - explicou Herrera, como se tivesse adivinhado seus pensamentos - Ela sempre me pareceu uma excelente pessoa e não merecia o marido que tinha.
— E sua noiva? O que aconteceu com ela?
— Deixou a cidade e casou-se com outro. - Herrera enfiou as mãos nos bolsos da calça e a fitou. – Se deseja saber toda a verdade, poderei lhe dizer. Christian ficou penalizado quando você ficou sozinha no mundo após o acidente que matou seus pais e a recomendou quando soube que eu procurava um assistente. Não fiz ligação com os sobrenomes. Irônico não? Escolhe justamente a filha do homem que odiei até o dia de sua morte.
Anahí o fitou, com uma expressão ansiosa no rosto bonito e pequenos pontinhos dourados brilhando nas profundezas dos olhos verdes mel.
— Por que não me contou? Eu teria entendido!
— Você não estava em condições de receber mais esse golpe - disse ele, lembrando-se da fisionomia sofrida que notara na primeira vez que a vira - Além disso, o contrato já havia sido assinado e a única maneira de corrigir isso era você se demitir.
Agora tudo fazia sentido.
— Então foi por isso que agiu daquele modo? Para que eu não agüentasse a pressão e desistisse? Ora, mas....como eu poderia adivinhar?
— Você foi mais forte do que eu imaginava e não cedeu um só milímetro. Manteve-se inflexível. – Alfonso mexia as chaves no bolso enquanto a observava - Há muito tempo ninguém me enfrentava dessa forma.
Ele não precisava estar dizendo isso. Todos em Jacobsville eram complacentes com o mau humor do Dr. Herrera. Só Anahí o encarava de igual para igual. Devido ao temperamento de seu pai, desde cedo aprendera a não demonstrar medo ou resignação e agora aplicava a mesma regra a Herrera. Alguém com uma personalidade mais frágil não teria resistido um mês àquilo tudo. Em relação ao pai, Anahí procurara sempre manter as emoções sob controle, era perigoso deixá-lo perceber que a magoava porque ele gostava de magoar. E agora como se fosse um castigo, o homem a quem amava desprezava-a justamente por ser filha do Dr. Portilla. Christian Chávez fizera o que julgara melhor para ela. Mas obviamente subestimara o amigo, pensando que ele não se importaria em tê-la como assistente.
Herrera a fitava sem piscar.
— Um ano, um ano inteiro lembrando o que seu pai aprontou. Às vezes eu tinha vontade de fazer qualquer coisa para que você fosse embora. Vê-la já era doloroso.
Aquela foi a última gota. Anahí o amava tanto e, em contrapartida tudo o que ele via quando a fitava era uma mulher cujo pai o traíra. Por isso a desprezava. Na verdade Henrique Portilla fora apenas um pobre diabo viciado em drogas que roubava narcóticos do hospital onde trabalhava. Ele estava drogado quando o jatinho que insistiu em pilotar chocou-se contra as montanhas matando-o e à esposa. Lágrimas inundaram os olhos azuis de Anahí sem que ela dissesse uma só palavra. Alfonso espantou-se, já a vira irada, cansada, indiferente, furiosa e até mesmo frustrada, mas jamais a vira chorando. Tocou seu rosto levemente com a ponta dos dedos, como que para certificar-se de que as lágrimas eram verdadeiras.
Ela o afastou, chorosa.
— Você foi tão frio comigo... Christian jamais tocou no assunto. E eu fui tola o suficiente para sonhar... Que idiota!
Voltou-se e afastou-se. Apressada. Alfonso não fez um só movimento para impedi-la.
Autor(a): JL
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________________________________________ Nos dias que se seguiram Anahí manteve-se cortês, educada, porém distante em relação a Herrera. Mas alguma coisa havia mudado no relacionamento de ambos. Quanto ao médico, estava ciente da sutil diferença na atitude dela. Agora não mais o seguia com o olhar nem o procur ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 289
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Guiovanna Postado em 21/05/2018 - 22:08:57
Gente dá aquela moral lá na minha web por favor! https://fanfics.com.br/fanfic/58073/lacos-de-sangue-anahi-e-alfonso#comments
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alinneportilla Postado em 05/08/2012 - 21:02:05
terminei de ler. que web linda. amei!!
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alinneportilla Postado em 05/08/2012 - 21:02:05
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alinneportilla Postado em 05/08/2012 - 21:02:05
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alinneportilla Postado em 05/08/2012 - 21:02:04
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alinneportilla Postado em 05/08/2012 - 21:02:04
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alinneportilla Postado em 03/08/2012 - 00:08:09
estou adorando a web.
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alinneportilla Postado em 03/08/2012 - 00:08:09
estou adorando a web.
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alinneportilla Postado em 03/08/2012 - 00:08:08
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