Fanfic: O fantasma da Outra AYA finalizada | Tema: anahi e alfonso

CAPITULO V

Nos dias seguintes, Anahí notou que o cirurgião se tornava mais e mais intolerante. Qualquer motivo era suficiente para mostrar que não gostava dela. Sua aversão era tão evidente, que logo todo mundo (inclusive os pacientes) percebeu.

Um dia, Anahí voltava com Maite para o hospital, depois de uma tarde inteira de compras, quando teve o maior choque de sua vida. O ônibus não estava muito cheio e a conversa de duas mulheres, sentadas no banco da frente, chegava claramente até elas. No início, a conversa estava até bem divertida.

De repente, Anahí prestou mais atenção, ao escutar o nome do hospital ser mencionado. A filha de uma das mulheres estava internada lá para ser operada. Sentiu o sangue gelar quando uma delas disse:

— O hospital contratou um novo cirurgião. Dizem que ele é ótimo, só que parece que não vai ficar.

— Por quê?

— Dizem que não gosta da enfermeira-chefe encarregada da sala cirúrgica. Parece que ela é muito jovem e um bocado leviana.

Maite e Anahí entreolharam-se, em silêncio, enquanto a mulher continuava:

— É uma vergonha!

— Mas não podem mudar essa fulana de setor e substituí-la por outra mais velha? Afinal de contas, o cirurgião é muito mais importante!

As duas desembarcaram no ponto seguinte e Maite colocou a mão no ombro de Anahí.

— Não ligue para elas, Annie. Não sabem o que estão falando. Tenho certeza de que ouviram apenas um boato sobre o assunto e estão exagerando tudo.

Anahí desceu do ônibus em silêncio. Nunca tinha se sentido tão humilhada na vida. Só de pensar que até pessoas fora do hospital sabiam o que Alfonso Herrera achava dela! Teve vontade de sumir e nunca mais encarar ninguém de frente. Maite pegou o braço dela e olhou, com preocupação, a expressão rígida de seu rosto.

— Isso não quer dizer nada, Annie — tentou consolar. — Foi muito azar nos sentarmos justamente atrás daquelas duas fofoqueiras. As pessoas falam muito, mas isso não quer dizer nada. Daqui a algumas semanas, toda essa história vai estar esquecida. Não deixe que isso atrapalhe você, por favor. Vamos lá, anime-se. Não se esqueça de que vai sair com Derrick esta noite.

Annie tentou responder, mas a voz não saiu.

— Já sei, vamos tomar chá no meu quarto, em vez de descermos até o refeitório — disse Susan, sabendo como a amiga estava envergonhada.

Só depois de Susan ter trazido o chá, é que Anahí desabafou.

— Mai, oh Mai, tudo isso é tão injusto — murmurou, cobrindo o rosto com as mãos. — É horrível saber que todos estão falando de mim desse modo. Mai, não posso continuar trabalhando aqui. Acho que terei que ir embora.

— Annie, não fale assim. O único jeito é tentar esquecer.

Anahí levantou o rosto, e em seus olhos havia tristeza e dor.

— Mas,Mai, como posso esquecer? No fundo, é verdade o que estão comentando por aí. Se não fosse por mim, ele ia ficar trabalhando aqui.

— Mas, Annie, antes da chegada dele, a ala cirúrgica sempre funcionou perfeitamente. Se quer ir embora, deixe-o ir. Derrick e os outros médicos gostam do modo como você dirige tudo. Então, para que se aborrecer?

— Não adianta, Mai. Vou mandar meu pedido de demissão.

— Escute, Annie, o que é que vai adiantar você tomar essa atitude? Alfonso Herrera já se demitiu e o dr. Christian deve estar procurando um novo cirurgião para substituí-lo.

— Mesmo que entre um novo médico em seu lugar, as pessoas continuarão a falar que Alfonso se demitiu por minha causa.

— Que tal discutir esse assunto com Derrick, hoje à noite? — Maite disse, com um suspiro. — Ele pode sugerir algo, ou talvez até conversar pessoalmente com Alfonso. Alguém tem que tentar.

Anahí balançou a cabeça, com determinação.

— Não permitirei que Derrick fale com ele, de jeito algum. De qualquer modo, uma simples conversa não vai resolver nada.

Anahí não tinha intenção nenhuma de contar a Derrick nada do que estava acontecendo. Gostaria até de cancelar o programa daquela noite. Não adiantava telefonar para o apartamento de Derrick, pois ele estava em Londres e viria direto para o hospital.

Ao se encontrarem, ele logo percebeu que algo a aborrecia, apesar do esforço que fazia para tentar esconder. Deram um passeio pelo campo e pararam num restaurante rústico, para jantar. No caminho de volta, Derrick parou o carro num mirante, de onde se podia avistar um vale profundo, entrecortado por um riacho de águas límpidas. Segurou o queixo de Anahí e olhou-a fixamente nos olhos.

— Qual é o problema? Você está parecendo outra pessoa, esta noite.