Fanfic: Outra vez casados - AyA ( Adaptada) {FINALIZADA}

CAPITULO CINCO

A reação de Poncho foi mais rápida do que a dela. E de repente Annie se viu fitando o filho por detrás do corpo protetor dele. Com a face rubra de surpresa e culpa, ela vestiu o top e se encaminhou em direção a Miguel, mas ele a ignorou, correndo para Alfonso.

De imediato Annie tentou impedi-lo, incapaz de li­dar com a rejeição que o filho iria sofrer, mas para sua surpresa, alfonso passou por ela, erguendo Miguel quan­do ele estendeu os braços.

Segurando Miguel no colo, Alfonso experimentou uma dor que não se assemelhava a nenhuma que já sentira — nem mesmo quando ouvira que não seria capaz de gerar filhos ou quando jogara Annie para fora de sua vida.

A pequena cabeça de Miguel se inclinou para trás e dois olhinhos sonolentos o fitaram. Poncho sentiu como se alguém tivesse enfiando uma faca envenenada com ciúme e desespero em suas costelas. Ciúme por Annie ter se entregado a outro homem e desespero pela situ­ação na qual se encontrava.

De modo abrupto depositou Miguel nos braços de Anahi que o aguardavam e caminhou em direção à por­ta dos fundos.

Quando a alcançou, estacou e se voltou. Os olhos azuis enevoados pela dor.

— Quando ele nasceu?

Annie apertou os braços em volta do corpo de Miguel que voltara a dormir do jeito que as crianças conse­guem fazer, em segundos, e lhe disse a data.

Após uma ínfima pausa, Alfonso se manifestou.

— Então ele foi concebido duas semanas após nos­sa separação?

O ar na cozinha tornou-se pesado pela combinação das emoções de ambos.

— Ele nasceu com duas semanas de atraso — res­pondeu ela à acusação tácita de Alfonso. — Eles quise­ram induzir o parto, mas eu lhes pedi que esperassem. Eu... Queria dar à luz de parto normal.

Annie fechou os olhos e virou de costas, tentando afastar a lembrança que esperara até o último momen­to possível, agarrando-se à esperança que um milagre aconteceria e Alfonso estaria a seu lado quando o filho nascesse.

Mas aquilo não acontecera e, no final, ninguém, além da equipe do hospital, testemunhou-lhe o parto.

Despertou do devaneio quando a porta dos fundos se fechou. Alfonso havia partido. Mas ele já os havia abandonado há muito tempo.

De alguma forma, aquele pensamento não lhe trou­xe conforto algum. A dor que sentia era muito intensa para ser abrandada tão facilmente.

Poderia ter desafiado Alfonso a deixá-la provar que Miguel era filho dele, exigindo um exame de DNA, pensou, encostando o queixo aos cachos macios dos cabelos de Miguel. Mas aquilo de nada serviria se Alfonso se negava a ser o pai dele. Não iria expor Miguel àquele tipo de dor — nem mesmo para provar que ela não o traíra com outro homem!

A dor continuava a castigá-la. Tão forte quanto no passado. Onde teria ido parar seu orgulho? Por que não a resgatava da própria vulnerabilidade, relembrando-a do que Alfonso fizera no passado? Como Alfonso se atrevia a fazer acusações quando fora ele a assumir abertamente a relação com outra mulher?

Miguel ainda se encontrava adormecido em seus braços, o que significava que podia dar vazão às gros­sas lágrimas que lhe assomavam aos olhos.