Fanfic: Um homem sem coração. - AyA ( Adaptada) { FINALIZADA}

Quando começava a datilografar um relatório, Alfonso entrou na sala e comunicou sem rodeios:

—  Tenho que viajar para Londres e você irá comi­go. Vamos ficar por lá vários dias. Volte ao chalé-e arrume sua mala.

— Não posso ir com você.

- Por que não? Para que serve uma secretária que não pode me acompanhar nas viagens?

— Tenho um cachorro para cuidar, lembra? — ela provocou, ironica.

— Ucker pode cuidar dele. Preciso que você venha comigo — faiou ele, com cortesia. — Tenho um pro­blema para resolver com um contrato muito importan­te. Além disso, o pai de Claudia parece interessado em nossos serviços. São grandes as chances de um contra­to com a firma que ele dirige.

—  Que sorte... — murmurou ela, indiferente.

Alfonso então se aproximou, observando-a com aten­ção. Ao ser tocada de leve, Annie sentiu uma espécie de chama tomar conta de seu corpo.

— Que quis dizer com isso?

Um forte espirro a impediu de responder.

— Você está bem?

— Só um pouco resfriada. ..

Pensando bem, até que seria interessante ir a Lon­dres com ele. Pelo menos estaria com Alfonso, a sós, e quem sabe ele pudesse compreendê-la melhor. Os últi­mos dias haviam sido muito corridos, o que só contri­buía para desgastar a relação entre eles. Com o tempo, poderiam se entender bem novamente, como patrão e secretária.

— Desculpe por ter interrompido seu jantar naquela noite — Annie tentou ser amável, logo no início da viagem.

—  E eu sinto muito por ter sido rude com você, mas tive um dia cheio.

—  Sim, entendo.

— Mesmo? Como? — Houve um momento de silêncio antes de Alfonso acrescentar: — Ah! Já sei.. . — Sorriu, enigmático, despertando a curiosidade de Anahi. Mas logo mudou de assunto: — Parece cansada, por que não tenta dormir?

Antes de sair do chalé, ela havia tomado uma boa dose de remédio para resfriado, que agora começava a fazer efeito. Sentia uma sonolência que ia pesando aos poucos. Acomodou-se no banco do carro e foi acordada por Alfonso, sacudindo-a. Estavam num lugar escuro e Anahi sentia-se completamente desorientada.

—  Que horas são? — perguntou, tremendo de frio.

—  Mais de meia-noite. Por que não me dísse que estava doente?

—  É apenas um resfriado...

— Anahi, você não está em condições de trabalhar. Venha! — disse, abrindo a porta, ajudando-a a sair do carro. —  Por aqui — informou, pegando as malas.

Só então ela percebeu que estavam na garagem de um edifício. Entraram no elevador e quando finalmente chegaram, Annie ficou deslumbrada com o apartamento. Era todo branco, com alguns móveis e muitas plantas ornamentais.

—  Onde estamos Alfonso?

—  No meu apartamento — comunicou ele, lacónico. — Você ficará aqui enquanto estivermos em Londres. Não vai trabalhar hoje. — Ao ver a reação dela, que permaneceu parada, como se não acreditasse no que acabava de ouvir, Poncho perguntou: — E agora o que está esperando? Quer que eu a carregue?

Ela balbuciou, constrangida:

—  Pensei que fôssemos ficar num hotel. Não posso ficar aqui... Eu...

—  Pare com essas bobagens, Anahi. Não vim até aqui para seduzi-la, não se preocupe. Na verdade, nem a teria trazido se soubesse que estava doente. Por que não me avisou antes?

No fundo ela sabia que só o acompanhava por não aguentar a solidão de Dower House, do chalé, de seu cotidiano de secretária acalentando um amor impossível pelo chefe. A simples presença dele já lhe bastava.

— É apenas um resfriado, logo ficarei boa... — dizendo isso, sentiu-se invadida por uma onda de fraqueza. Tudo começou a ficar escuro, o chão parecia se abrir sob seus pés e o último pensamento que teve foi o de que não deveria ter vindo a Londres. Seu estado de saúde inspirava cuidados e agora daria trabalho a Alfonso. Quanto mais tentava se aproximar do homem que amava, mais criava condições para que ele se afastasse, tantos eram os problemas que lhe causava.