Fanfic: Outra vez casados - AyA ( Adaptada) {FINALIZADA}

Naquele momento, observando a janela da sala de estar, avistava Miguel ajudando o jardineiro a retirar as ervas daninhas das plantas. Impotente, fechou os olhos.

Quando os tornou a abrir, divisou o reflexo de Alfonso do seu lado e de imediato girou para encará-lo.

Precisamos conversar — afirmou Poncho em tom casual.

Não temos nada a dizer um ao outro — retrucou ela amarga. — As malas já estão quase prontas e... sei que deve estar pensando que influenciei Miguel a... dizer o que disse. Mas não é verdade. Ele vê George chamar Tom e... ele... tem essa pedra em seu sapato por não ter um pai...

Alfonso reconheceu que o novo nome que ela adotara ficava bem. Era Anahi agora, uma mulher. Não Ana, uma menina. E estava ciente de que algo dentro dele respondia a Anahi como homem. A menina se fora e lhe doía o fato de saber que não estivera presente para dividir aquele amadurecimento. Então como poderia suportar que ela vivesse o resto da vida separada dele?

— Tenho uma proposta a lhe fazer — disse em tom seco.

— Uma proposta? — indagou Annie, cautelosa. 0 que Alfonso pretendia fazer? oferecer-lhe dinheiro para levar Miguel embora e negar que ele fosse seu pai?

— Que tipo de proposta? — O olhar que ele lhe volta­va era evidentemente cínico.

— Pensei que soubesse que em meu mundo há ape­nas um tipo de proposta que um homem costuma fa­zer a uma mulher depois de passarem a noite junto— E, quando Annie se manteve em silêncio, apenas fitando, disse: — Eu a estou pedindo em casamento.

O choque a atingiu como um raio. Um misto de incredulidade seguido de uma dor cruciante.

— Por quê? — foi tudo que conseguiu dizer.

— Porque a quero de volta como minha esposa e...— Alfonso desviou o olhar e fitou o gramado, tentando evitar que Annie visse a expressão de seu rosto. — porque quero Miguel como meu filho.

Era como se Anahi o estivesse ouvindo ao longe, através de uma parede de vidro.

A resposta irada "Mas Miguel é seu filho!" reverberou em sua mente. Porém, no mesmo instante, Annie tratou de afastá-la quando a imagem de um menino que ansia­va por um pai a substituiu. Se havia algo em Alfonso que conhecia era seu grau de comprometimento com as de­cisões que tomava — por vezes, de maneira obstinada.

Foi testemunha da harmonia que ele desenvolvera com Miguel e fingir tal ligação não era da natureza de Alfonso. Mas não podia arriscar o futuro emocional do filho.

Seu filho? — questionou em tom frio. — Mas você se negou a aceitar o fato de ele ser seu filho. Disse-me que outro homem o havia gerado e acreditando nisso...

Esse não é um caminho que não estou preparado pura seguir — interrompeu-a Alfonso, rispidamente. — Não percebe o quanto é difícil saber que houve outro homem em sua vida? A noite anterior não lhe provou o quanto ainda a quero? A única forma que tenho de lidar com esse fato é o enterrando fundo num lugar onde jamais possa ser descoberto.

Acha que é diferente para mim? Foi infiel ao nosso casamento!

Pode esquecer essa mulher. Na realidade ela...

Não significou nada para você? — Anahi o interrompeu, irada.

Poncho desviou o olhar. Quase caíra na armadilha de revelar que tal mulher nunca existira!

Como Annie se sentiria se soubesse a patética verdade sobre ele? Sentiria compaixão? O rejeitaria? Ou reconheceria o quanto amava Miguel e desejava ser um pai para ele?

Uma parte dele ansiava por dividir aquele fardo com Anahi, mas o orgulho o detinha.

Miguel precisa de um pai — declarou por fim.

— Quer fazer caridade conosco? — sugeriu Annie, furiosa, recusando-se a admitir como aquelas palavras lhe tocavam o coração.

— Não — negou Alfonso. O brilho irônico nos olhos azuis, disfarçando-lhe a dor. — Quero que vocês fa­çam caridade comigo. — Era o mais próximo da verdade que conseguia chegar. — Ambos sabemos o quanto é difícil crescer sem o amor de um dos pais, e Miguel quer um pai.

Anahi se encontrava no limite. As palavras " Miguel tem um pai" queimavam-lhe os lábios, mas a inocente imagem do filho no jardim a deteve.

Inspirou profundamente.

— Muito bem, eu aceito. Mas se algum dia fizer algo que fira Miguel, deixarei você imediatamente,  preveniu-o em tom veemente.

Havia se afastado quando percebeu que Alfonso a se­guia. Ao estacar, ele a tomou nos braços e lhe cobriu os lábios num beijo profundo e possessivo.

Impotente, Annie sentiu os lábios cederem sob os dele e o corpo traidor, ainda inundado pelas sensações da noite anterior, se moldar tão perfeitamente à rigi­dez dos músculos exaltados que podia jurar ser parte da anatomia dele. Poncho podia ter começado o beijo, mas era ela a prolongá-lo, traçando com a ponta da língua o contorno dos lábios quentes.

Podia sentir a excitação de Alfonso e num gesto im­pensado pressionou os quadris contra ela, esperando que Poncho lhe tomasse os seios nas mãos e lhe percebesse a rigidez dos mamilos. Porém, ele a afastou, interrompendo o beijo.

Humilhada, pensou em se afastar quando o ouviu pronunciar o nome do filho em tom de alerta. Miguel! O fato de Alfonso ser mais atento que ela à aproximação de Miguel a surpreendeu, mas a esperança que o filho não tivesse testemunhado a intimidade de ambos quedou-se por terra.

Mamãe, por que estava beijando Poncho?

Antes que Anahi pudesse pensar em algo, Alfonso se adiantou.

Estávamos nos beijando por que vamos casar e isso é o que pessoas casadas fazem — dizendo isso, ajoelhou e abriu os braços. — Pedi sua mãe em casamento e agora há algo que quero lhe perguntar.

Annie mal podia suportar a miríade de emoções que limitavam dentro dela, mas não foram nada comparáveis ao que se seguiu. — Você me aceita como seu pai?

O olhar de Miguel se iluminou de alegria antes de se atirar nos braços do pai.

Quando Poncho o ergueu, Miguel estava cantando. Papai... papai. Posso chamá-lo de pai agora, não posso, Alfonso?

Ele anuiu com um gesto de cabeça e Annie podia jurar que os olhos azuis se encontravam rasos d`água.