Fanfic: Quando Meus Olhos Se Fecharem | Tema: Rebelde

19 de março de 1945

Nunca me esquecerei do dia em que fiz oito anos, acho que foi um dos meus aniversários mais especiais de todo o universo.

Naquela época minha família era muito, muito pobre, mal tínhamos dinheiro para comer, mas meu pai e minha mãe sempre davam duro e arranjavam alguma maneira de por comida na nossa mesa e pagar as despesas do mês.

Nessa minha festa só tinha, meu pai, minha mãe e mais uma amiga minha da escola, mais ninguém. Não que eu não tivesse amigos para convidar, simplesmente meu pai não podia bancar festa para muitas pessoas. Era triste a realidade, mas eu a aceitava com naturalidade. Pois para mim o que me importava mais era o amor de meus pais.

Eu tinha um sonho, e esse sonho era ganhar a Boneca Baguncinha, uma boneca que sempre aparecia na televisão e que era linda, pelo menos para mim era linda. Hoje se para pensar, eu acho que só sonhava com a boneca, porque nunca poderia tê-la, porque ela realmente não tinha nada de demais.

E naquele ano, não sei como, meu pai me deu a boneca de meus sonhos. Foi tudo tão incrível, que na hora que abri a caixa de presente, e vi que era a baguncinha, lágrimas de felicidades rolaram pelos meus olhos. Fiquei alguns minutos boquiaberta e depois saí correndo para dar um abraço super apertado no meu pai e na minha mãe.

E até hoje nunca me esqueço dessa conversa que tivemos.

-muito obrigada, papai! Não sei como te agradecer! Hoje você me tornou a menina mais feliz do universo! Mas não precisa, eu sei que vai faltar dinheiro para o fim do mês. – apesar de pequena, já era consciente das coisas.

-minha filha, a maior felicidade que um pai pode ter é ver sua filha sorrir, como você sorriste hoje. Não há tesouro maior que isso. Lembre-se sempre disso, dinheiro a gente conquista, casa, comida, a gente se aperta, mas sobrevive com que temos, mas o amor das pessoas próximas a nós, é isso o que realmente vale.

-Você é o melhor papai do mundo! Eu sempre vou te amar! E a partir de hoje, prometo comer bem pouquinho e não gastar nada além do essencial, além de tomar banho de água fria todos os dias.

-não precisa disso, minha pequena! Eu e sua mãe, daremos um jeito nisso! Não se preocupe! Vá brincar com sua amiga e festejar seus oito aninhos. – Ele me abraçou mais uma vez bem apertado, enxugou minhas lágrimas e eu saí feliz da vida a brincar com minha amiguinha.

Meu pai realmente foi alguém muito especial, e até hoje guardo a baguncinha com amor e carinho. Ela não é meu sonho hoje em dia, mas ela sempre me faz manter o foco no que é importante, e no que realmente vale a pena: as pessoas que amamos. E o sacrifício de meu pai, nunca, nunca será esquecido por mim.