Fanfic: O NÃO amor da minha vida

 Ele ainda era do tipo que embarcava nas minhas viagens. Ainda me achava maluca. E ainda era bipolar e indeciso, mas ao mesmo tempo sabia o que queria. A alma ainda era a mesma. O que mudava era o tanto de parede que precisava atravessar para encontrar essa alma. O mesmo, ocorria comigo.

- Eu não senti saudades de você, eu não esperei dois anos por isso e definitivamente, você não é o amor da minha vida – não tirava o sorriso torto do rosto.

- Você não é bom com mentiras – dei um sorriso idiota.

- Quem disse que estou mentindo? Nunca mais eu minto pra você sua boba. Eu não senti saudades isso é pra otário eu sou um idiota que MORREU de saudades de escutar você falando e falando e falando sobre sua vida, já falei o quanto eu amo te ouvir falar?

- Meu Deus, eu não acredito! Você morreu de saudades? Estou conversando com um fantasma?

- Sinto muito. Mas, isso é o que restou de mim. Eu tinha que te contar. Essas coisas acontecem... As pessoas morrem de saudade. Sinto muito.

- Nossa, que pena, o que eu posso fazer por você?

- Nada. Com você eu me sinto vivo.

 Eu sentia falta disso. Ele sempre foi romântico e soube o que dizer, mesmo que na maioria das vezes ao mesmo tempo era cômico, a ironia sempre esteve presente. E era bom saber que estava tudo ali. O Bernardo idiota, sendo comicamente romântico, como sempre.

- Idiota...

- Cala boca, não me interrompe, me deixa continuar sendo romântico – e então continuou – Eu não esperei dois anos por isso, esperar por você, seja quanto tempo for, sempre vai parecer uma eternidade. E você definitivamente não é o amor da minha vida, seu significado em minha vida, ainda não tem nome. E enquanto isso... Você é o não amor da minha vida.

- Ai meu Deus, como você é romântico...

 Essa frase rendeu altas gargalhadas.

- Posso te contar uma coisa?

- Desembucha idiota...

- Eu sinto falta da minha mãe, muita falta. Sempre senti. Meu pai, apesar de não ter sido muito presente amenizava essa falta. Eu nunca contaria isso pra outra pessoa, mas eu estou morrendo de medo de ficar sozinho.

 Com os olhos cheios de lágrimas ele se aconchegou em meu peito e engoliu o choro. Ele estava tão viril, mas ao mesmo tempo tão indefeso.

- Não vai ficar sozinho, eu prometo.

- Pra isso, eu preciso de você. Eu não quero que isso fique apenas aqui.

- Mas, tem que ficar.

- Por quê? Você me ama, eu te amo. O que impede?

- É como naquela música “as circunstancias e as coisas”.

- Isso separou a gente. Mas, como a música diz: “Um dia a gente se encontra”. Aqui estamos. E agora?

- A música não diz o que acontece.

- Exatamente. Você escolhe se esse “um dia a gente se encontra” vai ter servido pra alguma coisa.

- Eu te amo – o beijei -, mas não podemos ficar juntos.