Fanfic: O NÃO amor da minha vida

- Foi – olhou ao redor, ainda estávamos no closet – vem cá, quero te mostrar uma coisa – pegou na minha mão.

 Antes que eu tivesse tempo de pensar em alguma coisa. Ele me levou até o porão da casa dele e pegou uma caixa. A primeira coisa que ele puxou de lá foi um desenho.

- Lembra desse desenho? – ele me perguntou.

 Olhei bem pra aquele projeto de cupido esfaqueando uma bonequinha de palito que pelo que me lembro, era eu. E tudo aquilo me fez ter um devaneio.

*DEVANEIO*

Logo deu a hora do intervalo e fomos comer. Depois mais dois tempos de aula, dessa vez de Português e depois mais um tempo de Química e por fim, HORA DA SAÍDA, ou melhor, DETENÇÃO.

- Amiga, vamos lá falar com o Jean pra ele me esperar? – Dai sorriu na esperança de eu ir com ela.
- Nem rola, sabe como é né, o fogo acabou não seguro mais vela – ri de mim mesma.
- Então tá, vou sozinha, fica ai sozinha nessa sala! – saiu pisando firme.

  Fiquei desenhando no caderno um cupido me matando ao invés de me acertar com a flecha dele, ele usava uma faquinha até ao invés da flecha.

- Tá ansiosa mesmo pra detenção, até chegou na hora – quando me virei pra ver quem era, era o Bernardo. Tinha até esquecido que ele também tava na detenção.
- Claro né, eu adoro detenção. – sorri.
- Deixa eu ver esse desenho – puxou meu caderno.
- NÃO! – puxei de volta e o encarei profundamente.

  Ficar daquele jeito com ele olhando bem nos olhos me fez perder a fala. Não só a fala como a cabeça também, perdi totalmente a noção e quando estávamos a ponto de nós beijar com nossos lábios bem perto um do outro. Ele se afastou e disse:

- Só amigos né?

- É! Só amigos... – O encarei com meu olhar de ódio, ele me deixou na vontade! 
- ok... – desviou o olhar e logo em seguida tornou a me encarar – Não dá.
- Não dá o que? – perguntei confusa.
- Não dá pra resistir a isso... – Eu ia perguntar: “Isso o que?”. Mas com o beijão que ele me deu eu já soube a resposta da pergunta que eu nem tinha feito. O que era aquilo? Não éramos só amigos? Então porque era tão bom beijá-lo? – Talvez amigos devessem ficar de vez em quando... – falou durante uns selinhos que me dava levemente.
- Ok, eu aceito sua amizade-colorida – foi à última coisa dita depois de mais um beijo.

*FIM DO DEVANEIO*

- Como conseguiu isso? – perguntei confusa.

- Você estava tão perdida no meu beijo que nem me viu arrancar do seu caderno.

 A segunda coisa que ele tirou da caixa foi o filme “juntos pelo acaso” que foi o filme que a gente viu na primeira vez que fui até a casa dele.

- Eu nunca tive coragem de devolver para locadora. Era a única coisa que lembrava da primeira vez que você veio aqui.

- To sem palavras. Sério. Isso me lembra tanta coisa. – falei lembrando daquele dia – Mas o que mais tem ai seu idiota?

- Você não vai acreditar que eu guardei isso. Mas, eu guardei – riu timidamente.

- Mostra logo!

 E então ele puxou de lá provavelmente o item mais escroto da caixa. Uma camisinha que estava muito bem guardada em um pequeno saco plástico.

- Não creio no que estou vendo! – gargalhei – você é muito maluco.

- Ué, naquele dia você nem me viu pondo nem tirando ela. Depois que você foi embora eu achei e guardei pra te mostrar que ela existiu, mas a gente brigou e eu deixei guardada e quando fizemos as pazes esqueci de te lembrar.

- Você me fez perder a vergonha naquele dia – lembrei –. Minha primeira vez... Posso dizer que valeu a pena – tentei parecer indiferente, mas não estava –. Mais alguma coisa que você queira me mostrar?

- Aqui tem um monte de coisas... Coisas que você esqueceu aqui em noites que você fugiu de casa, coisas que me faziam lembrar de você, eu fui juntando e botando dentro dessa caixa, e deixava sempre aqui no porão. De alguma forma ficar perto dessa caixa me fazia sentir perto de você, mas só ficar perto, sem abrir e nem mexer, porque achei que pra recordar o que vivemos juntos eu precisaria de você.

- Nossa – como ele mexia comigo –, e qual foi à última coisa que você botou na caixa?

- Foi seu primo que me deu. Ele me deu faz dois anos. Fez o maior show dizendo que não queria que eu chegasse perto de você de novo, e que era pra enfiar esse bilhete no cú. Preferi enfiar na caixa.

- Ele nunca me disse o fim que deu no bilhete... Deixa eu ler de novo?

  E lá estava escrito:

“Eu não sei se você ainda vai querer me ter, eu não sei se essa será a despedida, mas seja lá o que você decidir, você sabe onde me encontrar e eu estarei lá te esperando.

Eu te amo muito.

Um idiota.”

 Fechei os olhos e percebi o quanto tudo aquilo não tinha saído de mim. Aquelas lembranças pareciam estar tatuadas. Ele me marcou. E não me disseram onde é que apertava pra desmarcar. Acho que isso era impossível.

 Eu chorei. Chorei muito. Todas as lágrimas de saudade que prendi durante esses dois anos. Ele me abraçou forte e dessa vez era eu quem chorava no ombro dele.

 Eu não sabia o que estava acontecendo. Ontem mesmo eu tinha certeza do que eu queria pra mim e hoje estava tudo tão confuso.

 Quando consegui controlar as lágrimas subimos de novo para o quarto, sem falar nada.

Me joguei na cama lembrando de tudo o que tinha acontecido naquela cama. Ele se jogou por cima de mim e sussurrou lábio a lábio:

“Fica comigo?”

 E eu, sem resistir a tudo aquilo, fiquei.

 Beijei ele como nunca. Entrei naquela fantasia idiota que eu sabia que no dia seguinte iria acabar. Me permiti ser dele por mais um dia, e mais uma vez eternizei um momento dele comigo, porque cada momento desse era precioso.

 O que mais cedo eu considerei como milagre me impediu de levar aquilo mais a frente. Mas, só de estar ali e beijar ele. Eu me sentia em meus sonhos, mas dessa vez não teria ninguém pra me acordar. E isso era bom.

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Como eu prometi que faria. Está ai.

Agora eu vou dormir, pq olha, to morrendo de sono diauhduihs

beijos