Fanfic: Um homem sem coração. - AyA ( Adaptada) { FINALIZADA}

Jl , ela já está apaixonada , amore.

Alfonso chegou às dez em ponto. Annie caminhou até a porta e atendeu, constrangendo-se ao fazê-lo entrar. De fato, o espaço de Abbot`s Meade fazia o chalé pare­cer minúsculo.

Sorrindo, ele parou para examinar o vestíbulo. Anahi então percebeu que Poncho também havia trocado de roupa. Ele usava calça de lã marrom, uma camisa de seda por baixo da jaqueta de couro.

Por fim, Alfonso falou:

—  Parabéns pela pontualidade. Isso é difícil numa mulher — acrescentou, bastante à vontade.

—  Entre, por favor. — Annie seguiu na frente e, no caminho, tropeçou em Ronaldo, que começou a latir.

Poncho sorriu e comentou, irônico:

—  Que isso sirva de aviso para você. Não é aconse­lhável pisar forte demais em alguém do sexo masculino.

—  Às vezes é inevitável... — retrucou, no mesmo tom. — Os homens também podem ser pisados, não se esqueça.

—  Que estranho! Uma mulher linda como você, fa­lando em pisar nos homens.. .

—  Você é que parece ter uma visão distorcida sobre o relacionamento entre os sexos — falou ela, quando chegaram à sala de visitas. — Aceita um xerez?

Pegando a taça que Annie lhe oferecia, ele co­mentou:

—  Não sei bem por que, a maioria das mulheres prefere as bebidas doces... Talvez achem que isso as torna mais suaves.

Ela não deixou por-menos.

—  Por outro lado certos homens parecem xarope, por não saberem ser um pouco mais picantes...

Poncho sorriu, divertido, e Anahi pôde confirmar o quanto ele era atraente. Assim, à vontade, parecia mui­to mais jovem e dinâmico.

—  Bem, agora que terminei meu aperitivo, vamos ao principal. .. — concluiu ele, num tom suave.

Ronaldo, que havia até o momento ignorado a pre­sença do visitante, aproximou-se.

Calmamente, Poncho apanhou seu talão de cheques e uma caneta.

—  Você é um verdadeiro homem de negócios... — murmurou ela, mal acreditando no que via.

—  É assim que costumo agir — respondeu ele, es­tranhando a forma como era observado. Anahi estava perplexa.

"Sou mesmo um bobo... As mulheres são todas iguais e esta loira já deixou claro que só lhe interessa ser bem paga" — pensou Poncho.

Notando a tensão de sua dona, Ronaldo rosnou, aproximando-se mais, mostrando os dentes pontiagudos.

Alfonso permaneceu calmo e disse, sorrindo:

— É melhor concluirmos o negócio lá em cima, sem esse guarda-costas. Assim, não é possível. — Olhou para o relógio, e prosseguiu: — Tenho que voltar antes da meia-noite, estou esperando uma chamada interna­cional . ..

Tamanho sangue-frio fazia Annie tremer de raiva. Mesmo que estivesse apaixonada por Alfonso, um com­portamento assim a esfriava por completo.

"Se for sempre assim, não me admira que pague pelas mulheres!", pensou ela.

Entretanto, os olhos cinzentos pareciam penetrar-lhe a alma e desvendar os anseios mais secretos. Ela ficou ainda mais confusa porque essa atitude despojada não correspondia à imagem de um homem insensível.

—  Que aconteceu, você mudou de ideia? — Ele a encarou, adivinhando seus pensamentos.,

"Chegou a hora de mostrar a ele que virilidade e um cheque é muito pouco para conquistar uma mulher!", Annie disse a si mesma.

Endireitou o corpo e desafiou o olhar de seu compa­nheiro:

—  Sinto muito, mas mudei de ideia mesmo.. . Sou uma mulher sem palavra — concluiu, sorrindo para disfarçar a tensão que sentia.

Seu coração batia com violência.

—  Sem  palavra?  Não...   Imprudente,  talvez... Quem sabe, gananciosa! — disse, aproximando-se e se­gurando-lhe o braço rapidamente.

Ronaldo  latiu.

—  Meu cachorro não gosta nem um pouco de quem me segura assim — preveniu ela.

Poncho, entretanto, olhou para Ronaldo e sorriu, des­contraído.

O cão parou de rosnar e ficou manso em um canto. Por mais incrível que pudesse parecer, pela primeira vez o animal estava de acordo com um estranho. Annie se espantou.

—  Olhe, não estou interessada em você nem em seu dinheiro — insistiu, tensa.

—  Não? — perguntou ele, ironico. — E o que con­versamos hoje à tarde?

—  Já disse que mudei de ideia.