Fanfic: O NÃO amor da minha vida

- Desculpa... Falei demais.

- Você não mudou nada. Eu amo isso em você. E quer saber, vamos esquecer esses problemas. O que importa é a gente e agora.

  Depois disso eu não consegui ficar calada, não existia outra pessoa no mundo com quem eu conseguisse passar horas e horas conversando sobre TUDO ou até mesmo NADA como fazia com ele. Falei sobre a faculdade, sobre meu namoro, sobre como anda a família, os amigos e tudo mais. Assim como falei sobre o quanto seria bom se existisse o sempre, o quanto seria bom se eu conseguisse me entender estudando psicologia e o quanto coisas inúteis fazem falta. Ele, pouco falou e muito me ouviu. Depois de dizer tudo que ele precisava saber sobre esses dois anos, deixei o silêncio pairar na esperança de que agora ele fizesse o mesmo. Era ótimo ter alguém pra me ouvir.

 O tempo passa rápido... Outro dia mesmo eu, Dai e Yas falávamos sobre isso. Quem diria que as coisas chegariam até aqui. Eu namorando o Leandro, Dai firme e forte com Jean e o casamento marcado (finalmente ela teve sorte, o Jean sempre foi um anjo na vida dela) e olha que loucura, meu primo, aquele babaca que um dia estragou minha festa de quinze anos, estava sério com alguém, terminando a faculdade, e cá entre nós, muito mais lindo e maduro, ainda era estranho pensar no quanto tínhamos crescido. Os assuntos eram outros e a vida parecia ser outra também. Dos nossos amigos, só restaram nós. De vez em quando me perguntava por onde andaria o Motta e odiava a ideia de ter passado noites com ele e não tê-lo mais na minha vida. Ele se mudou, sem se despedir, nem nada, foi embora da minha vida como se nada que aconteceu tivesse tido alguma consideração. Ele não foi o único, as pessoas foram sumindo da minha vida depois daquele ano novo, de alguma forma, elas desistiram de mim porque depois de um mês eu ainda não tinha conseguido dar a volta por cima. Olha, é nas dificuldades que a gente vê quem é quem. E além da minha família, só sobraram cinco. Eles pareciam suficientes, mas sempre faltava alguém; Faltava pra quem eu contasse tudo isso, faltava ele.

 Só ele poderia rir da minha cara quando soubesse que eu quase chorei no primeiro dia da faculdade, só ele me conhecia tanto a ponto de dizer: “Quase chorar? Você tá de brincadeira. No mínimo se trancou no banheiro e chorou muito”. Ele estava certo. Chorei no banheiro por uma semana. Por quê? Não sei. Sou assim.

E minha irmãzinha, como eu queria que ele a conhecesse! Ela era tão perfeita. E eu passava horas conversando com ela e tentando entender o que ela dizia, as vezes eu até esquecia como falar com adultos. E ele disse: “Você algum dia soube falar com adultos?”.

 Ele ainda era do tipo que embarcava nas minhas viagens. Ainda me achava maluca. E ainda era bipolar e indeciso, mas ao mesmo tempo sabia o que queria. A alma ainda era a mesma. O que mudava era o tanto de parede que precisava atravessar para encontrar essa alma. O mesmo, ocorria comigo.

- Eu não senti saudades de você, eu não esperei dois anos por isso e definitivamente, você não é o amor da minha vida – não tirava o sorriso torto do rosto.