CAPITULO 9

Anahi percebeu, ao acordar no dia seguinte, que alguma coisa havia mudado.

Alfonso.. Só o fato de vê-lo ao seu lado, pensar nele já lhe causava um imenso prazer: a alegria de sentir-se descobrindo a vida de uma forma tão apaixonada ao lado daquele homem. Mesmo assim não ignorava que ele tinha outro estilo de vida e provavelmente a veria apenas como mais uma de suas amantes; nada de com­promissos.

Era bom sentir os braços de Alfonso em torno de sua cintura, o calor do corpo másculo que agora conhecia tão bem.

Annie sentia-se invadida por uma inacreditável sen­sação de bem-estar.

— Bom dia.

Poncho também havia acordado e a observava, com ternura. Isso era muito perturbador, trazia de volta todo o clima de sensualidade da noite anterior. Ele agia de modo direto, desnudando-a com os olhos com a maior naturalidade, cúmplice de um amor que tinha tudo para ser eterno e levá-los cada vez mais a conhecer os pró­prios sentimentos. Por mais que quisessem forjar uma situação de indiferença, de inconsequência, seus corpos dariam provas diferentes.

Tranquilamente, começaram a fazer amor e Annie mais uma vez o acariciava sem hesitação, dando asas à sensualidade, ansiosa por lhe proporcionar o máximo de prazer, até que atingiram o orgasmo juntos, numa sensação maravilhosa que jamais seria esquecida.

— Ainda temos tantas coisas para fazer juntos... — murmurou ele, afagando-a com delicadeza.

Annie se aninhou no corpo másculo e dormiu de novo, completamente relaxada, feliz.

Ao acordar pela segunda vez, o sol ia alto e ela esta­va sozinha na cama. Angustiada, pensou o que seria de sua vida. Onde iria encontrar forças para encarar o mundo sem a companhia de Alfonso?

Nesse instante, a porta do quarto se abriu e ele entrou trazendo uma bandeja; uma situação parecida com a de outra manhã. .. em Londres... Isso a assustou muito.

—  Café com croissants.

Anahi não sabia por que, mas começava a sentir um certo constrangimento por estar nua diante de Alfonso. Ele percebeu seu estado e lhe entregou a própria cami­sa, que tinha ficado jogada no chão.

—  Vista isso.

Mais a vontade, perguntou:

— Quer café? — E lhe ofereceu uma xícara, adicio­nando creme.

Havia um pequeno pacote na bandeja, embrulhado para presente. Anahi surpreendeu-se ao vê-lo.

—  Feliz Natal! — Alfonso disse, com ternura. — Es­queci-me de lhe dizer ontem à noite.

—  Por isso você fugiu da cama hoje cedo?

—  Sim.

"Talvez ele esteja arrependido.. . Mas por que mi­nha decepção, se eu sempre soube que Alfonso não me amava?"

Poncho perguntou, interrompendo esses pensamentos:

—  Não tem curiosidade de saber o que ganhou?

Ela começou a abrir o pacote. Havia uma caixinha, marcada com o nome de um famoso joalheiro. Ficou assustada.

—  Vamos, abra.

Surpresa, Annie viu uma linda aliança de esmeral­das e brilhantes.

—  Poncho.. por que fez isso?

— Seu anel de noivado — respondeu ele, com na­turalidade. — Podemos voltar para Londres esta tarde e casarmos no final da semana. Quer se casar comigo, Anahi? — E aproximando-se, beijou-a, antes de fazê-la colocar a aliança.

— Por que essa decisão assim, tão de repente? — Ela não conseguia acreditar no que estava acontecendo.

— Está mais do que na hora de eu me casar... ter filhos... É o que ambos desejamos. Você me conhece bastante para saber que não faço nada contra minha vontade. Por outro lado sei muito bem que você não se entregaria a qualquer, homem.

—  Mas, por que eu?

— E por que não? Você tem todas as qualidades de uma boa esposa: carinhosa, honesta, linda...- Parecia impossível, mas ele queria mesmo se casar!

Annie tentou explicar:

—  A noite passada...

—   ... não foi como eu planejei — completou ele, acrescentando: — Quer dizer, eu queria fazer amor com você, claro, ter permanecido mais tempo, para nos conhecermos melhor...  Mas não pude vir antes da Inglaterra... Eu também estava um pouco inseguro, porque não tinha certeza se você queria se casar ou não. Mesmo assim sabia que me desejava. Já pensou que ontem à noite nosso filho pode até ter sido concebido?

Essas palavras, a ideia de uma criança, tudo isso a confundia muito.

— Poncho...

— Não se preocupe, já está tudo arranjado...

— Então você tinha certeza de que eu aceitaria?

— Anahi, você fica nervosa a cada vez que me aproximo. Quando nos beijamos, seu corpo correspon­de com tanto calor que isso é uma prova de que você não é indiferente aos meus sentimentos. Na noite pas­sada, por exemplo, você era toda desejo, não é mesmo?

"Desejo e amor", emendou ela, mentalmente, evitan­do encará-lo.

Alguma coisa estava errada. Ela devia ficar feliz, mas, em vez disso, sentia-se apreensiva. Ainda assim, aceitaria se casar com Alfonso.