Fanfic: Make a Wish[ Mini web]- Terminada | Tema: Vondy

Postandooo...

— Sim, querida. — Dulce se viu obrigada a dizer, sem conseguir engolir tamanha coragem que aquela menininha possuía correndo pelas veias.
— E a sua família?
— Eu não tenho família. — depois de tanta sinceridade vinda da parte de Meg, Dulce não conseguiu mentir. — Meus pais morreram há alguns anos, eu nunca tive contato com as minhas irmãs e não me casei... E ainda não tenho filhos.
— E você gosta de crianças? — Meg perguntou, levantando os olhinhos para mirá-la por alguns segundos e logo os abaixando para a folha.
— Sim, eu adoro crianças. — um pequeno sorriso nasceu nos lábios dela. — Quero ter pelo menos dois filhos...
— Interessante. — o lápis que Meg segurava não parava de se movimentar de lá para cá. — E você me disse que não é casada, não é mesmo? Tem namorado?

Dulce ergueu as sobrancelhas, tentando ler o que a menininha escrevia, mas não conseguindo, por Meg colocar um braço propositalmente na frente da folha e abrir um sorriso travesso. Danada!, pensou, segurando um riso em sua garganta. E não é que a pequena estava tentando bancar o cupido? Deus, aquela criança não poderia ser real... Dulce negou com a cabeça, com o sorriso em sua boca duplicando de tamanho ao entrar naquela brincadeira tão singela e sem rumo, e outra vez observou o lápis dançando no papel.

— Você é médica?
— Sim...
— Trabalha com o que?
— Sou cirurgiã central... — disse, sendo surpreendida pela curiosidade e atenção da menininha.
— Trabalha em outros lugares, sem ser aqui no Hospital?
— Não. — Dulce sorriu. — Não trabalho.
— Você tem algum animal de estimação?
— Também não... — e viu Meg sorrir completamente satisfeita.
— Você gosta de arquitetos?
— Não tenho nada contra. — então o pai dela era arquiteto? Dulce deu uma risada curta, para não distraí-la, e conseguiu se divertir apenas com o entusiasmo que ela emanava.

— Que bom. — Meg terminou de escrever, depositou o lápis em cima da mesa, dobrou a folha quatro vezes, colocou dentro de um envelope verde-água, colocou um colante de coração na ponta e sorriu para Dulce, que observava todos aqueles passos de perto.
— Para quem você vai enviar essa carta?
— Para o papai Noel. — o sorriso de Meg era gigantesco.
— Mas Meg, hoje já é noite de Natal... Acho que não tem como o papai Noel receber essa cartinha... — Dulce tentou fazê-la desistir da ideia, mas não a conhecia o suficiente para saber que aquilo estava fora de cogitação.
— Eu pretendo entregar essa cartinha para ele pessoalmente, Tia D. Eu sempre quis conhecer o papai Noel e não sei se estarei aqui no próximo Natal, então tenho que aproveitar a chance.

Em silêncio, Dulce confirmou com a cabeça, vendo Meg colocar a cartinha no colo e buscar mais algumas folhas para então começar a escrever a história que citara assim que se conheceram. Os olhos de Dulce pousaram no relógio, que anunciava oito e meia e um suspiro surpreso escapou de sua boca. Já haviam se passado quase três horas desde que chegara ali e estava desenhando algumas coisas bobas, enquanto escutava Meg contando as mais diversificadas histórias que a faziam sorrir... Aquela menininha levara uma vida e tanto! Mesmo tão pequena, parecia que tinha vivido por uma vida inteira... E falava com tanta admiração sobre tudo e todos... Deus, Dulce pediu em um momento que Meg fora pegar mais bengaladas de açúcar, vele pela alma dessa criança... Por favor, Deus, faça com que ela não sofra... Por favor, por favor...

— Tia D. — Meg apareceu com os olhinhos pequeninos, denunciando o sono que começara a aparecer. —, você quer outra bengala de açúcar? — Dulce negou com a cabeça, estendendo os braços para acolhê-la em seu colo e sentindo o corpinho pequenininho aceitando o aconchego. — Papai está atrasado. Eu estou brava com ele.

— Não fique, querida... Se ele não está aqui é porque deve ter acontecido alguma coisa...
— Papai nunca me deixa sozinha no Natal! — Meg choramingou, colocando a cabeça no contorno do pescoço de Dulce e suspirando. — Acho que ele me esqueceu...
— Ele não esqueceria você, Meg... — apertando a ponta do nariz da garota e deixando-o vermelho, Dulce sorriu maternalmente para ela, esticando outra vez o braço para pegar alguns lápis e algumas folhas e entregar para ela. — Por que você não continua o seu livro? Ele está ficando tão bonito...
— Você acha que as crianças vão gostar?
— Sim, elas realmente vão adorar!
— Conversarei com tia M. e com tia L. para ver se posso ler para elas amanhã, antes da troca de presentes... Você acha que eu consigo terminar até amanhã, Tia D.?
— Claro que consegue! Dê-me um lápis, vou ajudá-la a pintar...

E naquele instante Dulce recebeu o sorriso mais bonito que recebera em toda a sua vida. O sorriso de Meg. Tão puro, tão doce, tão angelical... Que encheu o seu coração de um sentimento tão morno que aqueceu não só as maças de seu rosto, como também o seu coração.