Fanfics Brasil - CAPITULO XI •■•Um Reino de Sonhos•■• D&C

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Capítulo: CAPITULO XI

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A luz da lua penetrava pela janela e Christopher ainda com os olhos fechados, voltou-se na cama e estendeu o braço em busca de Dulce. A mão só encontrou lençóis vazios. Toda uma vida passada em companhia do perigo lhe permitiu passar em poucos segundos do sonho mais profundo a mais atenta vigília. Permaneceu de costas, com os olhos abertos, contemplando os móveis que onde a pálida luz da lua batia ficavam como sombras fantasmagóricas.

Levantou-se e começou a se vestir rapidamente, amaldiçoando-se por não ter ordenado que se montasse guarda ao pé da escada. Impulsionado pelo costume, agarrou a adaga antes de dirigir-se para a porta, furioso consigo mesmo por ter ficado adormecido, convencido de que Dulce não podia acomoda-se contra ele como o tinha feito e permanecer acordada e tentar friamente uma forma de escapar. Achava que Dulce Merrick era capaz disso e de muito mais. Tendo em conta o acontecido, tinha sorte de que ela não tivesse tentado lhe cortar o pescoço antes de partir. Abriu a porta de repente e tropeçou em seu assombrado escudeiro, que dormia sobre diante da porta.

-O que ocorre, milorde? -perguntou o alarmado Gawin, que se levantou imediatamente.

Nesse instante, um movimento imperceptível no balcão do outro lado da porta de seu quarto, chamou a atenção de Christopher, que voltou a cabeça para lá.

-O que ocorre, milorde?

A porta se fechou de repente diante do assombrado olhar de Gawin.

Christopher tratou de se convencer de que era um alivio que depois de tudo não tivesse que empreender uma desagradável perseguição noturna. Abriu silenciosamente a porta que dava para o balcão e saiu. Dul estava de pé, inclinada ligeiramente sobre a balaustrada, com o comprido cabelo ligeiramente agitado pela brisa noturna, os braços cruzados e o olhar perdido na distância.

Christopher estudou sua expressão e uma segunda de onda de alívio o invadiu. Não parecia contemplar a idéia de lançar-se do balcão, e tampouco chorava pela perda de sua virgindade. Mais que angustiada ou colérica, parecia, simplesmente, perdida em seus pensamentos.

De fato, achava-se tão imersa em suas próprias reflexões que nem sequer sentiu que já não se encontrava sozinha. A tranqüilizadora carícia do ar noturno, normalmente balsâmico para a época do ano, tinha-lhe ajudado a recuperar seu ânimo, apesar de que se sentia como se essa noite seu mundo tivesse virado do avesso. E em grande parte isso se devia a Angel. Angel e um almofadão de pluma tinham sido as verdadeiras razões para que Dul tivesse sacrificado sua virgindade. E era precisamente a consciência disso o que tinha lhe impedido de conciliar o sonho.

Quando pensou em dormir, murmurou uma prece para que Angel se recuperasse e tivesse uma viagem segura. De repente, a espetada de uma pluma de seu próprio travesseiro que sobressaía do tecido que a cobria, a fez se lembrar do momento em que ela ajeitou os travesseiros sob a cabeça de Angel, quando ela estava na carroça que a conduziria de retorno à abadia. Angel sofria terríveis acessos de tosse cada vez que havia plumas perto dela, e por isso procurava evitar sua proximidade. Evidentemente, pensou Dul, quando despertou tossindo em seu quarto não afastou de si os travesseiros, mas sim idealizou um plano tão ousado quanto engenhoso. Convencida de que o conde as deixaria em liberdade, permaneceu deitada sobre os travesseiros até que começou a tossir de tal forma que sua morte parecia iminente.

Sem dúvida tinha sido uma grande idéia, pensou Dul, digna dela mesma, inclusive, embora por isso mesmo destinada ao fracasso, decidiu com expressão sombria.

Seus pensamentos deixaram de centrar-se em Angel e se projetaram para o futuro que em outros tempos tinha sonhado. Um futuro que agora parecia mais perdido do que nunca.

-Dulce... - disse Christopher atrás dela.

Dul se voltou e fez um tenaz esforço para esconder a traiçoeira reação de seu coração diante do profundo timbre de sua voz. Por um instante, perguntou-se com desespero por que sentia ainda as mãos de Christopher sobre sua pele, e por que o simples fato de ver seu rosto a fazia lembrar a terna rudeza de seus beijos.

-Eu... por que se vestiu? -perguntou, aliviada ao comprovar que sua própria voz soava calma.

-Estava a ponto de sair para lhe procurar - respondeu ele, que saiu de entre as sombras.

Dul dirigiu um sólido olhar para a adaga que ele empunhava.

-O que pensavam fazer quando me encontrasse?

-Esqueci que o balcão existia - disse o Lobo. Embainhou a adaga no cinturão e acrescentou: - Achava que tinham conseguido fugir do quarto.

-Por acaso seu escudeiro não dorme do outro lado da porta?

-Isso é verdade - disse Christopher com ironia.

-Sempre dorme perto de você, para impedir estranhos de se aproximarem - falou ela.

-Volta a ter razão - assentiu ele asperamente achando estranho diante da sua própria falta de previsão ao sair precipitadamente da habitação sem comprovar antes as demais alternativas.

Agora que a tinha encontrado, Dul só desejava que a deixasse em paz. Sua presença impedia que conseguisse se acalmar, algo que necessitava com desespero. Deu-lhe as costas, indicando com isso que desejava ficar a sós, e contemplou a paisagem iluminada pela luz da lua.

Christopher vacilou. Sabia que ela não desejava companhia, mas se mostrava resistente em deixá-la. Disse a si mesmo que isso só se devia à preocupação por seu estranho estado de ânimo, não ao prazer que sentia em sua presença ou a mera contemplação de seu perfil. Ao se dar conta de que ela não aceitaria de bom agrado seu contato, deteve-se a curta distância e apoiou o ombro contra a parede. Ela permaneceu perdida em seus pensamentos, e Christopher, com um gesto carrancudo, voltou a considerar sua conclusão anterior a respeito de que ela talvez estivesse pensando em fazer algo tão estúpido como renunciar a sua própria vida jogando-se do balcão.

-Em que pensava momentos antes de perceber minha presença?

Dul se endireitou, ligeiramente tensa diante da pergunta. Só tinha pensado em uma coisa e, certamente, não estava disposta a mencionar o engenhoso estratagema empregado pela Angel para escapar.

-Em nada que possa lhe interessar - respondeu evasiva.

-Diga de qualquer forma - insistiu ele.

Dul olhou para o lado e seu coração deu um traiçoeiro salto ao sentir à proximidade de seus largos ombros e de seu rosto austeramente atraente. Disposta e inclusive desejosa de falar de algo que a distrairia da consciência de sua presença, dirigiu o olhar para as montanhas e disse com um suspiro de capitulação:

-Lembrava os tempos em que estava acostumada a sair para o balcão no castelo de Merrick, para olhar além das restingas e pensar em um reino.

-Um reino? -repetiu Christopher, surpreso e aliviado diante da natureza violenta de seus pensamentos. Ela assentiu com um gesto e Christopher reprimiu o desejo de introduzir a mão entre os sedosos cabelos e obrigá-la a voltar o rosto para ele.

-A que reino se refere?

-Ao meu próprio reino - respondeu ela, que tudo o que queria era que ele continuasse falando do assunto. -Estava acostumada a pensar em ter meu reino próprio.

-Pobre Jacob - disse ele, referindo-se ao rei escocês. -De qual de seu reino pretendia se apoderar?

Ela dirigiu um sorriso melancólico e em tom estranhamente triste, disse:

-Não se tratava de um reino real, com terras e castelos, mas sim de um reino de sonhos, um lugar onde as coisas fossem como eu desejava que fossem.

Uma lembrança longamente esquecida cruzou pela mente de Christopher, que se inclinou sobre a balaustrada e olhou, imitando Dulce, para as montanhas.

-Há muito tempo eu também abriguei meus próprios sonhos - admitiu tranqüilamente. -Quais eram os seus?

-Há pouco que contar - respondeu ela. -Em meu reino havia prosperidade e paz. Ocasionalmente, mas claro que eventualmente algum arrendatário caía doente, ou uma ameaça direta a nossa segurança talvez aparecesse.

-Não tinha enfermidades e lutas em seu reino? -perguntou Christopher, surpreso.

-Naturalmente! -admitiu Dul com um sorriso melancólico. -Tinha que existir ambas as coisas para que eu pudesse ir ao resgate e solucionar o problema. Essa foi precisamente a razão pela qual inventei o reino.

-Porque desejava ser uma heroína para seu povo - concluiu Christopher, que compreendia muito bem os sentimentos da moça.

Mas ela negou com a cabeça, e deixando de sorrir, disse em tom ofegante:

-Não, só desejava que aqueles a quem amava, me amassem, e que aqueles que não me conheciam, não me desprezassem.

-Isso era tudo o que desejava?

Ela assentiu com um gesto solene.

-Foi para isso que eu inventei um reino de sonhos para que pudesse realizar grandes e ousadas façanhas.

Não longe de ali, no topo da montanha mais próxima ao castelo, à figura de um homem ficou iluminada momentaneamente por um raio de lua que surgiu entre as nuvens. Em qualquer outro momento, isso teria sido suficiente para que Christopher enviasse seus homens para investigar. Agora, entretanto, satisfeito pelo ato amoroso, gozando intensamente da companhia da linda jovem que estava a seu lado, mal prestou atenção ao que observava. Era uma noite cálida, ideal para confidências, muito suave e encantadora para suspeitar sequer que perto de suas próprias terras o perigo podia estar se formando.

Christopher franziu o cenho, sem deixar de pensar nas enigmáticas palavras de Dul. Os escoceses, inclusive os habitantes das terras baixas, que viviam de acordo com as leis feudais em vez das do clã, formavam um povo ferozmente leal. E tanto que o clã do pai de Dulce era um "conde" e os vassalos o chamavam simplesmente de "Merrick", ele e sua família contavam com a mais completa devoção e lealdade do clã Merrick. Não consideravam Dulce digna de desprezo, e todos aqueles a quem ela amava, a amariam. Portanto, não tinha necessidade de sonhar com um reino próprio.

-É uma jovem valente e linda - disse finalmente, - e condessa por direito próprio. Indubitavelmente, seu clã sente por você aquilo que deseja que sinta, e provavelmente mais.

Ela afastou o olhar e pareceu ficar novamente absorvida na contemplação da paisagem.

-Na realidade - replicou em tom cuidadosamente ausente de emoção, - consideram-me como uma espécie de... filha trocada por outra.

-Porque iriam considerar esse absurdo? -perguntou ele, confuso.

Diante da surpresa de Christopher, Dul saltou em defesa dos seus.

-O que outra coisa poderiam pensar tendo em conta os rumores que meu meio-irmão tem feito correr a respeito de mim?

-Que tipo de rumores?

Ela estremeceu e se inclinou novamente sobre a balaustrada, oferecendo um aspecto similar ao que tinha quando Christopher saiu ao balcão.

-A respeito de coisas terríveis - sussurrou.

Christopher a observou, e insistiu silenciosamente que lhe desse uma explicação. Ela suspirou e, a contra gosto, disse:

-Disse muitas coisas más sobre mim, mas a pior de todas foi quando Rebecca se afogou. Becky e eu éramos primas longínquas e muito boas amigas. -Fez uma pausa, e com um sorriso melancólico, acrescentou: - Seu pai, Garrick Carmichael, era viúvo e Becky era sua única filha. Sentia-se orgulhoso dela, como quase todos nós. Era tão doce, tão incrivelmente loira, muito mais do que Angel, todo mundo a achava encantadora. A questão era que seu pai a amava tanto que não lhe permitia fazer virtualmente nada, por temor que lhe fizesse mal. Nem sequer lhe permitia se aproximar do rio, porque temia que se afogasse. Becky, entretanto, decidiu aprender a nadar, para lhe demonstrar que não tinha do que se preocupar, e a cada manhã, nas primeiras horas, nos dirigíamos furtivamente para o rio, onde eu lhe ensinava a nadar.

"No dia anterior do seu afogamento, fomos a uma feira e tivemos uma forte discussão, porque eu lhe disse que um dos homens estava olhando para ela de maneira indecorosa. Meus meio-irmãos, Alexander e Malcolm, ouviram-nos discutir, assim como algumas outras pessoas, e Alexander me acusou de estar com ciúme e que eu queria que os homens só olhassem para mim, o que era uma estupidez, certamente. Becky se zangou tanto que, ao nos separamos, disse-me para que eu não me incomodasse em ir ao rio na manhã seguinte, porque já não necessitava mais de minha ajuda. Eu sabia que não falava sério e que, na realidade, ainda não sabia nadar bem, de forma que, na manhã seguinte, fui para lá."

A voz de Dulce desceu de tom até transforma-se em um sussurro.

-Ao chegar me dei conta de que ainda estava zangada; disse-me que desejava ficar sozinha. Eu já me encontrava no alto da colina, me afastando, quando escutei de repente um barulho e ela gritou, pedindo auxílio. Voltei-me e comecei a correr colina abaixo, mas não pude vê-la em nenhuma parte. Quando me encontrava a meio caminho, ela conseguiu tirar a cabeça por cima da água. Sei por que vi seu cabelo sobre a superfície. E então ouvi que me pedia que a ajudasse... - Dul estremeceu e esfregou os braços com expressão ausente. -Mas a corrente a arrastava. Mergulhei e tentei encontrá-la. Mergulhei várias vezes, mas... não pude encontrá-la... No dia seguinte a encontraram a vários quilômetros de distância. A corrente tinha levado o corpo até a margem.

Christopher levantou uma mão e depois a deixou cair, ao se dar conta de que ela lutava para se controlar e não receberia bem nenhum gesto de consolo.

-Foi um acidente - disse ele com suavidade.

Ela emitiu um prolongado suspiro.

-Segundo Alexander, não foi. Pelo visto, ele se encontrava perto, pois contou a todo mundo que ouviu Becky gritar meu nome, o que era certo. Mas depois disse que estávamos discutindo e que eu a empurrei na água.

-E como explicou o fato de que suas roupas também estivessem molhadas? -perguntou Christopher laconicamente.

-Disse que depois de empurrá-la esperei alguns momentos na margem antes de me lançar na água para salvá-la. Já haviam dito ao Alexander que não seria eu e sim ele quem assumiria o lugar de meu pai como senhor. Mas, pelo visto não era suficiente para ele. Desejava me ver cair em desgraça e longe do castelo de Merrick. Depois disso, tudo foi fácil para ele.

-Fácil? Em que sentido?

Dul encolheu os ombros e respondeu:

-Algumas mentiras a mais... a casa de um dos arrendatários que pegou fogo de noite depois de que eu o desafiei, junto com o roubo de um saco de grão que ele mesmo trouxe para o castelo... coisas assim. -Lentamente Dul voltou para Christopher os olhos cheios de lágrimas e, diante da surpresa dele, esboçou um sorriso e perguntou: - Ver meu cabelo?

Ele observou a abundante cabeleira avermelhada que admirava há várias semanas e assentiu com um gesto.

-Meu cabelo tinha uma cor horrível - disse Dul com voz entrecortada. -Agora tem a cor do cabelo de Becky. Ela sabia... o quanto que eu admirava seu cabelo, e... e eu gosto de pensar que foi ela quem me deu. Para demonstrar que sabe... que tentei salvá-la.

A dor que embargava Christopher, e que não estava acostumado a sentir, o fez estender a mão para a face de Dul, mas ela retrocedeu, e embora seus grandes olhos brilhassem pelas lágrimas não derramadas, não desmoronou nem se permitiu chorar. Christopher por fim compreendia por que aquela moça encantadora não tinha chorado uma só vez desde que foi capturada, nem sequer durante as palmadas que havia lhe dado. Dulce Merrick tinha contido as lágrimas dentro dela, e o orgulho e a coragem não lhe permitiriam desmoronar e derramá-las abertamente. Em comparação com tudo o que tinha tido que suportar, umas simples palmadas das mãos de Christopher não teriam a menor importância.

Ao não saber o que outra coisa fazer, Christopher entrou no quarto, serviu vinho de uma jarra em uma taça e a levou ao balcão.

-Beba isto - disse-lhe em um tom determinado. Observou aliviado que ela já tinha conseguido se dominar e que um sorriso travesso brincava em seus delicados lábios diante do tom não intencionada mente brusco de suas palavras.

-Me dá a impressão, milorde, que não perde a ocasião de pôr uma taça de vinho em minhas mãos - observou.

-Se faço, é por razões, devo reconhecer justas - admitiu divertido.

Ela se pôs a rir, bebeu um gole de vinho, deixou a taça de lado e cruzou os braços sobre a balaustrada com o olhar novamente perdido na distância. Christopher a estudou em silêncio, incapaz de afastar de sua mente as revelações que ela acabava de lhe fazer, e sentiu a necessidade de lhe dizer algo corajoso a respeito de suas perdas.

-De qualquer forma, duvido muito que você gostasse da idéia de ser responsável por seu clã.

Ela negou com a cabeça e respondeu tranqüilamente:

-Na realidade, ficaria encantada. Via tantas coisas que podia fazer de modo diferente, coisas que uma mulher é capaz de observar, mas que passam despercebidas para um homem. Coisas que aprendi também com a abadessa. Existem novos teares, por exemplo. Os dela são melhores que os nossos; existem novas formas de colher as colheitas, e centenas de outras coisas que podem fazer de modo diferente e melhor.

Incapaz de argumentar sobre os méritos relativos de um tipo de tear ou de uma forma de colher a colheita, Christopher abordou com um argumento diferente.

-Não pode viver toda sua vida tentando provar algo para o seu clã.

-Posso fazer - disse entre dentes. -Faria de tal forma que voltariam a me considerar uma dos seus. É meu povo..., por suas veias e pelas minhas corre o mesmo sangue.

-Será melhor que esqueça - disse Christopher. -Dá a impressão de que embarcou em uma busca provavelmente infrutífera no melhor dos casos.

-Em algum momento, durante estes últimos dias não foi algo tão improvável como imagina - replicou ela, com uma expressão sombria em seu formoso rosto. -Christian será conde mais cedo ou mais tarde, e é um rapaz amável e maravilhoso..., bom, na realidade, já é um homem, visto que tem vinte anos. Não é forte, como foi Alexander ou como é Malcolm, mas é inteligente, prudente e leal. Conhece os problemas que tive com nosso clã, e uma vez que se converta no senhor, estou convencida de que tentará endireitar as coisas. Mas esta noite, isso se transformou em algo impossível.

-O que tem a ver esta noite com tudo isso?

Dul o olhou nos olhos e pela sua expressão ele soube que, a pesar do tom sereno de sua voz, sentia que uma ferida irreversível aconteceu.

-Esta noite me converti na consorte do pior inimigo de minha família, na amante do inimigo de meu povo. No passado, desprezaram-me por coisas que não tinha feito. Agora, por outro lado, têm boas razões para me desprezar pelo que na verdade tenho feito, do mesmo modo que eu também tenho razões para me desprezar por isso. Desta vez fiz algo imperdoável. Nem Deus me perdoará por isso.

A inegável verdade de que, de fato, ela se transformou em sua amante golpeou Christopher com major força do que tivesse desejado reconhecer, mas seu próprio sentido de culpa se viu amortecido pelo fato de saber que a vida que ela tinha perdido não era tão boa assim. Aproximou-se de Dul, a pegou com firmeza pelos ombros e a obrigou a se voltar para ele. Levantou-lhe o queixo e a olhou nos olhos. E quando começou a falar, a proximidade de seu corpo fez com que sentisse entre as virilhas a urgente exigência de sua virilidade.

-Dulce - disse com serena firmeza. -Não sabia que tinha contas pendentes com seu povo, mas fiz amor com você, e isso é algo que ninguém pode mudar.

-E se pudesse mudar, faria? -perguntou ela com uma expressão rebelde.

Christopher observou a aquela jovem incrivelmente desejável, capaz de acender seu corpo em cada momento.

-Não - respondeu sereno e honestamente.

-Nesse caso, não se incomode em me mostrar sua piedade - respondeu ela.

Os lábios de Christopher se abriram em um sorriso sem piedade e sua mão deslizou sobre a face de Dul, até sua nuca.

-Dou a impressão de que sinto pena de você? Não estou. Lamento que se sinta humilhada, mas não lamento tê-la feito minha algumas horas atrás, nem lamentarei quando voltar a fazer de novo dentro de poucos minutos como é minha intenção.

Dul dirigiu um olhar feroz para ele diante da arrogância de sua afirmação, mas Christopher seguiu em frente com o que tinha a intenção de lhe dizer.

-Eu não acredito em seu Deus, nem em nenhum outro, mas quem acredita nele me disse que ele é, supostamente, justo. Se for assim - continuou em tom sereno e filosófico, - certamente não lhe culpará por nada que aconteceu. Enfim, só aceitou o acordo porque temia pela vida de sua irmã. Não foi de sua vontade, mas sim da minha. E o ocorrido nessa cama também aconteceu contra sua vontade, não é verdade?

Assim que fez a pergunta, Christopher lamentou, para sua surpresa, em tê-la feito. E então se deu conta de que, mesmo que desejasse se convencer de que não tinha lhe causado dano algum diante aos olhos do Deus de Dul, no fundo não desejava que ela negasse o que havia sentido quando faziam amor, ou que o desejava quase tanto como ele a ela. De qualquer forma, e como quisesse pôr a prova à honestidade de Dul e seu próprio instinto, insistiu:

-Tenho ou não tenho razão? Seu Deus não lhe culpará de nada, visto que não fez mais que se submeter a mim contra sua vontade, não é verdade?

-Não! -exclamou ela envergonhada, impotente e presa a outros sentimentos que Christopher não pôde identificar.

-Não? -repetiu ele ao mesmo tempo em que uma grande sensação de alívio parecia explodir em seu interior. -No que me enganei, então? -perguntou. -Me diga em que me enganei.

Não foi o tom de sua voz o que impulsionou Dul a responder, e sim a repentina lembrança de como ele tinha feito amor, com gentileza e contenção, da pena que expressou por ter lhe causado dano ao desflorá-la, das ternas palavras que sussurrou junto ao seu ouvido, de sua respiração entrecortada enquanto lutava para controlar sua própria paixão. Acrescentado a tudo isso, apareceu a lembrança de seu próprio e urgente desejo em se sentir preenchida dele, em lhe devolver as deliciosas sensações que ele mesmo a fez experimentar. Abriu a boca, com o desejo de prejudicá-lo, do mesmo modo que ele tinha prejudicado todas suas possibilidades de achar a felicidade, mas sua consciência fez com que as palavras morreram em sua garganta. No ato de amor não tinha descoberto vergonha e sim glória, e agora não podia mentir e afirmar o contrário.

-Não foi de minha vontade que me levou para sua cama - sussurrou. Voltou à cabeça para o lado angustiada, e acrescentou: - Mas uma vez ali, tampouco tive vontade de abandoná-la.

Como tinha afastado o olhar, Dul não pôde ver o terno sorriso que se desenhou no rosto de Christopher. Notou, entretanto, nos braços que a rodearam, na mão que se apertou contra suas costas para atraí-la para seu membro endurecido, ao mesmo tempo em que sua boca se apoderava da dela, privando-a da possibilidade de falar, e até de respirar.



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Autor(a): nathyneves

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 26



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  • beel Postado em 22/02/2009 - 15:49:56

    VOLTA A POSTAAAAAAAAAAR

  • beel Postado em 13/02/2009 - 18:25:00

    Voltaa aa postaar !!
    Se vc voltar postar eu comentoo todos os dias,várias vezes !!
    Por favoooooor !!
    Continuaaaaaaaaaaaaaa

  • nathyneves Postado em 13/02/2008 - 17:26:18

    Eu irei parar de postar aquii
    http://www.orkut.com/CommMsgs.aspx?cmm=48488462&tid=25782030367557 67535&start=1

    ai em cima ta o link da web no orkut
    Beijooos

  • dull Postado em 07/02/2008 - 00:36:45

    Por favor não para de poxtar eu amo sua Web...

  • nathyneves Postado em 31/01/2008 - 00:05:54

    Vou viajar e só volto depois do carnaval... Beijoos

  • mirian Postado em 28/01/2008 - 18:47:35

    eu tbm ADORO a sua web..e vou comentar
    todo cap para vc nao parar + de postar, OK?
    BJOS...

  • deborah Postado em 27/01/2008 - 10:11:40

    leitora nova!!!!
    essa web é lindah, eu to amando de vdd!
    To muito curiosa...
    Besitos e posta quando der...

  • avinha Postado em 26/01/2008 - 00:06:56

    nhaaa naum para de postarrr! sua web eh lindaa... *-*

  • nathyneves Postado em 24/01/2008 - 01:49:49

    Okeey então amanhã eu volto a postaar

  • avinha Postado em 23/01/2008 - 21:16:43

    ahhh pleaseee naum para de postar mais naum
    eh taum linda sua web


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