Fanfic: A ESCOLHA - AyA ( Adaptada) - FINALIZADA | Tema: Anahi e Alfonso

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Capítulo: CAPITULO I

A ESCOLHA

IN THE WARRIOR`S BED

Mary Wine

 

 

Capítulo I

 

 

Castelo Red Stone, Terras McQuade, 1603

 

— Papai diz que o rei lhe deu permissão para deixar a Corte.

Anahi estremeceu. Mesmo disfarçando bem os sentimentos quanto ao desdém que o pai sempre lhe dirigia, a verdade era uma só. Temia sua volta.

Franco, senhor de um vasto domínio, gostava de deixar claro que cada homem, mulher e criança nascida em seus domínios tinham o dever de contribuir para a melhoria do clã. Este estava acima de tudo.

E sendo filha dele, Annie sentia na pele essa expectativa.

— Espero que ele faça uma boa viagem de volta para casa — ela murmurou sem entusiasmo algum.

O irmão riu com ironia.

Christopher não conseguia disfarçar os seus sentimentos. Como terceiro filho, fora relegado à tarefa mais mundana de administrar a propriedade, enquanto os irmãos mais velhos estavam sempre ao lado do pai. Ele não se sentia inclinado a imitar os irmãos. Liam e Sodac gostavam de saquear as terras vizinhas, um feito que os favorecia junto ao pai. Christopher abominava essas pilhagens.

Balançou a cabeça antes de colocar a carta novamente no envelope e guardá-la dentro da escrivaninha.

— Pelo menos o rei James não o mandou para casa com a neve cobrindo as estradas. — A expressão no rosto dele assombreou-se. — Não que eu culpasse o nosso monarca se fizesse isso.

Anahi não respondeu. Segurou a língua com a prática cultivada por anos. O pai jamais demonstrara qualquer afeição por sua única filha. Na verdade,  Franco  não gostava nem de vê-la à sua frente. Em sua concepção, uma filha não tinha qualquer utilidade. Bem ao contrário, e ela crescera ouvindo-o lamentar o fato de que algum dia seria pressionado a favorecê-la com um dote.

Havia, porém, pouca chance de isso acontecer.

Annie suspirou. Nunca fizera planos de casamento, ainda assim o desdém de seu pai a magoava. Não havia homem algum usando as cores do clã Portilla que ousasse flertar com ela. Liam e Sodac contribuíam com isso espalhando a todos que a irmã era dotada de um temperamento insuportável.

— Não precisa ficar assim.

— Assim como? — Anahi voltou-se para o irmão.

— Eu a conheço muito bem. — Ucker estalou a língua.

— Mas papai não conhece. Ele não verá nada a não ser aquilo que desejar.

O irmão resmungou algo incompreensível, que levou Annie a se lembrar de que não era a única na família a ser desvalorizada pelo pai. A falta de interesse pelas guerras valera a Christopher o desprezo de Franco. O rapaz não era um covarde, simplesmente se dedicava às atividades que considerava mais interessantes e não exigiam o uso de uma espada.

— Você tem razão e ainda assim vejo a dor em seus olhos.

— Minha vida não é assim tão difícil, Ucker. Não mais do que as das outras pessoas de nosso clã. — Um sorriso suave surgiu nos lábios de Annie.

Ela não queria mostrar fraqueza nem ressentimento. Nem precisava. Mantendo o queixo erguido, pressionou o pedal do enorme tear em que trabalhava. O instrumento em si era uma posse valiosa do clã Portilla. Moderno e eficiente, produzia tecidos de qualidade igual aos melhores encontrados em Edimburgo.

Deslizando os dedos sobre o tecido, ela sorriu satisfeita com a maciez.

— Seu trabalho è magnífico. — A voz de Ucker era agradável e ela saboreou a aprovação do elogio.

—  E você é um mestre em administrar as propriedades dos Portilla.

O verdadeiro valor de seu irmão estava em sua mente brilhante no que se referia às finanças. Christopher tinha se casado três vezes para aumentar assim a sua fortuna. Entretanto, vinha sendo a administração cuidadosa do ouro da família que aumentara o patrimônio consideravelmente. Ucker tivera a excelente visão de como renderia bem o tear que ela usava agora.

O clã possuía lã em abundância, graças aos carneiros que pastavam em suas terras. Quatro outros teares estavam dispostos em uma sala maior, construída ao lado do grande salão.

Sendo a filha do senhor das terras não significava que pudesse passar o dia sem nada fazer. Agora que o inverno estava chegando, Anahi trabalharia ainda mais horas no tear. Quando não estivesse tecendo, outra mulher estaria. Nenhuma máquina ficava parada durante as horas do dia. Em um único ano, os teares haviam coberto o gasto feito com sua compra e Ucker pretendia começar a lucrar na próxima primavera.

Anahi não acreditava, porém, que os méritos de Christopher fossem valorizados pelo pai. Este dava, com certeza, mais valor às pilhagens de Liam e Sodac. Ela suspirou profundamente, enquanto seus pés e mãos se moviam manejando o tear. Com vinte e três anos de idade, já era tempo de ter parado de lamentar a falta de afeição do pai.

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