Fanfic: UM ADORÁVEL TIRANO - AyA ( Adaptada) { FINALIZADA} | Tema: Anahi e Alfonso

Ao atravessarem o salão de entrada do Palácio de Cristal, na tarde daquele sábado, quando voltavam para casa, Poncho disse casualmente: - Onde vamos jantar? Você tem preferência por algum lugar?

Ela olhou para ele meio embaraçada. - Vou até a casa dos Ponces, Escrevi para Mimi que iria lá assim que chegasse a Hollywood. Provavelmente vou jantar com eles.

- Carlos Ponce é aquele médico seu amigo, não é?

- É - ela concordou. - Ele e Mimi são ótimos. Fiquei amiga deles quando trabalhava no Anita Hill. Têm as três crianças mais alegres que eu já conheci. Rollo, o menor, tem o cabelo que parece ouro branco.

- Deve ser lindo. - Seus olhos pousaram nos cabelos claros de Annie. Os anéis macios brilhavam à volta de sua cabeça. Ficou ao lado dela no elevador, louco de vontade de tocar aqueles anéis, mas se controlando. Ela não era mais dele para que a tocasse, apesar de estar agora junto dele, no elevador que os levava para o apartamento que antes haviam partilhado com tanta intimidade.

Seus lábios se endureceram. Ela estava ali apenas porque ele precisava de uma enfermeira, alguém para arrumar sua gravata, amarrar seus sapatos, cortar seu bife, mas logo ele daria um jeito de aprender a fazer tudo isso sozinho e ela poderia ir embora. Logo que ele estivesse acostumado, ela iria dizer adeus.

O elevador parou e eles desceram. Enquanto Poncho destrancava a porta do apartamento, Annie - era um velho hábito - ficou olhando, pela janela do corredor, para as ruas lá embaixo, as luzes que começavam a brilhar nos outros edifícios, e Poncho ficou olhando para ela por um momento. Depois chamou-a: - Vamos sonhadora, ou chegará tarde à casa dos seus amigos.

Ao se virar para ele, captou algo de melancólico em seu sorriso.

- Você gostaria... de vir comigo? - perguntou.

- Não! - Ele sacudiu a cabeça. - Nunca na vida! Não vou estragar sua noite, por nada deste mundo. Você já perdeu bastante tempo me mimando, nestas últimas semanas. Vá e divirta-se.

Colocou a mala para dentro e acendeu a luz; ao ver Annie carregando a sua, seu sorriso sumiu e a irritação apareceu em seu rosto.

- Droga, Annie, não gosto de ver você carregando isso!

- Ora! - Ela riu. - Não seja bobo, não sou tão fraca, mesmo que pareça. - Pôs a mala no chão e chegou perto dele. Tocou de leve em seu braço. - Poncho.. você... você não gostaria de ir à casa dos Ponces comigo? - Sabia que era tola por perguntar. Ele iria apenas rir com desprezo de sua sugestão, mas, assim mesmo, sentira necessidade de convidá-lo. A idéia de que ele teria que sair e ir jantar sozinho em um restaurante, onde as pessoas iriam ficar olhando e oferecendo as condolências que ele detestava, fizeram com que ela tivesse pena e lhe deram a coragem de perguntar.

Ele não disse nada, só ficou olhando para ela. Ela se encolheu um pouco, confundida pelo seu silêncio.

- Eles são formidáveis. Achei... achei que você gostaria de ir.

- E eu gostaria mesmo de ir - disse ele finalmente. Seu sorriso era alegre. - Foi muito bom você me convidar, Annie.

- Ah, que bom! - Ela riu, respirando aliviada. - Eles não vão ligar, gostam de companhia. E eu imaginei que você não gostaria de jantar sozinho.

O rosto de Alfonso assumiu uma expressão sardônica.

- Pode crer, eu não estava gostando da idéia de ter que pedir ao garçom para cortar a carne para mim.

O coração dela sofreu um aperto, com essas palavras, mas também replicou brincando:

- Você também poderia agarrar a carne com a mão e sentar-lhe os dentes como um homem das cavernas, Poncho. Vou ficar no outro quarto, está bem?

- Naturalmente. - Sorriu levemente. - Você é boa demais em me ajudar assim, Annie, mas não posso deixar de me preocupar com o seu trabalho. Você estava querendo voltar para ele, lembra?

- Bem, posso arranjar outro emprego; há sempre necessidade de enfermeiras.

- Até mesmo maridos incapacitados precisam de enfermeiras, parece - resmungou.

- Certo! - Ela acabou rindo. - Vou me arrumar um pouco antes de sairmos. Não se esqueça de me chamar, se precisar de alguma coisa. É para isso que estou aqui, está bem Poncho?

- Juro! - prometeu ele. Mas quando ela desapareceu pela porta do quarto, seu sorriso se apagou, surgindo em seu lugar um ar de desânimo. Jogou o casaco em cima de uma poltrona e foi até o bar, servindo-se de uma dose de uísque puro. Bebeu de um só gole e se encolheu com o ardor na garganta.

Que diabos! Por que tinha aceitado ir com ela para a casa dos Ponces? Não era porque não gostava da idéia de comer sozinho ou de fazer algum fiasco em público, mas porque queria ficar perto de Anahi. Esta era a pura verdade, e ele sabia disso. Estava louco por ela! Podia sentir o coração batendo forte. Não imaginava que pudesse sentir uma emoção tão forte, que o agarrava pelo pescoço, e quase o obrigava achegar até ela e pedir perdão por não tê-la amado há muito, muito tempo.

Ele a queria, agora ele a queria, mas só a piedade dela não era suficiente. Queria amor. O amor doce e suave que ele mesmo tinha feito em pedaços por falar demais.

Relanceou o olhar para sua manga vazia e um sorriso irônico apareceu em seus lábios. Não o braço, mas a perda do amor de Annie é que fora a brincadeira do destino.

Suspirou tristemente. Sem dúvida, ele tinha merecido isso tudo!