Fanfic: O NÃO amor da minha vida

Tive uma súbita vontade de encará-lo, mas, talvez por medo do que uma troca de olhares poderia fazer, permaneci com o rosto voltado pra qualquer coisa que não fosse ele.

 O senti se aproximar e parar de frente pra mim, que estava encostada no pedaço menos sujo da parede.

- tregua? – estendeu a mão.

 Olhei pra mão dele estendida, mas não apertei e nem consegui dizer nada.

- Porque esse drama todo? Porque você faz isso comigo? – emburrou o rosto e deu um leve soco na parede – Merda! – gritou baixo – Porque é tão difícil a gente ficar junto como um casal normal? Você é muito complicada, mas ainda assim eu não consigo desistir de você. Eu fico olhando todos os outros casais e dá tudo tão certo e eu olho pra nós e vejo que tivemos curtos períodos de felicidade, mas ainda assim, eu sempre tenho vontade de ter você de novo e de novo. Você é uma droga.

 Então eu sou uma droga? Se era pra desabafar, pra jogar tudo no ventilador, então é isso que eu iria fazer.

- Você acha que nossa vida é o que? Conto de fadas? Que não vai ter conflitos? Você acha mesmo que os casais normais, com você disse, nunca brigam, que são sempre flores pra eles? Olha Bernardo, achei que fosse isso que você queria... Porque casais normais, planejam o futuro, tem uma rotina e talvez eles se ocuparem tanto dessas coisas os façam brigar pouco. Mas, você nunca quis isso, você não gosta de rotina e raramente fala de futuro. E agora você inveja casais normais? Eu juro que não entendo você e sua relatividade. Cheguei achar que eu não precisava entender, que amar incondicionalmente bastava, mas não basta, porque chega uma hora que ter alguém que te entenda lado a lado com você é essencial e você infelizmente não é essa...

- Julia, cê tá tentando terminar de vez comigo? É isso mesmo? – franziu os cenhos.

- É isso mesmo!

 Não sei por que, mas ele me beijou de um jeito que nunca tinha feito, com certo medo. E sua pegada era tão desesperadora, era como se aquilo ali fosse fazer ser pra sempre. E por um momento de uma forma estranha era. Aquilo era bom, tirava toda a razão de mim, me fazia esquecer o quanto eu queria entender e isso me matava porque, porra, eu tava confusa!

- Ju, você não precisa de alguém que entenda, você precisa de mim – sussurrava lábio a lábio – se você precisasse tanto de alguém que te entendesse você ainda estaria com o Renato.

 Uma confusão gigantesca tomou conta de mim. E foi inevitável não chorar. Abracei aquele idiota como se ele fosse o meu bem mais precioso e talvez, ele fosse, mas orgulhosamente odiava admitir isso. E tudo ficou bem quando ele deu um leve beijo em minha testa e disse baixinho:

- A única coisa que a gente precisa entender é que um ama o outro. Isso basta sim.

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bom saber que minhas leitoras não me abandonaram *-*