Fanfics Brasil - 9 Papai cowboy - vondy - adaptada - TERMINADA

Fanfic: Papai cowboy - vondy - adaptada - TERMINADA | Tema: Rebelde


Capítulo: 9

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1000 desculpas pela demora pessoal... mas estou fazendo minhas últimas provas desse período na faculdade... então tenho que estudar muuuuuito!!!


Como sempre, muuuuuito obrigada pelos coments!!! *-*


 


CAPÍTULO VIII


 


Christopher Uckerman é um caubói de nível internacional, o tipo que Diablo, o Matador, adora atirar ao chão das arenas. — A voz de Vernon ecoava pelas arquibancadas. — Matador, como os peões gostam de chamá-lo, faz suas melhores proezas quando sabe ter um campeão mon­tado em suas costas.


Essa é a marca dos animais bem criados — Earl Júnior acrescentou. — Mas essa fera indomável irá mais longe. Diablo parece saber quando Christopher o está montando.


E não fica nem um pouco feliz, podemos dizer.


O sentimento é mútuo, Vernòn. — Earl Júnior gar­galhou. — A ideia deste evento promocional iniciou-se na última temporada, quando Matador tentou e conse­guiu levar Christopher a um espetacular nocaute. Depois disso, Christopher tomou a coisa como pessoal.


E o desafio estava colocado. Christopher concordou em enfrentar Matador por cinco vezes e descobrir quem era o melhor. Até agora, Christopher vem vencendo com a vantagem de dois encontros ganhos, contra um de Matador. Nesta noite, teremos mais uma vitória, ou um empate.


De qualquer modo, eles se encontrarão dentro de seis semanas no Novo México para a batalha final, Vernon.


Correto, Earl Júnior. E por enquanto não podemos dizer que esse último encontro será um desempate ou o reconhecimento da superioridade do grande Christopher Uckerman.


   Mas isso saberemos nesta noite decisiva.


Christopher entrou no plano inclinado com cuidados calcu­lados com método.


   Eu vi a reprise de sua última apresentação com esse assassino. — Alfonso curvava-se para falar com Christopher, enquanto ele se preparava para montar. — Diablo pode sair corcoveando do cercado como sempre, e você terá de se agarrar ao touro como uma virgem defendendo sua virtude se esse bicho começar a girar feito um pião doido.


Christopher concordou com um balançar de cabeça. O nocaute que Matador lhe infligira ocorrera dessa forma. O animal girara, veloz, para a esquerda, e Christopher não tivera a ra­pidez necessária para compensar a tempo. E pior, sabia do perigo envolvido nessa manobra.


Que excitação, amigos, sermos testemunhas de uma luta como esta! Arrepios por todo o corpo, hein? — Earl Júnior continuava nos alto-falantes, aguardan­do pelo sinal de Christopher. — Christopher Uckerman e Diablo, o Matador, parecem muito bem ajustados e hábeis para o combate.


É o que você pensa — Christopher resmungou, em resposta às palavras do apresentador. — Estamos quase ajustados, companheiro.


Christopher focou com olhos agudos e avaliadores a familiar forma do touro com o qual vinha se digladiando desde a temporada anterior. Fechou e abriu várias vezes os dedos enluvados, segurando em seguida a grossa corda bem na palma da mão, para depois ajustá-la à distância desejada para seu manejo. O animal soltou uma espécie de ronco abafado sob o peso e os movimentos de Christopher.


   Mas eu tenho uma coisa para você, Matador... — Christopher cerrou os dedos, checando tudo, como de costume examinando o animal e o equipamento a sua volta, a fim de certificar-se de que estava posicionado dentro dos conformes, e pronto. — Tenho lutado contra meu próprio touro selvagem interior há anos, Diablo. E sem­pre o derrotei.


Christopher observou a plateia, tendo um vislumbre de Dulce.


Os olhos dela encontraram os seus, mas, rápido, se desviaram.


Parece que não teremos mudanças por aqui, ao me­nos por enquanto. — Christopher enterrou o chapéu na cabeça. Encheu os pulmões de ar e deu o sinal. — Vamos lá, Matador, girar e rodopiar, para ver quem é o melhor!


O que acontecerá, amigos? Ou... — As palavras de Vernon foram cortadas com a explosão assustadora de Matador para fora do plano inclinado.


A multidão exultava.


Christopher cravou os saltos das botas no dorso do animal, uma das mãos à corda, a outra no ar, o corpo curvado sobre o bicho.


Os saltos de Matador explodiam na poeira da arena como raios atingindo um tronco caído.


Cada osso, articulação e músculo de Christopher gritava a cada pulo do animal. Não estava montando aquele touro, percebeu. Ao contrário, Matador brincava com ele assim como uma criança brinca e domina uma bola. E pior: o danado do animal estava a ponto de atirar seu brinquedo longe.


"Você terá de se agarrar ao touro como uma virgem defendendo sua virtude." O conselho de Alfonso voltou-lhe num átimo à memória.


Diablo expelia nuvens de vapor pelas narinas dilatadas e berros que assustariam o próprio príncipe das trevas. Erguia os chifres no ar com selvageria incontrolável, na certeza de sua vitória.


Christopher, grudado a Matador, preparou-se para mais um violento e impiedoso giro para a esquerda.


Então, o touro, traiçoeiro, jogou-se num inesperado ro­dopio para a direita.


A dor no quadril de Christopher lancetou-lhe em tiras os músculos da perna ao tornozelo. Aguda, a dor em seu tronco o obrigou a curvar-se para a frente. Nesse instante de cega agonia, a mão, por instinto, buscou confortar o dolorido quadril.


"Atirado, mas não desqualificado." Essa tinha sido a promessa que fizera a Dulce, e que por uma fração de segundo abriu caminho em seu tormento. Sentiu que seu corpo, como uma pipa no ar, era atirado para cima.


Ao aterrar, ombro, tórax e queixo de encontro ao chão, a buzina que marcava os oito segundos soou. Foi o último som que ouviu antes de cair em confortadora e silenciosa escuridão.


—Christopher? Pode me ouvir?


De algum lugar longínquo a voz de seu amigo Alfonso chegava-lhe aos ouvidos. Queria responder, mas não con­seguia, sua mente acordara numa espécie de ausência que não podia controlar.


Respirou fundo e atirou o ar, num acesso de tosse, para fora dos pulmões. Lentos, como se o corpo estivesse se ajustando ao cérebro, seus sentidos voltavam.


Sentia o cheiro de sangue e terra. Depois, experimen-tou-lhes o gosto. Escutava os tons indistintos de preocu­pação a sua volta, percebendo estar deitado em um tipo de mesa ou maca dura e fria.


Então, a primeira onda de dor o acometeu.


Não suporto isso, Alfonso. Como ele está? Vivo? — perguntou uma voz feminina que parecia vinda do fundo de um poço.


Não sei, vou perguntar a ele.


Cada polegada de Christopher latejava de maneira lancinan­te, exceto por uma parte de sua cabeça e o olho esquerdo, que ele abriu com extremo cuidado, encontrando Alfonso a espreitá-lo com atenção.


Está vivo? — Alfonso inquiriu.


Melhor que eu esteja — Christopher tentou responder.


Porque, caso contrário, estou olhando para o rosto de um anjo danado de feio.


      Tudo bem, Dulce — Alfonso falou por cima do ombro — Christopher está vivo, acordado e com seu jeito doce de sempre.


      Christopher? Estamos no atendimento de emergência da arena. Você esteve desmaiado por uns dois ou três mi­nutos. Sabe quem eu sou? — O rosto de Dulce surgiu no campo de visão dele.


   Está... tudo tão... nebuloso — Christopher murmurou. — Chegue mais perto.


Dulce se curvou sobre o marido.


Christopher firmou o olho aberto, só para confirmar a genuína preocupação na expressão dela. O carinho estampado em seu belo rosto e os olhos úmidos e doces iam além de qualquer apreensão normal, dizendo-lhe o que ele ansiara por saber. Dulce ainda o amava.


E Christopher a decepcionara mais uma vez.


Uma falha temporária, disse para si mesmo. Montaria de novo o Matador e o venceria, fazendo-a orgulhosa. Isso sem mencionar o sucesso dos negócios.


   Christopher?


Sentia-lhe o hálito no rosto.


Você me reconhece, não é?


Sim. — Christopher levantou a mão, correndo os dedos pelos macios cabelos. — Você é minha esposa.


Dulce sorriu.


   Vou chamar o médico de volta, aqui — Alfonso disse para ambos. — Talvez, agora, possa fazer algo mais para aplacar a dor.


Christopher resmungou uma resposta para a decisão de Alfonso, deixando a mão cair ao lado do corpo. O sorriso de Dulce lhe fizera mais do que qualquer medicação da moderna medicina.


Mas a ideia de tê-la desapontado veio-lhe à consciência de novo.


Dulce, lamento que eu...


Lamenta? O quê? — Ela colocou a palma sobre sua testa fria.


Bem... Além de nada espetacular, a apresentação não foi boa para os negócios.


Quem pensa nisso num momento como este, Christopher? — Dulce sentou-se à beirada da mesa. — O importante é que você esteja bem.


Dulce ainda se importava, de verdade. Saber disso deu ritmo novo a seu coração. Apesar de ele ter arruinado tudo naquele dia, ela ainda se importava com seu bem-estar.


Além do mais, você está errado, Christopher.


O quê? — Forçou-se a abrir os dois olbos. — Errado em relação a quê?


Aos negócios. Sob um ponto de vista apenas comer­cial, sua pequena e aparente derrota desta noite foi bri­lhante. — Dulce espanou um pouco do ombro dele, não percebendo a dor que isso lhe causava. — Não que eu quisesse que tivesse sido proposital, lógico, mas já que aconteceu...


Christopher piscou repetidas vezes.


Não que eu tenha um senso empresarial muito aguçado, e nem ousaria dizer que a queda de hoje foi uma coisa boa, mas, a meu ver, o que você está falando não faz sentido, garota. Como tal desastre poderia ser positivo?


Está brincando, Christopher? É fabuloso! — Um brilho entusiasmado bailava naqueles olhos cor de mel. — Não vê? Isso aumenta a expectativa. Agora que você e Diablo, o Matador, estão empatados, o show final será tudo ou nada.


Christopher gemeu à menção de uma nova apresentação.


   E algo fora do comum, fora de série. Para um empresário, é como ganhar a loteria.


   Da próxima vez, poderemos fazer só um jogo da­queles de "raspe e ganhe"?


Dulce riu.


Esta noite me deu algo mais para inúmeros tipos de contratos, aparições e sabe-se lá o que mais.


Entendo. — Então, não a desapontara tanto assim ainda. — Você deseja criar um grande sensacionalismo para meu próximo encontro com aquela besta.


Não haverá próxima vez, Christopher. Não com o que eu tenho a dizer. — O médico do rodeio, um homem de rosto redondo e barbudo, que Christopher conhecia havia anos, entrou no atendimento de emergência.


Olá, dr. Téo...


Christopher, parece que você tentou valsar para a esquer­da e seu parceiro foi para a direita.


Isso acontece.


O que o senhor quis dizer com "não haverá próxima vez"? — Dulce tocava a manga do jaleco do médico.


Uma nova sombra coloria sua expressão nesse mo­mento, o tipo que fazia o estômago de Christopher voltear e queimar. Caso o médico revelasse toda a horrível verdade, a excitação de Dulce, sua preocupação e a pontinha de amor que nela vira iriam se transformar em medo, de­sapontamento e, pior de tudo, piedade.


O dr. Téo quis dizer que vai me dar algumas dicas. Assim, da próxima vez, Matador não me derrubará — Christopher acudiu, sarcástico, esperando que o médico en­tendesse a indireta e se calasse.


Quero dizer que andei checando o quadro deste caubói, Dulce. Você deveria ter saído daquela arena, Christopher. Não o fez, porém, e eu não pude imaginar a razão, até que tive uma conversinha com Alfonso sobre seu estado.


O senhor está falando sobre os hematomas no quadril?


E isso mesmo, Dulce. — Era impossível para Christopher fulminá-lo com um olhar, já que um dos olhos estava quase fechado.


Hematoma no quadril? É assim que chamam isso?
Christopher manteve-se calado.


Téo coçou a barba, pensativo.


   Faz sentido. Milhares de caubóis deixam-se abater por um... hematoma.


Christopher, fechando o olho bom, deixou a cabeça cair para trás.


   Um hematoma no ego, talvez — Téo resmungou. — Do tipo que não os deixa admitir a verdade.


   Que verdade? — Dulce quis saber.
Téo não respondeu.


Que verdade? — Dulce agarrou a camisa de Christopher, exigindo uma resposta.


Eu me machuquei seriamente, mas tenho uma equi­pe de especialistas em medicina esportiva cuidando de mim, e, com a ajuda deles, estarei em pé, novo em folha, e pronto para enfrentar Matador no Novo México dentro de seis semanas.


Medicina esportiva ou feiticeiros vodus, Christopher, no seu caso, têm muito pouco ou quase nada a fazer. — O doutor se aproximou, tentando ser mais convincente. — Se fosse meu paciente, se estivesse sob minha respon­sabilidade, estaria banido dos rodeios e proibido de mon­tar qualquer coisa mais feia do que você mesmo.


Suas regras só servem para uma fileira de touros do circuito, doutor, e para a metade das mulheres com quem deve sair.


Téo praguejou baixinho, voltando-se para pegar algo na bancada logo atrás.


Christopher! — Dulce tomou, ligeira, o lugar onde o mé­dico estivera. — Que coisa desagradável de se dizer!


Estou brincando com ele, Dulce. — Ergueu-se um pouco, mas ainda sem conseguir movimentar as pernas para fora da mesa. — O dr. Téo brincou comigo ao dizer que não devo montar mais, e eu me defendi na mesma linha. Coisa de homem, querida.


Christopher, eu não acho que ele estava...


Aqui está. — Téo estendeu um pedaço de papel branco para Christopher. — Isto vai ajudá-lo com a dor, até que entre em contato com os especialistas que tanto adora.


Christopher cerrou as mãos na alça de metal gelado da mesa de exames.


      Eu não preciso de...


      Pegue. — O médico voltou o olhar para Dulce. — Ele, sem dúvida, precisará dos cuidados de alguém, ao menos por alguns dias.


   Posso fazer isso — ela assegurou, num tom de voz suave, voltando-se em seguida para Christopher. — Isso é, se você não se importar de ficar no rancho comigo...


No dia anterior, Christopher teria se agarrado àquela opor­tunidade como um bezerro à mãe que o alimenta, só pela chance de estar próximo dela e do bebé. Mas agora, não podia encontrar-lhe os olhos, sabendo que neles veria o quanto sua esposa se apiedava de sua situação.


   Ou isso, ou então Alfonso se mudará para seu quarto de hotel a fim de se certificar de que não caia e enfie seu lindo narizinho no chão outra vez, Uckerman — Téo advertiu.


Essa simples possibilidade fez com que se sentisse mais do que inválido, Christopher decidiu. Ao menos, se estivesse no rancho, teria uma chance de mostrar a Dulce que não estava derrotado.


Irritado, pegou a prescrição que o médico lhe estendia, evitando o sorriso irónico que notara no rosto redondo.


Bem, não necessito de enfermeira, doutor, mas, já que você põe as coisas desse jeito, escolho ficar com Dulce.


Você vai estar em forma dentro de pouquíssimo tempo, Christopher. — Dulce lutava para abrir a mala trazida do hotel, para colocar as roupas na cómoda.


O fato de Christopher não ter oferecido ajuda dizia-lhe que o analgésico começara a fazer efeito.


—Pouco tempo, querida — ele repetiu, num murmúrio.
Dulce observou-o pelo enorme espelho, enquanto Christopher se ajeitava na cama, recostando-se aos travesseiros dispos­tos à cabeceira, sem se importar em erguer as pernas do chão. Nunca antes vira-o tão fraco, vulnerável e... humano. A imagem aquecia-a de maneira inimaginável.


Christopher estava de volta, tal e qual desejara em sua carta. Mas agora que ali estava, tão necessitado de sua atenção, não era um adeus o que tinha em mente. As fechaduras da mala espocaram ao contato de seus polegares.


   Só vou esvaziar a mala, e pronto. Depois você separa o que quiser.


Christopher resmungou algum tipo de resposta, o chapéu, sombreando-lhe os olhos.


Dulce observou o conteúdo da bagagem. A sutil fra­grância lembrou-lhe Christopher. Apreciou-a por alguns segun­dos. Sentiu um arrepio ao tocar os pertences dele pela primeira vez depois de anos. Os dedos fecharam-se sobre o tecido macio de uma camiseta preta, o olhar examinou seus bem-arrumados artigos de toalete em um estojo. As duas caixas cinzentas, com certeza, guardavam suas úl­timas ou favoritas fivelas de cinto ganhas em algum cam­peonato. Notou o papel amarelo, dobrado de modo a se ver a foto de Angel no panfleto.


Aquilo a emocionou mais do que qualquer outro objeto, enchendo-a de culpa.


Sabe, Christopher, posso lhe arrumar algumas boas fotos de Angel.


Seria bom. Eu gostaria...


Segurando uma camisa dele, Dulce esperou Christopher se fazer mais confortável entre os travesseiros. Não podia evitar, após ter ouvido o médico, supor que o estado de seu marido era pior do que ele descrevera. Havia algo errado, tinha certeza, e pretendia descobrir o que era, não só porque se tratava de uma ameaça para os negócios, mas também...


Christopher era o pai de sua filha, e um pouco de seu instinto maternal sofria pelo menino que havia naquele homem.


Detestava ver qualquer pessoa sentir dor. Nenhuma de suas velhas desculpas veio à tona. As antigas defesas não mais funcionavam, e era hora de admitir tal verdade.


Sempre soubera que seu amor por Christopher era eterno, mas chegara a pensar que ultrapassara sonhos de uma possível reconciliação. Agora, todavia, ao vê-lo tentando descansar no leito do quarto bem em frente ao seu, teve certeza absoluta de que ter Christopher ali não era uma estratégia comercial. Tratava-se, e Dulce tinha isso muito claro, de um último esforço no sentido de con­cretizar uma aliança, uma parceria com aquele homem, de repente humilde o suficiente para colocar-lhe espe­rança no coração.


Gostaria que tivesse confiado em mim o bastante para me falar sobre a seriedade de seu problema, Christopher.


Não era uma questão de confiança, Dulce, e sim de verdade. Não estou tão mal assim.


Ela não podia ver-lhe os olhos, mas a maçã do rosto contraiu-se diante dessa afirmativa.


Você não reconheceria a verdade nem que ela lhe mordesse a perna, Christopher Uckerman.


Está me chamando de mentiroso?


Estou só dizendo que pode ser tão cabeça-dura quan­to aqueles touros do rodeio.


O estojo de toalete fez um barulho característico ao ser colocado sobre a penteadeira.


Mas quem sabe seja hora de admitir que não é tão durão quanto quer deixar transparecer, Christopher?


Quer apostar?


   O que eu quero... — Dulce voltou-se para vê-lo esforçar-se em colocar as pernas sobre a cama.


Os lábios pálidos e contraídos a assustaram. Então, percebeu que, se iriam ser iguais, aquele era o momento ideal para começar.


Deixe-me ajudá-lo. — Deu duas largas passadas em direção à cama.


Posso fazer tudo sozinho.


Christopher Uckerman, não comece a reclamar comigo como um velho rabugento! — Pousou ambas as mãos na cin­tura. — Além do que, você não é a única pessoa por aqui que não deveria se envergonhar de pedir ajuda em caso de necessidade, não é?


Se precisasse, pediria.


Mas você precisa! — Dulce deu mais um passo à frente e tirou-lhe o chapéu da cabeça.


Não iria mais permitir que Christopher se escondesse sob a conveniente sombra daquela aba. Pousou o chapéu na mesinha-de-cabeceira ao lado, percebendo, então, o quão próximo de Christopher sua movimentação a levara. O calor do corpo dele a envolveu. Passou a mão pelos cabelos desalinhados e buscou-lhe o olhar.


   Por favor, Christopher, deixe-me ajudar.


Por um breve instante, julgou que a teimosia e o or­gulho de Christopher sairiam vencedores outra vez. Então, um sorriso surgiu em seus lábios.


   Muito bem, querida, você pode cuidar de mim.


Dulce mordeu o lábio inferior, com inúmeras possi­bilidades varrendo-lhe o pensamento, a maioria vívida o suficiente para aquecer-lhe o coração e o rosto.


Comece tirando essas botas miseráveis de meus pés.


O quê? Oh, sim, lógico...


Não era o esperado. Não era o que fantasiara. Mas era um começo.


Abaixando-se, Dulce pegou uma bota pelo salto.


Não, assim não!


Por que, Christopher? Eu machuquei?


Depois daquele analgésico, nem o próprio Matador poderia me machucar se sentasse em cima de mim. — Christopher riu.


Por que me fez parar, então?


Porque você conhece a maneira apropriada de des­calçar um caubói. — Christopher fez um círculo com o dedo.


Entendo... — Dulce virou-se de costas, de modo que Christopher podia apoiar um pé em seu quadril, enquanto ela puxava o outro calçado. — Você quer que eu faça assim para que não possa ver quanta dor sente.


   Essa não é a única razão — murmurou, bem-humorado.
A primeira bota caiu ao chão com um baque surdo, e Christopher levou o pé livre à cintura de Dulce.


Christopher, você não está em condição de...


Quer apostar isso, também?


O segundo calçado bateu no carpete no mesmo instante que a mão de Christopher alcançou o quadril arredondado.


Numa fração de segundo, Dulce estava de costas na cama, suas pernas presas pelas do marido.


   Christopher, não podemos!


   Sim, podemos, se quisermos. — Ele a fez deitar-se em cima de seu peito. — Ao menos, penso que ainda me lembro como se faz.


O tom rouco e denso arrepiou-lhe nervos e pele, dei-xando-a ansiosa pelo toque dele. Ainda tentou esticar-se ao lado de Christopher, mas seus movimentos foram detidos por músculos fortes, carnes rígidas.


Então, suas pernas se afastaram, os joelhos na cama ao lado das poderosas coxas de Christopher. Um pensamento ainda passou-lhe pela cabeça.


Seria assim que acertariam suas diferenças? Fechando os olhos, tentou se concentrar em seu objetivo de começarem uma verdadeira parceria. Não seria muito cedo para o que iria acontecer? Ou estaria ela mostrando-lhe sua força ao tomar igual papel em algo que ambos muito desejavam?


Christopher gemeu, buscando-a. Dulce, ajoelhada, se curvou sobre ele, permitindo que lhe tomasse os seios nas grossas mãos, e sentiu-lhes a aspereza sob o fino tecido da blusa.


Um segundo pensamento antes de se entregar à deli­ciosa sensação: sair dali o quanto antes.


Christopher massageava seus mamilos com a ponta dos polegares.


Dulce jogou a cabeça para trás e cerrou os olhos.


   Oh, Christopher...


Então, ele gemeu, cerrando os dentes.


   Christopher? Meu Deus, você está sofrendo!
Christopher nada disse.


Dulce acariciou a face querida.


Por que não me disse que estava tão mal?


Não estou...


   Droga, Christopher! — Dulce deu um tapa no peito viril e se desvencilhou dele. — Pare de me proteger! O que você pensa? Que se mostrar um pouquinho que seja de fraqueza humana, não poderá ser um bom pai, um bom marido?


Ele abriu os olhos, a dor no corpo amortecida.


Deixe-me lhe mostrar quão bom marido eu posso ser.


Pare com isso! — Tentou se levantar.


Dulce, não faça uma tempestade num copo d`água. Estou só com um hematoma...


Ela ergueu as mãos, num gesto exasperado, e se dirigiu para a porta. Escancarando-a, engoliu em seco para falar num tom que não chamasse a atenção dos pais:


Cheguei a pensar que havia uma chance de nos entendermos, mas, já que você resolveu mentir para mim, não vejo possibilidade de tal fato vir a acontecer. — Bateu a porta atrás de si.  


Christopher ultrapassava todas as medidas, decidiu. Agora, era a hora de dar a seu excelentíssimo marido um pouco de seu próprio remédio.


 


 


Comentem plixxx *-*


 


Bjix da Naty




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Autor(a): natyvondy

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CAPITULO IX   —Diário de bordo de Christopher Uckerman, dia vinte e um. — Christopher curvou-se sobre a mesa da cozinha, entregando a Angel a pequena tigela cheia de leite e sucrilhos. — Hoje, minha guarda pessoal diz que vai me levar para sair, mas se recusa a dizer para onde. Se eu não voltar, Angel, quero que fique com o meu chap&e ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 580



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  • AnazinhaCandyS2 Postado em 28/02/2017 - 00:22:10

    Que fanfic boa, pena q foi tão curtinha :( Mas otima em tudo!

  • stellabarcelos Postado em 17/12/2015 - 23:59:38

    Lindos amei!

  • larivondy Postado em 03/10/2013 - 21:20:01

    ameeei, li em menos de um dia *-* tuas web's são perfeeeitas :)

  • PatyMenezes Postado em 17/12/2011 - 01:29:46

    Aqui estou eu, iguais uma tartaruga tewrminando de ler só agora -.-' desculpa o sumiço, provas finais, sabe como é neh?! mas enfim.... a web foi perfeita do inicio ao fim *-* quase morri com esse final *-* como sempre, suas web's são as melhores :D parabéns!!!

  • PatyMenezes Postado em 17/12/2011 - 01:29:46

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