Fanfics Brasil - capitulo 10 Entrega especial (FINALIZADA)

Fanfic: Entrega especial (FINALIZADA) | Tema: AyA


Capítulo: capitulo 10

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CAPITULO IX


Annie ficou deitada na cama, sem con¬seguir dormir, ouvindo as risadas contidas e os ruídos estranhos vindos da sala. A despeito de se manter imóvel, sua mente parecia estar funcionando a toda velocidade.
A casa já estava em silêncio e o sono quase a envolvera quando Gio acordou e começou a chorar.
Sem demora, ela foi até o bercinho e a pegou. Depois de trocá-la, levou-a à cozinha para o lanche das duas da madrugada. Quando lá chegou, en¬controu Poncho em frente ao forno de microondas, esquentando a mamadeira para ela.
Estava descalço e sem camisa. A única peça de roupa que usava era uma calça jeans quase branca de tão desbotada.
- Escutei o choro - explicou ele, antes mesmo que algo lhe fosse perguntado. - Achei que você poderia querer companhia.
- Obrigada. Gio acordou mais alguém?
- Apenas minha mãe, mas eu a encontrei no corredor e a mandei de volta para a cama.
Enquanto falava, Poncho a acomodou em uma cadeira, à mesa da cozinha, ficando de pé diante dela. Depois de fitar aqueles olhos castanhos por alguns instantes, abaixou o rosto para não ter de encará-lo. Contudo, sem saber para onde olhar, já que aquele peito másculo também não estava ajudando em nada a abaixar a pulsação de seu coração, ela só pôde relaxar quando o viu se afas¬tar para checar a mamadeira.
Quando ele retornou com a garrafinha na mão, ajudou-a a se levantar e a conduziu até a sala, onde a acomodou em uma das cadeiras de balanço.
- Hum, agora você me parece mais confortável - falou Poncho, acendendo as luzes da árvore de Natal e apagando a luz do teto. - Assim haverá luz suficiente, sem brilho demais. Acho que Gio ficará menos agitada.
Observando o brilho e a infinita coleção de en¬feites naquela imenso pinheiro natural, Annie se lembrou das ilustrações de cartões-postais, as quais pensara serem apenas cenários do mundo da fantasia. Jamais imaginara que existissem coi¬sas assim na vida real.
- Não é à toa que achou que minha árvore de Natal estava com raquitismo.
- Eu disse isso? - disse ele, surpreso.
- Ora, não com todas as palavras, mas seu olhar foi denunciador.
Poncho riu de maneira carinhosa.
- Minha mãe teve muitos anos para acumular todos esses enfeites. Dê algum tempo a si mesma.
- Mas não estou impressionada apenas com a árvore. É todo o conjunto que me constrange. Sempre sonhei em acordar em um lugar assim na manhã de Natal, com presentes, amigos e tudo mais. Achei o máximo quando vi seu pai ler uma história para os netos. Só não entendi os balões amarelos. Será que ignorei essa tradição ao longo dos meus vinte e sete anos?
- Não é nada disso - garantiu ele, em tom gentil. - Essa é uma brincadeira que surgiu em um livro infantil que Maite leu na escola, onde o Papai Noel deixava um rastro de balões ama¬relos por onde passava. Fizemos uma cena para impressioná-la naquele ano e, desde então, ado-tamos o ritual.
- Perdi muita coisa?
- Digamos que, apenas a parte em que os adul¬tos suam muito, para garantir que as crianças continuem acreditando no "bom velhinho" - res¬pondeu Pòncho, apontando para os brinquedos já montados.
- Oh, esqueci de colocar os laços nos meus pacotes - lembrou Annie.
- Deixe que eu acabo de dar mamadeira para Gio enquanto você cuida disso. É melhor fazê-lo agora mesmo, pois as crianças acordam cedo na manhã de Natal.
Enquanto o bebé era transferido de colo, ela fez o máximo esforço para não tocá-lo. Saindo de¬pressa dali, buscou os laços que estavam em sua bagagem no "quartinho" e voltou para colocá-los.
Foi Poncho quem rompeu o silêncio.
- Em pouco anos, Gio estará trazendo para casa os enfeites que tiver feito na escola. Sua árvore vai se encher tão depressa que precisará de um pinheiro maior a cada ano.
- Assim espero - sussurrou Annie, tentando não desviar o olhar dos pacotes que tinha nas mãos.
- Por que foi criada por tutores e em interna¬tos? O que aconteceu a seus pais?
- Acha que isso pode ajudar no meu caso?
- Estou apenas curioso. Só isso - confessou ele, sorrindo.
Por um instante, ela pensou em todas as his¬tórias que inventara ao longo dos anos, para que as pessoas não a olhassem com o coração cheio de piedade. Imaginou então se Poncho gostaria de sua versão predileta, em que dizia que sua mãe morrera e seu pai trabalhava na área diplomática.
De repente, a sala pareceu menos confortável.
- Não sei muito sobre meu pai. Ele desapare¬ceu antes de saber sobre minha existência e sem¬pre foi um assunto meio "proibido" em casa. Minha mãe dizia que o amava demais e que falar nele era muito doloroso. Aprendi depressa a não fazer nada que a contrariasse.
- Acho que não entendi. Então chegou a morar com ela?
- Ela era alcoólatra. Como não conseguia se manter em um emprego, não podia cuidar de mim. Morei com minha mãe durante algum tempo mas, quando uma crise insistiu em não passar, alguém a denunciou e me levou embora.
- E a colocou sob a tutela do Estado, no pro¬grama de tutores temporários.
- Sim, mas só até a ajudarem e a deixarem sóbria outra vez. Porém, logo veio outra crise de alcoolismo e os oficiais acharam que minha vida podia ser colocada em risco. Mais uma vez, fui morar com outra família. E mudei de escola de novo, claro. Sabe, sei que minha mãe me amava muito, mas isso não impediu que as ações dela me prejudicassem.
- O que aconteceu com ela então?
- Morreu depois de um coma alcoólico, quando eu estava com dezesseis anos.
Depois de um prolongado silêncio, a voz dele se assemelhou a uma distante carícia.
- Crescer dessa maneira não deve ter sido fácil.
- Depois da morte dela, passei por mais um internato e vivi dois anos inteiros com a mesma família, até que completei dezoito anos e deixei de estar sob a tutela do Estado. Eu e Angélica, minha irmã adotiva, fazemos aniversário na mes¬ma semana, então chegamos juntas à maioridade. Alugamos um apartamento e fomos morar sozinhas. Cada uma de nós tinha dois empregos, assim con¬seguimos nos manter e fazer faculdade. Aqueles anos foram os mais estáveis da minha vida.
- A vida de Gio será estável - garantiu Poncho, que acabara de dar a mamadeira para a menina e já a tinha feito dormir em seus braços.
- Você parece mais otimista do que Maite e Ricardo
- Eles precisam fazer aquele tipo de questio¬namento para não restarem imprevistos que pos¬sam surgir na corte.
- Acha que vou conseguir ficar com ela?
- Claro. Assim como meu pai e minha irmã, tenho convicção de que sim.
- Eles lhe disseram isso?
- Sim, quando conversamos há pouco, antes de nos recolhermos.
Annie até pôde imaginar os três conversando sobre legislação enquanto os outros enchiam os balões.
- Por falar em "recolher" - disse Helena, chegando à porta da sala -, vocês dois deveriam estar seguindo o exemplo de Gio. Amanhã, logo ao amanhecer, as crianças vão acordar todo mun¬do nesta casa.
- Minha mãe acredita que todos devem ter uma vida saudável, dormindo cedo para levantar cedo - resmungou Poncho, com um sorriso sarcástico.
- Só vim para checar se estava tudo bem.
- Obrigada - agradeceu Annie. - Está tudo ótimo e acho que sua filosofia é perfeita. Vou vol¬tar para a cama.
- Podem ir, que eu mesma desligo as luzes da árvore - sugeriu a anfitriã.
Poncho entregou o bebé a Annie e a seguiu até a porta do "quartinho", segurando-a com cuidado pelo braço antes de ela fechar a porta.
- Não conte com minha mãe nem com Gio para salvá-la da próxima vez, minha doce Annie - advertiu ele, em tom de promessa, com um intenso brilho nos olhos. - Tenha bons sonhos.


 



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Autor(a): Sophi

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Comentários do Capítulo:

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  • jl Postado em 01/02/2012 - 16:30:29

    AAAAAAAAAAAAAAAAAA que lindo *-* Adorei o final *-* gracias por postar =]]

  • jl Postado em 01/02/2012 - 16:30:28

    AAAAAAAAAAAAAAAAAA que lindo *-* Adorei o final *-* gracias por postar =]]

  • jl Postado em 01/02/2012 - 16:30:27

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  • jl Postado em 01/02/2012 - 16:30:26

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  • jl Postado em 01/02/2012 - 16:30:25

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  • jl Postado em 01/02/2012 - 16:30:24

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  • jl Postado em 01/02/2012 - 09:07:06

    Dá pra postar o ultimo capitulo logo ¬¬?

  • jl Postado em 01/02/2012 - 09:07:06

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  • jl Postado em 01/02/2012 - 09:07:05

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  • jl Postado em 01/02/2012 - 09:07:04

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