Fanfic: UM ADORÁVEL TIRANO - AyA ( Adaptada) { FINALIZADA} | Tema: Anahi e Alfonso

Não disse uma palavra enquanto se dirigiam para casa, e Annie, amedrontada pelo seu jeito, não conseguiria juntar duas palavras. Ela sabia o que havia parecido e se encolhia com esse pensamento. Os olhares que Alfonso recebera, quando cansado de jogar pôquer e viera procurar por ela, e ela não se encontrava mais em seu canto. Então alguém devia ter lhe contado, sem dúvida sorrindo, provavelmente contente de ver o todo-poderoso Alfonso Herrera em uma situação desagradável: "Oh, ela escapuliu com Robert Partison, horas atrás, meu querido!"

Com Robert! A quem ele odiava!

O elevador subiu até o último andar do Palácio de Cristal e, enquanto Anahi ia até a porta do apartamento, tremia muito. Era uma noite quente, mas ela estava gelada, por dentro e por fora.

Poncho destrancou a porta e eles entraram, a mão de Annie dirigindo-se automaticamente para o interruptor. Entrou desanimadamente e ficou parada. tirando o casaco. Então, sem conseguir agüentar por mais tempo o silêncio que reinava entre eles como uma parede, disse:

- Ande, Alfonso. Diga exatamente o que está pensando de mim.

Ele não respondeu e ela virou-se para olhar para ele, o casaco azul meio caído nos ombros e refletindo exatamente a cor dos seus olhos. Parecia estranhamente linda encarando-o entre amedrontada e desafiante.

- Oh, ande logo! - gritou. - Sei que está aborrecido comigo. Se vamos brigar só porque eu fui dar um passeio inocente com o Robert, vamos acabar logo com isso.

- Passeio inocente? - disse, os lábios irônicos. - Era mesmo?

- Se você está querendo dizer que era qualquer coisa mais do que isso - seus olhos azuis faiscaram - está errado. E está me insultando.

- Você sumiu por mais de duas horas com um sujeito como o Partison e espera que eu acredite que foi tudo como pai e filha?

- Espero que acredite! Nós andamos e andamos. Nós nem falamos muito!

- Oh, isso eu posso acreditar: que não falaram muito - Alfonso resmungou.

Quando ouviu isso, Annie começou a tremer, mas não de medo. De repente, estava terrivelmente furiosa. Virou-se com violência e entrou no quarto. Como é que ele se atrevia a sugerir que Robert tivesse feito amor com ela! Como se atrevia! Será que ainda não a conhecia? Será que não sabia que ela nunca iria aceitar nem beijos de algum outro homem? A amizade de um outro homem era uma coisa, mas aceitar amor de outro nem passava por sua cabeça.

Quando acendeu a lâmpada de cabeceira e se viu no espelho, ficou surpresa ao ver como estava pálida. Começou a desabotoar o vestido com dedos que tremiam, enquanto Alfonso permanecia na porta, com as mãos nos bolsos do casaco.

- Se fosse qualquer outro sujeito, acreditaria em você. Anahi - disse ele. - Mas me recuso acreditar que ele conseguiu ficar sem pôr as mãos em você por duas horas inteiras. Ele não tem tanto auto-controle e nem é tão nobre assim.

- Então você se recusa! Se recusa! - gritou. - Bem, e eu me recuso a ser acusada de algo que não fiz!

Mas Alfonso só sorriu, lenta e ironicamente. - Por que ficar tão zangada se está me dizendo a verdade? - caçoou.

A raiva explodiu violentamente em Anahi, fazendo com que se esquecesse do amor, da discrição, de tudo. - Você não está em posição julgar nem meu caráter nem o de Robert! Você é só o desgraçado que causou a morte de Inez Holden! - gritou.

Alfonso atravessou o quarto em dois passos e agarrou-a pelos ombros com tanta força que a machucou. -Quem foi que contou isso a você?

- Thalia Van Deen. - Enfrentou os olhos irados dele sem se encolher. - Há semanas atrás.

- Sim, sei. E você acreditou, não é?

- E não é a verdade? Claudia Alvarez confirmou. - As palavras escaparam, amargas, enquanto Anahi encarava os olhos de Alfonso, agora negros e perigosos, em um rosto onde pulsava uma veia nervosa, perto da boca. -Thalia deixou perceber que você tratou a pobre moça como se fosse uma droga qualquer. Ela falou que você abertamente disse no inquérito que... tinha mostrado a porta da rua a ela.

- E sua impressão sobre mim agora é de que eu sou um miserável, não é? - falou, suavemente, os olhos perdendo a cor ameaçadora e tornando-se cínicos.

- Sim, Alfonso. É exatamente isso que eu acho - replicou, querendo feri-lo, esperando feri-lo.

- E se eu negasse a história de Thalia? - perguntou.

- Você estaria perdendo seu tempo! - exclamou. - Não sou mais a caipira de olhos sonhadores que você trouxe para Hollywood, Alfonso. Você não me engana mais. Agora o conheço muito bem.

- Conhece, é? - Ficou olhando para ela por mais um instante, com o rosto completamente sem expressão, depois suas mãos a largaram. Virou-se e vagarosamente recolheu seu pijama e seus chinelos. - Vou dormir no outro quarto hoje - disse. - Sem dúvida você prefere assim.

Quando a porta se fechou, Annie ficou imóvel, sem acreditar que ele tinha ido sem criar caso.

Despiu-se sentindo-se miserável, estava se sentindo miserável demais até para chorar. Ficou na penteadeira, escovando os cabelos, e seu rosto, aparecendo no espelho, estava muito pálido. Alfonso nunca ira perdoá-la por dizer tudo aquilo... por saber de tudo aquilo.

Largou a escova e afundou-se na cama, encostando o rosto na fria coberta de seda. Como os olhos de Alfonso tinham parecido estranhos quando ela pronunciara o nome daquela moça! Mais espantado, no começo, que zangado. Certamente ele sabia que algum dia ela ouviria a história. Nessa cidade, nesse antro de mexericos, era o tipo de fofoca que ficava no ar durante muito tempo. Se ela não tivesse ouvido de Thalia, acabaria sabendo por alguma outra pessoa.

Mas, ainda assim, lembrando-se do seu olhar espantado, da máscara de raiva surda que aparecera em seu rosto, ficou de repente com pena de ter deixado escapar o que sabia sobre Inez Holden. Ficou deitada imóvel na cama, especulando qual seria a reação dele na manhã seguinte. Será que diria que estava tudo acabado entre eles? Será que lhe diria para sair de sua vida?