Fanfic: UM ADORÁVEL TIRANO - AyA ( Adaptada) { FINALIZADA} | Tema: Anahi e Alfonso

A pergunta a deixou sem fôlego, depois corou violentamente. Alfonso não tinha notado as alterações em sua silhueta, mas Robert, que não a via há algumas semanas, tinha percebido, e era típico dele comentar francamente o fato. Ele era sempre assim, falando entusiasticamente e como criança a primeira coisa que lhe vinha à cabeça.

Ele viu o rubor aparecendo e depois sumir vagarosamente, e franziu a testa. Lenta compreensão apareceu, no fundo dos seus olhos, crescendo e tornando-se certeza ao ver os lábios trêmulos na beirada do copo de suco de tomate.

- Vou adivinhar em um minuto - disse.

- Então vá e adivinhe - ela retrucou, rindo.

- Poncho, ao que parece, tem muita sorte - o riso de Robert continha ironia. - Ele está feliz com a perspectiva de ser pai?

- Ele ainda não sabe.

- Guardando a novidade para o aniversário dele? - Robert pareceu espantado.

Annie abaixou a vista, mas a mão de Robert depressa levantou-lhe o queixo, erguendo seu rosto. - O que há, menina? As coisas não estão indo bem?

Mas em vez de responder ela fez uma pergunta: - Você conhecia Inez Holden, Robert?

Ele fez que sim e soltou seu queixo. - Sim, eu conhecia Inez Holden. Por quê?

Ela virava nervosa o copo de aperitivo nas mãos - Eu... eu às vezes me pergunto se Alfonso ainda pensa nela.

- Você acha que ele possa ter um peso na consciência? - O rosto de Robert subitamente endureceu. - Devia mesmo ter.

- Conte para mim, Robert. -Annie estendeu a mão para o braço dele. - Eu preciso saber exatamente o que Alfonso fez àquela moça, para ela ter feito uma coisa... tão terrível.

- Você quer dizer... cometer suicídio?

Annie concordou, os olhos na face dele.

Então, abruptamente, ele deixou de lado a caneca de cerveja e ficou de pé. Começou a andar de um lado para o outro. - Eu não perco meu tempo com Alfonso Herrera, - disse - mas eu lhe quero muito, Annie. - Parou em frente a ela. - Quero tanto, que vou dizer uma coisa que eu não diria há três anos, quando foi dado o veredicto de suicídio. - Olhou firme para ela, os olhos fuzilando. - Inez não cometeu suicídio.

- Como é que você sabe? - Annie o encarou.

- Eu estava com ela quando aquilo aconteceu.

Ele se esticou e tirou a cigarreira do bolso. Estendeu-a para Anahi, mas ela moveu a cabeça, olhando enquanto ele acendia um cigarro, notando o tremor nas mãos.

- Inez e eu éramos amigos, mesmo antes dela conhecer Alfonso - falou sem paixão. - Eu não estava apaixonado, mas gostava muito dela. Aí ela conheceu Alfonso numa festa e logo depois ficaram noivos. Do jeito que eu soube, ele queria casar logo, mas ela queria primeiro ficar famosa no cinema. - Robert sacudiu os ombros e inspirou profundamente a fumaça. - O problema é que ela não sabia representar, mas era muito bonita. Quando olhava para ela, a gente pensava em lagos com lírios, em canteiros floridos e um claro luar, e eu imagino que na ocasião Alfonso estava bem apaixonado por ela, pois conseguiu que Karl Christbel a contratasse. Conseguiu até colocá-la no elenco de um filme que ele estava dirigindo na época. Chamava-se Venha ternamente, minha querida, mas no instante em que Inez começou a trabalhar no filme, as coisas começaram a se complicar. Ela era como um feitiço colocado no filme. Janie Streeter, que fazia o principal papel feminino, pegou uma virose e teve que ser substituída. Uma lata inteira de filme já rodado pegou fogo, junto com uma sala de projeção e uma quantidade de cenários caros, e foi só a influência de Alfonso junto a Christbel que impediu que Inez fosse imediatamente posta na rua. K. C. é muito supersticioso e meteu na cabeça que Inez estava azarando o filme e começou a odiá-la. E, provavelmente por saber que estava mal com K. C., a atuação de Inez começou a ir de mal a pior. Depois disso, Casey Anderson, que fazia o papel masculino principal, entrou em greve. Disse ao K. C. que, se Inez não saísse, ele é que sairia. Não porque fosse contra a má atuação de Inez, mas porque ela não gostava dele e da sua tendência de agarrá-la pelos cantos escuros, e ela tinha sido clara, falando diante de todo o elenco sua opinião. Mas Casey, como Alfonso bem sabia, tinha que ser levado em consideração. Um filme com seu nome era sucesso garantido e Alfonso nunca fora um sujeito levado pelos sentimentos.

Robert sorriu levemente enquanto estudava a fisionomia atenta de Annie. Ele tinha ouvido comentários de que ela se parecia com Inez, ele achava que talvez se parecesse um pouco. Mas onde a boca de Inez expressava petulância e impaciência, a de Anahi era sempre uma curva gentil e brilhante, eminentemente beijável. Suspirou ao recomeçar a história.

- Então Alfonso disse a Inez que ela nunca seria nada além de uma bela peça de decoração. Disse que a única coisa que ela faria bem era ter seu perfil em uma moeda. Disse-lhe que Casey ficava e ela saía. Só Deus sabe por que é que ele usou termos tão brutais, mas ele é do tipo que não tem paciência com a mediocridade, e acho que estava chateado com o modo de Inez pôr a perder cena após cena do filme com sua má atuação. Disse a ela que não teria aturado nem cinco minutos daquilo se ela não fosse sua noiva. Destruiu-a de uma vez.

Robert acendeu outro cigarro, o polegar impaciente no isqueiro.

- Ouvi tudo sobre a briga da boca da própria Inez, mais tarde, no mesmo dia, quando nos encontramos em um barzinho na cidade. Ela estava se sentindo deprimida e bebendo demais. Não tentei detê-la, pois estava precisando beber. Eu às vezes já me senti assim. Quando a vida agarra a gente pelo pescoço, o único jeito de escapar é beber até se enxergar fogos de artifício ou desaparecer na escuridão completa. Com Inez eram os foguetes. Quando saímos do bar, ela estava como uma tocha acesa, sem ligar a mínima importância para nada e ninguém. Fomos dançar, andamos pejo parque numa charrete. Talvez naquela noite eu tenha chegado perto de pensar que a amava, não sei. - Robert ergueu os ombros e jogou a cinza do cigarro. – De qualquer modo, quando ela sugeriu que eu subisse com ela ao seu apartamento, eu fui.

Sorriu cinicamente para Anahi. - Ela era linda. Era também a garota de Alfonso Herrera. Eu não gostava dele, você vê. Nunca tinha gostado. Talvez porque tudo viesse fácil para ele, talvez porque ele nunca tivesse precisado lutar para alcançar o cume, como eu tive que fazer. Acho que também odiava o modo como ele ia pela vida, pisando nos outros sem que ligassem ou sem que ele mesmo ligasse.

Bem, isso continuou por uma semana ou mais, Inez e eu aproveitando o máximo, e de repente ela caiu em si. Uma noite, tínhamos ido a um cinema, e quando saímos Inez disse muito seriamente que iria ver Alfonso. Ia pedir-lhe que a aceitasse novamente. A vida era um inferno sem ele, ela disse. Então eu a levei até o apartamento dele e esperei. De algum modo eu sabia que ela ia procurar água num poço seco, que o enorme orgulho de Alfonso Herrera não iria tolerar nenhum deslize na moça que fosse se casar com ele. E eu estava certo.

Robert encarou firme dentro dos olhos azuis de Anahi. Brasas rolaram faiscando dentro da lareira e o ruído distante de vozes masculina conversando no bar da pensão chegava até eles.

- Inez estava chorando quando saiu correndo do Palácio de Cristal. Eu estava do lado oposto da rua, sentado no meu carro. Vi exatamente o que aconteceu. Ela desceu da calçada para vir para mim, e caiu direto embaixo das rodas de um caminhão. No inquérito, Alfonso admitiu abertamente que tinha expulsado Inez do apartamento. O motorista do caminhão disse que ela havia andado diretamente para baixo de suas rodas, e eu não estava interessado em desmentir. Concordei com ele.

 E eles acharam que foi suicídio - Annie disse vagarosamente, Robert concordou.

- Por que você fez isso com ele, Robert? Por quê?

Vou postar até a parte para você ver , Jl , amore. *_*