Fanfic: A ESCOLHA - AyA ( Adaptada) - FINALIZADA | Tema: Anahi e Alfonso

— Você é um homem cruel, Franco.

James Stuart estava sentado em seu trono, deixando clara a sua posição. Desta vez Franco não gritou em protesto. Na verdade, estava quieto demais, o que deixou o monarca desconfiado.

— Preciso pensar. Você ficará na Corte até que eu lhe dê permissão para partir.

— É inverno, Majestade.

— Oh, sim. — James deu uma tossidela. — Foi você quem decidiu voltar. Agora fique, já que parece ser o que deseja. Tem a minha permissão de entrar no grande salão se trouxer junto a sua filha. Caso contrário, ficará na área de fora. Grave bem minhas palavras, Portilla, melhor me atender quando eu lhe der uma ordem.

Franco abriu a boca, mas a fechou quando o guarda real tirou a espada da bainha. Curvou-se então e deixou a sala. Ao ver a filha olhando para as pessoas da sala apressou o passo. Os homens tiraram o chapéu à sua passagem, as mulheres se curvaram em respeito à sua posição.

Sim, ele era o senhor de um vasto domínio. Um homem a ser temido e respeitado. Afinal, tratava-se de um Portilla.

A casa dos Portilla na cidade sempre ficava fechada no inverno como tantas outras casas de nobres. O que deixou os criados surpresos, ao ver o patrão voltar tão logo havia partido. Rapidamente trataram de tirar os panos que cobriam a mobília para evitar que se enchessem de pó. Lâmpadas foram acesas no hall de entrada enquanto algumas criadas enfiaram toucas de linho nas cabeças.

— Saia da minha vista, Anahi.

Ela jamais ficara tão feliz em obedecer ao pai. Ele fez um gesto para uma criada.

— Coloquem-na em um quarto pequeno.

— Sim, meu senhor. — A criada atrapalhou-se toda ao fazer uma reverência. Parecia confusa com as ordens, mas não perdeu tempo, pegou uma vela e conduziu Anahi em direção ao pé das escadas.

As duas seguiram até o segundo andar. Havia mais um andar acima, porém a moça a levou para um pequeno quarto no final do corredor.

A maioria das famílias apresentava suas filhas à Corte na esperança de casá-las com algum nobre de fortes influências. Ela, ao contrário, havia sido desmoralizada pelo pai em frente a todos da Corte real escocesa. Como se não bastasse ainda a colocara em um quarto minúsculo.

Annie percebeu que a criada a observava, mesmo estando cabisbaixa. Todos na casa deveriam estar intrigados, pois aquela era a primeira vez em que vinha até ali. Ela também não sabia o que pensar.

O quarto era muito pequeno e não tinha sequer uma lareira. Havia uma pequena janela com uma madeira que deslizava para abrir ou fechar. A criada usou a vela para acender o pavio da lamparina, deixando-a sobre a mesa.

O colchão estava enrolado junto à parede para mantê-la limpa. Anahi localizou um baú junto à janela e dentro dele encontrou roupas de cama. Arrumou-a, ocupando as mãos enquanto a mente continuava abismada.

Suja...

Nunca pensara que uma simples palavra pudesse magoá-la tanto. Não era uma mulher suja... Gostaria de gritar a verdade, mas quem acreditaria em suas palavras?

Lágrimas surgiram em seus olhos, mas ela as secou antes de lhe escorrerem pelo rosto. Recusava-se a chorar por causa da crueldade do pai. Assim, terminou de arrumar a cama, e começou a se despir.

Ficando apenas com a combinação de baixo, apagou a lamparina. Havia uma vantagem em estar em um quarto tão pequeno, não precisaria se preocupar em errar o caminho para a cama. Sem uma lareira o aposento estava gelado. Os pés pareciam congelar ao pisar no chão de madeira. Ao se deitar cobriu-se com a saia para amenizar o frio. Contudo, não havia um modo de quebrar o gelo que se formara em torno de seu coração.