Fanfic: O NÃO amor da minha vida

 Ela me abraçou rápido e disse: “Boa sorte amiga” e saiu andando.

- É uma boa hora para conversar? – ele perguntou se sentando ao meu lado.

- Já passou da hora.

Um tempo em silêncio e me surpreendi quando ele começou a falar.

- Bom, eu amo você, você foi sei lá, a pessoa que me sossegou, como diz a minha mãe – nós rimos – e eu sei que você me ama também, a gente daria muito certo. Mas...

- Mas o que? Vai terminar de vez comigo? – meus olhos encheram de lágrimas. Eu não queria perdê-lo.

- Só, me escuta. E preste bastante atenção em tudo o que eu disser – falava enquanto segurava minhas mãos –. O problema Ju, é que você pode me amar, mas você nunca vai me amar do jeito que você ama o Bernardo.

- Eu não amo o Bernardo – engoli o choro.

- Me escuta... É incontrolável meu amor, eu sei que você daria tudo pra sentir por mim pelo menos metade do que sente por ele. E eu devia ter reparado isso desde sempre. Eu te amei desde a primeira noite que passamos juntos, você demorou muito tempo pra conseguir ter certeza e segurança para dizer que me amava. Você é linda, e caramba, foram tantos momentos bons juntos, mas também foram incontáveis as vezes que te peguei distraída durante nossas conversas. Eu só não queria acreditar que era ele e não eu.  E antes de entrarmos hoje eu ainda tinha esperança de que fosse eu, mas qualquer esperança que eu tinha se foi quanto ao olhar pra você, você fixamente olhava para ele e eu pude ver em seus olhos o quanto você queria que ele estivesse te olhando de volta, e é estranho dizer isso mas, seu olhar combina com o dele. Então, por te amar tanto, eu acho melhor que terminemos aqui, como grandes amigos que se amam e você vai me prometer que essa noite você vai ficar com aquele que você realmente ama não como alguém que você quer fazer dar certo e sim como alguém que você sabe que só vai dar certo se vocês estiverem juntos.

“ficar com aquele que você realmente ama não como alguém que você quer fazer dar certo e sim como alguém que você sabe que só vai dar certo se vocês estiverem juntos” aquilo ecoou milhões de vezes pela minha mente. Era como se ele tivesse lido meus pensamentos. Antes, eu não tinha certeza, mas agora estava tudo muito claro.

 Quando ele terminou de falar eu já tinha perdido o controle das minhas lágrimas. E meu coração acelerado chamava pelo Bernardo. Eu amava o Leandro, não foi uma mentira o que vivemos, mas desde sempre estar com ele me fazia esquecer o Bernardo, e por isso era tão bom amá-lo, por isso eu sempre tentei fazer com que o nosso relacionamento desse certo. Mas, ele não era o Bernardo.

 Ele me abraçou e sussurrou no meu ouvido: “seja feliz”, me deu um beijo na testa e foi embora. Eu limpei as lágrimas e dei mais uma golada no vinho. Respirei fundo e fechei os olhos por pelo menos 3 minutos, tentando digerir tudo, ao abrir fui surpreendida ao ver a pessoa que eu mais queria perto, ao meu lado.

 Suspirei e engoli seco. Não sabia o que esperar. Ele tinha me ignorado o tempo todo e agora estava ao meu lado.

- A Dai disse que você queria falar comigo... – encostou de leve em meu ombro e eu me arrepiei.

- Ela disse?

Não nos encarávamos, a conversa se soltava no ar e ambos olhávamos para o nada parecendo estar perdidos em tudo.

- Não queria né?

 Eu fiquei em silêncio, não sabia se era a hora, não sabia de nada, estava com medo. Ele se preparou para levantar ao perceber o meu silêncio, mas em uma atitude involuntária eu segurei firme no braço dele o fazendo ficar.

- Eu te amo – falei cabisbaixa.

- oi? – ele colocou a mão em meu queixo e levantou meu rosto até que nossos olhos se encontrassem.

O encarei, respirei fundo e disse com convicção:

- Eu te amo!

 Ele ficou um pouco ofegante e pelo seu semblante eu o percebi surpreso.

- Isso é alguma brincadeira?

- Não, eu to falando sério...

- Ah já entendi, é mais ou menos assim, eu vou na casa do Bernardo no dia da morte do pai dele, fico com ele até eu me cansar, vou embora dizendo que não quero mais nada e quinze dias depois falo que o amo, porque é legal vê-lo confuso... – falou em um tom irônico.

- Não é assim...

- É como então? Porra Julia, o que você quer de mim? Fala! – aumentou o tom da voz.

- Quero que as coisas voltem a ser como antes...

- Tá me achando com cara de padrinho mágico? – apoiou a mão em meu ombro – Julia, minha querida, como você mesmo me disse da última vez, não vão ser. E, pelo amor de Deus, porque você tinha que dizer que me ama? Em? Foi a Dai né? Ela te disse...

- Disse o que?

- Não disse?

- Disse... Disse... – falei como estratégia para arrancar dele.

- Mas, eu não disse nada pra Dai! – riu ironicamente.

- Disse sim!

- Não disse!

- Disse sim!

- Não disse!

- Disse sim e fim!

- Cala a sua boca!

- Vem calar...

 E como eu quis que ele me calasse com o beijo. E ele quase fez. Mas, abaixou a cabeça e disse:

- Sabe Ju... – me encarou novamente – A gente nunca vai dar certo. Eu resolvi seguir o que você disse, deixar como estava, esquecer a promessa idiota que eu fiz.

- Não! Eu não posso levar dois foras em uma noite só!

- Eu sabia! Só disse que me ama, porque o bundão do seu namorado te chutou!

- Não Bernardo!

- Me deixa Julia... – se levantou

- Não! – me levantei e segurei o braço dele – me deixa explicar... – comecei a me enrolar em minhas palavras e gaguejar e não conseguir dizer nada.

- Julia, faz um favor? Me solta e cala a boca!

- Não me manda calar a boca seu idiota.

- Cala a boca!

- Repete!

- Cala a porra da boca!

 E pela primeira vez EU tomei uma atitude, calei a boca, mas usei a dele pra me ajudar nisso. E ele parecia ter amado a minha atitude. Quinze dias sem sentir aquele beijo e parecia uma eternidade. É, sempre pareceria... 

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