Fanfic: UM ADORÁVEL TIRANO - AyA ( Adaptada) { FINALIZADA} | Tema: Anahi e Alfonso

No dia seguinte Annie foi ao médico, que confirmou a gravidez.

O médico era um homem jovem e grandalhão, que ficou olhando para Anahi do outro lado da mesa com olhos indagativos e amigos. - O que é que a está preocupando, sra. Rodriguez? - perguntou em um tom suave e lento, uma voz que parecia estranha para um homem tão grande, de queixo poderoso. - As crianças podem ser divertidas, a senhora sabe. Eu tenho três.

- Três! - Annie olhou para ele espantada. Parecia tão moço. Nem parecia casado.

- Comece cedo e eles crescerão com você - disse. - É o melhor jeito. Não ficam com essas idéias modernas de que só porque lhe chamam de papai, você é decrépito. - Ficou sério. - Logo que eu confirmei sua gravidez seus olhos se acenderam. E agora, por que está parecendo tão triste? - Encostou os cotovelos na mesa e debruçou-se para a frente. - Olhe, você está achando que talvez seu marido não queira este bebê? Eu sei que muitos homens têm essas idéias malucas. Eles acham que, porque os bebês começam a chegar, eles vão ficar sobrando, sem agrados e carinhos, e que tudo isso vai ser só para os filhos. É por isso que está preocupada?

Annie ficou lidando com a alça da bolsa. "Se fosse assim tão simples", pensou.

- Eu acho, acho que é isso mesmo - murmurou.

- Bem - disse ele, um sorriso aparecendo em seu rosto. - Vá para casa e faça uma festa tão grande com ele que o boboca vai pensar que é aniversário dele. Vai querer filhos o tempo todo. - Então ficou sério e mais técnico. Disse cuidadosamente. - Preciso contar-lhe isto, sra. Marsh, mas não quero que fique pensando que está doente ou qualquer coisa assim. O fato é que algumas mulheres nascem para terem dúzias de filhos, é tão fácil para elas como tirar uma torta do forno. Mas outras... bem, não são tão afortunadas!

- O senhor quer dizer que eu... - Annie interrompeu baixinho.

- Acho que sim - admitiu ele. - Você vai ter que tomar cuidado. Faça exercício, mas não demais. Pode dançar um pouco, mas bailes de noite inteira estão fora de questão, assim como viagens muito cansativas. Uma porção de mulheres pode fazer tudo isso lindamente, mas você não vai poder.

- Não me diga que vou ter que viver como uma inválida! - exclamou.

Ele sorriu logo, sacudindo a cabeça. - Céus, não! Só viva um pouco mais devagar, especialmente nos primeiros meses. Venha me ver regularmente.

Anahi saiu do consultório meio tonta. Foi até melhor que Alfonso não a tivesse convidado a ir com ele para a Inglaterra. Não poderia fazer viagens longas! O destino estava tramando mesmo separá-la de Alfonso... mesmo que ele a convidasse agora, ela não poderia ir.

Então, três semanas depois, Bill faleceu.

Apesar de ser uma coisa que tanto Annie como Alfonso esperavam, assim mesmo foi um choque. Foram ao enterro com muitas outras pessoas, pois Bill não era só querido, era também amado, e Anahi ficou perturbada ao ver gente que ela imaginava não possuir uma lágrima dentro do corpo dobrar-se e chorar quando o caixão baixou dentro da terra.

Durante todo o funeral Alfonso permaneceu calmo, mas quando ele e Annie voltaram ao apartamento, sua impassibilidade acabou-se. Não disse uma palavra, saiu e trancou-se no quarto de visitas avulso com uma garrafa de uísque e bebeu até cair.

Anahi não ficou nem revoltada nem surpresa. Sabia desde o começo que a morte de Bill não seria aceita com calma por Alfonso.

Ela deixou-o só, até às nove horas, depois fez café elevou para ele. Encontrou-o largado na cama, o cabelo em desordem, sem a gravata e o casaco amontoado em um canto.

Annie colocou a bandeja com o café na mesinha e puxou a cabeça dele para seu colo. Podia sentir o cheiro de uísque no hálito dele, mas não estava bêbado, e quando, com um murmúrio inarticulado, ele pressionou o rosto contra ela, ela gentilmente acariciou seus cabelos.

- Eu sei, meu amor. Sei como você se sente - sussurrou. - Dói muito perder alguém a quem se ama. É uma desolação... muito amarga. Eu sei, Poncho.

Ficaram assim um longo tempo e, depois, com um suspiro, ele afastou-se dela. Ficou deitado, olhando para a esposa, os olhos vermelhos da bebida.

- Vou ficar feliz da vida de ir embora daqui - disse com voz pastosa. - Não agüento esperar a hora de irmos.

Ela olhou espantada para ele. - Você... quer que eu também vá?

- É claro que você também vai! - a impaciência apareceu em seus olhos. - Será que pensou que eu a deixaria sozinha neste lugar danado? Não sou assim tão baixo.

- Sei. - Annie saiu pensativamente de cima da cama e ficou servindo o café. O dr. Forester havia dito que ela não poderia fazer grandes viagens... mas a necessidade que Alfonso tinha dela naquele momento falou mais alto que tudo. Pela primeira vez na vida ele precisava realmente dela.

Se ela contasse sobre o bebê, ele iria sozinho para a Inglaterra.

Mas ela não podia contar, porque os olhos dele estavam solitários... mais solitários do que ela imaginava que fosse possível. Ele queria que ela fosse também, e ela não podia recusar.

Alguns dias antes de embarcarem para a Inglaterra, Anahi foi ver o dr. Forester. Ela explicou sobre a viagem. Enfatizou o trauma de Alfonso pela morte de Bill Symans.

- Estará arriscando a vida de seu filho, sra. Rodriguez - ele avisou

- Oh, mas vamos de avião - seus olhos pediam para que ele entendesse. - Na verdade não é uma viagem assim tão longa. Com certeza... com certeza...

- Se aceitar meu conselho, fique em casa - falou com gravidade.

Mas ela sacudiu a cabeça. - Alfonso vem em primeiro lugar - disse.