Fanfic: UM ADORÁVEL TIRANO - AyA ( Adaptada) { FINALIZADA} | Tema: Anahi e Alfonso

Isso a estava deixando preocupada. Tinha se acostumado a não se sentir muito bem pela manhã, mas esse mal-estar geralmente desaparecia depois de mais ou menos uma hora. Mas hoje havia se sentido assim quase durante o dia todo, junto com uma sensação de fraqueza nas pernas.

Recostou-se no banco, esforçando-se por relaxar e esquecer o modo inábil de Alfonso dirigir.

- Você fala, Poncho, como se Ralph Brewster fosse o único grande ator capaz de fazer o papel de Tarquínio.

- Ele é um deles - Poncho resmungou. - Tem personalidade, presença e físico. Quando você consegue combinar essas três qualidades com experiência e talento, já tem sucesso garantido, acredite.

- Bem, - Annie replicou sorrindo - se é tudo isso que precisa, faça você mesmo o papel de Tarquínio. Faria o Tarquínio mais convincente do mundo. Faria balançar um milhão de corações de uma só vez!

Mas Alfonso não estava disposto a esse tipo de brincadeira. Não tinha ficado satisfeito por não ter conseguido convencer Brewster a aceitar o papel. Honestamente acreditava que, se Brewster fizesse o papel principal, o filme teria alguma chance de ser sucesso. Ele era conhecido nos Estados Unidos - meia batalha ganha - e possuía um atrevimento e uma atração que faltavam em muitos outros atores do mesmo nível. Tinha sido idéia dele, Alfonso, que Brewster fosse o astro de Lucrécia. De repente disse a Annie: - Quer saber de uma coisa? Quero ser mico de circo se desanimar agora! Estou com vontade de voltar mesmo para Stratford e tentar novamente!

- Hoje? - olhou para ele consternada. Estava se sentindo cansada, doente e preocupada. E o aviso do dr. Forester - que se fizesse a viagem para a Inglaterra podia muito bem perder o bebê - tinha estado em seu pensamento durante todo o dia. Ela estendeu a mão e segurou o braço de Alfonso. - Será que não podemos parar e dormir em algum lugar, e voltarmos amanhã? -pediu.

Ele olhou para ela, franzindo as sobrancelhas.

- Está cansada, não? - e ela já foi assentindo.

- Olhe - disse ele -, estamos perto de Thame. O que você acha se eu a instalar em uma pensão para passar a noite? Posso muito bem voltar sozinho, se você não estiver querendo ir.

- Mas com certeza isso não é necessário, Alfonso - ela protestou. - Com certeza você pode esperar até de manhã!

Mas Poncho estava obstinado.

- Gosto de fazer as coisas quando estou com disposição - disse. - Não aceito um "não" como resposta daquele sujeito! Vou voltar hoje mesmo. Você pode ficar em Thame ou ir comigo, como quiser.

E Annie, desesperadamente cansada das sacudidelas da viagem, sentindo que ficaria doente se tivesse que agüentar mais um pouco, resolveu deixar Alfonso encontrar uma pensão decente em Thame, onde ela passaria a noite.

Quando estava instalada, Poncho lhe disse: - Espere-me na hora do almoço amanhã - e riu. - Não vou esquecer que deixei você aqui!

- Está bem. - Ficou olhando para ele, sentindo-se muito desanimada. - Não vai me dar um beijo? - perguntou.

- Você quer? - Seus olhos a interrogaram e ela viu que, apesar de ele ter estado preocupado com o problema de Ralph Brewster, não havia se esquecido do súbito aparecimento de Robert em Stratford. Estava ainda um pouco desconfiado com aquilo, ela percebeu.

- Claro que quero - ela murmurou.

- Você geralmente não me pede...

- É que geralmente não preciso pedir -.ela retrucou.

Ele riu, então, e abraçou-a bem junto a si, sentindo os braços dela à volta do pescoço.

O poder e a força daquele beijo, trocado ali naquele quarto simples, cheirando a naftalina, deixou Annie atordoada. Ficou com a cabeça apoiada no ombro dele, sentindo seus braços a apertá-la.

- Você me beijou como se eu estivesse partindo para a guerra - ele murmurou, tentando falar alegremente, mas na verdade tão estonteado quanto ela.

- Eu sei, por que será? - Afastou-se e olhou para ele, uma estranha apreensão aparecendo em seus o.lhos. Ela queria dizer: “Não vá, Alfonso! Por favor, não me deixe!", mas segurou as palavras, com muita dificuldade.

- Você está bem, amor? - ele de repente perguntou, reparando na palidez e na quase exaustão dela. Não conseguia entender por que ela estava tão abatida. Não tinham exagerado em nada na viagem. Essas três semanas na Inglaterra tinham sido as mais sossegadas de todo o tempo em que estavam casados. - Não está se sentindo bem, Annie? - Tocou o rosto dela e sentiu como estava frio.

- Estou cansada, só isso - ela assegurou. - Você pode ir e fale com Brewster. Ligue todo o seu charme!

- Você tem certeza?

Ela fez que sim com a cabeça.

- Vá cedo para a cama, querida - insistiu ele; depois, devagar beliscou-lhe o rosto e saiu.