Fanfic: UM ADORÁVEL TIRANO - AyA ( Adaptada) { FINALIZADA} | Tema: Anahi e Alfonso

CAPÍTULO II

- É, um pedaço do meu passado. - Poncho havia dito, e essas palavras estavam presentes muitas vezes na mente de Annie nos dias que se seguiram. Uma sombra persistente, correndo perigosa e escura no meio da alegria efervescente de Hollywood. Ela sabia que isso significava outra mulher. E também sabia que essa outra mulher tinha parte da culpa por Poncho ser a pessoa dura e fria que às vezes era.

E agora procurava, quando iam a festas, restaurantes ou cinemas, um rosto que devia possuir algo de parecido com o seu. Mas, apesar de haver muitos rostos em todas essas festas e restaurantes, o que ela procurava continuava a fugir.

Quando ainda era solteira, quando tinha sido uma eficiente, às vezes preocupada, mas sempre ordeira enfermeira, Anahi havia lido, como centenas de outras moças, as vistosas revistas que contavam histórias de Hollywood, para fugir um pouco da rotina cansativa de ganhar a vida. Havia lido sobre a alegria, sobre as festas...

As festas na verdade existiam. Eram rodamoinhos loucos e ruidosos, onde todos os tipos de gente de cinema se reunia em grupos animados e falava sobre tudo e todos da indústria do filme.

Essas festas podiam ser, Annie muitas vezes pensava, o pão e a vida para qualquer pessoa ligada ao trabalho muito louco de fazer cinema, mas ela as achava apenas inacreditáveis e solitárias. Ela estava de fora do círculo mágico, e até esquecida por Alfonso, quando seus amigos o levavam para algum canto, onde ele às vezes ficava até o fim da reunião, imerso em assunto de filme e perdido para a existência dela.

Ainda ,assim, foi numa dessas festas que ela conheceu Dulce Maria, a moça que seria a primeira amiga de verdade que encontraria em Hollywood.

A Dulce,Annie descobriu,depois, era a esposa de um jovem e brilhante câmera do mesmo estúdio onde Alfonso trabalhava, e ambas gostaram uma da outra desde o momento em que Dulce levou uma batida no braço e derrubou todo o conteúdo de um alto copo de bebida sobre a cabeça de Anahi. Com uma gargalhada conseguiu salvar o copo, fazendo uma careta feia para o homem responsável pelo empurrão, de tal jeito, que Annie acabou se divertindo em vez de se irritar.

Dulce, grata por Annie não ter ficado aborrecida, sentou-se no braço da sua poltrona e dentro de instantes estavam se tratando com intimidade e descobrindo que ambas não gostavam de tais reuniões.

- São um inferno, não são? - Dulce exclamou. - Eu só venho porque o Christopher tem que estar a par do que anda acontecendo. Se você tem ambição, não adianta ficar sentada em casa, esperando que a oportunidade vá bater à sua porta. b em ocasiões como esta que importantes contatos são feitos. Christopher é aquele. - Apontou para um jovem atarracado e gesticulante que usava óculos de aro de tartaruga, conversando calorosamente com um senhor de rosto longo, do tipo executivo, e que Anahi logo imaginou que fosse um dos contatos importantes sobre os quais Christopher havia falado.

- O Ucker pode falar até morrer, quando está disposto – Dulce continuou, o olhar abertamente afetuoso dirigido para o rapaz baixote. - Olhe só para ele! - Riu ao olhar novamente para Annie. - Fazemos um belo par, realmente. Ambos falamos pelos cotovelos e, no entanto, temos um filhinho que é tão solene quanto um sino de igreja. - Olhou para Annie de um modo cândido, interessado. - Você parece um tanto deslocada, se me permite dizê-lo. Você é nova em Hollywood , não?

- Sou da Inglaterra.

-Ah! Imagino! - Os olhos castanhos de Dulce expressaram o maior interesse. - Está gostando daqui?

- Eu, eu não tenho certeza se devo dizer a verdade! - O sorriso de Annie apareceu levemente em seus lábios. Será que poderia contar a essa moça o que não podia contar a Alfonso, que Hollywood estava começando a dar-lhe um tremendo medo? Que a maioria das pessoas que encontrava naquelas festas a deixavam gelada com tanta audácia e tão imensa ambição? Eram temores que ela não podia confiar a Alfonso!

Agora, olhando para Dulce, sentiu uma necessidade de confiar nela, mas ainda assim a lealdade para com Alfonso a fez controlar-se. Tudo o que disse foi: - O clima é glorioso, você não acha? E eu nunca comi tanta fruta em minha vida.

- Então isso explica essa sua pele maravilhosa - Dulce retrucou, rindo do rubor de Annie. Seus olhos se dirigiram ao faiscante anel no dedo de Anahi. - Você não está casada há muito tempo, não? - disse, catando uma cereja em seu aperitivo e mastigando-a com prazer. Sorriu para Annie. - Você tem a palavra recém-casada estampada no rosto. Quem é o feliz marido?

Annie lançou um olhar pela sala, procurando a alta figura de Alfonso. Viu-o próximo a uma janela, muito moreno contra as cortinas claras, um charuto preso entre os dentes enquanto franzia a testa e falava com uma mulher incrivelmente bela, de idade indeterminada, que Anahi reconheceu como Claudia Alvarez. Pareceu a ela meio espantoso que seu marido estivesse conversando com essa atriz tão famosa, de uma maneira tão atenta.

- Ali está ele - disse para Dulce, os olhos brilhando ao antegozar a reação dela. Foi bem recompensada. A moça ficou de queixo caído e deu um assobio baixo.

- Você está casada com Alfonso Herrera! - ela exclamou. – Que coisa! Quem iria acreditar nisso! - Encarou Anahi. - Aceite minhas condolências - disse inexplicavelmente.