Fanfic: •■•Um Reino de Sonhos•■• D&C
Durante os cinco dias seguintes, Dul estudou a rotina dos homens do Lobo, Pela manhã, pouco depois do amanhecer se levantavam e praticavam com suas armas durante várias horas, o que fazia com que nos campos e no vale ressonasse incessantemente o ruído das espadas ao se chocarem. Os arqueiros cuja habilidade era legendária, também praticavam diariamente, acrescentando ao ruído do metal o som de seus arcos. Não passava dia sem que os cavalos fossem adestrados; os cavaleiros os faziam galopar efetuando ataques fictícios contra inimigos imaginários, e os sons da guerra continuava martelando e ecoando nos ouvidos de Dul até muito tempo depois de que os homens se descansassem para comer.
Sentada dentro da tenda de Christopher, com os dedos ocupados em cerzir as mantas, Dul escutava o incessante barulho e tentava sem êxito esquecer as preocupações. Não imaginava como o exército de seu pai poderia sobreviver quando enfrentasse a «máquina de guerra» em que o Lobo tinha transformado seus homens, e tampouco podia evitar se perguntar se o castelo de Merrick estaria devidamente preparado para resistir um assalto desse porte. Depois, suas preocupações se concentraram na Angel.
Depois de sua fuga tão desgraçadamente desfeita, só pôde ver fugazmente sua irmã em uma ocasião. O conde tinha proibido que as duas mulheres permanecessem juntas; Diego, o irmão mais novo do conde, era o responsável por manter Angel prisioneira em sua própria tenda, do mesmo modo que o conde de Claymore tinha assumido a responsabilidade sobre Dul. Esta tinha interrogado várias vezes Christopher a respeito da segurança de sua meia-irmã, e ele respondeu com aparente honestidade que estava perfeitamente a salvo e era tratada por seu irmão mais como uma convidada do que como prisioneira.
Dul deixou de um lado sua inútil tentativa de costurar e se dispôs a sair por um momento da tenda, com o desejo de caminhar um pouco. O tempo estava delicioso, pois embora de noite fizesse frio, os dias eram quentes. Mas lembrou então da guarda de elite do Lobo, composta por quinze homens que só deviam fidelidade ao seu senhor, que nesse momento fazia exercícios no lado mais afastado do acampamento, e embora ela desejasse sair para passear sob a luz do sol, sabia que seu seqüestrador, cuja atitude em volta dela parecia mais dura a cada dia, tinha proibido. Os cavalheiros, especialmente Sir Godfrey e Sir Eustace, que quase tinham sido amáveis com elas até sua fuga, tratavam-na como um inimigo cuja presença se vissem obrigados a suportar. Angel e ela os tinham enganado e não era provável que estivessem dispostos a esquecer.
Aquela noite, depois do jantar Dul expôs de novo o tema que mais lhe angustiava.
-Desejo ver minha irmã - disse ao conde, tentando vencer sua fria reticência.
-Em tal caso, procure me pedir, não me dizer o que fazer. - replicou ele com aspereza.
Dul ficou rígida, diante do seu tom de voz, guardou um momento de silêncio para dar a sua própria situação a importância de conseguir o que desejava e, depois de vacilar um instante, assentiu e disse docemente:
-Muito bem, milorde. Permitiria-me ver minha irmã, milorde?
-Não.
-Por que não, em nome de Deus? -exclamou ela, abandonando sua atitude submissa.
Uma expressão de regozijo apareceu nos olhos do conde. Adorava discutir com ela, embora tivesse decidido mantê-la a distância tanto física como mentalmente.
-Porque, como já lhe disse, exerce uma má influência sobre sua irmã, sem você, não teria tido a imaginação ou coragem suficiente para elaborar um plano e escapar. E, sem ela, você tampouco pode considerar a idéia de fugir.
Dul sentiu desejos de insultá-lo, mas fazer só teria servido para afastá-la ainda mais de seus propósitos.
-Suponho que não acreditaria se lhe desse minha palavra de não tentar escapar.
-Está disposta a dar?
-Sim. Posso ver agora a minha irmã?
-Não - respondeu ele com amabilidade. -Acho que não.
-Acho estranho que, dispondo como dispõe de um exército poderoso, não esteja seguro de poder confinar duas simples mulheres - anunciou em tom de desdém ao mesmo tempo em que se levantava lentamente. -Ou por acaso é a crueldade que o induz a me negar isso?
Christopher apertou os lábios e permaneceu em silêncio. Abandonou a tenda imediatamente depois do jantar e não retornou até que Dulce tivesse se deitado para dormir.
Na manhã seguinte, Dul ficou atônita ao ver que uma escolta conduzia Angel para sua tenda. Os hábitos cinza que tinham escondido junto ao riacho estavam muitos sujos para usá-los, e Angel, assim como Dul, vestia agora uma túnica curta, calça e botas altas, pertencentes sem dúvida de um dos pajens.
Depois de se abraçarem carinhosamente, Dul pediu a sua irmã que se sentasse ao seu lado, e já ia começar a discutir com ela possíveis formas de escapar, quando viu um par de botas negras entre a base da tenda e o chão. Eram botas com esporas de ouro, proibidas para todo aquele que não fosse cavalheiro.
-Como estão lhe tratando irmã? -perguntou Angel preocupada.
-Muito bem - respondeu Dul, perguntando-se por sua vez quem seria o cavalheiro que estava do outro lado da tenda e se teriam ordenado que escutasse o que elas falavam. Em tom reflexivo, acrescentou lentamente: - Na realidade se soubesse que iriam nos tratar tão bem não teria tentado escapar.
-O que? -exclamou Angel sobressaltada.
Dul fez gestos de que guardasse silêncio. Depois, tomou o rosto de Angel entre suas mãos e dirigiu sua vista, para as botas negras.
-Se conseguimos convencê-los de que não desejamos fugir - sussurrou-lhe ao ouvido, - teremos mais possibilidades de encontrar uma oportunidade de fazê-lo. Temos que partir daqui antes que nosso pai se renda. Se não fizermos, será muito tarde.
Angel assentiu para lhe dar a entender que compreendia.
-Sei que não me sentia assim quando fomos capturadas -continuou Dul em voz alta, - mas se quiser que eu te diga a verdade, senti-me muito assustada quando nos encontramos sozinhas no bosque. E ao ouvir o uivo daquele lobo...
-Lobo! -exclamou Angel. -Mas me disse que era uma coruja.
-Não, cheguei à conclusão de que se tratava de um horrível lobo. Mas a questão é que aqui estamos a salvo. Não nos assassinaram, nem sequer nos incomodaram como pensei a princípio que fariam, de forma que não há razão para que tentemos escapar e encontrar sem ajuda o caminho de volta para casa. Dentro de pouco, de uma forma ou outra, nosso pai conseguirá nos libertar.
- OH, sim! - Assentiu Angel ao ver que Dul fazia gestos para que se mostrasse de acordo. -Concordo totalmente com você!
Tal como Dulce tinha esperado, era Diego Westmoreland quem estava fora da tenda, ele informou a Christopher o que tinha escutado, ele se mostrou surpreso, mas ao mesmo tempo lhe pareceu inegável a lógica que havia por trás da aparente vontade de Dulce de resignar-se serenamente ao seu cativeiro. Além disso, essa aparente vontade de assumir tranqüilamente sua condição de prisioneira era uma atitude sensata, como também eram as razões que deu a sua irmã para justificar sua decisão.
Assim, e apesar de alguns receios instintivos, Christopher ordenou ao guarda que vigiava sua tenda que fosse reduzida de quatro homens a apenas um, e que esse fosse Arik, quem se encarregasse, exclusivamente, de garantir a segurança das cativas. Depois que tinha dado a ordem foi quando começou a se deter em qualquer parte do acampamento onde estivesse, para olhar para sua tenda, sempre à espera de ver aquele cabelo avermelhado tentando escapulir. Transcorreram mais dois dias e ao sentir que Dul permanecia obedientemente dentro da tenda, disse-lhe que lhe permitiria ficar com sua irmã durante uma hora ao dia. Imediatamente, duvidou também da prudência desta decisão.
Dulce, que conhecia muito bem a razão daquelas mudanças, permaneceu alerta para encontrar qualquer outra oportunidade que se apresentasse de fortalecer a infundada confiança do conde, e procurar assim que relaxasse ainda mais em sua vigilância.
Na noite seguinte, o destino lhe ofereceu a oportunidade que procurava, e Dul a aproveitou plenamente. Acabava de sair em companhia de Angel, com a intenção de dizer ao Arik que desejavam caminhar um pouco ao redor da tenda, cujo perímetro tinham sido restringidos seus movimentos, quando aconteceram simultaneamente duas coisas. A primeira foi que Arik e os guardas do Lobo Negro se encontravam a mais de vinte e cinco metros de distância, momentaneamente ocupados em pôr fim a uma forte discussão que estava ocorrendo entre os homens; a segunda foi que mais longe ainda, à esquerda o conde se virou e vigiava atentamente os movimentos das cativas.
Se Dul não tivesse sentido que ele a vigiava, teria tentado fugir para o bosque com Angel, mas ao compreender que se tentasse ele as apanharia em questão de minutos, fez algo melhor. Fingindo não se dar conta de que eram observadas, Dul tomou sua meia-irmã pelo braço e assinalou em direção ao distraído Arik. Depois se afastou deliberadamente do bosque e se manteve obedientemente no perímetro da tenda, como tinha sido ordenado que fizessem. Dessa forma, conseguiu oferecer a Christopher a impressão de que mesmo que não as vigiassem podia confiar que não tentariam escapar.
Seu estratagema funcionou às mil maravilhas, naquela mesma noite, Christopher, Diego, Arik e os membros da Guarda do Lobo Negro, se reuniram para discutirem o planejamento que fariam; no dia seguinte levantariam acampamento e empreenderiam uma marcha de quarenta e cinco quilômetros para o nordeste, em direção ao castelo de Hardin, onde o exercito descansaria à espera de reforços procedentes de Londres. Durante a discussão e o jantar que se seguiu, o comportamento de Christopher Westmoreland para com Dul beirou inclusive a galanteria. E quando todos os outros abandonaram a tenda, voltou-se para ela e disse serenamente:
-A partir de agora pode visitar sua irmã quando quiser.
Dul, que estava sentada sobre o monte de tapetes de pele, olhou fixamente para o conde, surpresa por sua insólita amostra de gentileza, Sentiu-se inquieta, de maneira inexplicável, mas tangível, contemplava o rosto orgulhoso e aristocrático de seu captor. Era como se tivesse deixado de considerá-la uma inimiga e lhe pedisse que o imitasse. E ela não sabia de que modo reagir.
Ao olhar aqueles olhos insondáveis olhos, o instinto lhe advertiu de que a oferta de trégua faria dele alguém muito mais perigoso que quando se mostrava como inimigo, mas desprezou esta idéia, pois para ela parecia completamente sem sentido, Só poderia se beneficiar de uma amizade superficial entre eles e, na realidade, lembrava de ter desfrutado uma ligeira, conversa durante a noite em que lhe costurou a ferida do rosto.
Abriu a boca para agradecer sua oferta, mas se deteve antes de falar. Parecia-lhe uma traição mostrar-se agradecida com seu seqüestrador, fingir que tinha esquecido tudo e que eles não eram mais... que amigos. Além disso, embora se alegrasse em comprovar que tinha conseguido que confiasse nela, sentia-se interiormente envergonhada pelas artimanhas e enganos empregados para esse fim. Desde pequena, Dul sempre tinha sido direta e aberta, uma atitude que com freqüência trouxe para si a desaprovação de seu pai. E que, da última vez que se dispôs a desafiar um meio-irmão pouco escrupuloso em um duelo de honra, em vez de tentar derrotá-lo em seu próprio jogo de mentiras. Sua atitude aberta e honesta foi o que fez com que a confinassem na abadia. Entretanto, viu-se obrigada pelas circunstâncias a recorrer às artimanhas, e embora visse seus esforços recompensados e soubesse que sua causa era justa, não podia evitar se sentir um tanto envergonhada pelo que estava fazendo. O orgulho, o desejo de ser honesta e o desespero guerreava no campo de batalha de sua consciência.
Tentou pensar no que teria feito madre Ambrose se tivesse se achado na mesma situação, não conseguiu imaginar por que alguém quisesse seqüestrar à digna mãe abadessa, e muito menos jogá-la no lombo de um cavalo como um saco de grão, ou fazê-la passar por todas as humilhações que Dul tinha tido que suportar desde sua chegada ao acampamento.
Mas uma coisa sim que estava clara: a madre Ambrose teria tratado a todos com justiça, sem que lhe importassem as difíceis circunstâncias.
O conde lhe oferecia confiança, e inclusive uma espécie de amizade. Sentia na expressão cálida de seus olhos e em sua profunda voz de barítono, assim, não podia, nem se atrevia, a recusar sua confiança.
O futuro de seu clã dependia de que fosse capaz de escapar, ou ao menos de facilitar seu resgate, já que, certamente, antes de se render tentaria fazer isso por último,
Para isso Dul precisava mover-se livremente pelo acampamento. Envergonhada ou não, não podia recusar a confiança que lhe era oferecida e abusar dela. Tampouco podia recusar o gesto de amizade do conde sem estragar ao mesmo tempo sua confiança. A única coisa que podia fazer era devolver sua amostra de amizade com certo grau de sinceridade e honestidade.
Uma vez pensado em tudo isto, e guardando silêncio por um momento, Dul olhou o conde, levantou o queixo e, com expressão distante, embora não intencionada, aceitou sua oferta de trégua.
Distraído ele interpretou erroneamente como uma aceitação "regia" de sua benevolência, Christopher cruzou os braços, apoiou o quadril contra a mesa e arqueou uma sobrancelha em uma expressão de regozijo.
-Me diga uma coisa, Dulce - disse enquanto ela se acomodava entre as peles. -Enquanto esteve na abadia não lhe foi advertido de que devia evitar cair em qualquer um dos sete pecados capitais?
-Sim, certamente.
-Incluído o orgulho? -murmurou ele, distraído pela luz das velas, que arrancavam brilhos das mechas avermelhadas que caíam em cascata sobre os ombros da moça.
-Na realidade não sou orgulhosa - respondeu ela com um sorriso encantador, consciente de que sem dúvida se referia a sua aceitação tardia e pouco elegante da trégua oferecida. -Suponho que sou teimosa, teimosa e impetuosa. Mas orgulhosa... não acredito.
-Segundo os rumores e minha própria experiência, pensaria de outro modo.
O tom áspero de sua voz fez com que Dul começasse a rir, e Christopher se sentiu cativado por aquela alegria contagiosa, pela beleza que percebia nela. Até então, não tinha reparado naquela risada musical que inclusive fazia reluzir seus magníficos olhos.
Sentada sobre um monte de peles rindo dele, Dulce Merrick era irresistível. Deu-se conta disso com a mesma intensidade com que se dava conta de que se não se aproximasse e se sentasse ao seu lado, provavelmente também a acharia irresistível. Vacilou, sem deixar de olhá-la, e repassou em silêncio as razões para permanecer onde estava. Mas finalmente com um propósito cuidadosamente oculto, fez precisamente o contrário.
Tirou de cima da mesa dois copos e a jarra de vinho e se aproximou de Dul. Encheu os copos e lhe estendeu um.
-Chamam você de Dulce a Orgulhosa, sabia? -perguntou com um sorriso zombador.
Sem sentir que estava pisando em um território perigoso e desconhecido, Dul encolheu os ombros e em seus olhos apareceu uma expressão alegre.
-Não são mais que rumores. Suspeito de que é conseqüência por ter conhecido Lorde Balder. De você dizem que é o Grande Guerreiro da Escócia, que assassina bebês e toma seu sangue.
-Sério? -perguntou ele com um estremecimento fingido enquanto se sentava ao seu lado. Depois em tom de brincadeira, acrescentou: - Não é nada estranho então, que nenhum nobre da Inglaterra queira me receber em seu castelo.
-Então é verdade o que se diz de você? -perguntou Dul estranhamente, reprimindo uma repentina e absurda onda de simpatia. Provavelmente Christopher fosse inimigo da Escócia, mas lutava pela Inglaterra e parecia muito injusto que se visse recusado por seu próprio povo.
Dul levantou o copo, tomou vários goles de vinho para acalmar os nervos, desceu o pesado recipiente e o estudou no esplendor da luz das velas colocadas sobre a mesa. O jovem Gawin se achava no extremo oposto da tenda, aparentemente ocupado na interminável tarefa de polir a armadura de seu senhor com areia e vinagre.
A nobreza inglesa decidiu Dul, devia ser muito estranha já que na Escócia o homem sentado ao seu lado teria sido considerado um herói extraordinariamente atraente, e teria sido muito bem recebido em qualquer castelo, onde houvesse uma filha casadoira. Era arrogante, e os duros contornos da mandíbula e o queixo pareciam esculpidos com uma determinação incansável, mas em conjunto formavam um rosto decididamente viril e elegante. Era impossível calcular sua idade; toda uma vida exposta ao sol e ao vento tinha feito aparecer rugas nos cantos da boca e nas extremidades dos olhos. Imagino que devia ser mais velho do que aparentava aposto que não lembrava uma só época de sua vida em que não tivesse ouvido falar das façanhas do Lobo. Achou muito estranho que tivesse dedicado sua vida para guerra e não em se casar e ter herdeiros que recebessem a fortuna que sem dúvida devia ter acumulado.
-Por que decidiu permanecer solteiro? -perguntou ela incapaz de acreditar que se atreveu a lhe perguntar semelhante coisa.
Christopher a olhou com expressão de assombro, porque era evidente que o considerava muito velho para contrair matrimonio, quando só tinha vinte e nove anos.
-E por que acha que decidi? -replicou depois de recuperar a compostura.
-Talvez porque nenhuma dama adequada pediu que a fizesse sua esposa? -Ela se aventurou a dizer esboçando um sorriso impertinente que para Christopher pareceu demasiadamente encantador.
Apesar das muitas insinuações matrimoniais que lhe tinha feito, ele se limitou a sorrir ironicamente.
-Ao que parece está convencida de que é muito tarde para mim, não é verdade?
Ela assentiu com um sorriso.
-Pelo visto, ambos estamos destinados a nos transformar em solteirões.
-Ah, mas você não é solteirona porque assim o deseja, e aí está a diferença. -Disse Christopher, que desfrutava muito da conversa, reclinou-se em seu assento e observou que as bochechas da jovem se ruborizavam por causa do vinho que bebia. -Em que acha que me enganei?
-Não sou eu quem deve saber - respondeu Dul. Depois de um momento de reflexão, acrescentou: - Mas suponho que no campo de batalha tenha poucas oportunidades de conhecer as damas adequadas.
-Isso é verdade. Passei a maior parte de minha vida lutando para conseguir a paz.
-A única razão pela qual não há paz é não deixam de interrompê-la com seus malignos cercos e intermináveis batalha - replicou ela com expressão sombria. -Os ingleses não parecem capazes de se entender com ninguém.
-Isso é verdade? -perguntou ele asperamente, desfrutando de seu bom humor como um momento antes havia desfrutado de seu sorriso.
-Certamente. Você e seu exército acabam de nos enfrentar em Cornualles.
-Lembro que Cornualles é território inglês - disse Christopher com suavidade, - precisamente porque seu querido rei Jacob, tem uma mente muito fraca, invadiu Cornualles para colocar no trono o marido de sua prima.
-Para que saibam - replicou Dul com indignação, - que Perkin Warbeck é o rei da Inglaterra por direito próprio, e o rei Jacob sabe. Perkin Warbeck é o filho desaparecido de Eduardo IV.
- Perkin Warbeck é o desaparecido filho de um barqueiro flamenco - disse Christopher com determinação.
-Isso é a sua opinião. - Ao compreender que ele não parecia inclinado a continuar discutindo sobre o tema, deu uma olhada para seu perfil, e perguntou: - É verdade que o rei Jacob é fraco?
-Certamente que sim - responde Christopher com um sorriso zombador.
-Bom não é isso do que discutíamos a princípio - disse ela depois de assimilar aquela informação sobre seu rei, que diziam que era elegante como um deus. -Falávamos de suas guerras incessantes, antes de lutar contra nós, guerrearam contra os irlandeses, e depois estiveram...
-Lutamos contra os irlandeses porque destronaram Lambert Simnel - interrompeu-a Christopher, - e depois invadiram nossos territórios com a intenção de tomar a coroa do rei Henrique.
Christopher falava de forma a parecer que a Escócia e Irlanda fossem culpadas de tudo, Dul não se sentiu bastante informada para debater adequadamente a questão.
-De qualquer forma - disse com um suspiro. -Suponho que não resta dúvida a respeito da verdadeira razão pela qual estão aqui, tão perto de nossas fronteiras. Só estão esperando que chegue mais homens. Depois, Henrique tem intenção de enviá-los a Escócia para liderar suas batalhas sangrentas contra nós. Todos sabem disso neste acampamento.
Decidido a reconduzir a conversa para o tema anterior, mais superficial, Christopher disse:
-Lembro que não estávamos falando do resultado de minhas batalhas, mas sim de minha incapacidade para encontrar no campo de batalha uma esposa adequada.
Contente com a mudança de assunto, Dul dirigiu deliberadamente a atenção para esse problema.
-Têm que ter estado na corte do Henrique - comento ao término de um momento. -Não conheceu damas por lá?
-Conheci.
Em total e pensativo silêncio, ela tomou um gole de vinho e contemplou o homem alto reclinado, com um joelho dobrado e sobre ele uma mão descansava, com uma atitude tão natural, tão completamente à vontade em uma tenda como em um campo de batalhe. Tudo o que havia nele falava do guerreiro. Inclusive nesse momento seu corpo revelava um potencial predador; seus ombros eram incrivelmente largos, seu peito musculosos sob a túnica de lã azul escura, e os músculos das pernas apareciam claramente sob a lã negra, por cima das botas altas. Os muitos anos envergando a armadura e brandindo a espada o tinham endurecido e curtido para a batalha, mas Dul não tirava da cabeça que esse tipo de vida não o beneficiava quando se encontrava na corte, ou que não o preparasse adequadamente para misturar-se com os cortesãos. Embora ela nunca estivesse estado na corte, tinha ouvido falar de todo tipo de histórias a respeito da opulência e a sofisticação que reinava ali. De repente se deu conta do quanto um guerreiro devia se sentir fora de lugar em um lugar assim.
-Não... se sente incomodado na companhia dos cortesãos? -perguntou em tom vacilante
-Não particularmente - respondeu Christopher, distraído em olhar as emoções que pareciam brincar nos expressivos olhos da jovem.
Aquele comentário fez com que Dul se sentisse identificada com ele, pois sabia melhor do que ninguém o quanto era humilhante e doloroso se sentir fora de lugar no meio daqueles cuja aceitação mais desejava. Parecia errado e injusto que Christopher, que com tanta valentia arriscava sua vida pela Inglaterra, se visse recusado por sua próprio povo.
-Estou certa de que a culpa não é sua - disse ela compreensiva.
-De quem acha então que é a culpa? -Perguntou ele, esboçando um sorriso. -por que acha que me sinto incômodo na corte?
-Estamos falamos de seus sentimentos quando está com as damas, ou quando se encontra entre os cavalheiros?- perguntou Dul impulsionada pela urgente necessidade de ajudá-lo, resultado em parte da piedade que sentia por ele, do forte vinho que tinha tomado e da reação daqueles alhos cinza e imperturbáveis. -Porque se estamos falando das damas, provavelmente possa ajudar - ofereceu. -Você gostaria de... escutar algum conselho?
-Certamente que sim. -Com esforço para reprimir o sorriso, Christopher simulou escutá-la com a mais séria gravidade. -Me diga como devo tratar às damas, para que da próxima vez que for a corte meu êxito seja tal que uma delas acabe por me aceitar como marido.
-OH, não posso lhe prometer que irão querer se casar com você - disse ela impulsivamente, sem pensar.
Christopher quase se engasgou ao beber o vinho e limpou algumas gotas do canto da boca.
-Se sua intenção era aumentar a confiança em mim mesmo, está fazendo um péssimo trabalho, milady - disse tentando reprimir uma gargalhada.
-OH, eu não pretendia... - Dul se sentiu envergonhada. -Verdadeiramente eu...
-Provavelmente deveríamos trocar conselhos, continuou Christopher alegremente. -Você dirá como deseja que uma dama de alta linhagem seja tratada, e eu lhe aconselharei sobre o perigo que é fazer com que um homem perca a confiança em si mesmo, tome mais vinho - acrescentou com suavidade. Pegou a jarra e lhe serviu um pouco mais de vinho. Depois dirigiu um olhar para Gawin, que ao término de um momento abandonou a tenda, e por fim, voltando-se outra vez para a moça, acrescentou: - Diga-me seu conselho. Sinto-me impaciente para escutá-lo. Digamos que estou na corte e que acabo de entrar no hall da rainha, onde há várias damas lindas, o que digo para transformar uma delas em minha esposa?
Uma expressão de sobressalto apareceu nos olhos de Dul.
-Não se refere a ninguém em particular, não é verdade?
Christopher jogou a cabeça para trás e deu uma sonora gargalhada. Aquele som pouco usual fez com que três guardas entrassem precipitadamente na tenda, para investigar a causa, Christopher fez gestos para que saíssem, olhou o impertinente nariz de Dul, ainda enrugado com um gesto de desaprovação, e se deu conta de que tinha descido repentinamente em seu conceito. Reprimiu uma nova gargalhada e acrescentou com um envergonhado arrependimento.
-Você disse que todas as damas eram lindas, não é mesmo?
Dul assentiu com um sorriso.
-Sim eu falei. Esqueci que para um homem o importante é a beleza.
-Sim, mas só a princípio - corrigiu-a Christopher. -Está bem o que eu deveria fazer segundo você, agora que já escolhi o objeto de minhas intenções matrimoniais?
-O que você faria normalmente?
-O que acha que eu faria?
Dul enrugou o cenho e uma divertida careta apareceu em seus lábios generosos enquanto olhava para Christopher e considerava a resposta.
-Me apoiando no que sei de você, só posso supor que a colocaria sobre seus joelhos com a intenção de proporcionar umas boas palmadas para que lhe obedeça.
-Quer dizer que não é essa a forma adequada de dirigir a situação? -perguntou Christopher contendo a risada.
Dul observou o humor que aparecia em seus olhos. Pôs-se a rir, e para Christopher pareceu que toda a tenda se enchia de música.
-As damas... quer dizer, as damas bem nascidas - corrigiu-se em seguida, dando a entender com o olhar que muito provavelmente suas experiências masculinas teriam sido com mulheres de outro tipo, - têm idéias muito concretas sobre a forma que desejam que o homem que pretende ganhar seu coração as trate.
-Como quer ser tratada, segundo você, uma dama bem nascida?
-Bom, de maneira cavalheiresca. Mas há algo mais que isso - acrescentou com uma expressão sonhadora em seus brilhantes olhos de cor safira. -Uma dama deseja pensar que quando seu cavalheiro entrar em um salão cheio de gente, só terá olhos para ela, que estará cego para tudo aquilo que não seja sua beleza.
-Em tal caso, correria o risco de tropeçar com sua própria espada - indicou Christopher, antes de se dar conta de que Dulce falava na realidade de seus próprios sonhos.
Ela lhe dirigiu um olhar de advertência.
-E -acrescentou com ênfase, - gostaria de pensar que ele é romântico por natureza, algo que, evidentemente, não se pode dizer de você.
-Ser romântico significa ter que andar como um cego pelos salões cheios de gente - falou. -Mas diga-me. De que mais as damas gostam?
-Lealdade e devoção. E palavras..., especialmente palavras.
-Que tipo de palavras?
-Palavras de amor e de terna admiração - respondeu Dul sonhadoramente. -Uma dama desejava escutar dos lábios de seu cavalheiro que ele a ama acima de qualquer coisa, que é linda. Deseja que lhe diga que seus olhos lembram o mar ou o céu e que seus lábios o fazem pensar em pétalas de rosa...
-Sonham realmente que um homem diga essas coisas? Perguntou Christopher, atônito.
Ela empalideceu, como se ele a tivesse esbofeteado, mas logo deu por concluído o assunto.
-Até as garotas feias têm sonhos, milorde - falou com um sorriso.
-Dulce - disse ele com um tom de voz que revelava remorso e estranheza ao mesmo tempo, - você não é feia. É... - Atraído por ela mais ainda a cada minuto que passava a estudou perguntando-se qual seria sua verdadeira beleza; Dulce Merrick possuía uma brilhante gentileza que lhe regozijava e um espírito feroz que era desafiador, e era tão brilhante que o atraía continuamente para ele, com crescente poder. -Não é feia.
Ela se pôs a rir, sem rancor, e sacudiu a cabeça.
-Sob nenhuma circunstância tente confundir sua dama com adulações, milorde, pois não teria a menor possibilidade de êxito.
-Se não posso submeter à dama com umas palmadas nem posso enrolá-la com minhas palavras -replicou Christopher, com o olhar fixo em sua boca cor-de-rosa, - imagino que terei que confiar na outra capacidade que possuo...
Aguardou em um silêncio significativo, até que Dul, intrigada, não pôde resistir mais tempo à curiosidade.
-A que outra capacidade se refere?
Christopher piscou ao mesmo tempo em que respondia com um sorriso zombador:
-A modéstia me impede de dizê-la.
-Não seja tímido - repreendeu-o ela, se sentiu, mas intrigada, quando ele levantou a mão e colocou em seu ombro. -O que é que conhece tão bem, que uma dama desejaria se casar com você?
-Acredito que sou bastante bom para... - Apoio às mãos sobre os ombros de Dul. -Para beijar.
-Beijar! -falou ela. Pôs-se a rir e, ao mesmo tempo em que retrocedia. -É incrível como se atreve a falar dessas coisas diante de mim!
-Isso não foi nenhuma bravura - replicou Christopher como se estivesse se sentindo ferido. -Deram-me a entender que sou muito bom beijando.
Dul fez um esforço desesperado para tentar olhá-lo com severa desaprovação, mas fracassou; a risada fez tremer seus lábios diante da idéia de que o Grande Guerreiro da Escócia não se orgulhasse de seu manejo da lança ou espada, mas sim de sua habilidade para beijar.
-Pelo que estou observando, essa idéia é engraçada, não é mesmo? -observou Christopher com aspereza.
Ela negou com a cabeça com tal ênfase que o cabelo, caiu desordenado sobre os ombros, mas em seus olhos havia uma expressão de alegria.
-É só que... -começou a dizer entre risadas sufocadas, - não posso imaginá-lo fazendo algo assim.
Sem prévia advertência, Christopher a pegou pelo braço e a trouxe com firmeza para ele.
-Por que não julga então por você mesma? -sugeriu com suavidade.
Dul tratou de retroceder.
-Não seja tolo! Não poderia... não posso! -Mas de repente lhe pareceu impossível parar de olhar para seus lábios. -Aceitarei com gosto sua palavra. Com muito gosto!
-Não, acredito que deve prová-lo.
-Não há necessidade - exclamou ela, desesperada. -Como poderia julgar sua habilidade se não beijei ninguém em minha vida?
Aquela declaração só contribuiu para torná-la mais desejável para Christopher, acostumado a mulheres cuja experiência rivalizava com a sua. Seus lábios se separaram em um sorriso, mas a mão aumentou sua pressão ao redor do braço e a atraiu para mais perto de si, enquanto a outra mão ia para seu ombro.
-Não! -exclamou Dul ao mesmo tempo em que fazia um gesto infrutífero de se afastar.
-Eu insisto.
Dul se preparou para algum tipo desconhecido de agressão física; um gemido de terror brotou de sua garganta, mas imediatamente se deu conta de que não havia nada a temer. Os lábios de Christopher posaram frios, sobre os seus, surpreendentemente suaves ao roçar ligeiramente sua boca fechada. Assombrada a ponto de permanecer imóvel, com as mãos apoiadas sobre os ombros dele, enquanto sentia que o coração começava a bater com violência e tentava desesperadamente saborear a sensação de ser beijada e manter ao mesmo tempo a serenidade.
Christopher afrouxou a pressão de suas mãos apenas o suficiente para que ela afastasse os lábios dos seus.
-Provavelmente eu não seja tão bom como pensava - disse ele, procurando dissimular uma expressão de brincadeira. -Juraria que sua mente estava funcionando durante todo o tempo.
Sentindo-se covarde, alarmada e totalmente confusa, Dulce se esforçou desesperadamente para não lutar ou fazer nada que alterasse o frágil equilíbrio de sua recente amizade.
-O que quer dizer? -perguntou consciente do poderoso corpo que agora jazia ao seu lado em uma atitude lasciva, com a cabeça apoiada sobre as peles.
-Quero dizer..., acha que o beijo que acabo de lhe dar foi como um daqueles que as damas bem nascidas sonham?
-Peço que me solte.
-Achava que estava disposta a me ensinar um modo de agradar às damas bem nascidas como você.
-Beija muito bem! Exatamente como as damas sonham em serem beijadas! -exclamou Dul, desesperada.
Mas ele a olhou com expressão de duvida, e se negou a soltá-la.
-O fato é que não me sinto bastante seguro de mim mesmo - brincou, e observou as pequenas faíscas de cólera que se acendiam naqueles olhos incrivelmente azuis.
-Então pratique com mais alguém!
-Desgraçadamente Arik não me atrai - disse Christopher, e antes que ela pudesse fazer outra objeção, mudou rapidamente de tática. -Além disso -acrescentou com galanteria, - vejo que embora as ameaças de castigo físico não exerçam o menor medo sobre você, finalmente descobri um ponto fraco.
-O que quer dizer? -perguntou receosa.
-Quero dizer que, no futuro, quando desejar que se dobre a minha vontade, só terei que beijá-la para conseguir. É magnífica fazendo isso.
Dul se sentiu subitamente assaltada por visões nas quais Christopher a beijava, sempre diante de seus homens, cada vez que o desobedecesse. Com a esperança de que iria falar em um tom sereno e razoável, e não se opor a sua afirmação, talvez conseguisse convencê-lo de que não tentasse demonstrar o que acabava de expressar, atreveu-se a balbuciar:
-Não é temor o que sinto, e sim falta de interesse.
Com uma mescla de regozijo e admiração, Christopher sentiu a artimanha, mas isso não fez, mas que aumentar sua inexplicável determinação em saborear sua resposta.
-Sério?-Mirou fixamente os lábios de Dul. Apoiou uma mão na nuca e a obrigou a abaixar lentamente a cabeça, centímetro a centímetro, até que seu quente fôlego se misturou com o dela. Então, levantou o olhar e a entrelaçou com o seu. Seus olhos peritos se apoderaram dos assustados e atraentes da moça, ao mesmo tempo em que fazia com que ela aproximasse os lábios dos seus. Dul sentiu que um estremecimento percorria seu corpo quando sentiu os lábios de Christopher mover-se sobre os seus e explorar, meticulosamente, seu tremulo contorno e suas ternas curvas.
Christopher sentiu que os trêmulos braços de Dul cediam que seus seios roçavam em seu peito, e também notou os fortes batimentos de seu coração. A mão de Christopher, que segurava a boca de Dul apertada contra a sua, diminuiu a pressão ao mesmo tempo em que os lábios a aumentavam. A fez ficar de costas e se inclinou sobre ela, e tornou o beijo mais profundo, ao mesmo tempo em que acariciava lentamente seus quadris. Deslizou a ponta da língua entre os lábios de Dul, em busca de uma entrada, insistindo para que se abrissem, e quando finalmente conseguiu, a língua se introduziu na doçura de sua boca para retirar-se depois lentamente e voltar a se introduzir, em uma descarada imitação do ato que começava a ansiar com perigosa determinação. Dul respirou entrecortadamente debaixo dele, ficou rígida e depois, de repente, a tensão desapareceu dela, foi quando percebeu a demolidora explosão de prazer que percorreu seu corpo. Totalmente inocente do tipo ardente de paixão que ele despertava deliberada e habilmente nela, sentiu-se embriagada, seduzida até ao ponto de esquecer completamente que ele a tinha seqüestrado. Agora era o amante, ardente, persuasivo, suave, desejoso. A ternura se apoderou dela, e deixando escapar um gemido de impotente rendição, passou a mão ao redor da nuca de Christopher e moveu os lábios despertando o ardor dele.
A boca de Christopher se tornou mais exigente e sua língua procurou a de Dul enquanto deslizava uma mão sobre seus seios, para depois descer de novo, e desabotoar rapidamente o cinto e deslizá-lo por baixo da túnica. Dul sentiu a firme carícia da mão calosa sobre seu seio nu e, nesse mesmo instante, os lábios de Christopher se apoderaram dos seus com um beijo devorador.
Dul gemeu sob o sensual assalto e o desejo explodiu em Christopher ao notar que o mamilo ficava duro sob a palma de sua mão. Roçou-o ligeiramente com os dedos, para frente e para trás e depois o apertou lentamente. Dul afundou os dedos em seus ombros e com a respiração entrecortada se entregou ao prazer daqueles deliciosos beijos, como se tentasse lhe devolver o prazer que lhe proporcionava.
Assombrado pela atormentadora doçura de sua resposta, Christopher separou a boca, observou o rosto avermelhado e continuou lhe acariciando o seio, dizendo a si mesmo que a soltaria ao término de um momento.
As mulheres com que estava acostumado a deitar-se nunca desejavam que as seduzisse ou as tratasse gentilmente. Desejavam a violência desatada, o poder e o estimulo que eram parte de sua lenda. Desejavam ser conquistadas, subjugadas, tomadas rudemente, usadas... pelo Lobo. Era inumerável a quantidade de mulheres que na cama lhe tinham implorado: "me bata". Haviam lhe dado o papel de conquistador sexual, que ele aceitou durante muitos anos, embora com acessos cada vez mais freqüente de aborrecimento e, ultimamente, até de asco.
Lentamente Christopher afastou a mão do turgente seio e disse a si mesmo que devia se deter o quanto antes. Sabia que no dia seguinte lamentaria ter levado as coisas tão longe. Por outro lado, decidiu que se ia se lamentar do mesmo jeito e que ao menos fosse por algo substancial. Decidido em permitir que ambos desfrutassem de um pouco mais de prazer que pareciam encontrar na companhia do outro, ao menos por essa noite, inclinou a cabeça e a beijou novamente ao mesmo tempo em que lhe abria a túnica. Deslizou o olhar para baixo, e desfrutou do delicioso banquete que sua nudez lhe oferecia. Seios belos, firmes, redondos, arrematados por mamilos rosados, endurecidos até formar apertados casulos de desejo, que estremeceram sob seu olhar; à luz das velas, a pele de Dul era tão suave como creme, tão pura como a neve recém caída.
Christopher soltou um profundo suspirou e afastou o olhar dos seios para dirigi-lo para os lábios e depois para os olhos hipnotizados, enquanto abria a túnica que apertava seu peito nu contra aqueles brancos montículos.
Atordoada quase ao ponto de perder a consciência pelo ardor dos beijos, do vinho e do olhar de Christopher, Dul observou a linha firme e sensual de seus lábios, que desciam deliberadamente sobre ela. Fechou os olhos e o mundo começou a girar quando a boca dele se apoderou da sua e a obrigou com avidez a abrir os lábios para introduzir novamente a língua em sua boca. Gemeu de prazer quando a mão se fechou sobre seu seio, e depois ao sentir sobre seu corpo o peso do nu e peludo corpo de Christopher. Ele começou a fazer com seus beijos um caminho sinuoso desde sua boca até a orelha, onde a língua entrou no sensível lóbulo enquanto Dul se agitava contra ele.
Desceu de novo a boca através da face até seus lábios, e iniciou um lento jogo de sedução que obrigou Dul a emitir gemidos abafados. Os lábios separados de Christopher cobriam os seus, obrigando-os a se abrirem ainda mais, até que se apoderou de novo de sua língua, e a atraiu delicadamente para o interior de sua própria boca, como se quisesse sorver toda sua doçura, e depois lhe entregasse a sua, que Dul sorveu instintivamente se transformando um beijo selvagem. A língua de Christopher se entrelaçou com a sua, as mãos se moveram entre seu cabelo e Dul lhe rodeou o pescoço com os braços, completamente embriagada por aquele beijo.
Christopher levantou a parte inferior de seu corpo, separou-lhe as pernas com um movimento das suas e se acomodou entre elas, obrigando-a a perceber entre as coxas sua rígida masculinidade. Sobressaltada pelo voraz apetite da paixão de Christopher, apertou-se contra ele, abafou um grito de decepção quando ele afastou a boca, e ofegou surpreendida quando ele começou a beijar seus seios. Os lábios de Christopher se fecharam sobre um mamilo, lambendo com suavidade e depois o mordiscou até que ela arqueou as costas e enquanto ondas de puro prazer percorriam cada canto de seu corpo. E quando já achava que não podia suportar aquilo por mais tempo, ele mordiscou o mamilo com mais força lhe arrancando um gemido. No mesmo instante que a ouviu gemer, ele se deteve e voltou o rosto para dar ao outro seio a mesma atenção, enquanto ela introduzia os dedos entre a abundante e negra cabeleira e segurava a cabeça apertada contra a sua.
Quando já se achava estar a ponto de morrer de tanto prazer, Christopher se apoiou sobre as mãos e levantou o corpo, separando-se dela. O ar frio contra a pele ardente a fez voltar rapidamente da euforia insensata a que ele a tinha levado. Dul abriu os olhos e o viu suspenso sobre ela, acariciando com o olhar ardente seus seios, cujos mamilos se elevavam orgulhos e eretos depois das carícias de sua língua, seus lábios e seus dentes.
O pânico tardio e letárgico apoderou-se de Dul no momento, em que a força das exigentes coxas de Christopher fazia com que aumentasse seu desejo. Christopher começou a aproximar os lábios da sua boca, mas Dul, aterrorizada por ter esperado tanto, sacudiu freneticamente a cabeça de um lado para outro.
-Por favor - disse ofegante.
Mas ele já levantava, com o corpo tenso e alerta. Uma fração de segundo mais tarde, de fora da tenda chegou à voz de um guarda.
-Desculpe milorde. Os homens retornaram.
Sem dizer uma só palavra, Christopher rolou sobre si mesmo, ficou em pé, ajeitou rapidamente as roupas e saiu da tenda. Perdida em uma névoa de confusão e desejo insatisfeito, Dul aturdida o viu sair, e depois lentamente foi recuperando a prudência. A vergonha se apoderou dela ao sentir que estava seminua, e depois de se cobrir, passou uma mão tremula pelo cabelo emaranhado. Teria sido uma catástrofe se ele a tivesse obrigado a se entregar, mas não tinha feito. Como impulsionada por um feitiço, ela mesma tinha sucumbido ao jogo de sedução. A comoção do que acabava de fazer, pelo que tinha estado a ponto de fazer, fez com que começasse a tremer, e quando tentou jogar a culpa em Christopher pelo acontecido, sua consciência se negou a permitir.
Começou a pensar freneticamente no que fazer ou dizer quando ele retornasse, pois, por mais inocente que fosse sabia instintivamente que ele iria querer continuar do ponto em que tinha parado, e o coração começou a bater com força, não por temor a ele e sim por si mesma.
Os minutos passaram e se transformou em horas, seu temor se transformou em surpresa já no final, felizmente, esgotada, Acomodada entre as peles foi ficando adormecida. Várias horas depois abriu os olhos e encontrou Christopher de pé diante dela.
Cautelosa, observou seus traços, duros e impecáveis, e apesar de estar ainda meio adormecida, sentiu que o "amante" que tinha abandonado a tenda não parecia mais ávido em continuar com seu jogo de sedução.
-Foi um engano - disse ele com franqueza. -Para os dois. Não voltará a acontecer.
Era a última coisa que Dul esperava ouvi-lo dizer, e quando ele se voltou para sair rapidamente da tenda e entrar na noite, ela imaginou que essa devia ser sua forma de oferecer uma desculpa pelo que tinha ocorrido. Separo os lábios em uma silenciosa expressão de surpresa e depois fechou os olhos quando Gawin irrompeu a tenda e se deitou em seu lugar, perto da entrada.
Autor(a): nathyneves
Este autor(a) escreve mais 4 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?
+ Fanfics do autor(a)Prévia do próximo capítulo
Ao amanhecer desmontaram as tendas e o som contínuo de uma espécie de tormenta encheu o ar quando cinco mil cavalheiros montados, mercenários e escudeiros abandonaram o vale seguido dos pesados carroções que gemiam sob o peso dos morteiros, catapultas e todo o material necessário para um cerco.Para Dul, que cavalgava ao lado de Angel ...
Capítulo Anterior | Próximo Capítulo
Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 26
Para comentar, você deve estar logado no site.
-
beel Postado em 22/02/2009 - 15:49:56
VOLTA A POSTAAAAAAAAAAR
-
beel Postado em 13/02/2009 - 18:25:00
Voltaa aa postaar !!
Se vc voltar postar eu comentoo todos os dias,várias vezes !!
Por favoooooor !!
Continuaaaaaaaaaaaaaa -
nathyneves Postado em 13/02/2008 - 17:26:18
Eu irei parar de postar aquii
http://www.orkut.com/CommMsgs.aspx?cmm=48488462&tid=25782030367557 67535&start=1
ai em cima ta o link da web no orkut
Beijooos -
dull Postado em 07/02/2008 - 00:36:45
Por favor não para de poxtar eu amo sua Web...
-
nathyneves Postado em 31/01/2008 - 00:05:54
Vou viajar e só volto depois do carnaval... Beijoos
-
mirian Postado em 28/01/2008 - 18:47:35
eu tbm ADORO a sua web..e vou comentar
todo cap para vc nao parar + de postar, OK?
BJOS... -
deborah Postado em 27/01/2008 - 10:11:40
leitora nova!!!!
essa web é lindah, eu to amando de vdd!
To muito curiosa...
Besitos e posta quando der... -
avinha Postado em 26/01/2008 - 00:06:56
nhaaa naum para de postarrr! sua web eh lindaa... *-*
-
nathyneves Postado em 24/01/2008 - 01:49:49
Okeey então amanhã eu volto a postaar
-
avinha Postado em 23/01/2008 - 21:16:43
ahhh pleaseee naum para de postar mais naum
eh taum linda sua web