Fanfic: •■•Um Reino de Sonhos•■• D&C
Ao amanhecer desmontaram as tendas e o som contínuo de uma espécie de tormenta encheu o ar quando cinco mil cavalheiros montados, mercenários e escudeiros abandonaram o vale seguido dos pesados carroções que gemiam sob o peso dos morteiros, catapultas e todo o material necessário para um cerco.
Para Dul, que cavalgava ao lado de Angel, ambas fortemente escoltadas por cavalheiros armados, o mundo se transformou em uma mescla irreal de ruído, pó e confusão. Não sabia onde estava nem para onde se dirigiam, nem sequer quem era. Tudo parecia nebuloso. Agora era Angel quem dirigia a Dul sorrisos tranqüilizadores, enquanto ela, que achava ser razoavelmente inteligente, permanecia alerta, à espera de captar um olhar de Christopher Westmoreland.
Viu-o várias vezes a cavalo, ao passar junto a ela, e sentiu como se ele também fosse um estranho. Montado em um enorme corcel negro, seus poderosos ombros coberto com uma capa negra que parecia voar atrás dele, oferecia a figura mais poderosa e aterrorizadora que Dul jamais tinha visto, como a de um mortal estranho e decidido a destruir a sua família, seu clã, tudo o que ela tanto amava.
Aquela noite, quando estava deitada ao lado de Angel, contemplando as estrelas tentou não pensar na horrível escada de cerco que jogava sua sinistra sombra sobre o prado, a escada que depois serviria para tentar tomar de assalto os antigos muros do castelo de Merrick. Antes, no vale, a tinha visto entre as árvores, mas não tinha certeza do que era. Ou provavelmente, simplesmente, não quis confirmar seu temor.
Agora, que podia pensar em outra coisa, e se apegou desesperadamente à teoria de Angel, segundo o qual o rei Jacob enviaria forças para ajudar seu clã na batalha. Durante todo o tempo, entretanto, alguma diminuta parte de si mesma se negava a acreditar que fosse haver uma batalha. Provavelmente se devia a que não podia acreditar que o mesmo homem que a tinha beijado e acariciado com tão apaixonada ternura pudesse ter a intenção de lançar-se contra sua família e seu clã com uma atitude fria e sem emoções. Dul, em sua ingenuidade, negava-se a acreditar que o mesmo homem que tinha rido e brincado com ela na noite anterior, fosse capaz de algo semelhante.
Mas, por outro lado, tampouco podia acreditar que a noite anterior tivesse ocorrido realmente. Christopher tinha sido um amante terno, persuasivo e insistente. Agora, por outro lado, se transformou em um estranho capaz de esquecer que ela existia.
Mas Christopher não esqueceu de sua existência, nem sequer durante o segundo dia de viagem. A lembrança de seu corpo, da doçura de seus beijos, e das ternas carícias o impedia de conciliar o sono. Durante todo dia anterior, ao percorrer as colunas de seu exército, desejava receber um olhar dela.
Inclusive agora, enquanto cavalgava para frente de seus homens e com os olhos cerrados observava a posição do sol para tentar calcular a hora, a risada musical de Dul continuava tilintando em sua mente. Sacudiu a cabeça com intenção de clarear as idéias e, de repente, descobriu-a olhando-o com aquele sorriso meio esboçado.
«Por que acha que decidi não me casar?», ele tinha perguntado.
«Por acaso foi porque nenhuma dama adequada lhe pediu?», tinha replicado ela em tom zombador.
Ouviu de novo a risada abafada quando ela tentou lhe dizer: «Sob nenhuma circunstância tente confundir a dama com adulações, milorde, pois não teria a menor possibilidade de êxito... Me apoiando no que sei de você, só posso supor que a colocaria sobre seus joelhos com a intenção de proporcionar umas palmadas para que lhe obedeça....»
Não podia acreditar que uma ingênua moça escocesa possuísse tanto ânimo e coragem. Christopher tentou se convencer de que a crescente obsessão que sentia por sua cativa não era mais que o resultado do prazer que tinha acendido nele duas noites atrás; mas sabia que era algo mais o que lhe fascinava. Diferente da maioria das mulheres, Dulce Merrick não parecia lhe repelir nem se excitar com a perspectiva de que um homem cujo mesmo nome era associado com o perigo e com a morte a acariciasse. A tímida e apaixonada resposta que despertou nela duas noites atrás não se devia ao temor, mas sim da ternura e do desejo. Mesmo que evidentemente estivesse a par dos rumores que corriam a respeito dele, se ofereceu para suas carícias com inocente doçura. E essa era a razão pela qual não podia afastá-la de seus pensamentos. Ou provavelmente, pensou sem poder evitar sorrir, o tinha enganado para lhe fazer acreditar que, apesar de sua reputação, ele era o cavalheiro virtuoso, imaculado e galante de seus sonhos. A possibilidade de que a ternura e a paixão de Dul tivessem sido o resultado de uma espécie de engano infantil e ingênuo, era tão desagradável que Christopher afastou zangado de sua mente todos os pensamentos sobre ela e decidiu firmemente esquecê-la.
Ao meio dia, quando Dulce se sentou ao lado de Angel, sobre a relva, para almoçar, que consistia em aves e pão duro, levantou o olhar e viu que Arik se aproximava. O gigante se deteve diante dela, com os braços cruzados e as pernas separadas, e disse:
-Venha.
Acostumada com a sobriedade do Arik, Dul se levantou. Angel começou a fazer o mesmo, mas Arik estendeu um braço.
-Você não.
Tomou Dul pelo braço e a fez avançar entre milhares de homens que também se sentaram sobre a relva para comer. Dirigiu-a depois para o bosque, junto ao caminho, e se deteve em um lugar onde os cavalheiros de Christopher pareciam montar guarda sob as árvores.
Sir Godfrey e Sir Eustace se afastaram para o lado, com uma expressão glacial, e Arik a empurrou com um ligeiro movimento que a fez avançar com passo vacilante para um pequeno bosque.
Seu seqüestrador estava sentado no chão, com os largos ombros apoiados contra o tronco de uma árvore e um joelho levantado. Estudou-a em silêncio, como o dia estava quente, tinha tirado a capa e estava vestido com uma simples túnica marrom de mangas longas, grossas calças marrons e botas. Não se parecia em nada com espectro de morte e destruição do dia anterior, Dul experimentou uma absurda onda de felicidade ao comprovar que, evidentemente, não tinha se esquecido de sua existência.
O orgulho, entretanto, lhe impediu de exteriorizar seus sentimentos. Visto que não estava completamente certa de saber como devia agir ou sentir, Dul permaneceu onde estava, e até olhou fixamente para Christopher, até que o silêncio deste começou a intranqüilizá-la.
-Entendi que mandou me chamar, não é verdade? -perguntou em tom amável e evasivo.
Por alguma razão, sua pergunta fez aparecer um brilho zombador nos olhos de Christopher.
-Têm razão.
Confusa por causa de sua atitude zombadora esperou um momento antes de dizer.
-Por quê?
-Há um certo assunto...
-Estamos... mantendo uma conversa? -perguntou Dul em tom sombrio.
Sobressaltada, observou que ele jogava a cabeça para trás e soltava uma gargalhada, arrancando ecos no bosque.
O rosto de Dul era o retrato vivo da confusão, e Christopher ficou sério, tendo piedade da inocência da moça, que o fazia rir ao mesmo tempo desejá-la. Com um gesto assinalou a toalha branca estendida no chão. Sobre ela havia partes das mesmas aves de caça e do mesmo pão que ela estava comendo com Angel, assim como maçãs e uma parte de um queijo.
-Desfruto de sua companhia? - perguntou ele com voz serena. -Também pensei que você, gostaria de ficar aqui comigo e não comer em campo aberto, rodeada por milhares de soldados. Estou enganado?
Se não houvesse dito que gostava de sua companhia, Dul bem que poderia ter replicado que se equivocava, mas não podia resistir àquela voz profunda que, no fundo, estava lhe dizendo que sentia falta dela.
-Não - admitiu.
Mesmo assim, deixou-se guiar pelo orgulho e a prudência e não se sentou perto dele. Pegou uma brilhante maçã vermelha, sentou-se sobre um próximo tronco caído, fora do alcance de Christopher, e ao término de alguns minutos de conversa casual começou a se sentir perfeitamente relaxada em sua companhia, e estranhamente alegre. Nem por um instante lhe ocorreu pensar que esse estranho fenômeno fosse o resultado dos deliberados esforços do conde em conseguir que se sentisse a salvo de suas insinuações, ou para lhe fazer esquecer, a forma abrupta e cruel com que duas noites atrás tinha encerrado as preliminares a fim de que ela não recusasse automaticamente seu avanço seguinte.
Christopher sabia exatamente o que fazia e por que fazia, mas disse a si mesmo que se por milagre fosse capaz de não pôr a mão em cima dela antes de devolvê-la a seu pai ou enviá-la ao rei, seu esforço não teria sido em vão, já que ao menos estavam tendo um almoço agradável e um tanto prolongado em um pequeno bosque.
Poucos minutos mais tarde, em meio de uma discussão perfeitamente impessoal sobre cavalheiros, Christopher se sentiu repentinamente ciumento de seu antigo pretendente.
-E falando de cavalheiros - disse bruscamente. -O que aconteceu com o seu?
Ela deu uma dentada na maçã e perguntou: - Meu o que?
-Seu cavalheiro - repetiu Christopher. -Balder. Se seu pai estava a favor do matrimônio, como convenceu o velho Balder de que não continuasse pressionando?
A pergunta pareceu causar certa inquietação em Dul e, como necessitava de ganhar tempo para preparar uma resposta, recolheu as esbeltas pernas, rodeou os joelhos com os braços, apoiou o queixo sobre os joelhos e olhou para Christopher com expressão risonha. Ao vê-la sentada no tronco, ao conde ela pareceu incrivelmente desejável, como uma encantadora ninfa dos bosques, de longos cabelos cacheados, vestida com uma túnica e calças de homem. Uma ninfa dos bosques? Continuando, ela lhe pediria que compusesse sonetos em homenagem a sua beleza, e agradaria isso ao seu senhor, não mencionando os falatórios que surgiriam nas cortes dos dois países.
-Foi uma pergunta muito difícil para você? -perguntou ele em tom penetrante. -Deveria fazer alguma outra que fosse mais fácil de responder?
-Ah, como é impaciente! -replicou ela com severidade, sem se deixar intimidar.
Acompanhou suas palavras com um olhar educado, mas tão reprovadora que Christopher não pôde evitar rir.
-Têm razão - admitiu, olhando aquela extraordinária menina e mulher que se atrevia a lhe apontar seus defeitos. -E agora, me diga, por que o velho Balder se retirou?
-Muito bem, mas é muito pouco cavalheiresco de sua parte me questionar a respeito de questões que são muito íntimas, por não dizer claramente incomodas.
-Incomoda para quem? -perguntou Christopher, fazendo pouco caso da resposta. -Para você ou para o Balder?
-Para mim foi uma situação extraordinariamente incomoda. Lorde Balder se sentiu indignado. Explicou com um sorriso cândido, - eu não o conhecia até a noite em que foi ao castelo de Merrick para assinar o contrato de compromisso. Foi uma experiência horrível - acrescentou, com uma expressão tão divertida como horrorizada.
-O que aconteceu? -perguntou Christopher.
-Se contar, deve me prometer que nem por um instante esquecerá que eu era uma moça de quatorze anos cheia de sonhos sobre o maravilhoso e jovem cavalheiro em cuja esposa me transformaria. Tinha feito uma idéia exata de qual seria seu aspecto - acrescentou, sorrindo ao pensar nisso. -Seria jovem, loiro, e, certamente, teria um rosto maravilhoso. Seus olhos seriam azuis e seu porte principesco. Também seria forte, o bastante para proteger nossas propriedades a fim de que os filhos que teríamos algum dia pudessem herdá-las. -Fez uma pausa e com expressão irônica, acrescentou - Essas eram minhas secretas esperanças, e devo acrescentar em minha defesa que nem meu pai nem meus meio-irmãos me disseram nada que me fizesse pensar que Lorde Balder seria diferente do que eu sonhava.
Christopher franziu o cenho e visualizou Balder.
-Assim, entrei no grande salão do castelo de Merrick depois de ter ensaiado durante horas em meu quarto a forma adequada de andar.
-Ensaiava a forma de andar? -perguntou Christopher em tom de uma vez divertido e incrédulo.
-Certamente - assentiu Dul alegremente. -Desejava oferecer uma imagem perfeita de mim mesma diante do meu futuro senhor. Dessa forma, não pareceria que entrava no salão muito ávida, ou que caminhava com excessiva lentidão dando com isso a impressão de parecer desanimada. Foi um enorme dilema para mim o decidir como caminhar, isso sem falar do vestido que devia pôr. Estava tão desesperada, que cheguei a pedir o conselho de dois de meus meio-irmãos, Alexander e Malcolm. Christian e minha madrasta não estavam em casa naquele dia.
-Deveriam ter lhe falado a respeito do Balder.
O olhar que lhe dirigiu lhe indicou o contrário, mas mesmo assim não estava preparado para a compaixão que sentiu ao ver que ela sacudia a cabeça.
-Foi justamente o contrário. Alexander me disse que o vestido escolhido por minha madrasta lhe parecia estranho. Animou-me a colocar o verde, e a adorná-lo com as pérolas de minha mãe. Assim o fiz. Malcolm, por sua vez, sugeriu-me que eu pusesse uma adaga na cintura, para não me deixar sobrepor pela ilustre presença de meu futuro marido. Alex disse que meu cabelo cor de cenoura oferecia um aspecto muito vulgar e que eu devia escondê-lo sob um véu dourado e adorná-lo com um colar de safiras. Uma vez vestida e eles satisfeitos, ajudaram-me a praticar a forma correta de andar... -Como se a lealdade a impedisse de descrever a imagem pouco gentil de seus meios-irmãos, sorriu e disse com um tom decididamente tranqüilizador: - Brincavam comigo claro, como fazem os meninos com suas irmãs, mas eu estava entregue a meus sonhos para me dar conta.
Christopher sentiu atrás daquelas palavras a profunda maldade do estratagema dos irmãos de Dul. Experimentou o repentino e entristecedor desejo, de esmagar o rosto deles com o punho..., só por «diversão».
-Preocupava-me tanto para que cada detalhe fosse correto - prosseguiu ela em tom jocoso, como se risse de si mesma, - que me apresentei muito tarde no salão para conhecer meu prometido. Quando finalmente cheguei, andei pelo salão da maneira correta. Mas minhas pernas tremiam, não só por causa do nervosismo, mas também pelo peso das pérolas, os rubis, as safiras e as correntes de ouro que estavam penduradas em meu pescoço, nos meus braços e na minha cintura. Devia ter visto a expressão de minha pobre madrasta, que tinha chegado pouco antes, ao contemplar meu aspecto. Asseguro-lhe que foi muito divertido.
Dul se pôs a rir, sem se dar conta de que Christopher estava cada vez mais furioso.
-Mais tarde -continuou, - minha madrasta disse que eu parecia um cofre de jóias com pernas. -Ao sentir a expressão carrancuda de seu seqüestrador, apressou-se a acrescentar: Embora não me dissesse com severidade. Na realidade, mostrou-se bastante compreensiva.
Guardou silêncio, mas Christopher a incitou a continuar.
-E sua meia-irmã? O que disse?
Os olhos de Dulce se iluminaram com uma expressão de carinho.
-Angel sempre encontra algo amável para dizer para mim, por mais que lhe impressionem meus enganos e por mais atroz que lhe pareça minha conduta. Disse que eu resplandecia como o sol, a lua e as estrelas. - Dul se pôs a rir e acrescentou: - E lhe asseguro que resplandecia. E como resplandecia!
Presa aos sentimentos que não podia compreender nem conter, Christopher a olhou e comentou com certa severidade:
-Algumas mulheres não necessitam de jóias para resplandecer. Você é uma delas.
-Isso foi um elogio? -perguntou Dul, surpreendida.
Incomodado pelo fato de que ela o tivesse induzido a expressar galanterias, Christopher encolheu os ombros.
-Eu não sou poeta e sim um soldado, Dulce. Só estou constatando um fato. Continue com sua história.
Envergonhada e confusa, Dulce vacilou e finalmente, fazendo pouco caso dos imprevisíveis ataques de humor do conde, deu outra dentada na maçã antes de continuar.
-O fato é que Lorde Balder não compartilha de seu desinteresse pelas jóias. Na realidade -acrescentou com um sorriso, - os olhos dele pareciam a ponto de sair das órbitas, de tão encantado ficou com jóias tão deslumbrantes. Ficou tão aturdido diante do meu desdobramento, que não poderia ser mais vulgar, apenas me olhou no rosto, voltou-se para meu pai e lhe disse: «Tomarei. »
-E foi assim, simplesmente assim, que foi prometida? -perguntou Christopher com cenho franzido.
-Não, não foi tão simples, porque ao ver pela primeira vez o aspecto de meu prometido fiquei a ponto de desmaiar. Christian conseguiu me segurar antes que eu caísse ao chão e me ajudou a me sentar em um banco, diante da mesa, inclusive enquanto permaneci ali, recuperando pouco a pouco meus sentidos, não pude afastar o olhar dos traços, de Lorde Balder. Além de ser mais velho que meu próprio pai, era tão esquálido como um palito e usava uma... ah... - A voz falhou e vacilou. -Não deveria lhe contar o resto.
-Conte-me tudo - exigiu-lhe Christopher.
-Tudo? -perguntou Dulce, incomodada.
-Absolutamente tudo.
-Está bem. -Assentiu com um suspiro. -Mas não é uma história agradável.
-O que Balder usava? -perguntou Christopher, animando-a com um sorriso para ela continuar.
-Bem, usava... -Fez uma pausa, com intenção de conter a risada, e prosseguiu: - Usava... o cabelo de outra pessoa.
Christopher soltou uma sonora gargalhada, que se uniu à risada musical de Dulce.
-Apenas tinha me recuperado da impressão que isso me causou quando observei que comia o alimento mais peculiar que jamais vi. Antes, enquanto meus irmãos me ajudavam a decidir o que usar, tinha os ouvido brincarem entre si sobre o desejo de Lorde Balder de que lhe servissem alcachofras na comida. Dei-me conta em seguida de que os alimentos fritos de aspecto peculiar que se amontoavam no prato de Lorde Balder tinham que ser aquilo que eles chamavam de alcachofras, e isso foi o que fez com que me ordenasse a sair do salão, e Balder retirar sua proposta.
Christopher, que já tinha imaginado o que Balder comia, era um alimento que diziam, aumentava a potência viril, fez um esforço para se manter sério.
-O que aconteceu?
-Bom, eu estava muito nervosa. Na realidade, mais que nervosa, estava perplexa diante da perspectiva de me casar com um homem como aquele. Lorde Balder não era o sonho de qualquer donzela e sim seu pesadelo. Na mesa, enquanto o estudava furtivamente, experimentei a necessidade muito pouco apropriada para uma dama, de levar as mãos ao rosto e começar a chorar como um bebê.
-Algo que não chegou a fazer, não é - imaginou Christopher, que sorriu ao lembrar o ânimo indômito de Dulce.
-Não, mas provavelmente deveria tê-lo feito - admitiu ela com um sorriso, acompanhado de um suspiro. -Porque o que fiz a seguir foi muito pior. Não podia suportar olhá-lo, de forma que fixei a vista nas alcachofras, que eram algo novo para mim. Observava-o engolir avidamente aquelas coisas, e eu não deixava de me perguntar o que eram e por que as comia. Malcolm sentiu meu olhar de curiosidade e então me contou porque Lorde Balder as comia. E isso fez com que eu começasse a rir... -Com uma expressão de regozijo em seus grandes olhos azuis, e sacudindo os ombros incontroladamente por causa da risada, acrescentou:
-A princípio, tentei esconder a risada. Peguei um lenço e apertei contra os lábios, mas estava tão excitada que as risadinhas se transformaram em gargalhadas. Não conseguia parar de rir, e a risada foi tão contagiante que até a pobre Angel terminou por fazer o mesmo. Não paramos de rir até que nosso pai nos ordenou que abandonássemos o salão. Levantou o olhar para Christopher e exclamou alegremente: - Alcachofras! Já ouviu falar alguma vez de uma coisa tão absurda?
Fazendo um grande esforço, Christopher conseguiu perguntar em tom de estranheza.
-Não acha que as alcachofras são benéficas para a potência de um homem?
-Eu..., bom... Dulce se ruborizou ao sentir finalmente o tema inapropriado, mas já era muito tarde para retroceder e, além disso, sentiu curiosidade. - Você acha?
-Certamente que não - respondeu Christopher com expressão séria. -Todo mundo sabe que o mais benéfico para isso é o alho-poró e a noz-moscada.
-Alho-poró e...! Exclamou Dul, cada vez mais confusa. Deu-se conta então de que Christopher tentava conter a risada, mas o ligeiro movimento dos ombros o delatava, e sacudiu a cabeça com um gesto de reprovação. -O fato é que Lorde Balder decidiu, muito corretamente, que não havia jóias suficientes na terra que bastassem para me ter como esposa. Vários meses mais tarde cometi outra estupidez imperdoável - acrescentou, olhando agora para Christopher com uma expressão mais séria, - e meu pai decidiu que eu necessitava de uma mão muito mais forte que a de minha madrasta para me guiar.
-Que estupidez imperdoável cometeu desta vez?
Ela ficou muito séria antes de responder.
-Desafiei abertamente Alexander para retirar as coisas que dizia sobre mim ou se enfrentar comigo no campo de honra, em um torneio que a cada ano celebramos perto do castelo de Merrick.
-E ele se negou claro - disse Christopher com expressão sombria.
-Certamente. Não poderia agir de outro modo. Além disso, eu era quase uma menina, pois só tinha quatorze anos, e ele tinha vinte. Para mim, entretanto, não importava seu orgulho, pois não foi precisamente muito amável comigo - terminou dizendo com suavidade, embora naquelas últimas palavras se percebesse uma grande dor.
-Conseguiu vingar sua honra? -perguntou Christopher, com uma desconhecida sensação de pesar.
Ela assentiu com a cabeça e esboçou um sorriso.
-Apesar de que meu pai me ordenou que não assistisse ao torneio, convenci nosso armeiro que me emprestasse a armadura do Malcolm, no mesmo dia da justa, sem que ninguém soubesse que era eu, saí a cavalo para o campo de honra e enfrentei Alexander, que tinha se destacado freqüentemente nos torneios.
Christopher sentiu que o sangue gelava só de imaginá-la se lançar contra um homem já curtido, a lança em riste.
-Teve muita sorte de acabar caindo da sela, e de que não tenha lhe acontecido nada. Ela se pôs a rir.
-Foi Alexander quem caiu ao chão. Christopher a olhou confuso.
-O derrubou do cavalo?
-De certo modo - respondeu ela com um sorriso zombador. -O fato é que quando ele levantou a lança para me golpear, eu levantei a viseira do elmo e lhe mostrei a língua. -No silêncio que precedeu à explosão de gargalhadas de Christopher, ela acrescentou: - A surpresa fez com que ele caísse do cavalo.
Mais na frente do pequeno bosque, os cavalheiros, os escudeiros, os mercenários e os arqueiros, deixaram o que estavam fazendo e voltaram o olhar para o bosque, onde as gargalhadas do conde de Claymore se propagaram por cima das árvores.
Quando finalmente conseguiu recuperar a compostura, Christopher olhou para Dul com um terno sorriso, cheio de admiração.
-Sua estratégia foi sem dúvida brilhante. Eu, como cavalheiro que sou, teria me defendido ali mesmo, no campo de honra.
-O fato é que meu pai não se mostrou tão entusiasmado - disse ela sem rancor. -A habilidade do Alex era motivo de orgulho para nosso clã, e eu não tinha pensado nisso. Em vez de me defender no campo da honra, meu pai me proporcionou as palmadas que provavelmente merecia. E depois me enviou para a abadia.
-Onde a manteve durante dois anos - falou Christopher, tentando dissimular seu mau humor.
Dul o olhou e nesse instante começou a tomar ciência de uma descoberta assombrosa. Aquele homem, a quem outros consideravam um bárbaro desumano e brutal, era alguém muito diferente. Era um homem capaz de sentir uma intensa simpatia por uma pobre moça, conforme se via com perfeição na expressão de seu rosto. Hipnotizada, viu-o se levantar e se aproximar lentamente dela. Sem se dar conta sequer do que fazia, Dul se levantou também.
-Acredito que a lenda é injusta com você - sussurrou. -Todas as coisas que dizem que têm feito..., não são certas. -Olhou intensamente para Christopher, como se tentasse ver no interior de sua alma.
-São - replicou ele asperamente.
Visões das inumeráveis e sangrentas batalhas de que tinha participado cruzaram fugazmente por sua memória, com todo seu horror, incluídos os campos de batalha cheios de cadáveres de seus próprios homens, junto com os do inimigo.
Dul não sabia nada daquelas escuras lembranças e em seu amável coração recusava a autoproclamada culpa de Christopher. Só sabia que o homem que se achava de pé diante dela era alguém capaz de olhar seu cavalo morto com a dor e a pena gravados no rosto iluminado pela lua; um homem que tinha escutado com simpatia a história de como ela se vestiu para conhecer o velho cavalheiro que pretendia pedir sua mão em casamento.
-Não acredito - murmurou Dul.
-Acredite! -advertiu-lhe ele. Se Christopher a desejava era, em parte, porque ao tocá-la não o tinha considerado um conquistador, mas tampouco estava disposto a permitir que lhe desse outro papel que também se afastava da verdade, o de cavalheiro virtuoso coberto por uma brilhante armadura. -A maior parte do que contam é verdadeiro - afirmou em tom decidido.
Dul, confusa, sentiu que ele estava cada vez mais perto; sentiu que suas mãos a rodeavam pela parte superior dos braços, como se tratasse de esposas de veludo, e que a atraía para ele, até que viu sua boca descer lentamente para a dela. E enquanto observava aqueles olhos sensuais, de longas pestanas, um instinto protetor lhe informou que estava indo muito longe. Com uma sensação de pânico, Dul afastou o rosto apenas um instante antes que ele pousasse os lábios sobre os seus, e sua respiração se tornou tão agitada como se estivesse correndo. Sem se deixar intimidar, Christopher a beijou na têmpora, e depois desceu os quentes lábios pela face, atraiu-a mais para ele e roçou com os lábios a sensível coluna de seu pescoço, enquanto Dul sentia que todo seu interior se transformava em fogo líquido.
-Não faça isso - sussurrou tremula. Afastou ainda mais o rosto e, sem se dar conta do que fazia, agarrou-se ao tecido da túnica de Christopher, agarrando-se a ele para se sustentar, enquanto o mundo começava a girar ao seu redor.
- Por favor - sussurrou.
Mas os braços de Christopher se fecharam em torno dela e a língua, sensual, deslizou em sua orelha, para explorar prazerosamente cada curva e cada reentrância, o que fez com que Dul estremecesse de desejo, enquanto acariciava suas costas.
-Pare, por favor - pediu-lhe dolorosamente.
Em resposta, a mão desceu, deteve-se na parte inferior das costas e obrigou o seu corpo a entrar em um contato íntimo e completo com suas rígidas coxas, como eloqüente afirmação de que não podia nem queria se deter. Com a outra mão, Christopher acariciou sensualmente a nuca de Dul, obrigando-a a levantar a cabeça para sair ao encontro de seu beijo. Com um suspiro, Dul voltou o rosto para a túnica de lã, recusando a terna persuasão de Christopher. Ao recusar, a mão dele se fechou sobre a nuca em um gesto de brusca exigência. Impotente já para lhe negar por mais tempo tanto a urgência como a ordem, Dul levantou lentamente o rosto para receber seu beijo.
Christopher afundou a mão em seus cabelos e imobilizou a moça ao mesmo tempo em que lhe dava um beijo devorador que a fez subir para uma ardente escuridão em que nada importava exceto aquela boca urgente e sedutora, e as carícias daquelas mãos peritas. Atingida por sua própria ternura diante da potente sexualidade de Christopher, Dul alimentou ainda mais seu apetite ao abrir os lábios para receber sua língua. Apoiou-se contra ele e notou que ele estava ofegante contra sua boca, um minuto antes as mãos de Christopher tinham deslizado possessivamente pelas costas, os quadris e os seios, para depois descer e apertá-la com força contra sua rígida excitação. Sem poder fazer nada para evitar, Dul se fundiu contra ele, devolveu-lhe entre gemidos os intermináveis beijos urgentes enquanto seus seios estremeciam sob as mãos de Christopher. O fogo a percorreu quando a mão deslizou por baixo das grossas calças e se cravou sobre suas nádegas nuas, apertando-a com mais força contra a palpitante dureza de sua virilidade.
Dul se debatia entre a selvagem urgência que o contato daquela mão produzia em sua pele nua e a evidência do desejo que se apertava insistentemente contra ela. Deslizou as mãos pelo peito e as entrelaçou ao redor de sua nuca, para se entregar ao seu prazer, a estimulá-lo e compartilhá-lo, e experimentou uma gloriosa satisfação diante do gemido que arrancou de seu peito.
Quando Christopher retirou finalmente a boca da sua, manteve-a apertada contra seu peito, respirando pesadamente. Dul, com os olhos fechados, os braços ainda entrelaçados ao redor do seu pescoço, a orelha apertada contra o pesado pulsar de seu coração, sentiu-se flutuar entre a paz mais absoluta e uma alegria estranha e delirante. Era a segunda ocasião em que ele a fazia sentir coisas maravilhosas, magníficas e excitantes. Mas desta vez a tinha feito experimentar algo novo: fez com que se sentisse necessária, apreciada e desejada, as três coisas que mais tinha desejado desde que tinha uso da razão.
Afastou o rosto do duro e musculoso peito e tratou de levantar a cabeça. A bochecha roçou no suave tecido marrom de sua túnica, e isso bastou para que se sentisse tremula. Finalmente, conseguiu jogar a cabeça para trás e o olhou. A paixão ainda ardia naqueles olhos abrasadores.
-Eu te desejo - disse ele lentamente, sem ênfase.
Desta vez não restava a menor duvida sobre o significado de suas palavras, e ela sussurrou sua resposta sem pensar sequer, como se não tivesse furto da mente, mas sim do coração.
-O bastante para me dar sua palavra de que não atacará o castelo de Merrick?
-Não - respondeu, sem vacilar, lamentar, com a mesma facilidade com se estivesse recusado uma comida que não desejava.
Aquela simples palavra golpeou Dul como se acabassem de lhe jogar um balde de água fria sobre a cabeça. Separou-se dele e Christopher deixou cair os braços ao longo do corpo.
Dul, tão emocionada quanto envergonhada, mordeu com força o tremulo lábio inferior e se afastou para o lado, tentando arrumar o cabelo e a roupa, quando o que mais desejava fazer era se pôr a correr para o interior do bosque, se afastar dali antes que não pudesse reprimir por mais tempo as lágrimas que quase a afogavam. Não se tratava tanto de que ele se negasse a fazer o que lhe pedia, pois se dava conta de que era uma solicitação absurda. O que lhe doía de maneira insuportável era a insensibilidade, a facilidade com que Christopher afastava para o lado tudo o que ela tentava lhe oferecer, sua honra, seu orgulho, seu corpo, o sacrifício de tudo aquilo que a tinha ensinado a acreditar e valorizar.
Pôs-se a caminhar para sair do bosque, mas a voz de Christopher a deteve em seguida.
-Dulce - disse com um tom de implacável autoridade que ela começava a detestar, - cavalgara ao meu lado durante o resto do caminho.
-Preferiria não fazer - replicou ela com brutalidade, sem se voltar. Teria preferido afogar-se antes de permitir que ele visse o quanto a tinha ferido, assim, com altivez, acrescentou: - É por seus homens... dormi em sua tenda, embora Gawin sempre estivesse presente. Se como com você e cavalgo ao seu lado, eles... interpretarão mal as coisas.
-O que pensam meus homens não importa - disse Christopher, embora não fosse de todo certo, e ele sabia.
Ao tratar abertamente Dul como sua «convidada», o conde tinha perdido rapidamente prestigio diante dos seus homens, cansados e leais. Mas nem todos os membros de seu exército o obedeciam por lealdade. Entre os mercenários havia ladrões e assassinos, homens que o seguiam porque enchia seu estômago, e temiam as conseqüências de se atreverem a lhe desobedecer. Dirigia-os graças a sua própria fortaleza. Mas, já se tratando de leais cavalheiros ou de vulgares mercenários, todos estavam convencidos de que Christopher tinha o direito, e inclusive o dever, de tratá-la como um inimigo merecia.
-Mas é claro que importa - disse Dul amargamente, ao compreender o modo como se humilhou ao claudicar diante de Christopher. -Não é sua reputação que ficará afetada, e sim a minha.
-Que pensem o que quiserem - afirmou ele em tom sereno, mas decidido. -Quando montar, faça com que sua escolta a conduza para a frente das tropas.
Sem dizer nada, Dul lhe dirigiu um olhar de ódio, levantou o queixo e abandonou o bosque, balançando os esbeltos quadris com uma inconsciente elegância.
Apesar de que, antes de sair do bosque só se voltou para o conde por um instante, Dul observou a estranha luz que brilhava em seus olhos e o sorriso indefinível que se desenhava em seus lábios. Não tinha a menor idéia do motivo dessa expressão; só sabia que aquele sorriso só fazia intensificar sua própria fúria até ao ponto de eclipsar completamente sua compaixão. Se Diego Westmoreland, ou Sir Eustace, ou Sir Godfrey tivessem estado presentes para ver aquele olhar, teriam podido lhe explicar o que pressagiava, e Dul teria ficado mais alterada. Christopher Westmoreland oferecia exatamente o aspecto que tinha quando se dispunha a assaltar um castelo que desejava se apoderar de modo particular. Significava que nem a sorte nem a oposição dos sitiados lhe impediriam de perseguir seus propósitos. Significava que já se deleitava na iminente vitória.
Agora que os homens os viram abraçar-se entre as árvores e a ouviram rir junto com Christopher, quando Dul retornou com passos rígidos para seu cavalo, viu-se submetida a todo tipo de olhares lascivos, muito mais intensos diante de tudo o que tinha tido que suportar desde que fora capturada.
Sem pressa alguma, Christopher saiu do bosque e olhou para Arik.
-Ela cavalgará conosco - disse e encaminhou-se para o cavalo cujas rédeas Gawin segurava. Automaticamente, seus cavalheiros montaram com a facilidade de quem passava boa parte de sua vida no lombo de um cavalo. O resto de exército os seguiu.
Sua prisioneira, entretanto, preferiu desobedecer descaradamente e não se uniu ao conde na vanguarda da coluna quando esta ficou em movimento. Christopher não pôde deixar de admirar este gesto de rebeldia e inegável coragem. Finalmente, voltou-se para o Arik e, com uma risada contida e ordenou:
-Traga-a.
Agora que já tinha decidido possuí-la e não tinha mais que lutar uma batalha interna contra seus desejos, Christopher se sentiu muito animado. Atraía-lhe imensamente a perspectiva de vencer suas resistências enquanto cavalgavam para Hardin. Uma vez que tivessem chegado disporiam do luxo de uma cama e de maior intimidade. Enquanto isso desfrutaria do inegável prazer de sua companhia durante o resto do dia e da noite.
Não lhe ocorreu pensar que não seria tão fácil aplacar a fúria daquela mulher delicada e inocente que se rendeu duas vezes entre seus braços e que havia lhe devolvido sua paixão com uma doçura tão embriagadora. Nunca tinha sido derrotado no campo de batalha, e nem por um instante lhe ocorreu que uma jovem que o desejava tanto quanto ele pudesse vencê-lo. Porque a desejava muito mais do que teria acreditado possível, e tinha a intenção de possuí-la. Não sob as condições que ela pretendia impor, naturalmente, visto que não estava disposto a fazer concessão alguma, como não se tratasse de coisas razoáveis, tais como esplêndidas peles e jóias, e o respeito com que seria tratada por todos aqueles que o serviam.
Dul, que partia na retaguarda da coluna, viu o gigante se aproximar, e ao mesmo tempo lembrou o sorriso que observou no rosto de Christopher antes de deixá-lo. Uma fúria incontrolável se apoderou dela.
Arik descreveu um círculo com seu corcel, posicionou-se ao lado da cativa e a olhou fixamente, com as sobrancelhas arqueadas. Dul compreendeu com desgosto que lhe ordenava silenciosamente que se dirigisse com ele para a frente das tropas. Entretanto, não estava disposta a se deixar intimidar. Fingindo ignorar o motivo pelo qual Arik estava ali, voltou-se para Angel e começou a dizer:
-Observou...?
Mas de repente Arik se inclinou habilmente e tomou as rédeas da égua que ela montava.
-Solte meu cavalo! -respondeu-lhe ela ao mesmo tempo em que segurava com força as rédeas, obrigando o animal a levantar a cabeça e se deter por um instante, confuso. Dul dirigiu sua fúria contra o invulnerável enviado do Lobo Negro e exclamou: - Afaste sua mão!
O gigante a olhou com fria indiferença, mas ao menos concedeu a Dul uma pequena vitória, pois se viu obrigado a dizer:
-Me acompanhe!
Sem abandonar sua atitude de indomável rebeldia, Dul vacilou, e ao se dar conta de que ele a obrigaria a fazer o que lhe pedia, respondeu-lhe:
-Em tal caso, se afaste de meu caminho!
Avançar para a vanguarda da coluna foi, provavelmente, a maior humilhação a que se viu submetida em toda sua vida. Até o momento, manteve-se fora da vista da maioria dos homens, ou tinha se encontrado rodeada pelos cavalheiros. Agora, aqueles selvagens guerreiros se voltavam para olhá-la com lascívia, ao mesmo tempo em que faziam comentários sobre sua pessoa, sobre sua figura, sobre aspectos específicos de seu corpo. Dul se sentiu tentada a esporear seu cavalo e lançar-se a galope.
Ao chegar junto a Christopher, este não pôde evitar sorrir diante da inoportuna e linda jovem que o olhava com expressão de desafio; tinha exatamente o mesmo aspecto que tinha na noite em que o feriu na face com sua própria adaga.
-Pelo visto, cai em desgraça ante você - disse ele em tom de ironia.
-É insuportável! - exclamou ela com todo o desdém que pôde imprimir a sua voz.
-E isso é mau? -replicou ele, e soltou uma gargalhada.
Autor(a): nathyneves
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No entardecer do dia seguinte chegaram às cercanias do castelo de Hardin, Christopher já não se mostrava tão afável. Em vez de desfrutar da companhia de Dul, como tinha esperado fazer, encontrou-se cavalgando ao lado de uma jovem que respondia a seus comentários, com um olhar inexpressivo destinado a fazê-lo se sentir como um b ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 26
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beel Postado em 22/02/2009 - 15:49:56
VOLTA A POSTAAAAAAAAAAR
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beel Postado em 13/02/2009 - 18:25:00
Voltaa aa postaar !!
Se vc voltar postar eu comentoo todos os dias,várias vezes !!
Por favoooooor !!
Continuaaaaaaaaaaaaaa -
nathyneves Postado em 13/02/2008 - 17:26:18
Eu irei parar de postar aquii
http://www.orkut.com/CommMsgs.aspx?cmm=48488462&tid=25782030367557 67535&start=1
ai em cima ta o link da web no orkut
Beijooos -
dull Postado em 07/02/2008 - 00:36:45
Por favor não para de poxtar eu amo sua Web...
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nathyneves Postado em 31/01/2008 - 00:05:54
Vou viajar e só volto depois do carnaval... Beijoos
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mirian Postado em 28/01/2008 - 18:47:35
eu tbm ADORO a sua web..e vou comentar
todo cap para vc nao parar + de postar, OK?
BJOS... -
deborah Postado em 27/01/2008 - 10:11:40
leitora nova!!!!
essa web é lindah, eu to amando de vdd!
To muito curiosa...
Besitos e posta quando der... -
avinha Postado em 26/01/2008 - 00:06:56
nhaaa naum para de postarrr! sua web eh lindaa... *-*
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nathyneves Postado em 24/01/2008 - 01:49:49
Okeey então amanhã eu volto a postaar
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avinha Postado em 23/01/2008 - 21:16:43
ahhh pleaseee naum para de postar mais naum
eh taum linda sua web