Fanfic: Outra vez casados - AyA ( Adaptada) {FINALIZADA}

— Você não casou de novo. — O tom de Poncho era quase acusatório, numa rápida mudança de assunto.

Cambaleante, Annie conseguiu se levantar. Mesmo de pé era muito mais baixa do que Alfonso. Amaldiçoou o fato de não estar usando saltos altos e sentiu a velha amargura mobilizar-lhe o íntimo.

— Casar de novo? Acha que eu me arriscaria em casar outra vez depois do que fez comigo? — inda­gou Anahi, irada. — Não me casei outra vez e nunca o farei.

E havia uma boa razão para não fazê-lo, mas não tinha intenção de revelá-la. Era Miguel. Seu precioso filho não seria submetido a um padrasto que talvez não o amasse. Annie passara por aquela experiência, e não iria submeter Miguel à mesma infelicidade que tivera enquanto crescia.

— Por que mudou seu nome?

Então Poncho ainda possuía a mesma habilidade de lançar perguntas perigosas como facas entre as coste­las. Sentiu que iria tremer e cruzou os braços sobre o peito para que ele não testemunhasse seu corpo trair a ansiedade.

— E por que não deveria? Não queria carregar seu nome. Tampouco o de meus tios, então o troquei ofi­cialmente pelo nome de solteira de minha mãe. O que está fazendo aqui? — indagou, irritada. — Não tem o direito de...

— Vim até aqui por causa disto — informou Alfonso, retirando a carta de demissão que ela escrevera do bol­so da jaqueta, juntamente com um envelope branco.

— Este é seu contrato de trabalho — anunciou. Ele a obriga a cumprir aviso prévio de quatro sema­nas. Não pode simplesmente abandonar o emprego.

A boca de Annie se tornou seca. Sabia que seus olhos espelhavam a própria mortificação.

Você... não pode me obrigar a isso — começou, destemida. — Você...

Oh, sim, posso — contra-argumentou ele. — E pretendo fazê-lo.

Por quê? — inquiriu Annie, furiosa, sentindo a tensão aumentar ao perceber que o próprio tom de voz beirava o descontrole. — Pensei que quisesse me ver fora dali tanto quanto eu desejava ir embora, dada a rapidez com que terminou nosso casamento! Não pode querer que eu trabalhe para você. Sua ex-esposa, a mulher que rejeitou? A mesma que...

Regras são regras. É obrigada por lei a cumprir seu aviso prévio è a quero de volta à sua mesa de tra­balho para que possa cumprir com as responsabilidades de sua substituição.

Não pode fazer isso! — protestou Annie. A voz podia soar forte e determinada, mas em seu íntimo o pânico ameaçava agonizá-la. Sabia que tinha obriga­ção legal de cumprir o aviso prévio e se não o fizesse seus próximos empregadores pensariam duas vezes antes de contratá-la. Com a responsabilidade de Miguel não podia se dar ao luxo de ficar fora do mercado de trabalho.

Sim, posso — corrigiu-a Alfonso. — Pode ter pula­do fora de nosso casamento, mas não o fará em relação a seu trabalho.

O choque de Anahi aumentou ante as palavras que o ex-marido lhe atirava.

— O fiz por que você estava tendo um caso. Sabe disso. Foi você a findar nosso casamento.

—  Não estou interessado em discutir o passado, apenas o presente.

A resposta a deixou sem ação e vulnerável. Fora um erro mencionar o casamento e um maior ainda se referir ao caso que Alfonso tivera. A última coisa de que precisava era o deboche do ex-marido em relação ao assunto.

— Gosto de valorizar meu dinheiro. Por certo se lembra disso?

O comentário dava-lhe a oportunidade de contra-atacá-lo e Annie aproveitou-a.

— Não me permito lembrar nada sobre você. — As palavras iradas e desdenhosas lhe escaparam antes que pudesse suprimi-las. Podia sentir a tensão crescer entre ambos e com ela as lembranças perigosas de um tipo de tensão diferente que costumavam dividir.

—  Nada? — indagou Alfonso, desafiando-a como se lhe tivesse lido os pensamentos. — Nem mesmo isto?

A sensação das mãos fortes em seus braços, puxando-a contra ele, o calor da pele e a rigidez do corpo másculo era tão chocante, familiar e agradável, que Annie não conseguiu se mover.

De alguma forma, como se tivesse adquirido vida própria, o corpo feminino se moldou ao dele. E as mãos delicadas deslizavam por dentro da jaqueta, explorando as costas largas. Inexplicavelmente a cabeça de Annie se inclinou para trás e os olhos cor de topázio bem abertos percebiam o fogo e a paixão espelhados nos do ex-marido.

Para sua surpresa, era como se uma parte dela esti­vesse esperando por aquilo, pôr ele. Não só esperan­do, mas querendo, ansiando e precisando.

O som monótono do relógio da cozinha foi abafado pela intensidade da respiração de ambos. A de Poncho pesada e áspera, a dela, um pouco mais suave, baixa e irregular.

O toque da mão masculina em sua nuca, à medida que o polegar de Alfonso deslizava pela pele macia, en­viava sinais que eram reconhecidos de imediato pelo corpo de Anahi.

Tinha de fechar os olhos, antes que o ex-marido visse refletido neles tudo o que estava sentindo — o discreto intumescimento dos mamilos que ansiavam pela boca de Alfonso, a contração em seu ventre e mais abaixo a umidade da própria intimidade.

Sentiu o calor dos lábios de Poncho e os seus próprios se entreabrirem à arremetida firme da língua quente o macia — uma sensação que permanecia vivida em sua mente.

Os dedos finos apertaram os ombros largos sob a jaqueta, enquanto a pressão possessiva e familiar do beijo de Alfonso silenciava o gemido de prazer que se formou na garganta de Annie.

Quando as mãos másculas escorregaram para os quadris curvilíneos, e os dedos firmes se fecharam em torno de seus ossos delgados, Annie sentiu-se enfraquecer de desejo. Em breve Alfonso iria lhe tocar os seios, arrancando-lhe as vestes no afã de tocá-la com mais intimidade. E ela o desejava também. Intensamente.

Leves tremores de antecipação começavam a lhe perpassar o corpo. Se passasse a mão pelo corpo dele, poderia sentir-lhe a rigidez, explorá-la com os dedos, atormentá-lo até que ele a arrebatasse e...

— Mamãe...?

O som da voz de Miguel do outro lado da porta dos fundos a trouxe violentamente de volta à realidade.