Fanfic: UM ADORÁVEL TIRANO - AyA ( Adaptada) { FINALIZADA} | Tema: Anahi e Alfonso

Annie agarrou-se à amizade com Robert, segurando-se como se fosse um salva-vidas, sentindo às vezes que, se escapasse, acabaria irremediavelmente afogada e perdida nesse mundo inacreditável e louco em que havia entrado por amor a um homem que não a amava.

Mas, em sua inocência, não sabia que as pessoas estavam começando a falar... e que os falatórios alcançaram os ouvidos de Alfonso em uma festa em casa de Ninel Conde.

Robert havia dançado com Anahi até o terraço do apartamento de cobertura e eles ficaram olhando o mar de luzes que brilhava abaixo deles.

- Que noite para um passeio! Que tal, Annie?

- Oh, eu não poderia - disse, mas seus olhos encontrando os dele estavam encantados. A festa estava barulhenta e cheia de fumaça e a idéia de ar um passeio nessa noite calma e clara era infinitamente tentadora.

- Alfonso não vai sentir falta de você - Robert insistiu. - Está muito ocupado jogando pôquer.

- Quanto... quanto tempo levaríamos? - Estava rapidamente deixando de resistir e sabia disso.

- Meia hora, não mais - ele riu. - Venha, seja menos esposa só uma vez. Você já está sendo comentada por sua devoção.

- Você quer dizer que o pessoal ri porque eu fico em um canto sentada enquanto Alfonso conversa sobre cinema ou joga pôquer? - perguntou e seu rosto ficou vermelho.

Robert não negou. - Acho que sim.

Então Annie foi com ele. Mas ficaram fora bem mais do que meia hora. O potente carrão de Robert devorava quilômetro após quilômetro, tão macia e agradavelmente. E. estava tão bom passear pela noite, debaixo de enormes estrelas, que Annie nem notou a passagem do tempo.

Pegaram a estrada que beirava o mar. O vento carregava o cheiro marinho e a Lua se refletia nas águas claras. O rádio tocava baixinho como num sonho e Annie olhava as estrelas, pontos brilhantes no céu azul-escuro - um mundo misterioso de silêncio cantante a invadia, inundando com despreocupação toda sua mente, enquanto passeava ao lado de Robert.

- Solte seus cabelos, Annie - ele pediu de repente. - Deixe o vento bater neles.

- Será que devo? - Os olhos dela ficaram grandes, olhando para ele. Então, com uma risada, fez o que ele pedira.

Robert pisou no acelerador e o vento bateu no rosto de Annie e fez com que seus cabelos loiros voassem. - Isto é uma delícia! - falou ela rindo. - É como andar de carruagem pelo céu!

- Garota engraçada! - Robert murmurou e Anahi nem reparou que o brilho maroto estava faltando em seus olhos. Nem mesmo estranhou seu silêncio quando parou o carro no alto de uma colina e recostou a cabeça no banco do carro, a fumaça do cigarro subindo vagarosamente para o céu. Ela estava satisfeita em ficar quieta com ele, envolta no calor seguro de sua amizade.

Depois ele começou a falar... a falar sobre si mesmo, o que era pouco comum em Robert

- Já ouviu falar do Bronx, Annie?

- Vagamente - ela admitiu. - Só em livros e filmes.

- Sei. - Riu levemente. - O Bronx é notavelmente fascinante para os autores e realizadores de filmes. Só que eu vivi lá, e não achei nada fascinante. Meus pais morreram quando eu era pequeno e depois disso arranjei um lugar em uma família italiana enorme. Eles não eram maus, mas tinham muito pouco e não podiam me sustentar muito bem, então em me mandei do Bronx quando tinha treze anos. Peguei carona até a Califórnia e arranjei trabalho em uma fazenda de frutas. Quando a fazenda já não me interessou, fui trabalhar limpando o chão e servindo cerveja num cassino. E assim foi, uma série de empregos baratos, de refeições baratas, e meus olhos invejosos seguindo os carrões dos astros e estrelas dia e noite. Aí perguntei: por que não eu? Pensei: tenho cabelos crespos, tenho músculos; então, por que não eu? - Ficou silencioso por um momento, estudando a ponta vermelha do cigarro. Depois continuou: - Consegui ser um astro de cinema, consegui este carro, mas às vezes acho que não tenho nada. Tenho trinta e dois anos,Annie. Sou o tipo do sujeito que devia estar enfiado numa casa confortável, com uma esposa e um par de filhos, mas não tenho nada.

- Você nunca ficou apaixonado, Robert?

- Já! - Abruptamente, atirou fora o toco de cigarro. - Pela esposa de um outro homem.

- Oh, Robert! Que pena!

- Eu endosso esse sentimento. - Seu sorriso era cínico. – É solitário demais, ficar apaixonado pela mulher de um outro homem,

Ficaram conversando, e a meia hora que Robert havia prometido inconscientemente se estendeu para duas horas - duas horas que passaram como o vento.