Fanfic: O NÃO amor da minha vida

- Eu sei que não devia pedir por isso, mas o enterro é amanhã e eu não quero ficar sozinho aqui. E eu sinto que temos muito o que conversar... Só quero que fique.

- Eu quero ficar.

 Ficamos um tempo em silêncio apenas nos encarando. Até que ele desviou o olhar para a foto.

- Eu te fiz feliz? – voltou o olhar para mim.

- Sim, mas também me fez sofrer muito – mordi os lábios, nervosa.

- Percebo que você já arrumou consolo faz tempo. Mas, me conta, quem é o cara? – falou cínico.

 Eu não devia falar e nem era obrigada a isso. Mas, eu queria muito falar e queria muito que ele soubesse que eu estava bem mesmo que ele tivesse me feito mal. Por mais que eu tivesse ido ali pra ajudá-lo com a perda. Minha vontade era esfregar na cara dele minha felicidade.

- Ele é primo da Dai... – sorri pensando – as coisas aconteceram e estamos juntos faz dois anos. Você não teve outras?

- Só tive aquelas que atendiam minha necessidade como homem, mas nunca mais tive alguém fixo. Ficava sempre esperando o dia que você ia voltar e as coisas seriam como antes.

- Não vão ser.

- Eu sei. Não precisa ficar me lembrando. Sou um idiota por esperar, mas eu prometi que estaria aqui te esperando. E estou. É loucura. Mas, é isso.

- Desculpa, eu...

- Você tem a necessidade de jogar na minha cara que você seguiu em frente e me esqueceu – me interrompeu.

- Não é assim...

- Claro que é, vai me dizer que a sensação não é boa? – não concordei nem discordei e ele continuou – Me responde uma coisa, mesmo estando com ele, você alguma vez pensou em mim?

 Aquela pergunta me remexeu por dentro e quase de imediato tive vontade de mentir e dizer que não, mas estávamos tendo uma conversa franca e decidi ser franca com ele.

- Eu esqueci bem rápido de você. Mas, você nunca saiu dos meus sonhos inconscientes.

- Então deve haver uma parte de você que nunca vai me esquecer – sorriu de canto –, presta atenção, eu fui o seu primeiro cara, eu duvido que um dia você esqueça do que sentiu naquele dia.

- Eu te amava...

- Amava? Assim, no passado?

-É.

 O silêncio tomou conta e ele atrevidamente encostou seus lábios nos meus, mas levemente os afastou e em seguida tornou a juntá-los e o medo de que eu não fosse sentir aquele beijo por completo, me fez imprensar seus lábios aos meus, o que deu origem a um beijo. O beijo que me trazia saudades, que me lembrava dos sonhos e me fazia esquecer que um dia tudo tinha acabado.

 A consciência sempre nos prega peças. O objetivo era jogar todas as lembranças dele fora, mas ela apenas as escondeu de mim, descobri naquele beijo que quem procura acha, pois foi daquele jeito que eu achei. Talvez ele estivesse certo deve haver uma parte de mim que nunca vai esquecer ele.

  Quando finalmente lembrei que minha realidade não permitia que eu fizesse o que estava fazendo, me afastei dele e esfreguei a mão nos lábios, na intenção de tirar aquele beijo de mim. Mas, não é assim que as coisas funcionam.