Fanfics Brasil - 10 Papai cowboy - vondy - adaptada - TERMINADA

Fanfic: Papai cowboy - vondy - adaptada - TERMINADA | Tema: Rebelde


Capítulo: 10

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CAPITULO IX


 


Diário de bordo de Christopher Uckerman, dia vinte e um. — Christopher curvou-se sobre a mesa da cozinha, entregando a Angel a pequena tigela cheia de leite e sucrilhos. — Hoje, minha guarda pessoal diz que vai me levar para sair, mas se recusa a dizer para onde. Se eu não voltar, Angel, quero que fique com o meu chapéu.


   Muito engraçado... — Dulce debruçou-se sobre o balcão, aspirando o rico aroma de café fresco antes de sorver um pequeno gole da xícara.


Angel bateu palmas, os olhinhos fixos em Christopher. Apon­tando um gordo dedinho para ele, sorriu.


Sou o papai, Angel.


Agora, tomem o desjejum, os dois. — Dulce olhava, embevecida, para a filha. — Tenho grandes planos para o dia de hoje.


Christopher recostou-se à cadeira. Estava no rancho havia três semanas. Pareciam ser três anos. Mas, a se julgar pelos progressos que alcançara junto da esposa e da filha e sua reabilitação, bem que se poderia dizer serem três dias.


Depois daquele breve e lascivo momento de paixão, Dulce voltara a se portar como empresária. Apesar de Christopher sentir o velho fogo arder cada vez que ela o auxi­liava com os exercícios de fisioterapia, Dulce sempre se mantinha fria e controlada. Ao menos, tinha o conforto de saber que sua mulher não se apiedava tanto da si­tuação em que se encontrava.


Provara isso com suas bravas e incisivas atitudes em relação a sua fisioterapia, e também com suas criativas ideias e esforços para gerenciar sua carreira.


Christopher pensou nos compromissos que Dulce lhe provi­denciara. Apreciava o trabalho, mas os novos contratos nem de longe chegavam aos números que ele traria depois do encontro com Diablo, o Matador, no Novo México.


Lógico que ela não enxergava as coisas dessa maneira, pois pressionava, tentando encontrar outros caminhos para promovê-lo, caso sua última apresentação não viesse a ocorrer.


Mas aconteceria, sim. Os especialistas tinham confian­ça nisso. E, mais importante, Christopher sabia que assim o seria. Tinha de ser, tanto pelo bem de Dulce e Angel quanto dele mesmo. Por essa razão, não arriscara pôr em dúvida os arranjos para a ocasião, nem a incrível propaganda e os patrocínios que a apresentação traria.


Sentiu uma ponta de culpa por lidar, sem o conhe­cimento de Dulce, com seu sócio, Dérick James. Mas o dinheiro que Christopher precisava fazer nas próximas se­manas requeria a presença de alguém enérgico e de muita iniciativa.


Enrolou as mangas da camisa até os cotovelos, lem-brando-se das conversas telefónicas em voz baixa que tivera com James na linha privada que servia o quarto em que estava hospedado.


Isso era uma mostra da nova opinião que Fernando e Blanca formavam dele. Não só tinham permitido que se insta­lasse no rancho durante a convalescença, como também mandaram instalar uma segunda linha e providenciado uma secretária eletrônica e fax, de modo que Christopher po­deria continuar a conduzir seus negócios.


"Nunca subestime o poder de alguns campeonatos ganhos e o comum interesse em mimar uma certa criança para reunir uma família."


Sua relação com os sogros progredira bastante, porém, era Dulce que não lhe saía da cabeça.


Se ao menos conseguisse que ela falasse em que fase de que relacionamento eles se encontravam, já ajudaria muito. Mesmo se ainda quisesse o divórcio, Christopher saberia por onde estava caminhando. Mas Dulce era rápida em erguer suas defesas e esperta demais para permitir ver o que tinha nas mãos até que estivesse pronta. Sem dú­vida nenhuma, não era nem a sombra da garota com quem se casara. Admirava tal mudança em sua mulher, apesar da frustração que isso lhe impunha.


   Sua mamãe me trata mais como filho do que como seu pai, Angel — brincou, rindo para o rostinho man­chado de leite e cereal.


Angel apontou mais uma vez para ele o dedo rechon­chudo, rindo.


O garfo de Christopher arranhou o prato, enquanto o trazia para a frente e para trás na tentativa de romper a gema de seu ovo frito.


Não sei por que ela não diz, Dulce. Por que não me chama de papai, uma vez que seja?


Ela vai chamar, Christopher, dê-lhe algum tempo.


Isso é tudo o que não tenho.


Por quê? — Dulce tomou outro gole de café, er­guendo uma sobrancelha. — Vai a algum lugar?


Christopher cruzou os braços sobre a beirada da mesa, fa­lando com precisão e num intenso tom pessoal:


   Você acha que não vou a lugar algum? O olhar de Dulce se desviou.


Porque, se em meio aos grandes planos que fez para mim, enquanto eu estiver aqui, incluiu minha não ida a algum lugar, querida, eu gostaria de saber.


Nunca... quero dizer, eu não... — Dulce pousou a xícara sobre o balcão com um gesto decidido, cruzou os braços também, suspirou e o encarou, firme.


Angel a imitou, abandonando a tigela e dando um sopro com sua boca rosada. Tal mãe, tal filha.


Dulce jogou os cabelos para trás.


   Vamos lidar com as coisas conforme elas aparecerem, Christopher. Você sabe o que meu pai sempre diz: "Não procure problemas".


Angel balançou a cabecinha, fazendo tremer um ou dois cachinhos loiros.


Sabe, Angel, mamãe quer dizer: "Não se case com problemas" — Christopher corrigiu, tentando provocar algum sorriso na filha.


Oh, sim, papai acha que você é um monte de pro­blemas. — A risada de Dulce era genuína. — Mamãe, também. Christopher, desde que você chegou, eles o têm tratado como o rei dos caubóis.


Christopher deslizou um dedo pelo rosto macio da menina.


   Acho que isso faz de você uma princesa, Angel. E, já que sua mãe não me deixa comprar um pónei para a minha garotinha, talvez permita que lhe dê um lindo e cor-de-rosa chapéu de cowgirl. Quem sabe um daqueles trabalhados, como as rainhas dos rodeios usam? — Levou a mão à cabeça para melhor ilustrar o que dizia.


Angel também ergueu ambas as mãos.


Eu, chapéu. Meu.


Oh, por favor, não comece a inventar histórias, Christopher. — Mais uma risada cortou o ar.


Não vejo por que não. — Tocou o nariz da menina. — Toda garota deve ser a princesinha do papai. Tenho certeza de que você era.


Sim, é verdade. — Dulce suspirou.


E ainda é.


Vamos parar por aqui, Christopher, sei bem aonde isso vai dar.


Sabe?


Não sou mais uma criança mimada, caubói. E Angel também não é. — Dirigiu-se para o cadeirão, tomando a filha nos braços. — Não precisamos da proteçao e condução de nenhum guia ou senhor, por mais benevolente que seja. Não sou como sua antiga amante nem como sua mãe. Tenho meus próprios va­lores e julgamentos, e não vou fazer nenhuma boba­gem, por mais que você, ou meu pai, digam ou pensem o contrário.


Christopher não duvidou disso nem por um momento, mas, antes que pudesse falar, Dulce continuou:


   Não vou criar minha filha com esse tipo de mentalidade. — E, abraçando Angel de encontro ao peito, ergueu-lhe o queixinho com um dedo. — Quero que ela saiba que somos capazes de cuidar de nós mesmas.


Angel manteve o queixo erguido.


Christopher pensava naquele momento onde ficava ele em meio às duas mulheres, e parecia que tinha a resposta. Seu lugar era fora do círculo da família.


Agora, se puder terminar seu desjejum, temos um compromisso. — Dulce deu-lhe as costas.


Sim, madame — resmungou sarcástico, olhando os ovos frios em seu prato, intocados.


Christopher virou a cabeça, vendo Angel de braços estendidos para ele, por cima do ombro de Dulce. Afastou a cadeira.


Acho que ela quer ficar comigo.


Angel só está sendo carinhosa.


Bebé quer "engaçado".


   Soa claro para mim. Deixe-a ficar. Dulce hesitou.


Farei com que ela mesma termine seu leite sem brincadeiras, prometo. — Christopher sorriu para a filha, de bracinhos estendidos em sua direção.


Está bem. — E voltando, Dulce colocou a criança no cadeirão, sem nem um olhar para Christopher. — Volto em meia hora, e quero os dois limpos e alimentados para que possamos sair.


   Você é quem manda. — Ergueu as mãos num sincero gesto de submissão.


O movimento de Christopher fez com que Dulce lhe dirigisse um olhar. Algo estava diferente, e era como se o perce­besse e visse pela primeira vez. Prendeu os cabelos atrás das orelhas.


Muito bem, voltarei logo.


Ficaremos bem, Dulce.


Observou-o por mais alguns instantes, os lábios quase desenhando um meio-sorriso antes de se virar e sair da cozinha.


   É só minha imaginação ou eu marquei alguns pontos com ela? — Estendeu ao bebé um pouco de cereal.


Angel recebeu-o na boca e riu, feliz.


Bom, ao menos sei que fiz algum progresso com você, coisinha linda. — Passou a mão pelos cachinhos da filha. — Agora, temos de trabalhar em sua mamãe...


Dulce, querida, por acaso você perdeu seu senso de humor?


O vento levara uma mecha à face de Dulce, como um véu vermelho-aloirado, mas não encobria a vista da sur­presa estampada na expressão de Christopher. Afastou-a de seus olhos com um ligeiro e gracioso sopro. Era isso, disse para si mesma. Aquele momento cristalizaria a re­lação profissional entre eles, e quem sabe revelaria a força que poderiam vir a ter como casal.


Asseguro-lhe, Christopher, que eu nada perdi... ainda. A não ser, claro, que seja esse seu jeito de me dizer que o perdi como cliente.


Não — resmungou.


Christopher olhou para a faixa estendida ao longo do celeiro vazio no terreno vizinho à propriedade de Alfonso Herrera. O sol frio da manhã atingia em cheio o rosto de Dulce, mas o seu continuava protegido pelo seu fiel, e sexy de­mais, chapéu.


"Escola Christopher Uckerman de Montaria e Rodeio." — Christopher leu.


O que acha?


Christopher apoiou com força a mão na bengala.


Em minha opinião, esse negócio não cheira bem.


Então, está me dizendo que minha ideia é um ver­dadeiro fracasso?


Na verdade, esperava que Christopher a detestasse, odiasse. Para ser franca, planejara que assim fosse, ou que ao menos o desagradasse o fato de ela ter feito arranjos sem consultá-lo. Desejava que Christopher visse como era ter uma pessoa no comando de sua vida, suas finanças, seu futuro. Só assim poderia entender e valorizar a impor­tância de uma verdadeira parceria.


Bem, eu não diria exatamente isso...


Vamos lá, Christopher. Diga que acha um horror. Não vai ferir meus sentimentos, esteja certo.


Christopher suspirou, um tanto exasperado.


Está bem. É verdade. Eu detesto, odeio.


Que pena... O negócio já está fechado.


O quê?! — Empurrou o chapéu para trás.


Como sua assessora e empresária, já tomei todas as resoluções e fiz todos os arranjos.


Dulce abraçou a si mesma, preparada para qualquer resposta que pudesse vir, feliz por Christopher haver sugerido que deixassem a esposa de Alfonso levar Angel a um pe­queno passeio pelas redondezas a fim de que tivessem alguns minutos de privacidade.


   É tudo para seu próprio e melhor interesse, lógico. Estou cuidando de você como manda o figurino do bom empresário, Christopher, evitando que cometa erros ou tome más decisões.


O sol da manhã reluziu por toda a extensão dos largos ombros.


Em outras palavras: preso pelo nariz. Dulce piscou com fingida inocência.


Por que, Christopher? Não entendo o que diz.


   Claro que entende! — Sorriu. — E assim que se faz com os touros bravos.


Aquele pequeno comentário e o sorriso combinavam com a visão máscula de Christopher em calça e camisa jeans desbotadas e justas a ponto de delinearem cada músculo de seu estreito quadril de caubói e poderosas pernas. Arrepios, era isso o que provocavam.


Acha que não sei que todo esse seu jeitinho de gata mansa me trazendo até aqui escondia uma segun­da intenção?


E funcionou?


Não.


Lógico que não. O que poderia esperar se estava ten­tando arranhar aquela imagem dura de todo-poderoso?


   Digo isso, querida, porque este é um caso em que se fechou a porta do curral depois que a mula já havia escapado.


Dulce levantou as sobrancelhas.


   E quem é a mula neste caso?


Christopher levou a mão à testa, como se ponderando da questão.


Dê-me um tapinha no pescoço e me chame de Ro­sinha. Tenho sido teimoso feito uma mula, e duas vezes mais que um burro xucro.


Christopher, não sei o que dizer...


Estive errado em tomar aquelas decisões por nós dois, Dulce. As poucas semanas que passei com você, vendo suas ações, vendo do que é capaz de realizar, só me mostraram o quanto a subestimei, e a nós dois.


Seria verdade? A expressão de Christopher parecia ho­nesta. Mas não deveria se deixar levar ou ter espe­ranças por tão pouco, e tão rápido. Admitir que estava errado e concordar em mudar atitudes eram duas coisas diferentes, e, além disso, Christopher nada dissera sobre terem um futuro em comum.


   Então, se entende um pouco melhor agora, como é ter alguém dirigindo sua vida, como ficamos a partir da­ qui? — perguntou, temendo a resposta.


Christopher levou as mãos para o alto, num gesto de rendição.


Oh, não, querida. Não vou cair nessa armadilha.


Que armadilha? — O pulso acelerara.


Do tipo em que você me pergunta o que quero fazer em seguida e eu respondo com sinceridade. Então, cairá em cima de mim feito um urso faminto atacando um bezerro, por não deixá-la falar, nem ouvir sua opinião.


Nossa! — Respirou fundo. — Acho que você marcou o ponto.


Como uma flecha no meio dos olhos.


Mas eu não vejo como podemos esperar vir a nos entender nos negócios e... — Dulce baixou o olhar para o chão, fitando as pequenas e amarelas flores silvestres que cresciam, fartas, pelos campos. — Quero dizer... se não conseguimos falar sobre o que queremos e esperamos...


Faz sentido. — Christopher tossiu na mão fechada. — Você começa, então. Talvez devesse iniciar por me contar o quanto estou comprometido nessa escola de rodeio e o porquê de ter escolhido esse negócio para mim.


Para falar a verdade, não está comprometido com nada. Foi só uma ideia que tive. Essa terra em volta da propriedade de Alfonso está à venda. Eu sabia que seria um ótimo investimento para você e que acabaria ajudando nos negócios, também.


Sim, mas qual a razão de uma escola de rodeio?


   O que mais poderia ensinar, Christopher? Corte e costura?
Ele riu, divertido.


Dulce enfiou as mãos nos bolsos da jaqueta. As altas flores amarelas bateram em sua pantalona ao se apro­ximar um pouco de Christopher, que se postara algumas pas­sadas à frente.


Além do mais, você conhece o velho ditado sobre caubóis e ranchos.


Qual, Dulce? "Nunca pergunte a um caubói o ta­manho de sua extensão"?


Se Christopher pretendera parecer ameaçador, sua maliciosa gracinha não surtiu efeito.


Para Dulce ele era o quadro de uma figura charmosa e encantadora, o que acabava deixando-a desequilibrada.


O ditado é: "Pergunte a dez caubóis o que de­sejam fazer ao deixar os rodeios e terá a mesma res­posta de todos..."


Abrir uma escola de rodeios? — Christopher inquiriu, antes mesmo que Dulce pudesse terminar.


Um rancho.


Isso não se parece com um rancho para mim, Dulce. —Colocou-se ao lado dela. Por um momento fixou o olhar na faixa outra vez, e então, num tom quente e provocante, sussurrou: — A não ser que esteja planejando criar al­guns pequenos caubóis.


Dulce quis recuar, mas seu físico não correspondeu. Sabia que deveria usar toda a energia para que Christopher não percebesse a vontade, o apetite que seu tom e as palavras sugestivas lhe provocavam. Baixou os cílios, se concentrando na melhor performance que poderia ima­ginar, de acordo com as circunstâncias.


E eu suponho que você esteja se voluntariando para o cargo de provedor, não é?


Bem, é meu nome que está naquela faixa, querida. —Christopher gargalhou.


   E também acredito que já tenha um belo harém só esperando para... satisfazê-lo.


O comentário soava verdadeiro e tangido pela dor, agora.


Christopher movimentou os quadris. O jeans, uma segunda pele, ao roçar as botas, produziu um ruído seco na quie­tude da manhã.


   Se esse é seu modo de me perguntar se dormi com outras mulheres durante esses três anos de rodeios, então a resposta é não.


      Eu não estava...


      Talvez estivesse. E, se fosse honesta admitiria que tal ideia lhe passara inúmeras vezes pela cabeça.


       Não é da minha conta o que você fez enquanto estávamos separados, Christopher. Afinal de contas, pensava que nosso casamento havia sido anulado, não é? Tinha, portanto, todo o direito de...


Mas eu não o fiz — afirmou, com clara convicção, aproximando-se um pouco.


Lógico que não. — Dulce deu-lhe as costas, incapaz ainda de se afastar. — Você estava ferido, não vamos nos esquecer.


Ferido? Que droga! Tirei um quadril do lugar, ga­rota, e não toda a região inferior do meu corpo. O im­prescindível ainda funciona muito bem!


Christopher chegou mais perto. Dulce sentiu o tocar do jeans de encontro à maciez do tecido de sua pantalona.


   Como deve ter notado numa dessas vezes em que você me ajudou com a fisioterapia, querida.


Dulce notara, sem dúvida. Assim como agora.


Não eram ferimentos que me afastavam das noites livres dos rodeios com ansiosas e persistentes cowgirls. — Christopher segurou-lhe ambos os ombros, abaixando-se para lhe sussurrar ao ouvido: — Era você.


Esteja certo de que não entendo o que diz.


Entende, sim.


Dulce virou-se, encarando-o com os olhos estreitados numa atitude de desconfiança.


Então, está me dizendo que nesses últimos tempos tem vivido como um monge?


Estou dizendo que me levantei da cama uma ma­nhã há quase três anos e dei um beijo de despedida em minha esposa. Desde então, em momento algum houve o mais remoto pensamento nem o desejo de fazer amor com nenhuma outra mulher, até que estivesse em seus braços outra vez.


Os olhares se encontraram, os ombros se tocaram. Dulce estava quase recostada ao peito de Christopher, e podia sentir o bater surdo do coração dele de encontro aos mús­culos de suas costas. Os quadris fortes e viris se ache­garam à maciez arredondada dos dela.


Nada conseguiu mudar isso, Dulce. Você me per­guntou o que eu queria fazer em seguida. Se fosse ho­nesto, responderia que desejo ir para a cama e me perder em seu corpo até que toda a dor desses longos anos tivesse sido apagada.


Christopher... Não podemos apenas cair nos braços um do outro e esperar que todas as diferenças sejam resolvidas.


Eu sei disso, Dulce. — Acariciou uma mecha entre o polegar e o indicador. — Também sei que nunca vou parar de tentar provar que você pode contar comigo, que sou um homem com quem vale a pena partilhar a cama e a vida.


Oh, Christopher!


Talvez ainda houvesse esperança para ambos, Christopher pensava, ainda a sentir a leveza daqueles fios de seda entre os dedos.


Você não tem de provar nada para mim. Eu sei que você é...


Bebé tem pôni!


Ambos se viraram ao mesmo tempo para ver Angel em cima de um velho e manso cavalinho, puxado pelo bridão por Alfonso, atravessando a pastagem que ladeava o terreno.


   Ei, mamãe! — Angel acenou, inocente, assim que Alfonso guiou o animal na direção dos pais. — Pôni meu.


Dulce ajeitou a gola da jaqueta e se virou para Christopher.


   Não sabia que você era uma cobra do deserto! Christopher Uckerman, como pôde?


Como pude o quê?


Fazer seu amigo deixar Angel pensar que pode ter um pónei. Você vai me pagar por isso!


Eu não fiz nada!


Não. — Fechou os olhos, balançando a cabeça. — Nem se incomode em tentar negar as evidências. O tempo todo eu aqui tentando...


Continue, diga! Tentando me colocar em uma ar­madilha com essa história boba de escola de rodeios, não é isso?


A dor de ser acusado abafara sua libido num piscar de olhos e endurecera sua voz. Uma coisa era admitir culpa quando se estava em falta, mas ver que não lhe era nem concedido o benefício da dúvida? Isso não era admissível.


Você me trouxe aqui para me colocar em xeque, Dulce, para me mostrar que péssimo marido tenho sido. Bem, não tem razão nenhuma para me culpar, agora, porque nada fiz.


Não?! Por acaso está negando que arrumou tudo para que Alfonso levasse Angel para andar a cavalo de modo que ela pensasse que estava ganhando um pónei?


Você é quem vive dizendo que Angel deve fazer suas próprias escolhas, e eu não encontrei nenhuma pro­va do contrário, minha querida. — Levou as mãos à cin­tura. — Sabia muito bem, assim como eu, que Alfonso ia levá-la para dar uma volta a cavalo. Deveria ter avaliado as consequências.


Então, agora a culpa é minha?


Alfonso fez o cavalo parar, tendo o cuidado de segurar Angel com uma das mãos para que ela não saísse do lugar com um solavanco.


Parece que chegamos em má hora, nené. Talvez devamos dar outra volta pelo pasto.


Não! — Christopher e Dulce disseram em uníssono.


Ao menos concordavam em alguma coisa, Christopher de­cidiu, enquanto espantava a discórdia com um movi­mento de mão.


   Está tudo bem, Alfonso. Agradecemos por ter levado Angel para passear de modo que Dulce pudesse me mos­trar minha... surpresa.


Alfonso riu e estendeu os arreios para o amigo.


   Então, o que achou, Christopher? Vai pendurar as chuteiras e deixar que comecemos a chamá-lo de professor Uckerman?


Christopher acompanhou as risadas do amigo, mas guardou para si mesmo sua opinião a respeito do assunto.


Como eu disse, obrigado, Alfonso. Agora, Angel, hora de desmontar e voltar para casa. — Estendeu as mãos para alcançá-la pela cintura.


Não, não! — A menina repeliu-o. — Meu pôni.


Aqui, deixe comigo. —Dulce tentou abrir passagem com o ombro.


 


Posso tomar conta disso, Dulce. Já é mais que tempo de eu também resolver as coisas com o bebé.


Mas...


Não! — Angel balançou a cabeça. — Fica no cavalo. Meu pôni. Meu!


Não é seu, senhorita. Nunca foi, nem será. — Christopher usava um tom severo. — E vou lhe dizer por quê.


Como se houvesse compreendido as palavras e o tom, Angel ficou quieta, de tal maneira que Christopher conseguiu segurá-la bem com uma das mãos.


Primeiro, sua mamãe não admite que você fique com o pónei.


Oh, bárbaro! Faça de mim a megera da história!


E segundo, eu também não quero que você fique com ele.


Você também, Christopher?


Não mais.


Como se tentasse argumentar, ou talvez apenas usando alguma técnica especial de como derreter o coração de um pai, Angel fez um bico rosado antes de dizer:


      - Eu quer pôni...


Christopher lutou contra uma crescente culpa e o charme e graça de sua garotinha.


   Com a indulgência diária de seus avós e sua mãe insuflando sua independência, você está correndo o risco de vir a ser nota dez em mimos e vontades, Angelina Sanviñon Uckerman.


À menção de seu nome, a menina piscou diversas vezes, seus imensos olhos azuis fixos nos dele.


Christopher esperava uma pitada de sarcasmo ou negativa por parte de Dulce. Ao constatar que nada acontecera continuou:


   Eu não seria um bom pai, caso permitisse que isso acontecesse, e também não seria um bom pai se não lhe ensinasse que nem sempre nós conseguimos o que mais queremos na vida.


Os dedos de Dulce se tornaram brancos como cera sobre o selim.


Christopher queria olhar para ela, tentar afastar para longe toda a dor e o desejo em um único olhar, mas não ousou. Cortava-lhe a alma desapontar ambas daquele modo. Sa­bia o quanto Angel queria um pónei, e também sabia que por ser aquele que lhe dizia "não", e por ser aquele que tomava a iniciativa de decidir o assunto, algo se quebrava em Angel. Mesmo assim, tinha de ser feito.


Sua mamãe e eu não concordamos quanto às razões, querida, mas concordamos nisto: sem pónei. — Tirou-a da sela, e as pernas e pés chutaram o ar.


Não! Meu pôni! — Grossas lágrimas escorriam-lhe pelo rosto avermelhado.


Quando Christopher trouxe o pequeno corpo de encontro a seu peito, Angel apontou, entre sentidos soluços, um dedo acusador em seu nariz:


   Ele não engaçado.


— Não, suponho que não seja nem um pouco engraçado para você neste momento, menininha. — Christopher a man­tinha segura de encontro ao tórax, sua mão gentil na nuca da filha. — Mas está bem para mim. Não me importo se me acha engraçado ou não. Sou seu pai, e já é hora de todos agirmos como a situação requer.


 


Comentem plixxx *-*


 


bjix da Naty




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Autor(a): natyvondy

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CAPITULO X   A raiva de Angel durou toda a viagem de volta para o rancho. A de Dulce era uma outra história. Christopher parou um instante ao ouvir suas passadas no hall. Ela havia organizado um rigoroso horário nessas três semanas para a sessão diária de fisioterapia. Nesse dia, entretanto, estava meia hora atrasada, e Christopher ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 580



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  • AnazinhaCandyS2 Postado em 28/02/2017 - 00:22:10

    Que fanfic boa, pena q foi tão curtinha :( Mas otima em tudo!

  • stellabarcelos Postado em 17/12/2015 - 23:59:38

    Lindos amei!

  • larivondy Postado em 03/10/2013 - 21:20:01

    ameeei, li em menos de um dia *-* tuas web's são perfeeeitas :)

  • PatyMenezes Postado em 17/12/2011 - 01:29:46

    Aqui estou eu, iguais uma tartaruga tewrminando de ler só agora -.-' desculpa o sumiço, provas finais, sabe como é neh?! mas enfim.... a web foi perfeita do inicio ao fim *-* quase morri com esse final *-* como sempre, suas web's são as melhores :D parabéns!!!

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