Fanfic: O NÃO amor da minha vida

- Isso separou a gente. Mas, como a música diz: “Um dia a gente se encontra”. Aqui estamos. E agora?

- A música não diz o que acontece.

- Exatamente. Você escolhe se esse “um dia a gente se encontra” vai ter servido pra alguma coisa.

- Eu te amo – o beijei -, mas não podemos ficar juntos.

 Eu quis sair dali correndo, quis muito. Mas, uma parte mim insistia em explicar porque, mesmo que eu não soubesse muito bem o por que.

- Que não o que! É como no nosso primeiro beijo, esquece tudo o que te impede, todos os porquês, e “e se”s, fica comigo – engoliu o choro.

- Eu não posso Bernardo! Não lembra o mal que você me fez? Da humilhação que eu sofri na festa de ano novo? Era pra ser um dia feliz cara. Custava você ter me dito a verdade? Mesmo que eu ficasse puta com você, você pelo menos teria sido honesto comigo. Eu ia brigar com você, mas depois faríamos as pazes como sempre né? Você me machucou demais... Foi o meu primeiro cara e se tivesse cuidado de mim, seria o único. E como eu queria que você fosse... Eu sinto muita falta da relação que a gente tinha e das suas idiotices, mas isso não é suficiente. Eu tenho medo de você. Confiar em você, depois de tudo, passou a ser difícil. Eu acho que é melhor seguir como estávamos mesmo... E você não precisa me esperar, dessa vez eu não vou voltar.

 Levantei e fui em direção à porta enquanto ele me olhava incrédulo sem sequer esboçar alguma reação. Parei e respirei fundo.

- Mas, saiba que eu te amei de um jeito que eu sempre quis amar. Incondicionalmente e de alguma forma, eternamente.

 Então segui pelo corredor, desci as escadas e esqueci completamente do luto. Eu tive que falar. E ele precisava me ouvir. Toquei a maçaneta da porta da frente. Eu estava o deixando, dessa vez eu me prometia que seria de corpo e alma. Pausei para engolir o choro e girei a maçaneta. Me assustei ao senti-lo me puxar de frente para ele sem qualquer delicadeza. Olhos com olhos e a conversa entre eles parecia infinita e incompreensível, mesmo que tenha durado tão pouco. Um beijo foi o suficiente para calar os olhos que se fecharam esquecendo a conversa. Os olhos choravam, não sabia se por emoção ou medo. O beijo era tão diferente. Já tinha beijado o Bernardo várias vezes, mas nunca foi um beijo de lágrimas. Esse era. Era como se algo em nós estivesse morrendo e não pudéssemos fazer nada para mudar isso.

- Eu te amo e não importa como ou quando, ainda vamos ficar juntos.

 Pensei comigo “eu sei”.