Fanfic: O fantasma da Outra AYA finalizada | Tema: anahi e alfonso

— Com certeza, ela não tem a mínima idéia de que você…

— Isso é outra coisa que me intriga. Acho que ela sabe.

Maite esvaziou a xícara.

— Não consigo entender como vocês não vivem brigando.

— Isso não iria ajudar Alfonso em nada, não acha?

— É, não acredito que fosse bom para ele.

Na manhã seguinte, Annie estava bem desperta e alerta, mesmo antes que a enfermeira do turno da noite batesse a sua porta. Calmamente, tomou banho e se vestiu; depois, foi ao quarto de Maite. Ao ver Anahí vestida, a amiga ficou espantada:

— Mas o que há de errado com você?

— Nada, não se assuste. É apenas o último dia de Alfonso, e… Bem, achei que seria melhor fazer com que fosse um dia bom, fazer todas as coisas tranqüilamente, sem correrias. Você me entende?

Maite olhou para ela, em silêncio, por um instante.

— Sim, eu entendo. Não espere por mim. Vejo você mais tarde.

A preparação da sala para as operações do dia transcorreu perfeitamente, como sempre. Annie não se permitiu ficar nervosa ou com medo, em atenção a Alfonso. Ele precisava estar cercado de pessoas calmas e confiantes; a atmosfera devia ser carregada de ânimo, e não de fluidos negativos.

Poncho chegou ao hospital às nove e vinte, parecendo pálido, mas decidido. Annie o cumprimentou com tranqüilidade. Alfonso voltou-se para ela, rapidamente, como se esperasse um comportamento diferente ou alguma atenção especial da parte dela. Não notando nada, pareceu aliviado.

— Tudo em ordem, enfermeira?

— Sim, tudo bem, como sempre. — Olhou para ele, tentando transmitir calma. — Não há nada especial entre os casos de hoje, apenas rotina, não é?

— Correto, enfermeira.

O que havia de diferente nela essa manhã? Parecia possuir forças renovadas e total confiança.

— Você encontrará todas as fichas dos pacientes em ordem, sobre a mesa, e as chapas de raio-X ao lado.

— Obrigado.

Enquanto se retirava, Alfonso a observou e esboçou um sorriso. Estava certa: não havia nada de especial nas operações do dia. Ele já as tinha realizado com grande perícia muitas vezes antes. Eram operações de rotina, principalmente com uma enfermeira-chefe igual a ela…

Poncho tirou o casaco, arregaçou as mangas da camisa, calçou as botas de borracha, especialmente reservadas para ele, e entrou na sala de operação. Esta manhã, como nunca antes, estava ciente de sua obrigação. Pensou nas pessoas que confiavam e dependiam dele, e sentiu uma grande responsabilidade.

Não podia desapontá-los. Apesar de tudo, era apenas mais uma operação. Só para o paciente e para as pessoas que o amavam, este era um dia diferente dos outros.

Poncho lavou as mãos e as enxugou numa toalha esterilizada, antes de colocar a máscara. Ao se dirigir para o centro da sala, parou por um instante.

A sala de operação estava pronta: Christopher, como de costume, estava na cabeceira do paciente; a Dra. Dulce se encontrava do outro lado da mesa; o paciente, completamente anestesiado; uma enfermeira, junto dos instrumentos e… a enfermeira-chefe. A enfermeira-chefe da cirurgia, fria, eficiente e impessoal.

Impessoal

Avançou para a mesa e olhou para Ucker.

— Anestesia, Dr. Uckermann?

— Satisfatória, Dr. Rodriguez.

— Ótimo. Bisturi, enfermeira.

— Bisturi, doutor.

Com orgulho e emoção, Annie observou a firmeza da mão de Alfonso. Cada movimento estava sendo feito com perícia e confiança, sem pressa exagerada nem lentidão, apenas com calma e certeza. Na manhã de sua chegada, quando assistiu a outra cirurgia renal, ele também demonstrou perícia e calma. Mas hoje, havia algo de diferente: uma concentração natural e uma habilidade espantosa. Parecia estar inteiramente desligado de tudo, a não ser do homem cuja vida estava em suas mãos.

Nesse instante, o telefone tocou. A enfermeira que foi atender voltou e murmurou o recado para Anahí.

— Alguma coisa para mim, enfermeira? — Poncho perguntou, sem desviar os olhos do que estava fazendo.

Annie hesitou por alguns segundos.

— É um chamado de Londres. A telefonista completará a ligação, tão logo o senhor ordene.

— Bem… Pinça, enfermeira.

— Pinça, doutor.