Fanfic: Um homem sem coração. - AyA ( Adaptada) { FINALIZADA}

CAPÍTULO 10

Annie voltou muito deprimida a Abbot`s Meade. Durante o percurso, Alfonso procurava conversar sobre vários assuntos, recebendo como resposta apenas mo­nossílabos. Ela não conseguia fingir que estava feliz e despreocupada.

Sempre havia achado que ele não a amava com a mesma intensidade com que ela o amava e, mesmo assim, aceitara essa situação. Mas a revelação de Claudia, durante a recepção, destruíra qualquer chance de uma aproximação maior entre o casal.

"O casamento acabou" Annie pensou, com tristeza. Se tivesse um espírito mais prático talvez até lutasse para manter a situação, mas não suportaria fingir, guar­dar rancores como se algum dia o relacionamento com Alfonso pudesse se transformar num matrimónio perfei­to. Era tudo mentira! E pensar que se davam tão bem como amantes...

Como aguentar, dali por diante, que ele a tocasse? Esse tipo de atitude cínica combinava melhor com mu­lheres do tipo de Claudia.

— Você está bem, Anahi?

Ela permaneceu em silêncio, tensa. Mas já havia tomado uma decisão: não dormiria com ele; mais tarde, Alfonso que tomasse as medidas que bem entendesse para terminar o casamento. Fechou os olhos, disfarçando as lágrimas que teimavam em aparecer.

—  Champanhe demais, hein? — Alfonso caçoou. — Descanse um pouco.

Pelo visto ele não havia reparado em sua expressão de angústia e desapontamento.

Ao entrarem nos jardins de Abbofs Meade, a mansão surgiu à frente deles, suntuosa. Alfonso dirigiu o carro para Dower House; a casa estava iluminada e havia fumaça saindo pela chaminé.

—  Pedi que alguém viesse até aqui para abrir a casa e prepará-la para nós. — Poncho comunicou. — Parece acolhedora, não acha? Ainda bem que não é só aparên­cia. — Mudando de assunto, prosseguiu: — Quando eu era menino, minha mãe costumava ir ao pátio da estação de estrada de ferro para pegar carvão, quer dizer... roubar. Mas se ela não fizesse isso, não tería­mos fogo, e a nossa casa era muito úmida no inverno. Minha mãe sofreu bastante de artrite nos últimos anos de vida.                     

Estranho... Era a primeira vez que ele mencionava alguma coisa sobre o passado; em outras circunstâncias,Anahi ficaria bastante comovida, mas agora, seu desin­teresse era completo. Deu-lhe as costas e olhou pela janela do carro, sem qualquer comentário.

—  Desculpe por tocar nesse assunto... — falou ele, com voz trêmula. — Você não deve estar interessada nos detalhes de uma infância infeliz. Fique tranquila, não vou mais falar sobre isso. Sei que seria difícil aguentar as reuniões sociais ao lado de um marido que vem de classe baixa...

Reunindo todas as suas energias, ela retrucou:

—  Como queira, Alfonso... Sabe, acho que cometi um grande erro e não pretendo continuar casada com você.

Um silêncio carregado pesou sobre ambos. Ela não ousava encarar o marido, que saiu do carro sem dizer nada. Anahi ficou muito assustada com essa reação.

"Preciso convencê-lo de que falo a sério. Mas ele vai perceber isso quando quiser tocar em mim."

Incrível como a simples ideia de ser tocada por Alfonso a perturbava. Por mais que tentasse negar, ainda nutria um grande amor por aquele homem. Adorava fazer amor com ele, conhecer o ardor de seu corpo másculo e dar-lhe prazer. Impossível negar que ele também a desejava. Não fosse aquela ridícula questão de entrar para a alta sociedade, teriam tudo para ser um casal feliz.

Poncho ajudou-a a descer do carro, em silêncio, mas não conseguia disfarçar a raiva que sentia.

Annie entrou em casa muito nervosa.

Pelo jeito, depois que ela havia partido para a Fran­ça, Dower House tinha passado por uma boa reforma. Havia um novo sistema de aquecimento central e as paredes tinham sido restauradas.

—  Por aqui — Poncho indicou, caminhando até a sala que também fora pintada.

Um enorme e confortável sofá estava em frente à lareira, além de uma escrivaninha estilo regência, e outras peças antigas do mesmo período, que davam à sala uma atmosfera de extremo bom-gosto e conforto