Fanfic: A ESCOLHA - AyA ( Adaptada) - FINALIZADA | Tema: Anahi e Alfonso

— Oh, agora está muito melhor. — Lupita colocou as mãos nos quadris para inspecionar o seu trabalho. — Não há necessidade de você ficar quase nua o dia inteiro. Tenho certeza de que lorde Alfonso irá lhe arranjar outras roupas.

— Lorde? — Anahi olhou confusa para a criada. — Pensei que o irmão dele fosse o sucessor do pai.

— Sim, o irmão dele é o conde e o chefe de nosso clã, mas o pai dele jamais absorveu o título que sua doce mãe trouxe para os Rodriguez porque ele tinha dois filhos. Alfonso Rodriguez e lorde Lampart, um barão. — Lupita ajustou a manga do vestido de Anahi. Era de lã verde e mangas compridas. Talvez fosse um pouco fino para agasalhar no inverno que estava chegando, mas achar um bom vestido já tinha sido sorte.

— Por favor, agradeça a Murain por permitir que eu usasse seu vestido.

Lupita abriu um sorriso.

— O jovem Rodriguez já mandou uma moeda de ouro para ela. Ela precisa mais disso do que de um vestido que não vai poder usar no próximo ano.

O vestido lhe permitiria andar pelos arredores, chegar mais perto do estábulo, mas saber que Alfonso pagara por ele não a deixava confortável. Sentiu-se culpada. Parecia que os homens não eram os únicos apegados ao seu orgulho. Ela usaria o vestido sem se perturbar com o ouro que ele havia custado. Afinal era culpa dele que precisasse de roupas. A frustração a fez cerrar os punhos. Seus sentimentos estavam irreconhecíveis. Na verdade, gostava das coisas que Alfonso fazia, aprovava a conduta dele.

O sol estava se pondo e ela tinha apenas um dia para escapar das terras Rodriguez. Seria impossível escapar de Sterling. Não teria apenas de escapar do castelo, mas precisaria sair das terras Rodriguez antes que fosse perseguida por Alfonso.

— Venha, menina, você precisa se alimentar. Está quase na hora do jantar — chamou Lupita, despertando-a do breve devaneio.

— Isso seria bom.

Mais importante do que a refeição seria a chance de escapar do quarto. Lupoita a levou pelas escadas até salas maiores. O cheiro de carne assada levou seu estômago a roncar de novo. Um sino começou a tocar, ecoando pelas paredes de pedra.

— Ouviu isso? O jantar está sendo servido.

Lupita não lhe deu a chance de escapar, ao contrário, puxou-a pêlo braço pelo restante do percurso.

O salão principal da fortaleza era enorme. Anahi se maravilhou com o som de música, mas ao mesmo tempo se inquietou. Música parecia uma ameaça agora, algo que era reservado para os dias de festa ou celebrações.

Celebrações... 

Arregalou os olhos quando todos no salão ficaram em silêncio, observando quando Lupita entrou empurrando-a levemente.

Alfonso sentava-se ao lado do primo, Derrick. Perto deles estava um bispo com seu traje branco e chapéu preto.

Para escrever e selar um contrato de casamento, as pessoas precisavam de um bispo. Anahi viu o brilho do seu pesado anel de brasão sob a luz tremeluzente.

Parou de se mover, obrigando Lupita a se decidir a carregá-la ou desistir de puxá-la. Anahi olhava direto para Poncho, que a cumprimentou, tocando a boina como de costume. Ele vestia uma túnica justa abotoada no peito e uma bela camisa de linho creme aparecia nas aberturas laterais. Estava bem mais formal do que estivera pela manhã, despertando suspeitas de que a cerimônia seria realizada naquela mesma noite.

Bem, não se ela conseguisse se aproximar daquele bispo. Arrependeu-se de ter procurado um vestido. Ninguém obrigaria uma mulher vestida apenas com uma camisola a se casar.

— Posso lhe apresentar minha noiva, bispo Shaman? — A voz de Pocnho ecoou no enorme salão.

Os homens de Derrick aclamaram erguendo suas canecas de cerveja. O bispo acenou na direção dela. Não havia como recusar sua ordem sem se apresentar como uma desobediente alma cristã. Terminaria sendo punida se ofendesse qualquer um ali.

Forçou seus pés a caminharem até o religioso. Ninguém se recusava a receber um bispo, nem mesmo o rei faria isso publicamente.

Alfonso Rodriguez não estava jogando limpo. Primeiro lhe roubara beijos, agora a apresentava a um bispo! Um casamento celebrado por um bispo seria impossível de ser anulado. Ele e o irmão poderiam reivindicar seu dote, valendo-se do contrato que continha o selo papal.

Alfonso poderia ficar com ela até consumar a união, e então trocá-la por outra moça, esta de seu clã, alguém que não tivesse o sangue de seu inimigo correndo nas veias.

Suspirou com amargura, tomada por uma onda de ciúme inexplicável. Caminhou em direção à enorme mesa. Parou e inclinou-se em reverência ao religioso.

O bispo Shaman balançou a cabeça, aprovando. Levantou-se e todos ficaram em silêncio.

— O casamento é uma união sagrada, livre de pecado. Todos os verdadeiros cristãos deveriam se casar e recusar uma vida de luxúria.

Ouviu-se um murmúrio de aprovação.

— Junte-se a nós. — O bispo estendeu sua mão em direção à cadeira vazia.

— O senhor é bondoso demais.

A única cadeira vazia à mesa era uma ao lado de onde Alfonso se sentava. Um criado puxou-a para que ela se sentasse, deixando-a entre Derrick e Alfonso.