Fanfic: Outra vez casados - AyA ( Adaptada) {FINALIZADA}

— Veja lá. Não vá jogar futebol com essa perna e volte para um exame geral dentro de seis semanas — disse o médico bem-humorado, após examiná-lo e liberá-lo. — Deve estar ansioso para voltar para casa para sua mulher e seu filho — acrescentou, observan­do Alfonso enquanto falava.

Seguindo a solicitação de Annie, o médico havia lido todos os registros médicos de Alfonso. Um deles conti­nha o parecer de um especialista atestando que seria um milagre se Alfonso alguma vez gerasse um filho.

— Você teve muita sorte de não ter tido ferimentos mais graves, sabia? — continuou o médico. — Mas, como dizemos na comunidade médica, milagres acontecem.

Poncho fechou os olhos. Não discutiria a afirmativa do doutor. Afinal, tinha seu milagre particular a agra­decer.

Cinco anos atrás, se alguém lhe dissesse que um dia ele não só aceitaria o filho de outro homem como também amaria essa criança como jamais supunha ser possível, com exceção de Annie, ele diria ser impossí­vel. No entanto, era assim que se sentia em relação a Miguel.

Quando vira o menino na frente do caminhão soube que o amava com um sentimento profundo de prote­ção, como se fosse seu pai biológico. Miguel era seu filho e ele o amava como tal. Mas legalmente Miguel não era seu filho e se, por algum motivo, Annie decidisse tirá-lo dele e sair de sua vida, podia fazê-lo.

Algum motivo? Alfonso comprimiu os lábios. Anahi tinha um bom motivo para querer deixá-lo e fora ele mesmo quem lhe dera esse motivo naquela noite que fizeram amor...

Não aliviava a consciência nem a angústia de Alfonso o fato de no final um sentimento mútuo de paixão desenfreada ter acometido a ambos. Sua única desculpa era que o ciúme o havia cegado, mas isso não era suficiente. Odiava-se pelo que tinha feito a Annie e sabia que ela também devia tê-lo odiado, mesmo tentando disfarçar.

A porta de seu quarto se abriu e uma enfermeira contente entrou. Atrás dela vinham Anahi e Miguel.

Quando o menino se soltou da mão de Annie e correu para Alfonso, ele baixou a cabeça para esconder a emoção.

Ele se recusou a esperar por você em casa explicou Annie, enquanto Alfonso pegava as muletas que começaria a usar.

Imediatamente ela postou-se ao lado dele para aju­dá-lo, mas Poncho recusou seu auxílio, afastando-se dela.

Muito pálida, ela observou a enfermeira ajudá-lo, tomando o lugar que deveria ser dela. Alfonso casara-se novamente com ela, mas definitivamente não a queria como esposa, reconheceu Annie pesarosa.

— Pedi a Sra. Lupita que mudasse minhas coi­sas para um dos outros quartos.

Por sorte,Annie estava de costas para Poncho. Assim ele não viu sua reação àquelas palavras.

— E quanto a Miguel? Você mesmo disse que...

— Eu disse a ele que era por causa da minha perna — cortou Poncho.

Mas na verdade aquilo era apenas uma desculpa pensou Annie angustiada. Ele não queria mais dividir o quarto nem a cama com ela... Porque não a queria mais!

Eles estavam no corredor. Alfonso inclinado sobre as muletas, enquanto Miguel corria atrás do cachorrinho pela sala, tentando pegá-lo para mostrá-lo ao pai.

— Vejo que mudou de idéia — comentou Alfonso sardônico, encarando-a.

— Sou uma mulher e mulheres mudam de idéia — replicou Annie calmamente. Havia, porém, outro moti­vo pelo qual decidira dar o animalzinho a Miguel.

Será que Poncho reconhecera que o cachorrinho era o mesmo que ele próprio escolhera para Miguel? E reconhecera, não dissera nada, e Annie ficou bastante desapontada.

— Vou ajudá-lo a subir a escada — ofereceu-se indo postar-se a seu lado. Poncho, porém, desvencilhou-se dela com um gesto de repúdio e ela ficou paralisada. Em seguida, virou-se e se afastou para que ele não visse seus olhos cheios de lágrimas.