Fanfic: Jasmim | Tema: Magia, Terra Contemporânea, Ases
Sonhos estranhos. Jasmim desperta de um pesadelo ligeiramente ofegante. Mais pensativa que ofegante, pra falar a verdade.
A semana toda foi este mesmo sonho. Cidades ruindo, mortos caminhando pelas ruas, simplesmente o caos. E depois Jasmim se vê numa mansão, biblioteca ou museu. Mesas quebradas, estantes pegando fogo, em suas mãos uma arma estranha. Ela quase vê o que está destruindo o lugar, mas sempre acorda nesse momento exato.
Esse sonho insistente com certeza preocuparia menos Jasmim, não fossem as estranhas notícias que circulam todo dia. Desaparecimentos, mortos-vivos em Londres... É como se alguém houvesse aberto a Caixa de Pandora.
Jasmim respira fundo e volta a dormir.
Jasmim abre os olhos para um novo dia. Levanta-se da cama de casal e vai tomar banho. O quarto é enorme, mesmo com seu guarda-roupas de cinco portas lado a lado, mesmo com criados-mudos, escrivaninhas e mais duas estantes, todos de ótima madeira, com aspecto antigo mas em perfeito estado de conservação. No primeiro andar do número 37 da Rionskaya ulitsa, em Volgogrado, Rússia. Seria um sonho não fosse o fato de Jasmim ser só. Seus pais morreram em um acidente de carro há seis anos. Hoje, com 21, é Jasmim quem cuida do antiquário que fica no térreo.
Agora já saiu do banho com seus longos cabelos dourados estirados por suas costas até a cintura, ainda pensando. Veste-se diante do espelho e se prepara para mais um dia.
O telefone chama, mas é no antiquário. Jasmim encara o relógio e comprova que ainda nem são 7:30 e o telefone pode esperar.
Vai para a cozinha com sandálias quase sem salto, uma calça jeans e uma camisa de marca já um pouco antiga. Uma camisa preta com o desenho de dois esqueletos conversando. Já com o cabelo preso, faz uma refeição rápida enquanto pensa na faculdade que já deveria estar cursando. Ser sozinha no mundo tem suas desvantagens...
Enquanto ainda lava os pratos, o telefone volta a tocar. Jasmim termina o que fazia antes de descer, mas o telefone não espera.
Na frente da loja, abre os portões para que o Sol possa ver todos aqueles móveis, relógios e bugigangas antigas. Velharia para alguns, mas muito importantes para quem sabe o valor do passado. E Jasmim aprendeu bem com seus pais o valor de tudo isso.
No birô, Jasmim confere as anotações da empresa. Já são 8:05 quando entra uma moça de dezoito anos, de cabelos curtos e loiros, mais claros que os de Jasmim, e olhos verdes e curiosos.
- Está atrasada, Anna.
- Ah, Jasmim, no meu relógio ainda são 7:50.
Jasmim responde apenas com um olhar fulminante.
- Tá, ta bem! Eu que atrasei o relógio, mas olha, meu irmão não queria sair do banheiro pra eu me arrumar...
- Está bem, mas que não se repita.
O telefone toca e Jasmim o atende antes que chame pela segunda vez.
- Alô, queria falar com Jasmim.
- Professor Nicolau?
- Jasmim? Pode vir aqui na biblioteca da universidade? Gostaria de falar com você.
- Sobre?
- Um curso novo que eu acho que você vai gostar. Tem poucas vagas.
- Tudo bem.
- Ainda hoje, pela manhã, certo?
- Está bem.
- Estou te esperando! Até mais, Jasmim!
- Até, professor.
A moça está parada, olhando Jasmim com o queixo apoiado nas mãos.
- Vai sair hoje, né?
Jasmim responde com um olhar que diz ao mesmo tempo algo como "pergunta idiota!" e "quem te autorizou a ouvir minhas conversas ao telefone?"
- Eu sei, chefe, mas eu queria saber de uma coisa... Por que não vende aqueles relógios que estão encaixotados? ... É, na sala dos móveis empoeirados lá no fundo!
- Quem mandou...
- Ah, Jasmim... Tem tanta coisa legal por lá... Devia vender também. Sabe, aqueles relógios, aquelas armas... Tem gente que coleciona essas coisas!
Por uma fração de segundo Jasmim transforma sua cara de raiva numa cara de surpresa. "Armas?"
- Vamos ver.
Abrem a porta para aquela sala cheia de poeira e teias de aranha cobrindo móveis e caixas. Não seria muito perigoso arriscar dizer que ninguém entra nessa sala há anos. Mesmo Jasmim entrou poucas vezes e nunca passou muito além da porta.
- Onde estão? Só diga.
- Os relógios eu achei ali atrás daquele guarda-roupas. As armas estão numa caixa por trás desse sofá aí.
Jasmim a encara fria.
- Você deixou a loja sozinha pra fuçar aqui dentro?!
- He, he! Lembrei que não tem ninguém lá na frente... Fui!
Jasmim caminha até o sofá grande coberto com um pano cuja cor não dá pra ver devido à camada espessa de poeira. Logo atrás, uma caixa de madeira com a tampa mal encaixada e marcas recentes de dedos na camada de poeira.
Empurrada a tampa de lado, lá dentro estão punhais, adagas, um cajado e uma arma estranha. Um bastão de mais de um metro terminando numa bola de metal com pontas. A leve expressão de surpresa no rosto de Jasmim e o brilho em seus olhos azuis denunciam: é exatamente a mesma do sonho.
Autor(a): Bardo
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
- Você não pode entrar aqui com isso! - Um vigilante grita de pé com a mão estendida. - Vim ver o professor Nicolau. - Mas não com essa... coisa! Jasmim o encara do outro lado do balcão, onde está uma caixa de madeira para um tipo de relógio de parede estreito e muito alto. Ao invés de um relógio de pare ...
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