Fanfic: Paixão do Outro Mundo *Adaptada AyA* (Cancelada) | Tema: Ponny

Quando despertou, Anahí não encontrou a arma. Deitada de lado, pôs-se a procurar o revólver freneticamente.

Ouviu a voz de Alfonso atrás de si:

— Eu peguei o revólver. Tive medo que você se ferisse enquanto dormia.

Anahí virou-se de forma abrupta, para deparar com ele sentado no chão, perto da cama. Recostava-se à parede, com os cotovelos apoiados nos joelhos. Continuava sem camisa e, no exíguo espaço do sótão, parecia ainda mais ameaçador. A arma estava em sua mão.

Ela olhou-o, confusa e amedrontada. As cenas do dia anterior vieram-lhe à mente.

— Por que está tão assustada? — Alfonso mostrava-se surpreso. — Eu trouxe você sã e salva até aqui. Por que acha que, depois de tudo isso, eu iria machucá-la?

Anahí não soube o que responder. Na verdade, não compreendia os homens.

Alfonso estendeu-lhe a arma.

— Tome. Fique com ela, se isso a faz se sentir mais segura.

Sem vacilar, Anahí pegou o revólver e apertou-o entre os dedos.

— Você já o usou alguma vez? — Alfonso perguntou, passado algum tempo.

— Não — ela admitiu, contrariada. Queria dizer que era uma exímia atiradora, mas havia uma centelha invisível no olhar de Alfonso que desencorajava mentiras.

— Então, por que tem um revólver?

— Não sei… — O tom dela era sombrio. — Para tudo há sempre uma primeira vez.

Ele não falou mais nada. Simplesmente encarou-a com aqueles olhos verdes, calmos e hipnóticos, que evocavam as profundezas do oceano.

— E as dores?

— Passaram como que por milagre.

Anahí sentia-se perfeitamente normal, salvo por uma espécie de letargia. Lembrou-se da repentina sonolência que se apoderara dela na véspera e, num átimo, ficou na defensiva.

— Eu tive um sono anormalmente pesado. O caldo… O que você colocou nele?

— Nada de especial. Você dormiu tanto porque estava esgotada.

— Que horas são?

— Onze.

— Onze? Eu nunca fico na cama até essa hora. — Anahí endireitou-se, ignorando uma alfinetada de dor nos quadris. Aguçou os ouvidos e lançou um olhar inquisitivo para Alfonso. — A tempestade já passou?

— Quase. Está garoando lá fora.

Ela devia ter sabido no instante em que acordara. Mas seu corpo não estava tão sensitivo como de costume. Sentia-se entorpecida, a despeito da perturbadora presença de Alfonso.