Fanfic: O NÃO amor da minha vida

 Meu olhos se fecharam e meus lábios se abriram e logo depois a campainha tocou.

- Puta que pariu! – gritou se afastando.
- Se assustou foi? – levantei morrendo de rir.
- Ah que nada foi tudo teatro! – se jogou no sofá enquanto eu ia até a porta.

 Abri a porta e era meu pai e junto dele o Renato, que medo que me deu!

- Paiiii! – abracei.
- Meu amor! – se soltou do abraço e me deu um beijo na testa – Cadê sua mãe?
- Acho que já está dormindo... – sorri.
- ok, vou subir, tomar um banho porque estou muito cansado. Oi Kauã... – subiu as escadas.
- Tio... – Kauã sorriu.

 Olhei para o Renato com um olhar de vergonha. Eu tinha vergonha de olhar nos olhos dele sabendo de tudo o que eu tinha feito, sabendo que ele estava sofrendo por mim. Eu me sentia um monstro por estar afastando de mim não só um garoto que me amava, mas também o meu melhor amigo. E eu odiava pensar que podia perder tanta coisa de uma vez só, tudo bem que ele não era o amor da minha vida, mas vivemos tanta coisa, fizemos tantos planos que era difícil largar tudo do nada e mesmo que fosse pela minha felicidade eu ainda assim, não conseguia ser feliz sabendo que estava fazendo alguém ficar mal.

- Podemos conversar aqui fora? – aquele olhar dele, o mesmo olhar de quando eu disse não, me cortava por dentro era como se eu sentisse o que ele estava sentindo.
- É melhor... – sai e fechei a porta.

 Sentamos na calçada em frente ao meu portão, durante longos minutos tudo o que escutávamos era o “silêncio da noite”, às vezes eu virava para tentar dizer algo, mas eu não tinha o que dizer e tinha muito medo de dizer algo que o magoasse mais. Ele parecia também estar pensando no que dizer e estava com a cabeça baixa desde que havíamos sentado, logo ele levantou a cabeça e me olhou, mas eu não tinha coragem para olhá-lo.
 
- Me desculpe por não ter te feito tão feliz quanto eu achei que estava fazendo – segurou meu queixo e me virou de frente pra ele me obrigando a encará-lo –. Mas saiba que sempre que precisar de mim, eu estarei aqui, por mais longe que eu esteja.
- Eu vou sentir sua falta – vi os olhos dele se encherem de lágrimas e o abracei.
- Eu não devia pedir isso, mas... Me dá um último beijo? – sussurrou enquanto me abraçava.
- Só se você me prometer que isso não vai te fazer sofrer – sussurrei.
- Um beijo seu nunca me fará sofrer – se soltou do abraço e veio em direção aos meus lábios.

 Fechei os olhos e me deixei levar pelo momento, deixei que o toque suave dos lábios dele nos meus guiassem o beijo, um beijo que seria marcado para sempre como o fim de uma história e o primeiro capítulo de uma nova história. Dessa vez não era a mesma coisa beijá-lo, tinha um pouco de emoção, uma pontada de sentimento e meio fio de paixão. Talvez não fosse mais como beijar meu pai, talvez fosse como beijar o Renato. Era como se fosse da primeira vez, a mesma sensação de estar protegida, a mesma sensação de descobrir novas coisas, as mesmas pessoas, os mesmos corações, mas talvez mais desgastados e mais maduros. E quando meus olhos se abriram o ouvi pronunciar as três palavras mais torturantes na vida de qualquer ser humano.

 “Eu te amo”.

  Me deu uma vontade enorme de chorar pois era horrível ver o quanto ele me amava e não sentir o mesmo.

- Me desculpa –acariciei o rosto dele -. Por favor, não se esqueça de mim... – levantei e corri pra casa.
- Nunca vou esquecer! – gritou.

 Bati a porta e chorei, pedindo a Deus para que ele não fosse pra sempre, pedindo a Deus para tirar aquela culpa enorme de mim. Eu não queria ser a garota que causava dor nas pessoas. Eu só queria que ele não sofresse mais por mim.

 - Porque está chorando? – Kauã se aproximou.
- Eu não quero fazê-lo sofrer! – limpei minhas lágrimas.
- Mas tem coisas que são necessárias até mesmo para ajudar os outros a crescerem – me abraçou – não fica assim... No final tudo vai ficar bem.

 Me entreguei aquele abraço eu precisava muito daquilo, de alguém me abraçando e dizendo que tudo ia ficar bem.
 Depois fomos lá pra cima eu deitei na minha cama e fiquei encarando o teto deixando algumas lágrimas escaparem, enquanto ele estava deitado no colchão dele.

- Cara, já tá tarde, temos que dormir...
- Se quiser pode dormir, eu vou ficar bem – olhei pra ele.
- Não consigo com você assim... – levantou.
- aaaaaaaaaaah – bati a cabeça no travesseiro.
- Posso deitar ai como você? Talvez assim você se sinta mais segura... Mas se não quiser não precisa – sentou na beira da cama.
- ok – não era com maldade nenhuma, era apenas pelo simples fato de que eu precisava de alguém que me transmitisse segurança, eu precisava de alguém que estivesse ali mesmo quando eu achava que estava completamente sozinha.
 Ele se deitou e me envolveu. Era engraçado estarmos de conchinha e eu não estar pensando em maldade, mas eu não sabia no que ele estava pensando, então não podia dizer que não tinha maldade nenhuma nisso tudo.

- No que você está pensando priminho? – sussurrei, pois tenho mania de sussurrar no silêncio.
- Que eu tenho que controlar meus instintos – soltou uma risada o que me fez soltar uma também.
- Que instintos? – me fiz de boba.
- Esse instinto de te querer o tempo todo – começou a acariciar meu rosto.
- Você me faz rir... – ri de leve.
- Essa é minha intenção... - deu um beijo suave no meu pescoço – vai ficar tudo bem – sussurrou.

 Do nada abri os olhos assustada de um pesadelo, olhei ao redor e ele já tinha voltado para o colchão dele e já estava de manhã, era quinta-feira... Peguei o celular e lá estava a mensagem do Renato:
 “Já estou no avião”
  Havia sido enviada as 08h31min da manhã e já eram 11h23min, ele não me disse aonde ia e eu sabia que a partir dai ele não ia me procurar por um ano e eu ligava muito pra isso, mas como eu não queria fazê-lo sofrer eu preferi excluí-lo da minha vida por um ano. Eu sabia que dessa forma ele ia me esquecer mais fácil, não me esquecer, esquecer o mal que eu o fiz.
 Essa quinta-feira era um novo começo para minha vida e o ano mal tinha começado, eu tinha mais é que aproveitar, me arrumei para o colégio, almocei e lá fui eu para mais um dia de guerra.

__________________________________________________________________________________________________

Até que gostei dessa despedida. Ai ai, o que será que está por vir?

beijos, agora só posto amanha porque quarta não vou postar, minha aulas começam denovo e ai acho que não vou ter cabeça pra escrever k