Fanfic: Outra vez casados - AyA ( Adaptada) {FINALIZADA}

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Capítulo: 47

Quando as portas da casa se abriram, revelando seu interior, Anahí quase tropeçou ao perceber as paredes pintadas em amarelo-manteiga. A cor com a qual tão entusiasmada dissera a Alfonso que desejava pintá-las. Quando voltou o olhar ao corredor, quase perdeu o equilíbrio. Tudo estava como dissera a ele que queria, mas em vez de lhe dar prazer, a constatação a fez sen­tir-se nauseada.

Quando percebeu a palidez no rosto de Annie, ele deixou escapar um xingamento e a ergueu nos braços, ignorando-lhe os ásperos protestos e subiu a escada de dois em dois degraus.

 

O quarto que Alfonso pedira para Maria preparar para os hóspedes, conectava-se a outro. Ela mesma havia dito que o maior daria um excelente quarto principal e o outro um perfeito quarto de criança.

— Ponha-me no chão. Posso andar!

A firmeza do tom de voz de Anahí o fez concluir que ela não compartilhava com ele as doces e amargas lembranças do passado.

— Talvez possa, mas duvido que conseguisse subir esta escada sem auxílio.

Annie desejou argumentar, mas sentia o coração des­compassado, ante a lembrança de como no passado provocara Alfonso, acusando-o de querer exibir a superioridade masculina ao erguê-la nos braços com fre­qüência. Mas uma parte dela sentia-se impressionada com a demonstração da força que ele possuía.

No momento, no entanto, era o ressentimento que lhe acelerava as batidas do coração, tentou conven­cer a si mesma. Fisicamente podia ser vulnerável a Alfonso, mas era só. Como poderia, como mãe zelosa e responsável, esquecer a recusa dele em reconhecer o próprio filho?

Por certo, o fato de Alfonso a ter trazido para aquela casa a estava deixando vulnerável a ponto de desejar pousar a cabeça sobre o ombro largo e deixar o corpo ficar no conforto e segurança dele. Aqui estamos. Ele utilizou o pé para abrir a pesada porta e Annie voltou a face para observar o interior do aposento.

A luz do sol aquecia as paredes creme, e pesadas cortinas pendiam graciosamente das janelas. Um car­pete da mesma cor cobria o chão, compondo um am­biente acolhedor com os móveis de mogno do final da era georgiana.

Quando Alfonso a pousou na cama, Anahí lutou contra as emoções que a atingiam. O quarto estava decorado exatamente como planejara um dia.

— Coloquei uma cama no quarto de criança para Miguel — informou Poncho em tom prático, evidente­mente alheio ao impacto emocional que lhe causava.

Naquele instante, Miguel entrou no quarto, excitado.

— Maria disse que posso ver o cachorro dela se concordar, mamãe — anunciou em tom solene.

— Maria? — indagou ela gentilmente. Alfonso podia chamar os criados pelo nome de batismo, mas não permitiria que Miguel fizesse o mesmo a não ser que tivesse permissão.

— Maria prefere ser chamada pelo primeiro nome — interveio Alfonso de imediato, parecendo ler-lhe os pensamentos. — E Miguel não correrá perigo junto ao cachorro dela — continuou. — Eu mesmo vou levá-lo até lá.

Ignorando a mãe, Miguel envolveu as pernas de Alfonso com os braços e o abraçou apertado, fitando-o com expressão de total adoração.

De pronto, o coração de Anahí se encheu de medo, dor e amor.

— Podemos ir agora? — indagou Miguel. Alfonso meneou a cabeça em negativa.

— Agora não. Iremos amanhã.

Anahí prendeu a respiração, temendo que Miguel não aceitasse a negativa. Ele fez uma careta e pareceu que­rer protestar, mas como se estivesse preparado para a reação dele, Alfonso ignorou tal comportamento.

Venha ver seu quarto, Miguelzinho. É aqui ao lado do da mamãe.

O uso do apelido carinhoso fez Annie cerrar os pu­nhos. Em seguida, ambos caminharam de mãos dadas para conhecer o aposento, deixando para trás o olhar ansioso que Anahí lhes lançava.

— Há bastante lugar no chão para colocar seu saco de dormir, Alfonso. — Annie ouviu o filho dizer. — Pode­rá dormir no meu quarto.

Gostaria muito — retrucou Alfonso. — Mas como pode ver, tenho meu próprio quarto.

— Mas você tem que dormir aqui comigo e com mamãe — insistiu ele, e de alguma forma Annie con­cluiu que Alfonso o havia pegado no colo.

— Quando eu estava em sua casa, a mamãe estava muito doente, mas agora parece bem melhor.

Você poderia dormir na mesma cama como os pais de George — sugeriu Miguel com a lógica de uma criança de 5 anos, fazendo os olhos de Annie encherem-se de lágrimas.

No quarto contíguo, Alfonso girou com o filho nos braços para observar a janela, sentindo a pontada de desejo que a sugestão de Miguel suscitara.

Annie — que não mais era sua gentil e amorosa Ana — nunca concordaria com aquilo.

Estava escurecendo e Miguel apoiava todo o peso em seu colo. Poncho relembrou o que sentira quando Aaron fora em socorro dele. Era como se o Aaron lhe es­tivesse usurpando um direito que possuía. Os braços fortes se apertaram em torno de Miguel. Teria desen­volvido um amor paternal em relação a ele?

— Que acha de eu colocar um vídeo para você as­sistir antes de ir para cama?

— E depois vamos ler uma história para a mamãe?

Alfonso acariciou os cabelos espessos de Miguel. De­terminado a não ser acusado por Anahí de viciá-lo em televisão, estabelecera uma rotina para Miguel antes de dormir, auxiliado por ele próprio.

Um discreto barulho na porta o fez girar para ver Anahí amparando-se a ela.

— Deveria estar descansando — afirmou, sucinto.

— Não estou precisando descansar agora — retru­cou ela, estendendo os braços para Miguel. — Por que eu não leio uma história para você hoje? Tenho certe­za que Alfonso tem muito a fazer.

Mas para sua surpresa, Miguel se recostou ainda às pernas do pai quando ele o colocou no chão.

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