Fanfic: UM ADORÁVEL TIRANO - AyA ( Adaptada) { FINALIZADA} | Tema: Anahi e Alfonso

Já passava das seis e meia quando Annie chegou em casa, e Alfonso, escutando-a chegar, pôs a cabeça para fora do banheiro e resmungou: - Está atrasadíssima, já sabe, não?

Ela nervosamente tirou o casaco. - Eu... fui a um cinema – falou sem pensar, mantendo a cabeça virada para outro lado para que ele não visse seu rubor e desconfiasse que estava mentindo. - Uma reprise de um velho filme de Bette Davis estava passando no Colúmbia, e eu fui. Você sabe que não resisto a um filme dela.

- Está bem, mas ande depressa, meu bem. Temos que estar na casa de K. C. às sete e meia. - A porta do banheiro fechou-se e Annie ficou olhando meio desesperada para o espelho. Esta não era a primeira vez que mentia para Poncho. Quanto mais via Robert maior era o número de mentiras. Ela se apavorava com o que podia acontecer quando ele descobrisse, mas se agarrava com determinação à amizade com Robert. Por que não podia tê-lo como amigo? Ele era um verdadeiro alívio, uma pessoa inteiramente à vontade e interessante. Fazia com que se sentisse também à vontade, colocava na vida uma necessidade de voltar às coisas da infância, mas uma infância muito mais colorida do que tinha sido a sua na verdade.

Quando Poncho saiu do banheiro, esfregando vigorosamente o cabelo molhado com uma toalha, deu a ela um olhar rápido e irritado. - Ande, querida, já deixei a água correndo na banheira para você. Temos pouco tempo, você sabe. Já coloquei até os sais de banho.

Sorriu e quando passou por ele estendeu a mão e fez um carinho em suas costas. Quando ele estava assim, como uma criança limpa e fresca saída do banho, sua pele morena brilhando, os músculos das costas e dos braços mostrando saúde, parecia incapaz de qualquer maldade. Ele brilhava com uma limpeza que parecia tanto do corpo como do espírito. Nesses momentos, ela quase podia acreditar que o que falavam de mal sobre ele não passava de invenções das mentes das pessoas. Parecia blasfêmia acreditar que ele pudesse ter estragado a vida de uma linda moça.

Ele estava pronto muito antes dela, apressando-a com impaciência, enquanto ela enfiava o vestido. - Então me ajude, puxe o zíper - implorou ela, parecendo impotente, com a mão sem conseguir alcançar o zíper nas costas. Ainda não tinha certeza se gostava ou não desse vestido. Alfonso queria que ela usasse algo de muito especial nessa primeira visita aos Christbel, e tinha pedido para Olive criar uma coisa fora do comum, algo que pudesse ser usado só por Annie. Anahi secretamente achava que era a última pessoa no mundo a estar usando tal roupa. Era de seda pura, bem justa no corpo, de um tom lilás-claro que ia escurecendo até ficar azul-escuro na barra da saia bem rodada. O vestido era uma curiosa mistura de inocência e sofisticação, mas Annie, olhando agora seu reflexo no espelho, sentiu outra vez à aversão que o vestido lhe havia causado na primeira vez em que o experimentara na loja de Ninel.

Sentiu a mão de Poncho puxar o zíper e quando viu a seda macia fechar como uma segunda pele em seu corpo, virou-se do espelho com um movimento assustado.

- O que foi? - Alfonso segurou seus cotovelos, os olhos interrogando.

- Eu... eu me sinto nua! - gaguejou.

Ele riu, as sobrancelhas levantando-se com incredulidade. Foi mais para trás para examiná-la melhor, movendo os olhos vagarosamente e com prazer. - Você parece um quadro! Parece uma pálida inocência, mas muito apaixonada. Eu disse a Ninel que não queria nada doce e infantil e ela conseguiu uma obra-prima. Você vai virar algumas cabeças hoje, querida! - Puxou-a para si, suas mãos a acariciando de leve, mas ela continuou rígida, com o rosto virado e uma enorme timidez aparecendo dentro de si. Por que Alfonso tinha sempre de mostrar tão claramente que era do seu corpo que ele gostava?

- Não me beije! Você... você vai borrar meu batom.

- É, eu bem que podia! - concordou ele, rindo e a soltando. Virou-se e saiu do quarto. Annie ficou olhando para seu reflexo no espelho sem nenhum prazer. Fez uma pintura suave no rosto e um sorriso leve apareceu em seus lábios. Será que deveria pintar os olhos para combinar mais com o vestido? Ou tudo ou nada? Fazer um trabalho perfeito para impressionar os Christbel? Estava perfeitamente óbvio que Alfonso queria que eles ficassem impressionados.

Com uma decisão abrupta e de queixo levantado, sentou-se à penteadeira e abriu a grande caixa de pintura que Alfonso lhe havia presenteado e que ela tão pouco usava. Maquilou-se com cuidado usando uma sombra cor de lavanda e vendo o brilho enfeitiçante que a cor colocava em seus olhos, junto com uma leve expressão irônica.