Fanfics Brasil - CAPITULO I •■•Um Reino de Sonhos•■• D&C

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Capítulo: CAPITULO I

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A manhã era usualmente bonita, o céu de um azul alegre e soprava uma brisa refrescante. O sol brilhava sobre a abadia banhando com sua luz dourada as torres góticas e os lindos arcos. O pequeno povoado de Belkirk vangloriava-se de ter uma abadia, duas tendas, trinta e quatro casas de campo e um poço artesanal de pedra onde os aldeãos se reuniam os domingos a tarde, como fizeram então naquele dia. Sobre uma colina longínqua, um pastor cuidava de seu rebanho, e em um campo, não muito longe do poço, Dulce brincava de cabra cega com os órfãos cujo cuidado à abadessa lhe confiou.

E foi naquele ambiente feliz, cheio de risadas e relaxamento, onde se iniciou os acontecimentos de que agora era vítima. Como se pudesse mudar os acontecimentos pelo fato de rememorá-los, Dulce fechou os olhos e, de repente, encontrou-se de novo ali no pequeno campo, no meio dos meninos, com a cabeça completamente coberta com um capuz.

-Onde está Tom MacGivern? - perguntou em voz alta, medindo com os braços estendidos, fingindo-se incapaz de localizar o sorridente menino de nove anos que, a julgar pelo que lhe diziam em seu ouvido, devia estar a uma curta distância, a sua direita. Sorrindo por debaixo do capuz que lhe impedia de ver, adotou a pose de um "monstro" clássico, com as mãos estendidas diante de si mesma, os dedos em forma de garras, e começou a avançar lentamente e a dizer com voz profunda: - Não pode escapar de mim, Tom MacGivern.

-Aqui! -gritou ele da direita. -Não poderá me encontrar seu monstro!

-Sim, eu te encontrarei! -disse Dul em tom ameaçador.

Depois se voltou deliberadamente para a esquerda, o que fez com que todos os meninos que se escondiam atrás das árvores fossem para junto dos arbustos começando a rir.

-Já te pego!- exclamou Dul com um tom de triunfo poucos minutos mais tarde, depois de precipitar-se sobre um pequeno que fugia e ria, e segurá-lo pelo braço.

Com a respiração entrecortada e sem deixar de rir, Dul tirou o capuz para ver quem tinha apanhado, sem se importar que seu comprido cabelo avermelhado caísse sobre os ombros e os braços.

-Apanhou a Mary! -gritaram os meninos, encantados. -Mary é agora a cabra cega!

A pequena de cinco anos, tremendo de medo, olhou para Dul com uma expressão de receio em seus olhos pardos.

-Por favor - sussurrou a menina, apegando-se as pernas de Dul. -Não..., não desejo de pôr o capuz. É necessário que o faça?

Dul acariciou com ternura a suave cabeça de Mary.

-Não tem que pôr se não quiser - disse com um sorriso tranqüilizador.

-Tenho medo da escuridão - confessou Mary sem poder dissimular que se sentia envergonhada.

Dul a tomou em seus braços e a abraçou com força.

-Todo mundo tem medo de algo - disse-lhe e depois, acrescentou: - Imagine, eu tenho medo... de rãs!

Aquela confissão fez com que a menina começasse a rir.

-Das rãs! -exclamou. -Eu gosto das rãs! Não me parecem tão altas.

-Vê? -disse Dul ao mesmo tempo em que voltava a depositá-la no chão. -É muito valente. Mais valente do que eu!

-Lady Dulce tem medo das rãs! -disse Mary aos outros meninos, que não puderam conter a risada.

-Não, não tem... -começou a dizer o jovem Tom saindo rapidamente em defesa da linda Lady Dulce, que, apesar de sua alta linhagem, sempre estava disposta a tudo, inclusive recolher as saias e meter-se no lago para ajudá-lo a apanhar uma grande rã ou a subir em uma árvore, com a mesma rapidez que um gato, para resgatar o pequeno Will, que tinha medo de descer.

Tom guardou silencio diante do suplicante olhar de Dul.

-Eu porei o capuz - se ofereceu.

Olhou com expressão de adoração para a jovem de dezessete anos que usava o sombrio hábito de noviça, apesar de não aparentar ser o que era, certamente, não agia como tal. No domingo anterior, durante o comprido sermão pronunciado pelo sacerdote na missa, Lady Dulce inclinou a cabeça, e só o forte pigarro do Tom, que se achava no banco de atrás, a despertou a tempo para que seu deslize não fosse detectado pelo atento olhar da abadessa.

-Agora o Tom vestirá o capuz - apressou-se a dizer Dul ao mesmo tempo em que a entregava ao menino.

Sorrindo, observou os meninos correrem para seus esconderijos preferidos. Depois pegou o véu de freira e o véu curto de lã que tirou para colocar o capuz, com a intenção de dirigir-se para o poço, onde os aldeãos interrogavam avidamente alguns homens que passavam por Belkirk, a caminho de seus lares, para pedir notícias da guerra que se travava em Cornualles contra os ingleses. Levantou o véu de freira para ir, quando de repente ouviu que um dos aldeãos gritava:

-Lady Dulce! Venha rápido... Há notícias do senhor seu pai!

Esquecendo-se do véu, Dul pôs-se a correr e os meninos, ao ver sua excitação, deixaram de brincar e a seguiram.

-Que notícias têm? -perguntou Dul com a respiração entrecortada, esquadrinhando os rostos impassíveis dos homens dos clãs. Um deles se adiantou, tirou respeitosamente o chapéu e o segurou em seu braço dobrado.

-É a filha do senhor de Merrick?

Ao ouvir mencionar o nome de Merrick, dois dos homens que se encontravam ao lado do poço içando água, detiveram-se e trocaram olhares de assombro e malevolência, antes de voltar a agachar a cabeça para mantê-la entre as sombras.

-Sim - respondeu Dul com impaciência. -Têm notícias de meu pai?

-Sim, milady. Dirige-se para cá com um grupo numeroso homens. Não está muito distante.

-Graças a Deus - disse Dul, e deixou escapar um suspiro de alívio. -Como foi à batalha de Cornualles? -perguntou ao término de um momento, disposta a esquecer suas preocupações pessoais para prestar atenção no que eles diziam sobre a batalha que os escoceses lideravam em apoio do rei Jacob e das aspirações de Eduardo V ao trono inglês.

A expressão do homem antecipou a resposta.

-Quando nos partimos - disse por fim, - tudo parecia ter terminado. Em Cork e Taunton tínhamos possibilidades de vencer, e o mesmo caberia dizer de Cornualles, até que o diabo se apresentou e ficou no comando do exército de Henrique.

-O diabo? -repetiu Dul, sem compreender.

Uma careta de ódio desfigurou os traços do homem, que cuspiu no chão.

-Sim, o diabo..., ou mesmo Lobo Negro, que queime no inferno, de onde veio.

Duas das camponesas fizeram o sinal da cruz para afugentar o demônio diante da menção do nome de Lobo Negro, o inimigo mais odiado e temido em toda a Escócia. As palavras seguintes do homem, entretanto, fizeram com que o temor se apoderasse delas.

-O Lobo retorna para a Escócia. Henrique o envia no comando de um exército de guerreiros para esmagar todos os que apóiam o rei Eduardo. Haverá mortes e derramamento de sangue, só que desta vez será pior, podem acreditar. Os clãs se apressam em retornar a seus lares e preparar-se para a batalha. Acredito que o Lobo atacará primeiro Merrick antes que qualquer um de nós, já que foi seu clã que matou mais vidas inglesas em Cornualles. -Depois de dizer isto, fez uma cortês reverencia, colocou o chapéu e se voltou para dirigir-se para seu cavalo.

Os camponeses reunidos ao redor do poço partiram pouco depois, para tomar o caminho que cruzava as restingas e dirigir-se, depois da curva, para o interior das montanhas.

Dois dos homens, entretanto, não continuaram mais à frente da curva do caminho. Uma vez que se encontraram fora da vista dos aldeãos, giraram para a direita e obrigaram seus cavalos a empreender um furtivo galope e entraram no bosque.

Se Dul os tivesse observado, teria os visto voltarem por entre as árvores que crescia ao longo do caminho, justamente à direita de onde ela se encontrava. Mas nesse momento se achava ocupada com o tumulto que se estalou entre os aldeãos de Belkirk, que se encontrava justamente no caminho entre a Inglaterra e o castelo de Merrick.

-O Lobo vem! -exclamou uma das mulheres ao mesmo tempo em que apertava protetoramente seu bebê contra o peito. -Que Deus tenha piedade de nós.

-Se lançará sobre Merrick - gritou um homem, preso ao pânico. -O que quer é apanhar o senhor de Merrick, mas quando passar por Belkirk arrasará a aldeia.

De repente, o ar se encheu com horríveis presságios de incêndios, morte e destruição, e os meninos formando redemoinhos ao redor de Dul se apertaram contra ela e a olharam horrorizados. Para os escoceses, fossem nobres ou humildes aldeãos, o Lobo Negro era pior que o diabo, e era muito mais perigoso, pois o diabo não era mais que um espírito, enquanto que o Lobo era de carne e osso, o Senhor do mal revivido, um ser monstruoso que ameaçava sua existência sobre a Terra. Era o espectro malévolo que os escoceses utilizavam para aterrorizar seus pequenos e fazer com que se comportassem bem. "Caso se comporte mal o Lobo virá e te levará", era a advertência que se faziam aos meninos para evitar que entrassem no bosque, abandonasse a cama de noite ou desobedecessem a seus pais.

Sem compreender como era possível que um ser que para ela era mais um mito que um homem pudesse causar tanta histeria, Dul levantou a voz para se fazer ouvir por cima do tumulto.

-O mais provável é que retorne para o lado de seu rei pagão para lamber as feridas que lhe infligimos em Cornualles, enquanto conta grandes mentiras para exagerar sua vitória - disse ao mesmo tempo em que rodeava com seus braços os aterrorizados meninos, que se apertavam contra ela diante da mera alusão do Lobo. -E se não fizer isso, escolherá atacar um castelo mais fraco que o de Merrick, um que tenha possibilidades de ocupar.

Suas palavras e o tom de desprezo zombador arrancaram olhadas fugazes e assombradas entre os aldeãos, mas o que fez com que Dul falasse assim não era bravura. Ela era uma Merrick, e um Merrick nunca admitia sentir temor diante de nenhum homem. Ela havia ouvido seu pai dizer-lhe centenas de vezes a seus meios-irmãos, e estava convencida de que não podia ser de outro modo. Além disso, a atitude dos aldeãos assustava os meninos, e não estava disposta a permitir.

Mary tirou a touca de Dul para chamar sua atenção, e com sua voz aguda, perguntou:

-Não tem medo do lobo Negro, lady Dul?

-Mas claro que não! -respondeu ela com um brilhante sorriso tranqüilizador.

-Dizem que o Lobo é tão alto como uma árvore - interveio o pequeno Tom em tom de respeito.

-Uma árvore! -Dul se pôs a rir e tratou de tomar brincadeira tudo o que se dizia sobre o Lobo.

-Pois se é, valeria a pena vê-lo quando tentar montar em seu cavalo. Necessitaria de quatro escudeiros para que conseguisse!

O absurdo da imagem fez com que alguns meninos começassem a rir, tal como Dul esperava que acontecesse.

-Ouvi dizer -comentou o jovem Will com evidente temor, - que destrói os muros com suas próprias mãos e bebe sangue.

-Agh! -exclamou Dul com olhos cintilantes. -Então deve ser a indigestão o que o faz ser tão mesquinho. Se chegar a Belkirk, lhe ofereceremos em vez de sangue um pouco da boa cerveja escocesa.

-Meu pai - interveio outro menino, - diz que cavalga acompanhado de um gigante, chamado Arik, que leva um machado com o qual despedaça os meninos...

-Eu ouvi dizer... -falou outro menino em tom detestável.

-Deixe que lhes diga o que ouvi - interrompeu-o Dul com suavidade. Depois, com um brilhante sorriso, começou a conduzi-los para a abadia, que se elevava mais à frente na curva do caminho. -Ouvi dizer -improvisou alegremente, - que é tão velho que tem que cerrar os olhos para ver, assim... -torceu o rosto para imitar uma pessoa aturdida e quase cega que olhava ao redor sem nada ver, e os meninos começassem a rir.

Enquanto caminhavam, Dul não deixou de fazer comentários jocosos. Os meninos participaram do jogo e acrescentaram suas próprias sugestões para fazer com que o Lobo parecesse um ser absurdo.

Mas apesar das risadas e da aparente alegria do momento, grandes nuvens escureceram o céu e começou a soprar um vento gélido que açoitava a capa de Dul, como se a natureza se entristecesse diante da simples menção daquele nome.

Dul estava a ponto de fazer outra brincadeira sobre o Lobo, mas interrompeu bruscamente quando um grupo de homens, montados a cavalo, apareceram na curva procedentes da abadia. Diante do líder estava montada uma linda jovem, vestida, como Dul, com o sombrio hábito cinza, o véu de freira branco e um curto véu cinza de freira noviça. Estava recatadamente sentada de lado sobre a sela, e seu tímido sorriso confirmava o que Dul já sabia.

Com um silencioso grito de alegria, Dul estava a ponto de correr para ela, mas logo reprimiu aquele impulso impróprio de uma dama e permaneceu onde se encontrava. Olhou fixamente para seu pai e depois observou fugazmente os homens do clã, que evitavam seus olhos com a mesma expressão de desaprovação que tinham demonstrado por ela durante anos, desde que seu meio-irmão conseguiu fazer circular com êxito aquela horrível historia.

Dul pediu aos meninos que continuassem, não sem antes ordenar que se dirigissem diretamente para a abadia, e esperou no meio do caminho durante o que lhe pareceu uma eternidade, até que por fim o grupo se deteve diante dela.

Seu pai, que evidentemente tinha passado pela abadia onde também estava Angel, a meia-irmã de Dul, desmontou e se voltou para ajudar a meia-irmã de Dul a fazer o mesmo. Dul se impacientou diante do atraso, mas a escrupulosa atenção que prestava seu pai às regras de cortesia e dignidade era tão típica do grande homem, que não pôde evitar esboçar um sorriso irônico.

Finalmente, o homem se voltou para ela e abriu os braços. Dul correu para ele e o abraçou com força, ao mesmo tempo em que falava excitada:

-Pai, rezei tanto para que viesse! Transcorreram quase dois anos desde a última vez que o vi.

-Encontra se bem? Espero que tenha mudando depois de todo este tempo!

Afastando suavemente os braços que rodeavam seu pescoço, Lorde Merrick retrocedeu um passo e observou o cabelo revolto, as bochechas rosadas e o hábito enrugado de sua filha. Dul se envergonhou interiormente diante daquela prolongada observação, e rezou para que ele aprovasse o que via e, já que se deteve na abadia, se sentisse contente com o relatório que, sem dúvida, tinha lhe dado à abadessa.

Dois anos antes, seu comportamento tinha feito com que a enviassem para a abadia, um ano atrás, a própria Angel também foi enviada para lá por motivos de segurança, já que o senhor estava na guerra. Sob a guia firme da abadessa, Dul chegou a apreciar sua própria fortaleza e a tentar superar seus defeitos. Mas enquanto seu pai a inspecionava dos pés a cabeça, não pôde evitar se perguntar se via nela a jovem dama em que se transformou, ou se continuava vendo a revoltada moça que fora dois anos atrás. Finalmente, seu pai a olhou no rosto e em seus olhos azuis brilhou um sorriso.

-Se transformou em uma mulher, Dulce.

Dul se sentiu cheia de prazer. Aquele comentário, procedendo de seu pai, era um elogio.

-Também mudei em outras coisas pai - assegurou-lhe. -Mudei muito.

-Parece que nem tanto, moça - replicou ele observando o véu curto e o véu de freira que ela segurava entre os dedos.

-OH! -exclamou Dul, impaciente por explicar-se. -Brincava... com os meninos, e não podia pôr o capuz. Viu à abadessa? O que lhe contou a madre Ambrose?

A risada cintilou nos sombrios olhos de seu pai.

-Diz -replicou asperamente, - que tem o costume de sentar-se no alto de uma colina afastada e de ali contemplar o ar com expressão sonhadora, algo que me soa familiar, moça. E também comentou que tem certa tendência a dormir no meio da missa quando o sacerdote pronuncia um sermão mais longo do que te parece conveniente, o que também me soa familiar.

Dul se sentiu traída pela abadessa, a quem tanto admirava. De certo modo, a madre Ambrose era a senhora de suas próprias terras, controlava os ganhos que obtinha dos lavradores e o gado pertencente à abadia, presidia a mesa sempre que havia visitas, e se ocupava de todas as questões que afetavam as pessoas que trabalhavam nas terras do convento, assim como às freiras que viviam enclausuradas entre seus altos muros.

Angel ficava aterrorizava diante daquela mulher tão severa, mas Dul a adorava por isso se sentiu profundamente ferida pelo que considerava uma traição.

As palavras seguintes de seu pai, entretanto, fizeram com que sua decepção esfriasse.

-A madre Ambrose também me disse que tem a cabeça firmemente posta sobre os ombros - admitiu tratando de disfarçar seu orgulho. -Disse que é uma verdadeira Merrick, com valores suficientes para ser a senhora de seu próprio clã. Embora isso não seja possível - acrescentou em tom de advertência.

Apesar de que com aquelas últimas palavras Dul via acabado seu sonho mais desejado, fez um esforço por manter o sorriso, em negar a se sentir ferida diante da privação daquele direito; um direito que seu pai tinha lhe prometido até que se casou com a mãe de Angel, e adquiriu, além disso, outros três enteados.

Alexander, o mais velho dos três irmãos, assumiria quando chegasse o momento o posto que teria correspondido a ela. Isso, não seria difícil de aceitar se Alexander fosse agradável e justo, mas era um homem traiçoeiro, um embusteiro intrigante, e Dul sabia embora seu pai e seu clã não parecesse se dar conta disso. Um ano depois de começar a morar no castelo de Merrick, fez correr rumores a respeito dela, intrigas caluniosas totalmente inventadas, mas tão bem feitas que, no decorrer do tempo, conseguiu com que todo o clã se revoltasse contra Dul. Aquela perda do afeto de seu clã ainda lhe causava uma dor insuportável. Inclusive agora, quando evitavam olharem em seu rosto, como se não existisse para eles, Dul tinha que fazer um esforço para não lhe pedir que a perdoassem por coisas que, na realidade, não tinha feito.

Christian, o irmão do meio, era como Angel, doce e tímido, enquanto Malcolm, o menor, era tão malvado como Alexander.

-A abadessa -continuou seu pai, - também disse que é afável e gentil embora também enérgica...

-Disse tudo isso de mim? -perguntou Dul, que afastou de sua mente os lúgubres pensamentos sobre seus meio-irmãos. -Sério?

-Claro.

Normalmente Dul teria se regozijado diante daquela resposta, mas ao observar o rosto de seu pai sentiu que sua expressão se tornava mais carrancuda que nunca. Inclusive sua voz pareceu tensa quando acrescentou:

-Estou muito contente que tenha abandonado seu comportamento próprio de pagãos e que tenha se transformado no que é Dulce.

Guardou silêncio, e Dul o animou suavemente a continuar.

-Por que fala assim pai?

-Porque o futuro do clã -respondeu ele depois de um prolongado suspiro, - dependerá do que responda para a minha pergunta seguinte.

Aquelas palavras ressonaram na mente de Dul como um toque de trompetista, o que a deixou aturdida de excitação e alegria. O futuro do clã dependeria dela, havia dito seu pai. Sentiu-se tão feliz que mal pôde acreditar no que acabava de escutar. Era como se encontrar lá em cima, sobre a colina, entregue ao seu sonho preferido, aquele em que seu pai se aproximava e lhe dizia: "Dulce, o futuro do clã não depende de seus meio-irmãos, mas sim de você, de você".

Agora por fim se apresentava a oportunidade com que sonhava para demonstrar sua têmpera aos homens do clã e recuperar seu afeto. Sempre imaginava que a chamava para realizar uma façanha incrível, um ato corajoso e perigoso, como escalar o muro do castelo do Lobo Negro e capturar este sem ajuda de ninguém. Por mais atrevida que fosse a tarefa ela nunca a questionava nem vacilava um segundo em aceitar o desafio.

Olhou atentamente para seu pai e perguntou impaciente:

-O que quer de mim? Digam-me e farei o que quer que seja.

-Se casará com Edric MacPherson?

-Quem? -perguntou a horrorizada heroína do sonho de Dul.

Edric MacPherson era mais velho que seu pai; tratava-se de um homem aterrorizador que, desde que Dul se transformou em mulher, olhava-a de tal modo que a punha nervosa.

-Fará, ou não fará?

Dul franziu o delicado cenho.

-Por quê? -perguntou a heroína que nunca questionava nada.

Uma expressão estranha e atormentada apareceu no rosto de seu pai.

-Em Cornualles perdemos a metade de nossos homens. Alexander morreu na batalha. -Fez uma pausa e, em tom de orgulho, acrescentou: - Morreu como um Merrick, lutando até o final.

-Me alegro de que se encontre bem, pai - disse Dul, incapaz de sentir mais que uma breve pena pelo meio-irmão que tinha transformado sua vida em um inferno. Agora, como tantas vezes no passado, só desejava fazer algo para que seu pai se sentisse orgulhoso dela. -Sei que gostava dele como se fosse seu filho.

Ele aceitou sua compreensão com um breve gesto de assentimento, para retornar imediatamente ao tema que lhe ocupava a mente.

-Muitos se opuseram a ir a Cornualles para lutar pela causa do rei Jacob, mas os clãs me seguiram de qualquer forma. Para os ingleses não é nenhum segredo que fui eu quem convenceu os clãs a partir para Cornualles, e agora o rei inglês deseja vingança. Enviou o Lobo para a Escócia para atacar o castelo de Merrick. -Com um tom de profundo desgosto, admitiu: - Agora não poderemos resistir a um cerco, a menos que o clã MacPherson nos ajude em nossa luta. MacPherson exerce influencia suficiente sobre uma dúzia de clãs para obrigá-los a unir-se a nós.

Dul refletia com toda pressa. Alexander estava morto, e o Lobo logo atacaria seu lar.

A dura voz de seu pai a tirou repentinamente de seus pensamentos.

-Dulce! Entende o que te digo? MacPherson prometeu unir-se a nossa luta só se o aceitar como marido.

Dul era, por parte de sua mãe, condessa e herdeira de uma rica propriedade que rivalizava com a dos MacPherson.

-Ele deseja minhas terras? -perguntou esperançosa, ao lembrar o horrível modo que Edric MacPherson a tinha olhado no ano anterior, quando passou pela abadia para lhe fazer uma "visita de cortesia".

-Sim.

-E não poderíamos oferecer-lhe em troca de seu apoio? -sugeriu com desespero, preparada e inclusive disposta a sacrificar sem a menor vacilação sua esplêndida casa pelo bem de seu povo.

-Eu não admitiria! -replicou seu pai, zangado. -Lutar pelos clãs é uma honra, mas não pode enviar seu povo a uma luta que não seja sua, e aceitar suas terras como pagamento por isso.

-Mas se deseja minhas terras certamente haverá alguma forma de...

-Deseja a você. Assim me disse em Cornualles. -Seu olhar percorreu o rosto de Dul e registrou as assombrosas mudanças que se produziram nele desde que era uma menina magra e sardenta para transforma-se em uma beleza perturbadora. -Você agora tem a aparência de sua mãe, e isso é algo que acorda os apetites de um velho. Não lhe pediria isso se pudesse evitar. -Mal-humorado, lembrou-lhe: - Estava acostumada a me pedir que te nomeasse senhora. Assegurava estar disposta a fazer o que fosse por seu clã...

Dul sentiu náuseas só de pensar em entregar seu corpo, sua vida, a um homem que desprezava.

Apesar disso, levantou a cabeça e sustentou valentemente o olhar de seu pai.

-Certo pai - respondeu com serenidade. -Devo lhe acompanhar agora?

A expressão de orgulho e alívio de seu pai quase fez com que o sacrifício valesse a pena.

-Será melhor que fique aqui, com a Angel - respondeu ele. -Não dispomos de cavalos suficientes e estamos impacientem para chegar a Merrick e iniciar os preparativos para a batalha. Avisarei ao MacPherson de que o matrimônio está acordado, e logo enviarei alguém para que a acompanhe diante sua presença.

Depois que o pai voltou-se para montar em seu cavalo, Dul se deixou levar pela tentação que tinha contido até então. Em vez de se afastar, introduziu-se entre as filas de cavaleiros do clã, que em outro tempo tinham sido seus amigos e companheiros de jogo. Confiava em que tivessem escutado que consentia em se casar com o MacPherson, e que isso fizesse desaparecer o desprezo que sentiam por ela. Deteve-se junto ao cavalo de um homem corado e ruivo.

-Eu desejo um bom dia, Renald Garvin - disse com um sorriso vacilante, enquanto observava seu olhar sombrio. -Como está sua esposa?

O homem a olhou com frieza e disse:

-Imagino que bastante bem.

Dul engoliu a saliva com dificuldade diante daquele inconfundível desprezo por parte de quem em outros tempos tinha lhe ensinado a pescar, e que tinha rido com ela em uma ocasião em que tinha caído na água.

Voltou-se e olhou com expressão de súplica para o homem situado junto a Renald na coluna.

-E você, Michael MacCleod? Melhorou da ferida em sua perna?

Uns implacáveis olhos azuis posaram sobre ela. Depois, o homem desviou o olhar.

Dul se dirigiu para o homem situado atrás dele, cujo rosto parecia cheio de ódio, e estendeu uma mão para ele.

-Garrick Carmichael - disse em tom suplicante, - transcorreram quatro anos desde que sua Becky se afogou. Juro-lhe agora, como jurei na época, que eu não a empurrei no rio. Não brigávamos... Isso foi só uma mentira inventada pelo Alexander para...

O rosto do homem era tão duro como granito. Sem dignar-se a olhar Dul, Garrick Carmichael esporeou seu cavalo e os homens seguiram seu caminho.

Só o velho Josh, o armeiro do clã, deteve seu cavalo e permitiu que os outros se adiantassem. Inclinou-se e colocou sua calosa mão sobre a cabeça descoberta da moça.

-Sei que diz a verdade - disse, e aquela amostra de lealdade fez com que as lágrimas queimassem nos olhos de Dul, enquanto levantava a vista nublada para os suaves olhos pardos. -Têm temperamento, isso não pode ser negado, mas até quando era uma mocinha o demonstrava. Garrick Carmichael e os outros provavelmente se deixaram enganar pelas atitudes angelicais do Alexander, mas não o velho Josh. Não me verão lamentar sua perda. O clã estará muito melhor dirigido pelo jovem Christian. Carmichael e os outros - acrescentou em tom tranqüilizador, - terminarão por mudar de opinião sobre você uma vez que tenha se casado com o MacPherson, tanto por seu bem como pelo de seu senhor.

-Onde estão meus meio-irmãos? -perguntou Dul com voz rouca, mudando de assunto para não chorar.

-Retornam para casa por uma rota diferente. Havia a possibilidade de que o Lobo tentasse nos atacar, de forma que nos dividimos depois de abandonar Cornualles.

Depois de lhe dar outra suave palmada sobre a cabeça, esporeou seu cavalo.

Aniquilada, Dul permaneceu no meio do caminho, observando o clã que se afastava e desaparecia por outra curva do caminho.

Angel, que se achava a seu lado, disse em tom de simpatia:

-Escurece. Deveríamos retornar à abadia.

A abadia. Fazia apenas três horas que Dul tinha saído dela sentindo-se alegre e cheia de vida. Agora, por outro lado, sentia-se morta.

-Siga adiante sem mim. Eu... não posso retornar agora. Ainda não. Acredito que subirei até o topo da colina e me sentarei ali por um momento.

-A abadessa se zangará se não retornarmos antes do anoitecer e falta pouco - disse Angel com receio.

A relação entre as duas jovens sempre tinha sido assim: Dul era a que transgredia as regras, e Angel a que se sentia horrorizada diante da mera idéia de fazê-lo. Angel era gentil, dócil e linda, com cabelo loiro, olhos cor de avelã e um caráter doce que, na opinião de Dul, fazia com que fosse a melhor personificação de feminilidade.

Era tão tímida quanto Dul era impulsiva e atrevida...  Se não fosse por Dul, não teria tido uma só aventura. Sem contar com Angel para se preocupar com ela e protegê-la, Dul teria tido muito mais aventuras e recebido muito mais repreensões. Como conseqüências disso, as duas jovens se achavam muito compenetradas, e tratavam de se protegem diante dos inevitáveis resultados de seus respectivos defeitos.

Depois de vacilar por um instante, Angel ofereceu com um ligeiro tremor na voz:

-Permanecerei ao seu lado. Se ficar sozinha se esquecerá do tempo e até é possível que se encontre com... um urso na escuridão.

Nesse momento, Dul não pareceu tão triste com a possibilidade de ser despedaçada por um urso. Pressentia que viveria até o final de seus dias consumida na tristeza. Apesar de que verdadeiramente desejava, e inclusive precisava ficar ao ar livre e tentar ordenar seus pensamentos, fez um gesto de negação com a cabeça, consciente de que, se ficasse, Angel se sentiria atemorizada diante só da idéia de ter que enfrentar mais tarde à abadessa.

-Não, retornaremos.

Angel fez pouco caso das palavras de Dul, pego-a pela mão e se voltou para a esquerda para tomar a direção da colina. E então, pela primeira vez, foi Angel quem abriu caminho e Dul a seguiu.

Entre as árvores que rodeavam o caminho, duas sombras começaram a seguir silenciosamente às duas moças.

Quando tinham subido até a metade da colina, Dul já se sentia impaciente com sua própria auto-piedade e fez um esforço hercúleo para recuperar seu espírito de resistência.

-Se pensar nisso - começou lentamente, olhando Angel de soslaio, - ao me casar com o MacPherson surge à oportunidade de fazer algo grandioso e nobre pelo bem de meu povo.

-É como Juan do Arco -disse Angel, - que levou seu povo à vitória.

-Só que, no lugar disso, eu terei que me casar com Edric MacPherson.

-E sofrer um destino pior que o dele! -acrescentou Angel e pôs-se a rir.

Dul se surpreendeu que sua meia-irmã encontrasse graça em uma situação tão deprimente, mas não pode evitar rir também.

Animada ao ver que Dul voltava a mostrar-se alegre, Angel procurou um modo de distraí-la. Ao se aproximar do topo da colina, em que crescia um bosque, perguntou:

-O que quis dar a entender a nosso pai quando disse que tinha o aspecto de sua mãe?

-Não sei - respondeu Dul. De repente, teve a estranha e incômoda sensação de que as observavam. Voltou-se e retrocedeu alguns passos, olhou em direção ao poço e viu que os aldeãos tinham retornado a seus lares. Enrolou-se na capa e estremeceu devido ao gélido vento. -A abadesa -acrescentou sem muito interesse - disse que sou um pouco descarada, e que devo andar com cuidado porque se saiu da abadia posso atrair os homens de maneira indevida.

-O que significa isso?

Dul encolheu os ombros e respondeu despreocupada:

-Tampouco eu sei. - Voltou-se e avançou de novo. Ao lembrar do véu que ainda levava na mão, começou a colocá-lo. -Que aspecto tenho? -perguntou, dirigindo a Angel um olhar de estranheza. -Faz dois anos que só vejo o meu rosto quando observo meu reflexo na água. Mudei muito?

-OH, sim - exclamou Angel, tornando a rir. -Nem sequer Alexander poderia te dizer agora que é esquálida e lisa, ou que seu cabelo tem a cor das cenouras.

-Angel! -exclamou Dul, impressionada por sua insensibilidade. -Não se sente afligida pela morte do Alexander? Era seu irmão e...

-Não fale mais disso - pediu-lhe Angel, tremula. -Chorei quando meu pai me disse, mas as lágrimas foram poucas, e me senti culpada porque não gostava tanto dele como devia, nem mesmo agora. Não podia. Era tão... mesquinho. Não fica bem falar mal dos mortos, mas não posso dizer nada de bom dele. -Guardou silêncio e enrolando-se no manto para se proteger do vento úmido. Olhou para Dul e sem pronunciar uma palavra, suplicou que mudasse de assunto.

-Me diga então que aspecto tenho - insistiu Dul imediatamente, e lhe deu um forte abraço.

Deixaram de caminhar, pois o denso bosque que cobria o resto da ladeira impedia de continuar. Um sorriso lento e reflexivo se estendeu pelo lindo rosto de Angel, que estudou com carinho o de sua meia-irmã, expressivo, dominado por um par de grandes olhos tão claros como o cristal azul escuro, abaixo daquelas sobrancelhas castanhas graciosamente arqueadas.

-Bom, é..., é bastante bonita.

-Bem, mas vê algo de insólito em mim? -perguntou Dul, que não deixava de pensar nas palavras da madre Ambrose, enquanto colocava o véu de freira e por cima o véu curto de lã. -Observa em mim algo que possa fazer com que um homem se comporte de modo estranho?

-Não - respondeu Angel, pois via Dul com os olhos de uma jovem inocente. -Absolutamente nada.

Um homem, entretanto, teria respondido de maneira muito diferente, pois embora Dulce Merrick não fosse bonita no sentido convencional, seu aspecto era recatado e provocador. Possuía uma boca generosa que pedia para ser beijada, olhos que pareciam safiras líquidas, uma abundante cabeleira avermelhada com reflexos dourados e um corpo esbelto e voluptuoso que parecia feito para ser acariciado pelas mãos de um homem.

-Tem os olhos azuis - começou a dizer Angel com intenção de descrevê-la.

-Já eram azuis há dois anos - observou Dul com ar de riso.

Angel abriu a boca para replicar, mas suas palavras se transformaram em um grito que foi silenciado pela mão de um homem que lhe fechou a boca ao mesmo tempo em que começava a arrastá-la para trás, em direção ao espesso bosque.

Dul se agachou instintivamente, à espera de um ataque por trás, mas foi muito tarde. Suas pernadas e gritos não puderam evitar que a mão enluvada de outro homem a levantasse e a conduzisse para o bosque. Angel foi jogada sobre o lombo do cavalo de seu seqüestrador como se fosse um saco de farinha, e a flacidez de seus braços e suas pernas testemunhava que tinha desmaiado. Mas a Dul não puderam dominá-la tão facilmente. Quando seu agressor a jogou sobre o lombo do cavalo, deixou-se cair do flanco, rolou sobre si mesma, liberando-se, e caiu engatinhando sobre a folhagem, para levantar-se rapidamente. O homem a apanhou de novo e Dul o marcou no rosto com as unhas, retorcendo-se entre suas mãos.

-Pelos Deuses! -resmungou o homem ao mesmo tempo em que tentava segurar as pernas que se debatiam.

Dul emitiu um grito, capaz de gelar o sangue, enquanto com todas suas forças lançou uma pernada que alcançou o homem na virilha, com suas robustas botas negras de noviça. O homem deixou escapar um grunhido de dor e soltou sua presa durante uma fração de segundo. Dul se lançou para frente e teria alguns metros de vantagem se um de seus pés não tivesse tropeçado na grosa raiz de uma árvore, que a fez cair de bruços e bater com a cabeça contra uma rocha.

-Me jogue a corda - disse o irmão do Lobo ao seu companheiro com um cruel sorriso. Depois de envolver a cabeça de sua prisioneira com sua própria capa, Diego Westmoreland a obrigou a voltar-se, lhe apertando os braços ao longo do corpo, agarrou a corda que seu companheiro entregava e a amarrou fortemente. Uma vez terminado, agarrou o fardo humano em que Dul se transformou e o jogou sem cuidado sobre seu cavalo, de barriga para baixo. Depois saltou sobre a sela, por trás dela.



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Autor(a): nathyneves

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-Christopher não acreditará em nossa boa sorte - comentou Diego ao cavaleiro que cavalgava ao seu lado, e cuja prisioneira também estava amarrada e arremessada sob sua cela. -Imagine... as jovens Merrick debaixo daquelas árvores, tão amadurecidas para a colheita como maçãs penduradas em um galho. Agora já não tem ...


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Comentários da Fanfic 26



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  • beel Postado em 22/02/2009 - 15:49:56

    VOLTA A POSTAAAAAAAAAAR

  • beel Postado em 13/02/2009 - 18:25:00

    Voltaa aa postaar !!
    Se vc voltar postar eu comentoo todos os dias,várias vezes !!
    Por favoooooor !!
    Continuaaaaaaaaaaaaaa

  • nathyneves Postado em 13/02/2008 - 17:26:18

    Eu irei parar de postar aquii
    http://www.orkut.com/CommMsgs.aspx?cmm=48488462&tid=25782030367557 67535&start=1

    ai em cima ta o link da web no orkut
    Beijooos

  • dull Postado em 07/02/2008 - 00:36:45

    Por favor não para de poxtar eu amo sua Web...

  • nathyneves Postado em 31/01/2008 - 00:05:54

    Vou viajar e só volto depois do carnaval... Beijoos

  • mirian Postado em 28/01/2008 - 18:47:35

    eu tbm ADORO a sua web..e vou comentar
    todo cap para vc nao parar + de postar, OK?
    BJOS...

  • deborah Postado em 27/01/2008 - 10:11:40

    leitora nova!!!!
    essa web é lindah, eu to amando de vdd!
    To muito curiosa...
    Besitos e posta quando der...

  • avinha Postado em 26/01/2008 - 00:06:56

    nhaaa naum para de postarrr! sua web eh lindaa... *-*

  • nathyneves Postado em 24/01/2008 - 01:49:49

    Okeey então amanhã eu volto a postaar

  • avinha Postado em 23/01/2008 - 21:16:43

    ahhh pleaseee naum para de postar mais naum
    eh taum linda sua web


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